×Samyra×
Tanto Marie quanto Margot sorriam após dizer que eram da Resistência. Já tinha ouvido falar deles, mas nunca sequer conversei com um deles.
_Vocês... O quê?_Exclamei espantada._O que vocês fazem aqui no meio dos inimigos?
_Presumo que não tenham comido nada._Marie pega numa prateleira um pote redondo._Aqui tem biscoitos, comam.
Aceitamos pois já eram quase 14hrs e não tínhamos comido nada. Abri a tampa do pote e peguei uns 4 de uma vez.
_Agora..._Falo de boca cheia._Explica aí o que eu perguntei.
_Vi que é a mais curiosa das duas._Margot sorri.__Somos infiltradas da Resistência aqui na Central de Ajuda. Precisamos descobrir mais coisas desses monstros e enfim conseguir tomar nossa cidade e quem sabe todo o mundo novamente.
Vera tosse e eu ajudo ela a voltar ao normal. Tudo aquilo era muito surreal pra um dia só. Era difícil acreditar.
_E por que nos escolheram?_Vera cruza os braços com os olhos estreitados._Vocês não querem que eu e a Samyra entrem nessa...
_Vocês não sonham em ter tudo que já tiveram no passado novamente?_Marie se levanta e começa a andar pela sala._O acesso liberado aos hospitais, os empregos, o dinheiro da nossa cidade circulando novamente...
Um silêncio formou-se naquela sala. Eu queria sim! Eu queria ver minha mãe saindo da depressão e voltando ao seu trabalho normalmente. Sempre sonhei em vê-la sorrindo novamente...
E meu pai teria seu emprego que sempre amou na oficina. Eles estariam felizes.Eles sendo felizes, eu serei feliz._Eu aceito!
_Você é doida, Samyra?_Vera grita ao pé do meu ouvido._Você quer arriscar sua vida por causa disso?
_Eu estou cansada de ver minha mãe numa cama lamentando não ter mais o emprego que sempre amou tanto._Grito na mesma altura assustando-a._Eu estou cansada de ver meu pai chegando em casa cheio de mordidas e não aguentando nem se levantar._Lágrimas já caíam dos meus olhos._Eu estou cansada, Vera! Eu quero sim, minha cidade de volta.
Enxuguei os resquícios de lágrima que ainda desciam pela minha bochecha e olhei para as duas mulheres na minha frente.
_O que eu preciso fazer?_Falo convicta.
_Eu não vou deixar você nessa enrrascada sozinha._Vera me surpreende segurando a minha mão._O que precisamos fazer?
Mantemos nossa atenção firme às explicações que as duas nos davam. Elas em pouco tempo explicaram bastante coisa sobre a Resistência.
_Eles tem poderes e para vocês não ficarem susceptíveis a uma lavagem cerebral precisam tomar isso._Elas nos mostram um vidrinho com um líquido azul._Vocês saberão que todo esse líquido saiu do organismo de vocês quando as suas urinas deixarem de ser dessa cor aqui._Margot balança o vidrinho._Entenderam?
Assentimos com a cabeça e pegamos o vidrinho emborcando todo o líquido na boca e engolindo. Tinha um gosto bom, pelo menos pra mim.
_Sempre irei solicitar a presença de vocês aqui na Central._Marie entrega-nos um papel._Isso aqui vocês entregam ao Inácio Mansonni. Tomem cuidado e colham o máximo de informação que puderem.
Eu já não estava tão assustada. Nunca fui uma garota medrosa ou covarde. A Vera sempre me dizia que eu ainda iria quebrar a cara com toda essa minha braveza e coragem. E se for para quebrar a cara com algo, que seja tentando tomar nossa cidade das mãos desses seres terríveis.
_E parabéns pelo tipo sanguíneo das duas._Marie toca nos nosso papéis que estavam em cima da mesa._Vera tipo A e Samyra tipo Z. Sangues excelentes!
Não sabia se agradecia ou se começava a rezar. Se nosso sangue for tão apetitoso assim isso significa que eles irão querer mais e mais. Apenas dei um meio sorriso.
_Às 19hrs acontecerá um jantar no Palácio dos Vampiros. Vocês irão morar lá a partir da primeira mordida dos seus donos._Margot levanta-se indo até a porta._Boa sorte, meninas. Não decepcionem a Resistência, dependemos de vocês!
Saímos rapidamente daquela sala e ao chegar fora do prédio olhamos uma para outra e nos abraçamos.
_Somos umas loucas!_Vera exclama ainda me abraçando._Vamos passar por essa juntas e devolver nossa cidade à sua normalidade.
_Vamos sim!_Digo soltando-me dela._Agora tenho que correr pra casa.
...
