Maria arrumava a mesa de preparação enquanto ouvia música, lá fora o dia estava lindo.
De longe conseguia ver Louise se arrumando, a filha do doutor e agora também sua, afinal de contas, Maria era a única pessoa que a garota havia no momento, elas estavam juntas, haviam fugido juntas e agora só haviam uma a outra. Ela observou atentamente a menina que arrumava a placa do hospital, a casa das duas após colocarem fogo na antiga mansão, não conseguiu não imaginar o que seu antigo noivo — agora falecido — pensaria ao ver sua filha dessa maneira, ao vê-la trabalhando em um hospital, e o que ele pensaria ao ver a garota crescer e se tornar cada vez mais uma belíssima mulher.
Era impressionante a semelhança entre os dois.
Mas não por causa da aparência.
— Ela é igualzinha a você doutor.
E então Maria voltou ao
Foi a minha primeira noite de sono boa, a primeira entre tantas em que não fui atormentada e nem aterrorizada com pesadelos. E aquilo não era apenas uma obra do acaso. As coisas estavam mudando. Aquilo era fato.O gosto do veneno atinge forte minha língua, parecia que aquilo nunca ia sair, ao menos as aulas estavam rendendo, Nicolas me fez tomar um de seus venenos inofensivos, contenho o impulso de vomitar ao pensar no líquido descendo pela minha garganta. Apenas queria que ele tivesse me avisado que era quase impossível tirar aquilo da língua, mesmo depois de beber toda a água disponível na cozinha parecia que não ia embora, não importava o que eu fizesse, mas eu mesma o havia procurado, não podia reclamar agora.Fazem apenas dois dias desde que começamos a planejar a fuga de Green Lake, todos chegaram à conclusão que precisamos ter um conhecimento melhor do ambiente em que vivemos e decidimos separar grupos, todos os dias uma dupla iria se aventurar pela floresta, precisava ser pouc
Em um piscar de olhos, o coelho de Louise era algo de extrema importância para mim, era um animal, vivendo naquela floresta por conta própria. Queria saber mais sobre ele, queria saber que tipo de peça ele era em todo aquele quebra cabeça, queria saber do que se alimentava, como sobrevivia em meio a aquela floresta infernal, e principalmente, como ele podia estar de fato vivo, e não ser apenas um fruto da minha cabeça perturbada.Conversei com Paul a respeito, e ele concordou em me ajudar, Lian havia comentado comigo há alguns dias sobre ele, dizendo que ele andava meio distante, mas aquilo não me impediu de pedir aquele favor mesmo assim, ele não pareceu muito animado com a ideia, mas concordou mesmo assim. "Os dias não estão indo muito bem, mas vou te ajudar como puder" Foi o que ele disse. E no fim foi apenas isso.Uma parte minha queria perguntar mais a respeito daquilo, afinal de contas, Paul era meu amigo, mas sabia que se perguntasse, ele não me contaria, além de que ele tinh
Meu nome é Flora Grossman. E eu, meu querido leitor, sou a escritora desse livro do qual você está lendo. O que posso dizer sobre mim? Ah caro leitor... minha vida não é nada interessante, nada mesmo! Bom... para começar, nasci na Alemanha, fui criada em um lar para garotas, e tenho 24 anos, quer dizer, teria se não estivesse morta. E sim, eu sei, você não está aqui por minha causa, você não está lendo esse livro para saber quem eu sou, ou o que faço com a minha insignificante vida. Mas mesmo assim, irei contar um pouco, apenas para contextualiza-lo, ou apenas porque... eu quero, e o livro é meu, e tem algo extremamente libertador em escrevê-lo. Tecnicamente os doutores não querem que eu me lembre da minha vida passada, mas isso é apenas mais um dos erros dos quais eles cometeram, além do erro de terem trazido pessoas de volta à vida, e não, não vou perder seu precioso tempo explicando o porquê de isso ser uma péssima ideia, até porque, se tivessem me perguntado, eu nunca iria qu
— Espere mais um segundo....Estou atrás de uma árvore grande com Lian ao meu lado. O vento está uivando e o sol batendo com força na minha cabeça. E bola de neve, o coelho de Louise, está comendo uma cenoura tranquilamente.— Mais um segundo — Eu sussurro — Apenas mais um pouco...— Sem pressa... — Ele diz baixo se motivando — Está perto... consigo pega-lo... esse coelho não vai escapar das minhas garras. Bola de neve continua a comer tranquilamente... como se nada de ruim pudesse acontecer, como se o mundo fosse apenas cenouras e um monte de mato ao redor. Embora talvez no caso dele de fato fosse.— E... agora!Assim que minhas palavras saem Lian começa a correr. O coelho percebe assim que ele começa a se movimentar, e corre para longe, fazendo com que Lian tropece e caia de cara no chão antes mesmo de chegar perto, tornando a cena patética e — ok admito — um tanto hilária. — Por favor me diga que você não está rindo — Ele resmunga ainda do chão.— Parece que alguém escapou das su
