O Palácio dos Vampiros estava movimentado. Garçons com bandejas recheadas de iguarias e bebidas passeavam entre alguns convidados. Inácio, o patriarca da casa, estava sentado observando seus mais novos hóspedes. Alícia e Albert eram sobrinhos de Inácio, filhos de Saulo, seu irmão. Chegaram a Neshville com o objetivo de ajudar seu tio a governar a cidade. Inácio tinha apenas uma filha, a linda Sabrinne. Mas a jovem não se envolvia com as coisas do pai. No Palácio ainda morava mais gente. Soraya, que era mulher de Inácio e mãe de Sabrinne, Bryan, o irmão de Soraya e dois transformados por Inácio para servi-los, Josh e Arthur. Inácio organizou uma pequena festa para receber seus mais novos aliados. Neshville não era uma cidade pequena e quanto mais pessoas para regê-la, melhor. Já tinha chegado aos ouvidos de Inácio algo sobre a Resistência. Alguns humanos estavam desenvolvendo armas letais aos vampiros e isso era um problema aos olhos de Inácio.
Algumas pessoas da cidade, como o prefeito e outras famílias de importância econômica, se aliaram à Inácio e sua família. Não por simpatia, mas por temê-los._Proponho um brinde ao meus sobrinhos._Inácio levanta a taça e todos os seguem.
Todos juntaram as taças e vários tilintares foram ouvidos. Alícia era loira e de olhos dourados. Tinha uma face rígida e severa, mas nada assustador. Seu irmão Albert era militar de postura prepotente. Olhos azuis, maxilar desenhado e cabelo alinhado.
Depois do brinde, os doadores fixos se posicionavam do lado dos seus donos e recebiam suas mordidas quando eles bem entendiam. Sabrinne passou pelo meio do salão indo de encontro aos seus primos._Estava com saudades de vocês._Ela sorri em demasia causando certo desconforto em Alícia._Tudo bem, prima Ali?
_Sim, Sabrinne._A loira dos olhos penetrantes beberica sua bebida._Não tem doadores disponíveis para nós? Os nossos não puderam vir até Neshville.
Sabrinne faz uma cara de emburrada pois a única coisa que seus primos gostam de falar é de sangue, lutas e poder.
_Irei mandar espalhar que tem duas vagas para doadores._Ela sorri e sai da presença dos jovens.
Albert manteve sua postura e em momento algum deu trela para nenhuma conversa. Era sempre assim. Sua irmã já estava acostumada com esse seu jeito e até adquiriu parte dele. A luta contra a Resistência os tornaram mais fortes pois com as batalhas vieram as experiências.
Depois que Sabrinne pediu a empregada que mandassem distribuir panfletos anunciando que precisariam de novos doadores, voltou para junto dos primos._Albert, você mal falou._Ela analisa o homem à sua frente._Está tudo bem?
_Apenas cansaço, Sabrinne._Ele repousa sua taça vazia em cima de uma mesa ao seu lado e se retira.
Sabrinne sentia algo pelo seu primo. Sabia que era errado, mas ela sentia. Era encantada pela sua pose firme e sua voz grossa. Mas se condenava por isso pois Albert jamais teve olhar carinhoso para ela. Se não fosse para o satisfazer, de nada as mulheres serviam.
Josh e Arthur olhavam sorrateiramente a festa. Faziam parte dos transformados da família e não gostavam de serem tão pouco. Queriam exercer cargos ou batalhar contra a Resistência, mas eram apenas encarregados de servir a Inácio e proteger o Palácio dos Vampiros. Ansiavam por adquirir logo seus poderes por herdade.Os vampiros possuem poderes particulares e diferentes entre si. E aquele que transforma um humano em vampiro tem capacidade de passar poderes para o mesmo. Josh e Arthur aguardavam receber seus poderes, mas estavam em avaliação ainda. Inácio precisava saber se eram fiéis à família Mansonni. Só assim seriam um deles._Cadê Albert, Alícia?_Pergunta Soraya para a loira que observava o movimento das pessoas.
_Se recolheu. A viagem foi cansativa._Ela sorri forçadamente e Soraya faz o mesmo para ela._Se me permite, farei o mesmo. Avise ao tio Inácio, por favor. Boa noite, Soraya.
Alícia passa pela mulher do seu tio fazendo-a revirar os olhos. Ela não gostava de Alícia pois aos olhos do seu marido, Alícia era melhor que Sabrinne pelo simples fato de ser boa em batalhas. Soraya sussurra o recado de Alícia no ouvido de Inácio e ele assente. Cada pessoa naquela casa tinha seu doador. No momento o único que se alimentava era Bryan, que tinha nas mãos o braço moreno de Liv, sua doadora. Os outros foram dispensados e voltaram para sua ala.
