Subo a escada enquanto equilibro a bandeja de café da manhã em minhas mãos. O horário que eles determinaram para as crianças acordarem é uma tristeza aos meus olhos. Sete horas da manhã, que tortura. Sílvia chegará mais tarde hoje, pois vai ao centro da cidade comprar o material escolar das crianças. Por isso, deixei que eles dormissem até as oito, visto que segundo a mensagem que ela enviou para o segurança, eu deveria fazer várias coisas.
O pai deles ainda não deu o ar da graça, porém pelo que Grandão disse, ele sempre malha até as oito ou nove e depois vai cumprir seus afazeres, seja o dia todo em seu escritório ou indo em empresas que tem sociedade. Segundo os jornais e revistas apontam, ele herdou uma fortuna milionária de seus avós, que criaram ele desde cedo, quando perdeu sua mãe — suponho eu que perdeu ela, pois ninguém fala sobre ela há muitos anos—. O pai foi um caso de uma noite de sua mãe e nunca chegou a conhecer. Com a fortuna em mãos, ele passou a investir em alguns estabelecimentos e tem prosperado desde então.Segundo as fofocas que rolam por aí, ele se importa com os filhos — o que pude perceber pela chantagem que me fez —, porém ele está sempre muito ocupado preso em seu escritório, sem muito tempo para dedicar às pequenas crianças criadas pela babá. Dizem também que ele é um tanto ignorante, sem coração, orgulhoso e muitos outros defeitos. Com isso eu posso concordar e ainda acrescentar abominável chantagista na lista.Observo que parei no meio do corredor enquanto me perdi em pensamentos e dou risada. Às vezes eu dou esses bugs, me desligo do mundo e viajo em pensamentos aleatórios. Coloco a maçaneta para baixo com o cotovelo e abro a porta com as costas, essa seria uma boa hora para Grandão estar comigo, mas ele aparentemente confia bastante em mim e foi correndo ao banheiro. O quarto grande e escuro está silencioso, apenas com o som calmo das respirações. Deixo a bandeja sobre a cômoda e sigo até a janela, abrindo a cortina com blackout e assim ganhando um resmungo de imediato com essa ação.Andrew começa a resmungar e afunda o rosto no travesseiro, Pietro ainda dorme calmamente agarrado a um cachorrinho de pelúcia. Os olhos azuis que me fazem lembrar na hora do pai, pousam em mim e logo faz uma expressão confusa.— Onde está a Sílvia? — Pergunta sentando e esfregando os olhos.— Foi comprar o material escolar. — Respondo e ele faz careta. Sei que ele vai fazer seis anos ainda, mas eu certamente acharia que ele já vai fazer uns oito. Pela aparência bem esticada para a idade e também pela inteligência.— E o que faz aqui?— Sou a nova babá de vocês. — Digo fazendo careta, acho esse termo babá tão esquisito.— Mas eu ouvi papai falar que tinha fugido. — Que garotinho esperto. Dou uma risada, tentando contornar a situação.— Eu fugi, mas não no intuito de algo ruim. É que eu tinha outra coisa para fazer, por isso eu estava bem apressada ontem. — Ele assente diante de minha resposta — Agora vou acordar seu irmão, pois ele precisa comer.— Ele chorou muito depois que foi embora ontem. Chorou até dormir. — Meu coração fica um cadinho pesado ao saber disso. Tadinho.Abaixo a barra de proteção da cama e sento, começo a acariciar o cabelo castanho do menino. Eu tenho um amor por crianças, me apego muito rápido e elas me amam também. Sempre quis fazer alguma faculdade relacionada a essa área, mas não tive muitas condições e nem cabeça para focar nisso. Por isso, sempre que possível estava ajudando o lar de crianças abandonadas. Onde eu morei durante minha infância.— Oi, pequeno. — Os olhinhos ainda inchados e cor de mel me encaram, se arregalando em seguida.— Tia! — Senta com rapidez se agarrando a minha cintura.Fico bem surpresa com sua reação, eu definitivamente enfeiticei essa criança. Única explicação possível.— Olha o que trouxe para você, para comemorar que agora ficaremos juntos todos os dias. — Ele abre a boca surpreso e pego a bandeja, deixando em um espaço entre nós dois.