Chego em casa por volta das 15:30hrs. Abro a porta vagarosamente e sinto um cheiro de comida boa no fogo. Dirijo-me até a cozinha e vejo meu pai cozinhando.
_Cheguei._Minha voz sai em um sussurro e eu me assusto por isso.
_Demorou, pequena._Ele solta das panelas e me abraça._Como foi? Você conseguiu ser doadora temporária?
Engoli seco e olhei para o chão. Ele parecia estar na mesma posição em que me fez a pergunta e eu sentia seu olhar queimando em mim.
_Samyra Andrade... O que foi que aconteceu?_A sua mão vai até meu queixo e levanta meu rosto._O que foi?
_Eu consegui um emprego como doadora... Fixa._Demorei um pouco pra dizer a última palavra, mas consegui dizer._Era isso ou nada.
Ele sai de perto de mim e se apóia na pia com as duas mãos e de cabeça baixa. Fico estática no canto me sentindo um monstro por te provocado essa reação nele.
_Você... Você vai morar com eles?_Sua voz sai abafada._Hein, Samyra?
_S-sim._Chego perto e toco no seu ombro._O dinheiro é muito bom e nada vai nos faltar. Não fique assim. Eu prometo que nada me acontecerá e eu estarei aqui sempre que puder. Não serei escrava deles.
_Você já pensou em que desculpa dar a sua mãe?_Ele estava chorando._Ela vai morrer de desgosto, Samyra. Ela odeia com todas as forças esses monstros e saber que você trabalha pra eles...
_Sshhii._Tento acalmá-lo._Diga que eu e a Vera arrumamos um trabalho na cidade vizinha e precisamos morar lá para executá-lo._Toco em seu rosto._O que eu não posso é vê-los definhando e eu de braços cruzados.
Ele me abraça de repente me surpreendendo e não impedi que lágrimas caíssem.
_Como eu não vi que minha menina cresceu tanto...
_É, pai. Sua menina cresceu e amadureceu MUITO.
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×Samyra×Olhei-me no espelho ajeitando o vestido que estava a tanto tempo guardado. Usei na minha formatura do ensino médio e desde lá nunca usei. Ele era preto e justo coberto por uma renda negra. Era simples, mas eu me sentia confortável. Calcei um saltinho médio e bem elegante. Olhei no relógio e já era 18hrs. Um carro viria nos buscar e já era a hora. Deixei que meu pai contasse a minha mãe tudo que acertamos e saí de fininho. Incrivelmente ela nem sentiu minha falta, nem chamou por mim. Encontro Vera arrumada com um vestido azul marinho e uma sapatilha da mesma cor. Seus cabelos brincavam ondulados em cima do ombro. Ela estava linda._O carro está ali._Ela aponta e seguimos juntas até ele.O motorista abre a porta e assim sentamos nos bancos dos passageiros. Segurei nas mãos de Vera e o carro partiu. Eu estava repetindo mentalmente como um mantra a ideia de não fazer besteira e não ser mal educada. As ve
×Samyra×Um silêncio pairou no ar me deixando mais incomodada que o normal. Percebi que apenas quatro pessoas não quiseram falar nada na apresentação. O homem do lado da Alícia, que é meu dono, a tal da Sabrinne e os transformados._O jantar será servido!_Anuncia Inácio._Aproveitem!Jantamos em silêncio. De vez em quando Inácio perguntava algo sobre nós e mais nada. A sobremesa foi um sorvete maravilhoso e claro, comi bastante. Amo sorvete. Será que alguém não ama sorvete?_Vocês agora vão conversar à sós com seus donos._Inácio levanta-se da mesa._Boa sorte e mais uma vez, sejam bem-vindas!As pessoas foram saindo da mesa e por fim só restou quatro pessoas. Um vento frio arrepia minha espinha e eu tremo levemente.Olho pra Vera e ela não parece com medo ou receosa._Você pode me acompanhar?_Alícia pergunta em direção a Vera.Vera apen
×Albert×Estávamos todos sentados à mesa quando meu tio levantou-se e começou a anunciar as novas doadoras._Cumprindo as normas para ser doador, duas garotas conseguiram se tornar doadoras pela preciosidade dos seus sangues._Já gostei dessa parte._Recebam com respeito as novas doadoras da família Mansonni.Olhamos para a entrada e duas pirralhas entram tremendo mais que soldado alvejado. Ainda não acredito que vou ter como doadora uma mulher. Eu poderia ter exigido homem, mas acabei esquecendo-me. As duas mantém-se de cabeças baixas denunciando seus medos._Não sintam-se envergonhadas._Meu tio exclama tentando deixá-las mais a vontade._Eu sou o Inácio Mansonni e vocês? Sentem-se.Os empregados puxam as cadeiras para elas sentarem e assim elas fazem. Vi que que a morena tremia os lábios e os mordia tentando controlá-los. Desviei o olhar rapidamente. Ela é<