A ala dos doadores fica do lado direito do palácio. Lá eles eram comandados pela senhorita Claire. Uma senhorita rude, firme e perfeccionista. Ela aguardava a volta dos doadores no portão que dá acesso a ala._Vocês devem estar imundos._Ela berrava assim que os viu voltarem._Tomem seus banhos e recolham-se. Amanhã recomeça as atividades. Entendido?
_Sim, senhorita Claire._Todos repetem em uníssono.
Claire fecha os portões e se direciona para seu quarto. Os doadores se unem e sentam no chão do quarto para conversarem.
_Vocês conseguiram ouvir?_Nina, a doadora de Soraya diz animadamente._Vão chegar novos doadores.
_Espero que sejam legais._Otávio, doador de Inácio e o mais velho diz com desdém._Mas o que vamos fazer com a Liv? Bryan exige demais dela.
_Temos que ajudá-la de alguma forma. Eles dizem no protocolo que vão cuidar da nossa saúde, mas o que vemos aqui é descaso._Fabrícia, doadora de Sabrinne explode em tom de raiva._Só continuo aqui por que preciso.
Fabricia só tinha sua tia e ela precisava de remédios pois sofria de hipertensão. E Fabricia ainda pagava a uma mulher para cuidar da sua tia. O dinheiro era muito pouco, mas era isso ou ver sua tia piorar sozinha.
_Quem dera me juntar a Resistência..._Murmurou Felipe, doador de Josh._Quem sabe não há esperança?
_Duvido muito._Gabriel, doador de Arthur se joga no chão._O jeito é levar a vida do jeito que dá. Nunca imaginei que o mundo pudesse mudar tanto e nós, que sempre fomos livres, virassemos escravos desses sanguessugas.
Depois de uns minutos, cada um tomou seu banho e deitaram. A porta é aberta e uma Liv totalmente ensanguentada é vista. Ela desmaia e começa a ser cuidada por seus amigos que choram ao ver essa situação. Eles sabiam que isso poderia acontecer com qualquer um... Isso os assustavam muito.
*Resistência: Grupo de humanos que com a ajuda de seres sobrenaturais (bruxas e outros) lutam contra os vampiros desenvolvendo armas e instrumentos que sejam letais à eles. O ideal deles é devolver a ordem natural do planeta colocando cada ser no seu devido lugar.
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Samyra acorda logo cedo e começa a requentar a comida do dia anterior. Seu pai levanta logo após e ela torceu em seu íntimo para que sua mãe não escutasse a conversa que iria se iniciar._Mais sopa?_Samyra pergunta mostrando o prato pela metade ao pai. Ele nega._Alguma coisa está acontecendo, Samyra?_A voz do homem faz a menina estremecer._Parece nervosa, inquieta. O que se passa?_É que..._Samyra senta-se à mesa com seu pai e o olha firme._Irei arrumar um emprego hoje._Vai trabalhar em quê? Sabe que mal tem trabalho disponível em Neshville._Roberto dá uma colherada na sua sopa de repolho._Diga-me, onde irá arrumar emprego?_Como doadora._A morena fala de uma vez e seu pai engasga._Pai? Vou buscar uma água.A menina tem seu braço segurado impedindo-a de buscar a água. Seu pai a olha firme e dava pra ver nervosismo em seu olhar._Eu não vou deixar você ser uma b
Alícia estava no tédio e agoniada para que seu novo doador fosse escolhido o mais rápido possível. Estava deitada em sua cama por volta das 13hrs quando alguém bate na sua porta. Revirou os olhos torcendo intimamente para que não fosse Sabrinne._Vim te avisar sobre os novos doadores._Albert fala com as mãos nos bolsos._Posso entrar?Alícia abre espaço e o irmão passa. Albert só trocava muitas palavras com sua irmã ou, no momento, com seu tio._Já escolheram?_Alícia se joga na cama._Quando eles virão?Albert se dirigiu até a janela, ainda com as mãos nos bolsos, e encarou a paisagem da cidade pouco movimentada._Sim, são duas mulheres._A voz do homem saiu sem emoção._Pensei que escolheriam homens já que são mais resistentes. Você evitou mencionar que matou nada menos que 5 doadores e inúmeras pessoas inocentes em Jump, por que?_Não quis aborrecer o tio com essas coisas._Alícia olha para seu irmão._Mas não se preocupe. Não trarei probl
Passando-se 30 minutos desde que Vera entrou na sala, Samyra foi chamada. Caminhou até a porta e ela foi aberta por uma mulher. Ela aparentava ter seus 50 anos e mantinha uma pose séria._Entre, número 12._Ela fala autorizando a jovem a entrar._Sente-se.Samyra analisa a sala que continha um sofá de cor marrom, uma mesa de escritório onde a mulher sentou-se anotando algumas coisas, uma mesinha do lado do sofá e uma decoração estranha que ela não entendia nada. E tinha uma porta, provavelmente dava para alguma outra sala._Diga-me seu nome pois não posso continuar chamando-a de número 12._A voz da mulher assusta um pouco Samyra._E pode me chamar de Margot. Não tenha medo, sou humana assim como você.Samyra suavizou a expressão e sorriu fraco. Era tudo que ela precisava saber para poder pelo menos tranquilizar-se._Me chamo Samyra Andrade._Enfim a morena falou._Para onde foram os outros?
