×Samyra×
Um silêncio pairou no ar me deixando mais incomodada que o normal. Percebi que apenas quatro pessoas não quiseram falar nada na apresentação. O homem do lado da Alícia, que é meu dono, a tal da Sabrinne e os transformados.
_O jantar será servido!_Anuncia Inácio._Aproveitem!
Jantamos em silêncio. De vez em quando Inácio perguntava algo sobre nós e mais nada. A sobremesa foi um sorvete maravilhoso e claro, comi bastante. Amo sorvete. Será que alguém não ama sorvete?
_Vocês agora vão conversar à sós com seus donos._Inácio levanta-se da mesa._Boa sorte e mais uma vez, sejam bem-vindas!
As pessoas foram saindo da mesa e por fim só restou quatro pessoas. Um vento frio arrepia minha espinha e eu tremo levemente.
Olho pra Vera e ela não parece com medo ou receosa._Você pode me acompanhar?_Alícia pergunta em direção a Vera.
Vera apenas assente e antes de seguir Alícia, ela olha pra mim e sorri levemente. Permaneci de cabeça baixa esperando algo do meu dono. Estranho falar assim...
Nem meus pais que me criaram e me deram todo amor do mundo eu conseguiria chamá-los de meus donos._Siga-me.
A voz dele me causou um certo tremor interno e parecia que minhas pernas não queria obedecer meus comandos. Me forcei a levantar e o segui calmamente. Eu iria levar a minha primeira mordida e a tensão que estava dentro de mim mais parecia que eu ía perder a virgindade.
Ele abre a porta e espera que eu entre. Já vi que com ele não haverá muito diálogo...Entrei e me deparei com um quarto de cor vinho escuro com tons de vermelho. Alguns quadros estranhos e móveis bem alinhados. Era um quarto muito lindo, por sinal.Tirei a bolsa do ombro e repousei numa poltrona. Aquele silêncio estava muito estranho...Vi ele tirando o paletó e dobrando as mangas da camisa. Bufei alto demonstrando total reprovação com aquele silêncio todo._Você não é muito de falar, não é?
Digo de uma vez arrependendo-me logo depois por tal ousadia. Ele é uma vampiro, ele é um vampiro muito forte, sua burra!
Tapei a boca olhando ele dar um meio sorriso que logo desaparece de seus lábios._Primeiro, me trate como Senhor._Ele caminha em minha direção._Segundo, Já vi que você fala demais..._Ele encosta o dedo no meu nariz._Melhor ser mais silenciosa. É um aviso.
Apenas assenti com a cabeça sentindo minhas pernas amolecerem. Sempre fui muito brava com as pessoas. Sempre falei o que quis, fiz o que quis, mas agora era diferente. Eu estou diante de uma pessoa que drenaria meu sangue em questão de segundos.
_E terceiro, sim, eu não sou de falar muito._Ele gira ao meu redor se colocando por trás de mim._Seja silenciosa, não grite.
Ele afasta meu cabelo deixando meu pescoço totalmente nu. Senti meu coração acelerado e minha respiração falhando.
De repente, como se em um passe de mágica, sinto os dentes dele fincados no meu pescoço. Abafei o grito com as mãos e meus joelhos fraquejaram. Senti suas mãos no meu quadril me obrigando a permanecer de pé. Minha mente começava a oscilar e minha cabeça pende pra trás. É uma sensação diferente, mas dolorosa. Minha visão fica turva e sinto que não me manterei acordada por muito tempo._Pa...re.
É a única coisa que consigo sussurrar antes de apagar totalmente.
...
Acordo lentamente abrindo os olhos com dificuldades. Me dou conta do que aconteceu e sento rapidamente muito assustada. Olho em volto e vejo que estou no chão. Isso mesmo, no chão do quarto onde fui mordida. Passo a mão no meu pescoço e sinto um curativo. Ele fez um curativo em mim?
A porta abre-se e eu me levanto rapidamente. Era ele. Eu gostaria de saber pelo menos seu nome, mas como vou saber se ele mal quer falar?Fico parada na frente dele e parecia que ele estava concentrado na minha respiração._Obrigada, Senhor. Pelo curativo._Foi o máximo que consegui falar.
_Dispensada._Ele me entrega um papel._Amanhã às 8hrs aqui.
Sua voz ainda me provocava um certo arrepio, mas tenho que me acostumar. Caminho até a porta, toco na marçaneta e ainda olho para trás onde ele olha para a janela bebendo algo. Saio dali o mais rápido que posso em direção à saída. Acho que passei por alguém, mas foi tão depressa que não percebi quem era. Vejo Vera encostada no carro esperando-me e imagino quanto tempo eu devo ter perdido desacordada.