Passo o dia escutando a minha mãe cantar enquanto cuida das rosas, o cabelo ruivo dela esvoaçava pelo vento, o que a deixava ainda mais bonita, não havia muito para fazer em casa. Ou melhor, não havia dinheiro para se fazer alguma coisa, às vezes era bom apenas me sentar sobre a grama, e escutar a voz da minha mãe flutuar pelo ar.— Mamãe — Eu a chamo gentilmente — Por que você está cantando com essas palavras esquisitas?Ela se vira para mim, e solta uma risada gentil.— Não são palavras esquisitas meu amor, é que estou cantando em francês.A olho incrédula, sem entender muito bem.— Então não cante — Peço — Eu não consigo entender nada do que você está dizendo nessa língua esquisita!— Querida — Ela se senta ao meu lado e acaricia o meu cabelo, passando os dedos entre os fios — Não diga assim, saiba que francês é uma língua muito bonita.— Mas eu não entendo nada! — Digo emburrada.Minha mãe acha graça.— Ora meu amor, pois deveria entender — Ela diz — Porque um dia... irei te levar
— Eu disse que você não iria escapar de mim. Lian está segurando um tipo de caixa de transporte aonde está com o coelho dentro, ele brinca com o bichano pelas frestas. — Se não fosse por Paul nós nunca conseguiríamos pega-lo — Eu digo e recebo um olhar feio em troca. Ele suspira. — Tanto faz — Responde — Vamos só colocar a coleira de uma vez e soltá-lo de volta, já estava cansado de correr atrás dele. — Eu também — Digo enquanto coloco a coleira azul no pescoço do coelho — Prontinho, já podemos tira-lo daí. Lian o solta, fico com um pouco de pena ao ver o bichinho se incomodando com a coleira, mas em todo caso não está apertada, não vai machuca-lo. — Ele vai nos levar direto para o buraco das maravilhas — Sussurro baixinho, mas ele parece me escutar. — O que? — Alice no país das maravilhas — Digo dando de ombros — Claire deu para mim de presente e eu estou lendo. — Falando nisso o que você vai dar de presente para ela amanhã? Mordo o lábio quando penso na pergunta de Lia
Um brinde para a garota mais doce e mais gentil que conheci, um brinde a Claire Clarke.Parte 1.— Claire... Claire....— Hum... o que foi? — Ela diz sonolenta.A balanço de um lado para o outro. — Acorda Claire.Ela pisca os olhos lentamente. — Por quê? — Pergunta sonolenta.Sorrio para ela. — Porque hoje é seu aniversário sua boba.Imediatamente ela se levanta em um pulo.— O que? — Pergunta — Que horas são? — Meia-noite — Respondo. Claire faz uma careta, e me olha como se fosse capaz de me matar. — Por que me acordou tão tarde? Dou de ombros. — Porque... é seu aniversário. — Por isso mesmo — Ela diz bufando — Deveria deixar eu ter meu sono da beleza.Reviro os olhos e dou risada. — Vamos lá, é seu aniversário — A balanço de um lado para o outro, mas Claire continua sonolenta e irritada. — Você já tem um presente para mim? — Pergunta se animando.— Só vou entregar a noite — Respondo, o que me rende mais uma careta. — Não acredito que você me acordou e nem sequer tem um p
Claire segura a minha mão enquanto eu me afasto de Lian, as mãos delas são macias e quentes contra as minhas. Mas só consigo pensar em Lian. — E então? — Ela pergunta baixinho e eu mal a ouço. — Então o quê? — Pergunto atordoada. Claire ri. — Vocês se beijaram? Eu fico sem entender por um momento. — O que... nós não estávamos... — Então por que está tão vermelha? — Ela sorri maliciosamente. Estou? — Claire, foi você quem me chamou — Eu lembro a ela. — Eu sei, te chamei porque alguém aqui tinha prometido que iria passar o dia comigo. Fico me sentindo culpada ao me lembrar que menti para ela quando disse que não iria tratar de outros assuntos. — Me desculpe... eu... a gente... Tento me explicar, mas Claire me para dando um cutucão. — Emma, não estou brava com você, quando eu falei sobre passar o dia comigo queria apenas te dizer para não se preocupar hoje, não quero que pense sobre todos os problemas que você está passando, apenas... por favor nós podemos hoje, ape