— Ah, e eu não ganho café na cama? — Andrew pergunta fazendo biquinho.— Vem cá, trouxe para os dois. — Ele pula da cama na hora e vem correndo, subindo com cautela e sentado ao lado do irmão — E... vocês precisam guardar segredo.. — Comento olhando em volta vendo se tem algum espião — Trouxe uma sobremesa para nós. — Tiro o pacote de biscoito preferido deles do casaco e mostro, os olhinhos dos pequenos ficam enormes, assim como o sorriso.— Segredo. — Andrew e Pietro dizem juntos, o que me faz sorrir.Guardo o pacote novamente e olho pra porta, vejo Grandão de olho em mim. Faço sinal de silêncio e ele balança a cabeça negativamente, como se estivesse me reprovando. Faço um biquinho bem inocente e ele revira os olhos, antes de abrir um sorriso e encostar a porta. Esse eu consigo dobrar fácil com sorrisos e biquinhos. Por que Isaac não é fácil assim também? Que homem difícil.Enquanto tomamos o café da manhã, fico prestando atenção nas crianças que não param de falar. Descubro que Andrew ama esgrima e que queria muito fazer aulas, mas eu acho que ele ainda é bem pequeno para isso e até concordo com o pai por não deixar. E Pietro gostaria de ser piloto de fórmula 1, pois ele ama carros rápidos. Confesso que mesmo sendo meu primeiro dia — do que pensei que seria uma tortura—, não foi tão ruim assim e eu já estou ficando derretida pelas crianças.Depois de comerem tudo que prepararam na cozinha para eles, eu abri o pacote de biscoito e eles devoraram em segundos. Eu vou acabar saindo daqui e deixando duas bolinhas para trás, mas não posso culpar eles, o biscoito é realmente maravilhoso e se eu pudesse, também iria comer a cada segundo. Primeira vez que como desse e tá mais que aprovado.Achei bem injusta a lista do que eles podem e não podem comer. Tudo bem que eles precisam de uma dieta saudável e tudo mais, porém comer um pedacinho de doce por dia e poder se esbaldar nesse biscoito somente uma vez na semana. Aí já acho um exagero total, é muita restrição. Acho que eu tenho um propósito aqui, que é ser a ovelha malvada que não segue as regras e as crianças aproveitam.— Não acredito que vocês ainda estão de pijamas! — Sílvia adentra ao quarto já chamando nossa atenção. Vejo na cômoda o relógio marcando nove e vinte. Eu não notei que a hora tinha passado tão rápido assim — Cassandra!— Estávamos tomando café, hoje foi especial e na cama. — Comento e ela se aproxima, olhando a bandeja praticamente vazia, só com algumas frutas intocadas.— Ele comeu? — Pergunta apontando pro menor e assinto.— Sim. — Pietro levanta desengonçado na cama e levanta a blusa, alisando a barriga — Igual a dez leões famintos em busca de uma gazela beeem suculenta. — Me seguro para não rir, mas recebo um olhar reprovador de Silvia e fico séria, balançando a cabeça em negativa.— Que linguajar é esse, Pietro? — Finjo chamar sua atenção, mas Andrew e ele começam a rir —Não fui eu quem ensinei, eu juro. — Dou dois beijinhos em meu dedo e levo a mão ao ar.Sílvia parece não gostar muito, mas apenas fica quieta. Sinto uma cutucada na minha mão atrás da costas e logo o pacote de biscoito vazio está sobre ela. Meu cúmplice loiro se livrando sorrateiramente das provas. Levanto e empurro rápido no bolso da calça. Logo Andrew também está de pé e indo pro banheiro para se ajeitar.— Vou levar isso para a cozinha. Depois encontro com vocês. — Pego a bandeja e abro um sorriso pro menor. Atrapalhei a programação deles, mas às dez horas eles vão sair, dentista. Tudo precisa estar certinho, antes de voltarem as aulas, que é na semana que vem.Pietro, que parece até mais feliz, segura na mão de Sílvia, antes de dar um super pulo da cama. Ao qual ela o repreende, mas ele não liga. Saio do quarto e encontro Grandão sentado em uma cadeira, ele sorri e se levanta, começando a me acompanhar.