_Poxa..._Ela desencosta do carro._Pensei que ele tinha te drenado.
_Que otimista!_Falo irônica._Vamos logo!
Entramos no carro e partimos. Não demorou muito e chegamos em nossa rua. Abracei Vera e fiz ela prometer que amanhã me contaria tudo. Entrei em casa encontrando meu pai dormindo de mal jeito no sofá. Joguei a bolsa no chão e o ajeitei no móvel. O cobri e beijei sua testa. Fui até o quarto da minha mãe e vagarosamente abro a porta. Vejo ela dormindo em um sono pesado. Não sei como ela aguenta dormir tanto...
Fui pro meu quarto, tomei um banho rápido pois a água é pouca e vesti uma blusa imensa que eu fazia de camisola. Peguei o papel na bolsa e comecei a lê-lo. Tinha algumas informações minhas e outras da família Mansonni.Samyra Andrade: Doadora de Albert Mansonni.
Sorrio por ter descoberto seu nome. Sei que ele nunca falaria por vontade própria. Vi o valor que eu iria receber e fiquei mais que satisfeita. Li que uma das justificativas do valor que eu receberei é a preciosidade do meu sangue. Guardei o papel e arrumei algumas coisas que estavam faltando nas malas. Tivemos que vender o meu guarda-roupa, então todas as minhas roupas ficavam dentro de malas. Facilitará e muito minha mudança amanhã. Poderei vim em casa apenas aos domingos ou quando o meu dono me liberar. Espero que ele coopere. Me joguei na cama pensando nesse jantar maluco de hoje e na enrascada que eu estou me metendo. A partir de amanhã irei ajudar a Resistência e terei que ser muito cautelosa. Não poderei me distrair... Não irei, afinal.
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×Albert×Estávamos todos sentados à mesa quando meu tio levantou-se e começou a anunciar as novas doadoras._Cumprindo as normas para ser doador, duas garotas conseguiram se tornar doadoras pela preciosidade dos seus sangues._Já gostei dessa parte._Recebam com respeito as novas doadoras da família Mansonni.Olhamos para a entrada e duas pirralhas entram tremendo mais que soldado alvejado. Ainda não acredito que vou ter como doadora uma mulher. Eu poderia ter exigido homem, mas acabei esquecendo-me. As duas mantém-se de cabeças baixas denunciando seus medos._Não sintam-se envergonhadas._Meu tio exclama tentando deixá-las mais a vontade._Eu sou o Inácio Mansonni e vocês? Sentem-se.Os empregados puxam as cadeiras para elas sentarem e assim elas fazem. Vi que que a morena tremia os lábios e os mordia tentando controlá-los. Desviei o olhar rapidamente. Ela é<
×Albert×Abro a gaveta para procurar algo que estanque o sangramento do pescoço dela. Acho uns gases e esparadrapo. Isso serve!Limpo o ferimento e faço um curativo. Tiro o cabelo dela do rosto e admiro ela dormir._Dormindo assim nem parece tão medrosa..._Sussurro.Toco na sua mão tentando sentir o que ela sente e não consigo. Franzo a testa estranhando porque não consigo sentir o que ela sente nesse momento. Deixo-a sozinha e saio em busca de Alícia. Bato na porta do seu quarto e ela logo abre. Entro sem ela convidar._O que te deu, Albert?_Ela pergunta assim que passo direto por ela._Você estranhou algo na sua doadora?_Pergunto alarmado.A expressão do seu rosto se alivia e assim ela fecha a porta vindo em minha direção._Seus poderes não funcionou com ela, não foi?Então quer dizer q
×Samyra×Acordo por voltas das 5:15am e vejo meu pai requentando o café que provavelmente ele fez ontem. Chego perto e beijo seu rosto._Estou indo embora hoje._Falei me encostando no balcão da cozinha._Minha mãe aceitou bem a sua mentira?_Se empolgou no momento em que eu disse que ela teria outros alimentos para comer além de repolho e cenouras._Ele me estende um copo com café._Você vai ficar bem, Samyra? Você promete pra mim que vai ficar longe de encrenca?Torci a boca e levantei as sombrancelhas. Meio tarde demais pra me pedir isso, mas terei que prometer pra deixar seu coração mais aliviado._Prometo._Digo por fim._Então, me prometa que não vai mais doar. Eu não quero mais o senhor doando e arriscando sua saúde que já está frágil. Estamos entendidos, Senhor Roberto Andrade?Ele sorriu e bagunçou meus cabelos com a mão. Eu queria vê-lo assim... Sempre!<
