Passando-se 30 minutos desde que Vera entrou na sala, Samyra foi chamada. Caminhou até a porta e ela foi aberta por uma mulher. Ela aparentava ter seus 50 anos e mantinha uma pose séria.
_Entre, número 12._Ela fala autorizando a jovem a entrar._Sente-se.
Samyra analisa a sala que continha um sofá de cor marrom, uma mesa de escritório onde a mulher sentou-se anotando algumas coisas, uma mesinha do lado do sofá e uma decoração estranha que ela não entendia nada. E tinha uma porta, provavelmente dava para alguma outra sala.
_Diga-me seu nome pois não posso continuar chamando-a de número 12._A voz da mulher assusta um pouco Samyra._E pode me chamar de Margot. Não tenha medo, sou humana assim como você.
Samyra suavizou a expressão e sorriu fraco. Era tudo que ela precisava saber para poder pelo menos tranquilizar-se.
_Me chamo Samyra Andrade._Enfim a morena falou._Para onde foram os outros?
_Para a próxima fase._Margot encarou Samyra por cima dos óculos._Irei te fazer algumas perguntas e você responde apenas a verdade, okay?
A morena afirma com a cabeça e começa a ouvir uma enxurrada de perguntas vinda de Margot. Idade, quantas pessoas moram com ela, tipo sanguíneo(ela não sabia), escolaridade, se possuía alguma doença...
Samyra estava se sentindo invadida, mas ela sabia que era necessário. Ela queria um emprego. Ela queria ajudar nas despesas._O formulário está preenchido._Margot conclui._Samyra, por que você está se candidatando a esse emprego?
A jovem pensou um pouco e encarou um quadro rabiscado que estava pregado na parede pintada de verde-musgo. Será que aquela pergunta fazia parte de alguma avaliação?
_Bem, as coisas não estão boas na minha casa..._Parou por um instante vendo o olhar de Margot sobre ela._Meu pai é doador temporário e está cansado. Minha mãe está muito doente e precisa de boa comida e bons remédios. Pergunta respondida?
Margot ajeitou o óculos e saiu de sua cadeira caminhando em direção a Samyra. Sentou-se do lado dela no sofá e sorriu.
_Vejo que em nome da sua família você é capaz de tudo._A frase da mulher intriga Samyra._Você vai por aquela porta fazer seu exame sanguíneo. Depois encontrarei você e sua amiga em outra sala.
_Como sabe que aquela menina é minha amiga?_A jovem afasta-se assustada.
_Ela contou-me._Sorriu a mulher._Não se preocupe._Entregou a Samyra o formulário._Pode ir e até daqui a pouco.
Samyra pegou o papel meio receosa e tocou com a mão na marçaneta da porta sentindo um frio no seu coração. Avançou e viu várias cadeiras daquelas usadas para acomodar o paciente para tirar sangue e umas quatro pessoas, incluindo Vera. Samyra sorriu ao ver sua amiga, mas quando pensou em ir até ela que estava com uma enfermeira, foi impedida por uma mulher.
_Acompanhe-me._A mulher toca no braço de Samyra._Entregue-me seu formulário.
Samyra fez tudo como um robô. Afirmou com a cabeça, entregou o papel e deixou-se ser guiada. Sentou numa cadeira das que viu e aguardou enquanto a enfermeira buscava os instrumentos para a retirada de sangue. Samyra odiava retiradas de sangue, isso a deixava enjoada. Fechou os olhos e abriu umas quinhentas vezes. A fome estava voltando e se viu tentada a perguntar se tinham comida, mas temeu. Logo a enfermeira voltou, tranquilizou Samyra e limpou o local onde a agulha iria ser introduzida. Samyra sentiu uma picada e fez careta começando a se sentir enjoada.
_Pronto._A enfermeira retira a agulha cheia de sangue._Pressiona isso aqui e logo logo se dirija para aquela sala.
Samyra olhou para os lados e não viu mais sua amiga. Provavelmente ela já estava na próxima sala juntamente com Margot. Esperou uns 5 minutos e levantou-se indo em direção à próxima porta. Abriu-a e entrou encontrando Margot, uma outra mulher e Vera.
Samyra andou até sua amiga e abraçou-a mesmo estando sentada. Margot apontou para a cadeira ao lado de Vera e assim Samyra sentou-se._Vocês duas foram escolhidas para serem doadoras fixas dos novos hóspedes do Palácio dos Vampiros._Margot tinha um ar misterioso, algo indecifrável._Essa aqui é a senhorita Marie, minha ajudante na tarefa de encaminhar doadores aos vampiros.
_Como já fomos escolhidas se nosso sangue ainda nem foi avaliado?_Vera pergunta atônita._Não deveriam analisar e...