— É real mesmo esse negócio de vinte e quatro horas por dia? Você deve ter outras coisas pra fazer. — Argumento.— Só por agora, acho que em breve eles vão perceber que você não faz mal a uma mosca. — Que audácia.— Ei, não fala assim, me faz perder a pose de bandida má. — Digo fingindo estar ofendida e ele ri — Mas você deve estar com sono, deve ser horrível isso.— Ah sim, isso é, mas o senhor Jhonson ainda não arrumou outro que confie tanto quanto eu. Então, irei ter que te aguentar mais um pouco. Foi tudo muito rápido, sabe. — Assinto em compreensão.— Entendi. Falando no senhor abominável, ele foi trabalhar? Achei que ele pelo menos passaria para dar bom dia aos filhos, o que não ocorreu.— Ele ainda está na academia, mas ele passou por lá sim, logo depois que saiu do quarto ele foi até lá e ficou observando vocês por uns segundos. Depois ele foi para a academia. — Isso me deixa nervosa, muito nervosa.Será que ele ouviu quando falei mal dele para as crianças? Que ele era um chato e velho, por não deixar eles comerem porcarias. Talvez eu tenha cometido um erro ao fazer isso. Preciso repensar minhas conversas com as crianças. Desmoralizar o pai deles não pode mais ser pauta em nossos assuntos.— Que horas mais ou menos? Preciso me preparar para algum sermão?— Possivelmente, a senhori... Você fala bem alto, devo admitir. — Eu e minha mania feia e nada educada de falar alto. — Parece que está gritando. — Dou língua pra ele, com sua implicância final.— Tomara que ele tenha ido no início. Assim não terei de me justificar tanto. — Dou de ombros. — Mesmo que eu não tenha mentido em nada. — Faço uma expressão divertida, que o homem maior não aprova.Coloco a bandeja na pia e um homem vem dizendo que já vai lavar. Ele e mais duas mulheres estão vestidos adequadamente para trabalhar na cozinha. Agradeço e saio do local, pois quase fui expulsa de lá por estar atrapalhando um pouco eles.— O que eu farei enquanto as crianças não estiverem por perto?— Isso é com você. Eu apenas estou de olho para evitar que alguma mão leve demais passe por aqui. — Reviro os olhos.— Também não é assim. Eu não sou uma pessoa com cleptomania, que sente um desejo incontrolável de roubar. A maioria das vezes eu estou no lugar errado, na hora errada e pelos motivos errados. — Explico a ele minha total falta de sorte em certas ocasiões.— Entendi, bom saber disso. Me sinto mais aliviado que você não seja uma pessoa extremamente perigosa. — Sua expressão exagerada de alívio me faz cruzar os braços e arquear a sobrancelha.— Posso perceber agora que eu realmente sou péssima para fazer amigos. — Alfineto o homem que não se abala nem um pouco, o que me faz prosseguir — Bom, vou um pouco no jardim, tomar sol. Posso ir sozinha? Quero pensar um pouco.— Tudo bem, ficarei de longe.— Obrigada. Não se preocupe, não irei fugir. — Ele sorri agradecido. — Apenas pensarei em formas de como enlouquecer seu chefe. — Abro um sorriso fofo e ele balança a cabeça em negativa.Saio da casa e observo bem a frente, ontem não pude reparar com clareza. O quintal é imenso e bonito, bem verde e com uma fonte no centro, perto da entrada. Ando pelo caminho de pedrinhas e consigo observar mais do lugar, tem um parquinho bem grande também.Rodeio a casa, indo para os fundos. O jardim que passei quando fugi. Ele tem todo o ar de ser mágico, não é amplo e aberto como a frente da casa. Ele meio que segue o tamanho da academia, tem o muro à minha esquerda, atrás está o que pulei e a direita já é a parede da casa. Para ter acesso a ele é por onde passei, rodeando a casa e passando por um corredor ou pela academia. Parece mais um jardim secreto e privado.Sento no banco e cruzo as pernas sobre ele, encosto e apoio a cabeça, encarando o céu azul e fechando os olhos. O sol está tão agradável essa manhã, mesmo sendo quase dez horas. Está levemente fresco e eu gosto de dias assim, nem tão quente, mas também não tão frio. Suspiro fundo e relaxo, talvez Silvia faça um cronograma para mim também. Com meus horários e essas coisas, confesso que seria melhor e eu não ficaria tão perdida.