×Samyra×Todos seguimos a Senhora Ranzinza e entramos numa sala em que continha uma grande mesa cheia de cadeiras em volta._Aqui vocês farão suas refeições._Claire dizia ao puxar duas cadeiras._Sentem-se.Sem desobedecê-la, sentamos. Duas mulheres entram no ambiente servindo-nos._Essa é a Mariah._Claire aponta pra uma mulher de mais ou menos 50 anos com o cabelo preso._E essa é a Mariana, sua filha.Mariana era a cara da mãe. Pareciam bastantes amigáveis._Comam!_A ranzinza ordena._Volto depois para buscá-las.Quando ela sai eu reviro os olhos. Vi que a maioria viu o meu gesto e então fico vermelha._Relaxa, lindinha._Felipe sorri pra mim._Ninguém gosta da Claire. Nem Mariah e nem Mariana a suportam.Olhei para as duas e elas sorriram confirmando. Começamos a comer rapidamente pois eu acho que os vampiros gostam
×Albert×Depois que mandei Samyra embora, Alícia entra no meu quarto._Acabei de ver sua doadora sair correndo._Ela fecha a porta._Você precisa controlar essa menina, Albert!Bufo virando-me para olha-la. Alícia está se saindo melhor do que eu com sua doadora. Observei-a enquanto mordia o braço da Vera e ela foi bastante controlada. O que essas meninas tem?_E você acha que eu não sei?_Pergunto rindo amargamente._Ela precisa entender que no meio dos vampiros a coragem dela tem consequências graves.Alícia serve-se de uma bebida e senta-se na poltrona encarando-me._Essas duas são estranhas._Ela beberica sua bebida._Você pediu um relatório sobre a sua doadora ao Manfredo?Poxa, como eu pude esquecer-me?Peço
×Samyra×Entro no quarto e vejo Liv sendo cuidada por nossos amigos. Rompo a multidão e chego perto dela._Você está bem?_Pergunto segurando seu rosto com as duas mãos._Sim._Ela sorri singelamente._Claire irá comigo na Central de Ajuda pois farei uns exames. Obrigada, Samy._Descanse.Deixei ela quieta e fui até a porta do quarto pensar um pouco. Claire passa por mim sem nem me olhar. Leva a Liv embora e assim ficamos sozinhos.Sinto uma mão meu ombro e viro-me para ver de quem era._Você é muito corajosa, Samy!_Exclama Felipe de sorriso no rosto._Enfrentou o carrasco do Bryan pela Liv. Nem nós que somos seus amigos desde sempre tivemos coragem de fazer tal coisa._Não foi nada._Sorrio levemente._Mas agora eu preciso me comportar melhor pois tenho certeza que esse Bryan vai ficar na minha cola e meu dono me passou a maior br
×Samyra×Afasto-me dele rapidamente vendo um filete de sangue descendo no canto da sua boca e seu caninos encostando nos seus lábios. Ele tinha um olhar confuso e ao mesmo tempo envergonhado._Por que você fez isso?_Pergunto enxugando a boca com o dorso da mão._Eu... Eu não sei e..._Ele puxa o ar e solta-o rapidamente._Nada vai mudar. Esqueça tudo isso. Quando eu disse que você me tira do sério não tem nada a ver com sentimentos. Não se iluda..._Não estou me iludindo._Digo firme._Isso não significou nada, Senhor. Eu nunca sentiria nada por alguém como você. Com licença.Abro a porta e saio o mais rápido que posso dali. Vou até o jardim e olho pro céu. Está cheio de estrelas e completamente sem nuvens. Ouço um barulho e começo a recuar lentamente para trás. Acabo esbarrando em alguém e automaticamente prendo a respiração._Ora ora ora..._A voz de Bryan reverber
×Albert×O que deu em mim? Que merda eu fiz? O que está acontecendo comigo?Depois que Samyra se retirou do meu quarto após eu ter beijado-a, joguei um jarro que enfeitava a mesa na parede. Nunca fui de dar ataques de raiva, mas hoje é uma excessão.Como eu, Albert Mansonni, pude beijar uma humana?Droga! Mil vezes droga...Me jogo na cama praguejando minha atitude em alto e bom tom. Agi como um rapaz apaixonado e inconsequente fazendo tal coisa.Mas algo está muito nítido, essa garota não é normal...Algo ela tem e eu vou descobrir!Tomo um banho e fico vagando no quarto.Preciso ocupar minha mente com alguma coisa.Abro a porta e vou até o quarto da Alícia. Bato umas quatro vezes antes dela abr