_Eles não perdem tempo com isso._Marie ajeitou uns papéis sobre a mesa._O sangue de cada um foi levado até um vampiro provador que analisa tudo pelo gosto. Coisa rápida, entendes?
As duas afirmaram com a cabeça impressionadas com tudo isso. Antes os exames sanguíneos demoravam cerca de uma a duas semanas para serem entregues e agora com os vampiros eram só eles provarem.
_Vocês sentem-se bem com essa invasão dos vampiros no mundo inteiro?_Margot pergunta bastante séria e concentrada nas duas jovens à sua frente._Não iremos prender vocês ou fazer qualquer coisa, apenas quero que digam a verdade.
_Isso interfere no nosso emprego?_Samyra pergunta temendo perder algo que acabou de conquistar.
Tanto Marie quanto Margot negaram com a cabeça. As duas garotas se olham como se perguntassem como a outra se sente.
_Bem..._Vera desvia o olhar de Samyra._Eles acabaram com nossa cidade. Tínhamos tudo. E eles nos tiraram. Eu gostava da minha cidade como ela era antes e então a minha resposta é não. Eu não me sinto bem com eles usufruindo de tudo que é nosso.
Samyra se impressionada com a coragem de Vera e toma como incentivo para falar também.
_Faço das palavras dela as minhas._Pondera Samyra._Vivemos numa escassez de tudo. Até o direito de usarmos coisas que sempre foram nossas nos foram tirados. Eu preferia que eles, todos eles, morressem.
Margot e Marie sorriram deixando Samyra e Vera espantadas. Elas tinham afirmado que não iriam fazer nada, mas aquela reação não era esperada.
_Somos da Resistência._As duas falam ao mesmo tempo.
_Escolhemos as meninas certas._Marie sorri para Margot.
*Vampiro Provador: É um vampiro que fica encarregado de provar/degustar sangue e avaliá-lo através do gosto. Capaz de identificar tipo sanguíneo, doenças e colocá-lo em categorias como Sangue A, B ou Z.
Sangue A= Doce e agradávelSangue B= Doce com um toque amargoSangue Z= Sangue valioso e raro. Eleito o melhor tipo.-------------------------∆-------------------------
×Samyra×Tanto Marie quanto Margot sorriam após dizer que eram da Resistência. Já tinha ouvido falar deles, mas nunca sequer conversei com um deles._Vocês... O quê?_Exclamei espantada._O que vocês fazem aqui no meio dos inimigos?_Presumo que não tenham comido nada._Marie pega numa prateleira um pote redondo._Aqui tem biscoitos, comam.Aceitamos pois já eram quase 14hrs e não tínhamos comido nada. Abri a tampa do pote e peguei uns 4 de uma vez._Agora..._Falo de boca cheia._Explica aí o que eu perguntei._Vi que é a mais curiosa das duas._Margot sorri.__Somos infiltradas da Resistência aqui na Central de Ajuda. Precisamos descobrir mais coisas desses monstros e enfim conseguir tomar nossa cidade e quem sabe todo o mundo novamente.Vera tosse
×Samyra×Olhei-me no espelho ajeitando o vestido que estava a tanto tempo guardado. Usei na minha formatura do ensino médio e desde lá nunca usei. Ele era preto e justo coberto por uma renda negra. Era simples, mas eu me sentia confortável. Calcei um saltinho médio e bem elegante. Olhei no relógio e já era 18hrs. Um carro viria nos buscar e já era a hora. Deixei que meu pai contasse a minha mãe tudo que acertamos e saí de fininho. Incrivelmente ela nem sentiu minha falta, nem chamou por mim. Encontro Vera arrumada com um vestido azul marinho e uma sapatilha da mesma cor. Seus cabelos brincavam ondulados em cima do ombro. Ela estava linda._O carro está ali._Ela aponta e seguimos juntas até ele.O motorista abre a porta e assim sentamos nos bancos dos passageiros. Segurei nas mãos de Vera e o carro partiu. Eu estava repetindo mentalmente como um mantra a ideia de não fazer besteira e não ser mal educada. As ve
×Samyra×Um silêncio pairou no ar me deixando mais incomodada que o normal. Percebi que apenas quatro pessoas não quiseram falar nada na apresentação. O homem do lado da Alícia, que é meu dono, a tal da Sabrinne e os transformados._O jantar será servido!_Anuncia Inácio._Aproveitem!Jantamos em silêncio. De vez em quando Inácio perguntava algo sobre nós e mais nada. A sobremesa foi um sorvete maravilhoso e claro, comi bastante. Amo sorvete. Será que alguém não ama sorvete?_Vocês agora vão conversar à sós com seus donos._Inácio levanta-se da mesa._Boa sorte e mais uma vez, sejam bem-vindas!As pessoas foram saindo da mesa e por fim só restou quatro pessoas. Um vento frio arrepia minha espinha e eu tremo levemente.Olho pra Vera e ela não parece com medo ou receosa._Você pode me acompanhar?_Alícia pergunta em direção a Vera.Vera apen
