— Senhor Caleb? — A voz de Andy me fez tirar a atenção da enorme papelada em cima da mesa e olhar para ela. — Eles já estão te esperando na sala de reunião. Contratei Andrea na primeira semana em que assumi a Jones e não me arrependi um só momento por isso, ela era eficaz e ágil em tudo que lhe era proposto. Inicialmente a contratei para ser minha secretária, mas vi que precisaria mudar ela para ser secretária do andar de marketing e contratar mais uma para mim, mas depois eu veria isso, ou ela. — Tudo bem. — Me levantei, peguei a pasta com os documentos que precisava, coloquei o terno e caminhei até a porta. — O projetor está… — Ela fez que sim antes que eu terminasse a frase. — Seu segundo nome é agilidade. — Ela sorriu, me fazendo sorrir também. — Espera aí. — Ela me parou, segurando meu braço. — Sei que você odeia essas coisas. — Andy começou a arrumar minha gravata. — Mas duvido muito que eles te levem a sério com essa gravata toda desgrenhada e frouxa. — Ela terminou de ar
— Você precisa de uma mulher, urgentemente! — Andy zombou enquanto terminava de beber sua longneck. Bebi alguns goles da minha enquanto revirava os olhos. Meu psicólogo não gostaria de ver isso, mas foda-se, não aguentava mais ficar sem colocar uma gota sequer de álcool em minha boca. — Sem essa! — Brinquei, me recostando na cadeira e cruzando os braços. — Mulher só traz problema e o tipo de relação que quero não vai agradar nenhuma delas. — Dei de ombros, rindo. — Credo, parece até um serial killer falando. Tenho gostos peculiares, você não entenderia. — Ela balançava as mãos enquanto falava, tentando imitar minha voz e isso arrancou gargalhadas de mim. — Fala sério, que gostos estranhos são esses? Bebe cerveja de canudinho de madrugada? Dorme de pantufa? — Eu ria tanto que minha barriga doía e me faltava o ar. Só então percebi que era essa a intenção dela. Andy queria me fazer esquecer dos problemas, por isso quase me arrastou pela gravata para o pub que ficava duas esquinas
Terminei de colocar as roupas e olhei em volta, procurando um papel e uma caneta em algum lugar do apartamento de Cassie. Achei um pequeno bloco de post-it em cima da mesa dela, escrevi rapidamente um bilhete agradecendo pela noite, deixando-o em sua cabeceira e fui embora. Nunca gostei de dormir fora de casa, ou em casas desconhecidas e já havia aberto exceções demais para uma noite, essa estaria fora de cogitação. Precisava de uma longa chuveirada e minha cama. Estacionei a Bugatti na garagem e apoiei a cabeça no banco, respirando fundo, o relógio do carro marcavam 3:30 da manhã e me xinguei mentalmente por chegar tão tarde, sendo que precisaria estar na Jones as 7 horas para fazer as entrevistas com os futuros funcionários. Me arrastei até meu apartamento, fui tirando a roupa assim que bati a porta e corri para o chuveiro, tomando uma ducha rápida e me jogando na cama em seguida, sem me dar o mínimo de trabalho de colocar a roupa. Mal havia pego no sono quando ouvi algum barulho
— Quanto mais incapaz você me julga, mais sucesso vou esfregar na sua cara! — Sussurrei, tentando manter a raiva sob controle. Minha mandíbula doía devido à força que fazia na tentativa de não despejar contra ele tudo que estava entalado dentro de mim a anos. Toda a frustração, a raiva, as humilhações, insinuações que ele sempre fez questão de fazer contra mim. Mas, isso não adiantaria, só mostraria a ele minhas fraquezas, armando ainda mais seu ataque, lhe dando ainda mais munição. Ele não merecia nem um segundo mais do meu tempo, não valia a pena. — Agora se você já terminou — Apontei para a porta. — Peço que saia, porque preciso trabalhar. — Você está me expulsando da minha empresa? — Ele deu tanta ênfase na palavra minha que era capaz de poder tocar as letras saindo de sua boca. — Não. — Dei a volta na mesa e me sentei novamente na cadeira. — Estou te pedindo com educação que saia da minha sala. Agora o que você fará depois é um problema exclusivamente seu! — Esse des