— Admiro a ousadia de falar mal de mim pros meus filhos e ainda quebrar as regras impostas. Logo no primeiro dia.Abro um olho e depois o outro, lentamente. O dono da voz está diante de mim, com os braços cruzados e com um conjunto moletom preto que eu novamente queria morar dentro. Por que essa coisa ruim fica tão sexy nessas roupas? Devia ser proibido uma pessoa completamente ignorante ser bonita. Seu cabelo está levemente molhado pelo suor, esse homem curte se exercitar, eu queria ter essa disposição.— Um minuto de paz arruinado com sucesso. — Bufo irritada e cruzo os braços. Ativando minha criança interior que parece irritar muito ele — E outra coisa, eu não menti sobre nada do que eu disse a eles. Então, não acho que tem o direito de argumentar sobre isso. — Arqueio a sobrancelha direita, assumindo uma expressão insolente. — Você me conhece há pouco menos de um dia e já tem opinião formada sobre mim? — Já ouviu falar de ranço à primeira vista? Então, foi isso. — Ele arqueia a sobrancelha, imitando minha expressão — Sabe quando olha para alguém e pensa: Certeza que é esse daí é babaca. Foi
Três dias se passaram desde a minha chegada. Sai do quarto somente quando fiquei com Pietro, geralmente perto das refeições ou quando ele queria brincar, isso claro, quando ele não tinha compromisso. Essas crianças têm a agenda tão cheia, que fico cansada por eles.No momento estou sentada na árvore que me ajudou na fuga outro dia e feliz por caso o Lobisomem decida me importunar, estarei no alto e é só fingir que não estou ouvindo. Descobri que ele está mais em casa esses dias pois quer ficar de olho em mim, já que ainda não sou confiável. Então ele não tem trabalhado tanto como geralmente faz.Escuto uma movimentação abaixo, mas não me dou o trabalho de olhar. Fecho os olhos e relaxo, já imaginando que possa ser ele.— Até quando serei punido por uma risada inocente? — Escuto a voz de grandão.Se tem uma coisa que faço e não gosto muito, é guardar rancor, mas já estou super querendo voltar a falar com ele. Só que estava com vergonha de chegar e simplesmente falar, vai que ele me ign
Ontem quando voltei ao carro, o clima estava tão tenso, que por pouco não nos sufocou. Eu conseguia sentir o ódio do meu futuro chefe por mim e até me senti mal, pois mesmo que eu ache algumas coisas, eu estou a menos de uma semana aqui e não tenho moral alguma para falar. Afinal, eu fui pega invadindo a casa dele. Não é como se eu fosse a pessoa mais certa do mundo, para dar palpite onde não sou chamada. Infelizmente ele dessa vez também está certo em alguns pontos, menos na parte que é super ignorante.Eu deixei os biscoitos que havia comprado para ele no banco e logo sai do carro, entrando rápido e indo direto para o quarto. Ainda estava de tarde, mas eu apenas tomei um banho e fui dormir, feliz por não ter sido incomodada durante esse processo.Ao acordar hoje, não por livre e espontânea vontade, mas por Grandão ter decidido que as sete horas seria a hora perfeita para me acordar. Eu xinguei bastante mentalmente por isso, tá que eu praticamente hibernei, pois dormi muito, mas eu n
Me olho no espelho assim que termino de escovar os dentes e lavar o rosto. Meus olhos cinzentos estão especialmente claros hoje e meus lábios bem vermelho, mas a cara inchada de sono rouba toda a cena. Meu cabelo já está crescendo, ainda estou arrependida por surtar e cortar, ele estava enorme.Saio do banheiro e vou até o guarda roupa, escolher que roupa colocarei para esse dia de folga. Isaac vai sair com as crianças e todos aqui teremos o domingo de descanso. Abro o móvel e fico encarando as peças, estou ficando sem opção de roupas boas, talvez eu peça um adiantamento ao homem para comprar algumas roupas. Homem esse que precisa de um apelido novo e parar de me perturbar até em pensamentos. Estou me sentindo frustrada por ser tão fraca para homens bonitos.Escuto uma certa gritaria no corredor e me apresso para olhar, abro uma fresta da porta e encaro a cena frente a porta do quarto das crianças. Pietro está chorando e tentando falar, Isaac está ajoelhado em sua frente, tentando aca