×Albert×Estávamos todos sentados à mesa quando meu tio levantou-se e começou a anunciar as novas doadoras._Cumprindo as normas para ser doador, duas garotas conseguiram se tornar doadoras pela preciosidade dos seus sangues._Já gostei dessa parte._Recebam com respeito as novas doadoras da família Mansonni.Olhamos para a entrada e duas pirralhas entram tremendo mais que soldado alvejado. Ainda não acredito que vou ter como doadora uma mulher. Eu poderia ter exigido homem, mas acabei esquecendo-me. As duas mantém-se de cabeças baixas denunciando seus medos._Não sintam-se envergonhadas._Meu tio exclama tentando deixá-las mais a vontade._Eu sou o Inácio Mansonni e vocês? Sentem-se.Os empregados puxam as cadeiras para elas sentarem e assim elas fazem. Vi que que a morena tremia os lábios e os mordia tentando controlá-los. Desviei o olhar rapidamente. Ela é<
×Albert×Abro a gaveta para procurar algo que estanque o sangramento do pescoço dela. Acho uns gases e esparadrapo. Isso serve!Limpo o ferimento e faço um curativo. Tiro o cabelo dela do rosto e admiro ela dormir._Dormindo assim nem parece tão medrosa..._Sussurro.Toco na sua mão tentando sentir o que ela sente e não consigo. Franzo a testa estranhando porque não consigo sentir o que ela sente nesse momento. Deixo-a sozinha e saio em busca de Alícia. Bato na porta do seu quarto e ela logo abre. Entro sem ela convidar._O que te deu, Albert?_Ela pergunta assim que passo direto por ela._Você estranhou algo na sua doadora?_Pergunto alarmado.A expressão do seu rosto se alivia e assim ela fecha a porta vindo em minha direção._Seus poderes não funcionou com ela, não foi?Então quer dizer q
×Samyra×Acordo por voltas das 5:15am e vejo meu pai requentando o café que provavelmente ele fez ontem. Chego perto e beijo seu rosto._Estou indo embora hoje._Falei me encostando no balcão da cozinha._Minha mãe aceitou bem a sua mentira?_Se empolgou no momento em que eu disse que ela teria outros alimentos para comer além de repolho e cenouras._Ele me estende um copo com café._Você vai ficar bem, Samyra? Você promete pra mim que vai ficar longe de encrenca?Torci a boca e levantei as sombrancelhas. Meio tarde demais pra me pedir isso, mas terei que prometer pra deixar seu coração mais aliviado._Prometo._Digo por fim._Então, me prometa que não vai mais doar. Eu não quero mais o senhor doando e arriscando sua saúde que já está frágil. Estamos entendidos, Senhor Roberto Andrade?Ele sorriu e bagunçou meus cabelos com a mão. Eu queria vê-lo assim... Sempre!<
×Samyra×Todos seguimos a Senhora Ranzinza e entramos numa sala em que continha uma grande mesa cheia de cadeiras em volta._Aqui vocês farão suas refeições._Claire dizia ao puxar duas cadeiras._Sentem-se.Sem desobedecê-la, sentamos. Duas mulheres entram no ambiente servindo-nos._Essa é a Mariah._Claire aponta pra uma mulher de mais ou menos 50 anos com o cabelo preso._E essa é a Mariana, sua filha.Mariana era a cara da mãe. Pareciam bastantes amigáveis._Comam!_A ranzinza ordena._Volto depois para buscá-las.Quando ela sai eu reviro os olhos. Vi que a maioria viu o meu gesto e então fico vermelha._Relaxa, lindinha._Felipe sorri pra mim._Ninguém gosta da Claire. Nem Mariah e nem Mariana a suportam.Olhei para as duas e elas sorriram confirmando. Começamos a comer rapidamente pois eu acho que os vampiros gostam
×Albert×Depois que mandei Samyra embora, Alícia entra no meu quarto._Acabei de ver sua doadora sair correndo._Ela fecha a porta._Você precisa controlar essa menina, Albert!Bufo virando-me para olha-la. Alícia está se saindo melhor do que eu com sua doadora. Observei-a enquanto mordia o braço da Vera e ela foi bastante controlada. O que essas meninas tem?_E você acha que eu não sei?_Pergunto rindo amargamente._Ela precisa entender que no meio dos vampiros a coragem dela tem consequências graves.Alícia serve-se de uma bebida e senta-se na poltrona encarando-me._Essas duas são estranhas._Ela beberica sua bebida._Você pediu um relatório sobre a sua doadora ao Manfredo?Poxa, como eu pude esquecer-me?Peço