SEIS

×Samyra×

Tanto Marie quanto Margot sorriam após dizer que eram da Resistência. Já tinha ouvido falar deles, mas nunca sequer conversei com um deles.

_Vocês... O quê?_Exclamei espantada._O que vocês fazem aqui no meio dos inimigos?

_Presumo que não tenham comido nada._Marie pega numa prateleira um pote redondo._Aqui tem biscoitos, comam.

Aceitamos pois já eram quase 14hrs e não tínhamos comido nada. Abri a tampa do pote e peguei uns 4 de uma vez.

_Agora..._Falo de boca cheia._Explica aí o que eu perguntei.

_Vi que é a mais curiosa das duas._Margot sorri.__Somos infiltradas da Resistência aqui na Central de Ajuda. Precisamos descobrir mais coisas desses monstros e enfim conseguir tomar nossa cidade e quem sabe todo o mundo novamente.

Vera tosse e eu ajudo ela a voltar ao normal. Tudo aquilo era muito surreal pra um dia só. Era difícil acreditar.

_E por que nos escolheram?_Vera cruza os braços com os olhos estreitados._Vocês não querem que eu e a Samyra entrem nessa...

_Vocês não sonham em ter tudo que já tiveram no passado novamente?_Marie se levanta e começa a andar pela sala._O acesso liberado aos hospitais, os empregos, o dinheiro da nossa cidade circulando novamente...

Um silêncio formou-se naquela sala. Eu queria sim! Eu queria ver minha mãe saindo da depressão e voltando ao seu trabalho normalmente. Sempre sonhei em vê-la sorrindo novamente...

E meu pai teria seu emprego que sempre amou na oficina. Eles estariam felizes.

Eles sendo felizes, eu serei feliz.

_Eu aceito!

_Você é doida, Samyra?_Vera grita ao pé do meu ouvido._Você quer arriscar sua vida por causa disso?

_Eu estou cansada de ver minha mãe numa cama lamentando não ter mais o emprego que sempre amou tanto._Grito na mesma altura assustando-a._Eu estou cansada de ver meu pai chegando em casa cheio de mordidas e não aguentando nem se levantar._Lágrimas já caíam dos meus olhos._Eu estou cansada, Vera! Eu quero sim, minha cidade de volta.

Enxuguei os resquícios de lágrima que ainda desciam pela minha bochecha e olhei para as duas mulheres na minha frente.

_O que eu preciso fazer?_Falo convicta.

_Eu não vou deixar você nessa enrrascada sozinha._Vera me surpreende segurando a minha mão._O que precisamos fazer?

Mantemos nossa atenção firme às explicações que as duas nos davam. Elas em pouco tempo explicaram bastante coisa sobre a Resistência.

_Eles tem poderes e para vocês não ficarem susceptíveis a uma lavagem cerebral precisam tomar isso._Elas nos mostram um vidrinho com um líquido azul._Vocês saberão que todo esse líquido saiu do organismo de vocês quando as suas urinas deixarem de ser dessa cor aqui._Margot balança o vidrinho._Entenderam?

Assentimos com a cabeça e pegamos o vidrinho emborcando todo o líquido na boca e engolindo. Tinha um gosto bom, pelo menos pra mim.

_Sempre irei solicitar a presença de vocês aqui na Central._Marie entrega-nos um papel._Isso aqui vocês entregam ao Inácio Mansonni. Tomem cuidado e colham o máximo de informação que puderem.

Eu já não estava tão assustada. Nunca fui uma garota medrosa ou covarde. A Vera sempre me dizia que eu ainda iria quebrar a cara com toda essa minha braveza e coragem. E se for para quebrar a cara com algo, que seja tentando tomar nossa cidade das mãos desses seres terríveis.

_E parabéns pelo tipo sanguíneo das duas._Marie toca nos nosso papéis que estavam em cima da mesa._Vera tipo A e Samyra tipo Z. Sangues excelentes!

Não sabia se agradecia ou se começava a rezar. Se nosso sangue for tão apetitoso assim isso significa que eles irão querer mais e mais. Apenas dei um meio sorriso.

_Às 19hrs acontecerá um jantar no Palácio dos Vampiros. Vocês irão morar lá a partir da primeira mordida dos seus donos._Margot levanta-se indo até a porta._Boa sorte, meninas. Não decepcionem a Resistência, dependemos de vocês!

Saímos rapidamente daquela sala e ao chegar fora do prédio olhamos uma para outra e nos abraçamos.

_Somos umas loucas!_Vera exclama ainda me abraçando._Vamos passar por essa juntas e devolver nossa cidade à sua normalidade.

_Vamos sim!_Digo soltando-me dela._Agora tenho que correr pra casa.

...

Chego em casa por volta das 15:30hrs. Abro a porta vagarosamente e sinto um cheiro de comida boa no fogo. Dirijo-me até a cozinha e vejo meu pai cozinhando.

_Cheguei._Minha voz sai em um sussurro e eu me assusto por isso.

_Demorou, pequena._Ele solta das panelas e me abraça._Como foi? Você conseguiu ser doadora temporária?

Engoli seco e olhei para o chão. Ele parecia estar na mesma posição em que me fez a pergunta e eu sentia seu olhar queimando em mim.

_Samyra Andrade... O que foi que aconteceu?_A sua mão vai até meu queixo e levanta meu rosto._O que foi?

_Eu consegui um emprego como doadora... Fixa._Demorei um pouco pra dizer a última palavra, mas consegui dizer._Era isso ou nada.

Ele sai de perto de mim e se apóia na pia com as duas mãos e de cabeça baixa. Fico estática no canto me sentindo um monstro por te provocado essa reação nele.

_Você... Você vai morar com eles?_Sua voz sai abafada._Hein, Samyra?

_S-sim._Chego perto e toco no seu ombro._O dinheiro é muito bom e nada vai nos faltar. Não fique assim. Eu prometo que nada me acontecerá e eu estarei aqui sempre que puder. Não serei escrava deles.

_Você já pensou em que desculpa dar a sua mãe?_Ele estava chorando._Ela vai morrer de desgosto, Samyra. Ela odeia com todas as forças esses monstros e saber que você trabalha pra eles...

_Sshhii._Tento acalmá-lo._Diga que eu e a Vera arrumamos um trabalho na cidade vizinha e precisamos morar lá para executá-lo._Toco em seu rosto._O que eu não posso é vê-los definhando e eu de braços cruzados.

Ele me abraça de repente me surpreendendo e não impedi que lágrimas caíssem.

_Como eu não vi que minha menina cresceu tanto...

_É, pai. Sua menina cresceu e amadureceu MUITO.

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