Bato na porta.
— Professor Nicolas? — Pergunto — O senhor está aí?
Bato na porta novamente, e quando ela se abre percebo que ele não se deu o trabalho de limpar a tal sala, com papéis jogados por todos os cantos e cadernos esquecidos pelo chão.
Exatamente como da última vez.
— Emma? — Ele pergunta me olhando com curiosidade — O que faz aqui?
— É meu primeiro dia na escola — Digo.
Ele faz uma cara de confuso.
Deve ter se esquecido.
— Sinto muito, eu não pensei que... — Ele diz coçando a cabeça e então suspira — Entenda senhorita Tales, na situação que estamos as pessoas não estão muito preocupadas em aprender.
De fato.
— Terá aula ou não?
Ele solta um sorriso gentil.
— Se quer aprender, não há
O jantar após a chegada de Yugi Sakura não foi nem um pouco o que eu esperava.Não houve velas e nem luzes, não houve carne com mel e nem vinho, não houve nem mesmo uma sobremesa. Ellen simplesmente colocou uma panela com uma sopa de galinha e foi embora, ninguém cumprimentou a garota nova, parecia que Yugi Sakura era invisível a todos dessa cidade. Mas ela não reclamou, comeu a sopa que era o maior fracasso de Ellen, e não disse nada, não havíamos conversado muito, a conversa morreu depois do que nos disse: tem alguém me esperando lá fora. Bom, se havia alguém ela era uma baita de uma mentirosa, não tem como ter alguém lá fora, a verdadeira pergunta é: Sakura está nos enganando ou enganando a si mesma?Não consigo não pensar que talvez eu só esteja com inveja dela por ter alguém, por ter um objetivo o
Maria havia muitos segredos. E como um bom escritor anônimo me sinto no dever de revela-los.A verdade era que aquela enfermeira amava o seu doutor, Joseph Blow era o homem de seus sonhos, e ela sabia assim que botou os olhos nele. Maria não passava de uma moradora de rua antes de o conhecer, abandonada pela família, com fome e morrendo quando ele a encontrou, e decidiu a salvar.Ele a deu um lar, deu algo para comer, uma cama para dormir e o mais importante, um motivo para viver. E o motivo era ele é claro, só havia um problema, o homem de seus sonhos era casado! E pior ainda, havia uma filha. Maria havia princípios, e os teria seguido se o homem não tivesse alimentado suas tolas esperanças, assim fazendo-a cair em tentação, um beijo, prometeu a si mesma, apenas um beijo e então irei me afastar para sempre!O que foi uma mentira, é claro.Logo ficou mais
Elise Poulain, era uma simples francesa que havia ido para o sul da Alemanha passar a vida com seu marido que tinha familiares no país — Além de uma boa oportunidade de emprego lá — eles haviam acabado de se casar e todos estavam em comemorações, a pequena e humilde família Poulain estava feliz pela garota, nunca tiveram muito dinheiro, sempre com pouca comida na mesa, e uma baixa renda, agora ela se casaria com alguém que podia ajudá-la nas dívidas, seu noivo não era exatamente o homem mais rico do mundo, mas seria uma vida boa, ao menos preferível a morar junto de seus pais, além de que os dois se gostavam muito, poderia até dizer que estavam apaixonados um pelo outro, oui, c'est une belle histoire d'amourTudo começou a desandar para Elise quando seu marido foi atropelado por um moço descuidado, um marido tão bom e amoroso mo
Quando Elise chegou em frente ao hospital já percebeu que havia feito a escolha certa, uma parte sua estava com medo de que o lugar não a passasse confiança.Mas era o contrário.O local era belíssimo, havia flores vermelhas em volta da janela, pintada em tons de rosa e branco, Elise ficou tão feliz que pensou que poderia desmaiar, sorriu com alegria para o sol, feliz por sua nova chance.— Salut! — Disse ela enquanto batia na porta.Esperava encontrar alguém alto e forte assim que a porta se abrisse, como um príncipe encantado, mas ao invés disso encontrou uma garotinha bela sorrindo para ela, cheia de laços no vestido, com um coelhinho branco nas mãos.— Olá —Disse a menininha — Seja bem vinda ao hospital, a senhora precisa de alguma coisa?Elise ficou encantada com a criança, ela era tão