×Albert×Abro a gaveta para procurar algo que estanque o sangramento do pescoço dela. Acho uns gases e esparadrapo. Isso serve!Limpo o ferimento e faço um curativo. Tiro o cabelo dela do rosto e admiro ela dormir._Dormindo assim nem parece tão medrosa..._Sussurro.Toco na sua mão tentando sentir o que ela sente e não consigo. Franzo a testa estranhando porque não consigo sentir o que ela sente nesse momento. Deixo-a sozinha e saio em busca de Alícia. Bato na porta do seu quarto e ela logo abre. Entro sem ela convidar._O que te deu, Albert?_Ela pergunta assim que passo direto por ela._Você estranhou algo na sua doadora?_Pergunto alarmado.A expressão do seu rosto se alivia e assim ela fecha a porta vindo em minha direção._Seus poderes não funcionou com ela, não foi?Então quer dizer q
×Samyra×Acordo por voltas das 5:15am e vejo meu pai requentando o café que provavelmente ele fez ontem. Chego perto e beijo seu rosto._Estou indo embora hoje._Falei me encostando no balcão da cozinha._Minha mãe aceitou bem a sua mentira?_Se empolgou no momento em que eu disse que ela teria outros alimentos para comer além de repolho e cenouras._Ele me estende um copo com café._Você vai ficar bem, Samyra? Você promete pra mim que vai ficar longe de encrenca?Torci a boca e levantei as sombrancelhas. Meio tarde demais pra me pedir isso, mas terei que prometer pra deixar seu coração mais aliviado._Prometo._Digo por fim._Então, me prometa que não vai mais doar. Eu não quero mais o senhor doando e arriscando sua saúde que já está frágil. Estamos entendidos, Senhor Roberto Andrade?Ele sorriu e bagunçou meus cabelos com a mão. Eu queria vê-lo assim... Sempre!<
×Samyra×Todos seguimos a Senhora Ranzinza e entramos numa sala em que continha uma grande mesa cheia de cadeiras em volta._Aqui vocês farão suas refeições._Claire dizia ao puxar duas cadeiras._Sentem-se.Sem desobedecê-la, sentamos. Duas mulheres entram no ambiente servindo-nos._Essa é a Mariah._Claire aponta pra uma mulher de mais ou menos 50 anos com o cabelo preso._E essa é a Mariana, sua filha.Mariana era a cara da mãe. Pareciam bastantes amigáveis._Comam!_A ranzinza ordena._Volto depois para buscá-las.Quando ela sai eu reviro os olhos. Vi que a maioria viu o meu gesto e então fico vermelha._Relaxa, lindinha._Felipe sorri pra mim._Ninguém gosta da Claire. Nem Mariah e nem Mariana a suportam.Olhei para as duas e elas sorriram confirmando. Começamos a comer rapidamente pois eu acho que os vampiros gostam
×Albert×Depois que mandei Samyra embora, Alícia entra no meu quarto._Acabei de ver sua doadora sair correndo._Ela fecha a porta._Você precisa controlar essa menina, Albert!Bufo virando-me para olha-la. Alícia está se saindo melhor do que eu com sua doadora. Observei-a enquanto mordia o braço da Vera e ela foi bastante controlada. O que essas meninas tem?_E você acha que eu não sei?_Pergunto rindo amargamente._Ela precisa entender que no meio dos vampiros a coragem dela tem consequências graves.Alícia serve-se de uma bebida e senta-se na poltrona encarando-me._Essas duas são estranhas._Ela beberica sua bebida._Você pediu um relatório sobre a sua doadora ao Manfredo?Poxa, como eu pude esquecer-me?Peço
×Samyra×Entro no quarto e vejo Liv sendo cuidada por nossos amigos. Rompo a multidão e chego perto dela._Você está bem?_Pergunto segurando seu rosto com as duas mãos._Sim._Ela sorri singelamente._Claire irá comigo na Central de Ajuda pois farei uns exames. Obrigada, Samy._Descanse.Deixei ela quieta e fui até a porta do quarto pensar um pouco. Claire passa por mim sem nem me olhar. Leva a Liv embora e assim ficamos sozinhos.Sinto uma mão meu ombro e viro-me para ver de quem era._Você é muito corajosa, Samy!_Exclama Felipe de sorriso no rosto._Enfrentou o carrasco do Bryan pela Liv. Nem nós que somos seus amigos desde sempre tivemos coragem de fazer tal coisa._Não foi nada._Sorrio levemente._Mas agora eu preciso me comportar melhor pois tenho certeza que esse Bryan vai ficar na minha cola e meu dono me passou a maior br