×Samyra×Tanto Marie quanto Margot sorriam após dizer que eram da Resistência. Já tinha ouvido falar deles, mas nunca sequer conversei com um deles._Vocês... O quê?_Exclamei espantada._O que vocês fazem aqui no meio dos inimigos?_Presumo que não tenham comido nada._Marie pega numa prateleira um pote redondo._Aqui tem biscoitos, comam.Aceitamos pois já eram quase 14hrs e não tínhamos comido nada. Abri a tampa do pote e peguei uns 4 de uma vez._Agora..._Falo de boca cheia._Explica aí o que eu perguntei._Vi que é a mais curiosa das duas._Margot sorri.__Somos infiltradas da Resistência aqui na Central de Ajuda. Precisamos descobrir mais coisas desses monstros e enfim conseguir tomar nossa cidade e quem sabe todo o mundo novamente.Vera tosse
×Samyra×Olhei-me no espelho ajeitando o vestido que estava a tanto tempo guardado. Usei na minha formatura do ensino médio e desde lá nunca usei. Ele era preto e justo coberto por uma renda negra. Era simples, mas eu me sentia confortável. Calcei um saltinho médio e bem elegante. Olhei no relógio e já era 18hrs. Um carro viria nos buscar e já era a hora. Deixei que meu pai contasse a minha mãe tudo que acertamos e saí de fininho. Incrivelmente ela nem sentiu minha falta, nem chamou por mim. Encontro Vera arrumada com um vestido azul marinho e uma sapatilha da mesma cor. Seus cabelos brincavam ondulados em cima do ombro. Ela estava linda._O carro está ali._Ela aponta e seguimos juntas até ele.O motorista abre a porta e assim sentamos nos bancos dos passageiros. Segurei nas mãos de Vera e o carro partiu. Eu estava repetindo mentalmente como um mantra a ideia de não fazer besteira e não ser mal educada. As ve
×Samyra×Um silêncio pairou no ar me deixando mais incomodada que o normal. Percebi que apenas quatro pessoas não quiseram falar nada na apresentação. O homem do lado da Alícia, que é meu dono, a tal da Sabrinne e os transformados._O jantar será servido!_Anuncia Inácio._Aproveitem!Jantamos em silêncio. De vez em quando Inácio perguntava algo sobre nós e mais nada. A sobremesa foi um sorvete maravilhoso e claro, comi bastante. Amo sorvete. Será que alguém não ama sorvete?_Vocês agora vão conversar à sós com seus donos._Inácio levanta-se da mesa._Boa sorte e mais uma vez, sejam bem-vindas!As pessoas foram saindo da mesa e por fim só restou quatro pessoas. Um vento frio arrepia minha espinha e eu tremo levemente.Olho pra Vera e ela não parece com medo ou receosa._Você pode me acompanhar?_Alícia pergunta em direção a Vera.Vera apen
×Albert×Estávamos todos sentados à mesa quando meu tio levantou-se e começou a anunciar as novas doadoras._Cumprindo as normas para ser doador, duas garotas conseguiram se tornar doadoras pela preciosidade dos seus sangues._Já gostei dessa parte._Recebam com respeito as novas doadoras da família Mansonni.Olhamos para a entrada e duas pirralhas entram tremendo mais que soldado alvejado. Ainda não acredito que vou ter como doadora uma mulher. Eu poderia ter exigido homem, mas acabei esquecendo-me. As duas mantém-se de cabeças baixas denunciando seus medos._Não sintam-se envergonhadas._Meu tio exclama tentando deixá-las mais a vontade._Eu sou o Inácio Mansonni e vocês? Sentem-se.Os empregados puxam as cadeiras para elas sentarem e assim elas fazem. Vi que que a morena tremia os lábios e os mordia tentando controlá-los. Desviei o olhar rapidamente. Ela é<
×Albert×Abro a gaveta para procurar algo que estanque o sangramento do pescoço dela. Acho uns gases e esparadrapo. Isso serve!Limpo o ferimento e faço um curativo. Tiro o cabelo dela do rosto e admiro ela dormir._Dormindo assim nem parece tão medrosa..._Sussurro.Toco na sua mão tentando sentir o que ela sente e não consigo. Franzo a testa estranhando porque não consigo sentir o que ela sente nesse momento. Deixo-a sozinha e saio em busca de Alícia. Bato na porta do seu quarto e ela logo abre. Entro sem ela convidar._O que te deu, Albert?_Ela pergunta assim que passo direto por ela._Você estranhou algo na sua doadora?_Pergunto alarmado.A expressão do seu rosto se alivia e assim ela fecha a porta vindo em minha direção._Seus poderes não funcionou com ela, não foi?Então quer dizer q