Maria arrumava a mesa de preparação enquanto ouvia música, lá fora o dia estava lindo.De longe conseguia ver Louise se arrumando, a filha do doutor e agora também sua, afinal de contas, Maria era a única pessoa que a garota havia no momento, elas estavam juntas, haviam fugido juntas e agora só haviam uma a outra. Ela observou atentamente a menina que arrumava a placa do hospital, a casa das duas após colocarem fogo na antiga mansão, não conseguiu não imaginar o que seu antigo noivo — agora falecido — pensaria ao ver sua filha dessa maneira, ao vê-la trabalhando em um hospital, e o que ele pensaria ao ver a garota crescer e se tornar cada vez mais uma belíssima mulher.Era impressionante a semelhança entre os dois.Mas não por causa da aparência.— Ela é igualzinha a você doutor.E então Maria voltou ao
Foi a minha primeira noite de sono boa, a primeira entre tantas em que não fui atormentada e nem aterrorizada com pesadelos. E aquilo não era apenas uma obra do acaso. As coisas estavam mudando. Aquilo era fato.O gosto do veneno atinge forte minha língua, parecia que aquilo nunca ia sair, ao menos as aulas estavam rendendo, Nicolas me fez tomar um de seus venenos inofensivos, contenho o impulso de vomitar ao pensar no líquido descendo pela minha garganta. Apenas queria que ele tivesse me avisado que era quase impossível tirar aquilo da língua, mesmo depois de beber toda a água disponível na cozinha parecia que não ia embora, não importava o que eu fizesse, mas eu mesma o havia procurado, não podia reclamar agora.Fazem apenas dois dias desde que começamos a planejar a fuga de Green Lake, todos chegaram à conclusão que precisamos ter um conhecimento melhor do ambiente em que vivemos e decidimos separar grupos, todos os dias uma dupla iria se aventurar pela floresta, precisava ser pouc
Em um piscar de olhos, o coelho de Louise era algo de extrema importância para mim, era um animal, vivendo naquela floresta por conta própria. Queria saber mais sobre ele, queria saber que tipo de peça ele era em todo aquele quebra cabeça, queria saber do que se alimentava, como sobrevivia em meio a aquela floresta infernal, e principalmente, como ele podia estar de fato vivo, e não ser apenas um fruto da minha cabeça perturbada.Conversei com Paul a respeito, e ele concordou em me ajudar, Lian havia comentado comigo há alguns dias sobre ele, dizendo que ele andava meio distante, mas aquilo não me impediu de pedir aquele favor mesmo assim, ele não pareceu muito animado com a ideia, mas concordou mesmo assim. "Os dias não estão indo muito bem, mas vou te ajudar como puder" Foi o que ele disse. E no fim foi apenas isso.Uma parte minha queria perguntar mais a respeito daquilo, afinal de contas, Paul era meu amigo, mas sabia que se perguntasse, ele não me contaria, além de que ele tinh
Meu nome é Flora Grossman. E eu, meu querido leitor, sou a escritora desse livro do qual você está lendo. O que posso dizer sobre mim? Ah caro leitor... minha vida não é nada interessante, nada mesmo! Bom... para começar, nasci na Alemanha, fui criada em um lar para garotas, e tenho 24 anos, quer dizer, teria se não estivesse morta. E sim, eu sei, você não está aqui por minha causa, você não está lendo esse livro para saber quem eu sou, ou o que faço com a minha insignificante vida. Mas mesmo assim, irei contar um pouco, apenas para contextualiza-lo, ou apenas porque... eu quero, e o livro é meu, e tem algo extremamente libertador em escrevê-lo. Tecnicamente os doutores não querem que eu me lembre da minha vida passada, mas isso é apenas mais um dos erros dos quais eles cometeram, além do erro de terem trazido pessoas de volta à vida, e não, não vou perder seu precioso tempo explicando o porquê de isso ser uma péssima ideia, até porque, se tivessem me perguntado, eu nunca iria qu