Finalmente era sexta feira, não via a hora de cair na cama e dormir sem me preocupar com a hora, mas ainda precisaria aguentar mais um dia de trabalho. Ontem na volta para casa liguei para minha mãe para saber como estavam as coisas. Descobri que o David havia tido alta no começo da semana, por isso a visita inesperada a Jones ontem. Mas continuaria o tratamento de casa, fazendo fisioterapia e terapia da fala para evitar futuros problemas, fora isso, faria exames periodicamente para que não tivesse outro avc e para evitar outros transtornos de saúde também. — Bom dia meninas! — Falo assim que passo pela recepção e encontro as novas recepcionistas sentadas. — Bom dia senhor! — Ambas respondem em uníssono, mas percebo que uma delas me olha com segundas intenções. Valentina. Algo me diz que terei algumas dores de cabeça com ela em relação a isso. Rebecca já parecia mais na dela, educada, mas sem ultrapassar a linha tênue que dividia o profissional do passar dos limites. — Onde
Minha mãe faz contato visual comigo e seus olhos quase imploram para que eu deixe essa história no passado. E por ela, somente por ela, estico a mão e aperto a dele. Por hora, vou tentar acreditar nele. — Agora vamos deixar você trabalhar, Leb. — Me levantei e fui até ela. — Tenta aparecer em casa esse final de semana. — Ela arrumava minha gravata enquanto falava. — Sinto sua falta, aquela casa fica tão vazia sem você. — Seus olhos marejaram e ela teve que piscar diversas vezes para impedir que as lagrimas caíssem. — Eu te ligo, combinando tudo mãe. — Dei um beijo em sua testa e outro em sua bochecha, demorando mais que o necessário. — Te amo. Ela assentiu e caminhou até a porta, onde David já a esperava, ele acenou para mim antes de sair e apenas concordei levemente com a cabeça. Assim que a porta se fechou, me joguei na cadeira, desafrouxando a gravata que me sufocava, mas sabia que não era ela. Sempre ficava assim depois da visita dele. Porra. A porta se abriu e estav
Meu sangue fervia, ao ponto de quase conseguir sentir as veias borbulhando. Se isso fosse possível, já teria entrado em combustão. — Como aquele filho da puta teve coragem de fazer isso?! — Meu escritório estava um total caos. Meu computador agora estava no chão, fazendo companhia para o telefone fixo e mais um monte de papeladas que não me importei nenhum pouco em jogar ao chão, deixando minha mesa completamente vazia. Andava de um lado para o outro, tomando cuidado para não pisar em cima dos cacos de vidro dos copos que joguei na parede. — Eu juro que vou matar aquele desgraçado! — Não fazia o menor esforço para falar mais baixo. Estava pouco me fodendo para o barulho que estava fazendo. Precisava colocar aquela raiva para fora, ou acabaria sendo preso por homicídio. E pode ter certeza que será doloso! — Está tudo bem, Caleb? — A voz da Andy me fez virar bruscamente para a porta. Ela estava parada, segurando a maçaneta e com a boca entreaberta, analisando todo o escr
Minha cabeça latejava e sentia meu corpo tremer, resultado de todo o estresse do dia. Daria tudo para uma dose de uísque, ou uma carreira de algo mais forte. Ao pensar nisso, notei que havia faltado na minha consulta com o Dr. Robert, suguei todo o ar que pude para os meus pulmões me amaldiçoando por ter esquecido de algo tão importante. Me despedi de minha mãe e segui até o carro. Bati a porta e liguei o ar condicionado, recostando a cabeça no banco do carro. Enxaqueca... Palpitações... Tremedeira... Passei a mão na testa. Sudorese em excesso... Irritabilidade... Merda! Estava tendo uma das minhas crises de abstinência. Como se meu cérebro finalmente compreendesse o que estava acontecendo, senti um arrepio percorrer a espinha, fazendo os tremores se intensificarem. Apertei o botão do painel que era conectado com o bluetooth do meu celular. — Ligar para Dr. Robert. — Fechei os olhos enquanto ouvia o celular tocando e torcia para que ele atendesse. — Pensei que