Sobrevivi a quase duas semanas aqui e me sinto orgulhosa disso. Achei que iria fugir no dia seguinte, mas eu seria bem burra caso fizesse isso, pois a única coisa ruim aqui é o dono de tudo. E para evitar qualquer atrito entre nós, eu evitei ao máximo o homem. Estou evitando encontros com ele desde o dia que ganhei a gatinha. Só estou conseguindo, pois essa casa é enorme e Isaac vive no escritório. Pelo pouco que Grandão me disse, ele está assim porque uma das empresas que investe, vai de mal a pior e por isso, hoje ele saiu e até agora não voltou. Deve ser tenso ter que lidar com coisas tão importantes assim, não sei se eu teria capacidade e coragem para ficar de frente com essas coisas. Sou meio medrosa em relação a isso e costumo não querer essas responsabilidades. Caso eu faça algo errado e a culpa recaia sobre mim, eu tenho certeza que surtaria. Outro motivo de evitar os encontros, são pelo simples fato de minha TPM estar em seu auge, ou seja, eu estou mais insuportável que o n
— Silvia! – Pulo atrás da mulher.— Que susto, Cassandra!!! – Se vira e me encara, cruzando os braços brava.— Só Cass, por favor. Não gosto desse nome. – Sua feição muda, vendo meu— É um nome lindo, por que motivo não gosta? – Passo por ela e finjo olhar algo lá fora, ignorando totalmente sua pergunta.Segundo as mulheres de onde morei meus primeiros dez anos de vida, Cassandra foi o nome deixado em um papel junto comigo quando me acharam. Papel esse que Elisabeth quis que eu lesse assim que completei dezoito, mas eu não quis nem chegar perto. Apenas ignorei e ignoro até hoje sua existência.— Eu só não gosto. – Dou de ombros, não revelando o real motivo.— Eu colocaria esse nome na minha filha, caso tivesse uma. Não é um nome feio. – Vejo sinceridade em suas palavras. — Eu acho um nome forte.— Enfim, preciso pedir um favor. – Ela toma outra postura diante de minha fala — Queria saber se pode perguntar ao seu patrão se ele me daria um adiantamento e se eu poderia sair para comprar u
Ontem, antes de pegar as crianças na escola, ainda faltava um bom tempo e não estava tão na hora como Grandão disse. Silvia cismou que poderíamos dar uma passadinha em algum salão. Resultado: eu estou com o cabelo maravilhosamente hidratado, brilhoso, escovado e com um tom ruivo que sempre sonhei. Minhas unhas antes médias e sem cor, agora estão bem bonitinhas e fofas. Minha sobrancelha está perfeitamente delineada e até uma esfoliação maravilhosa no rosto eu recebi. Eu definitivamente voltaria nesse salão todo mês se tivesse bastante dinheiro. Eu estou maravilhosa. Claro que antes eu não era feia ou coisa do tipo, está é uma coisa que nunca tive problemas, mas agora eu estou até que bem apresentável e perdi um pouco do rostinho tão infantil de antes. Estou me amando mais ainda.Acho que o cabelo de cor opaca e a sobrancelha grossa, me davam o ar mais infantil. Meus olhos estão mais em destaque e eu amo eles, mesmo que talvez seja algo que tenha herdado dos meus pais. Alguém b**e na
Não compareci ao jantar, disse que estava passando mal e fui liberada dessa 'obrigação'. Sei que estou aqui a duas semanas e um dia, mas estou morrendo de saudades dos meus amigos. Queria tanto falar com eles, mas simplesmente não tenho número algum. Outro fato importante é que, mesmo que eu não goste nada do Isaac, está sendo bem difícil ver seus lapsos de bondade comigo e ainda guardar esse segredo pesado de sua namorada. Hoje mais cedo na cafeteria, ele até que foi legal e me sinto em dívida. A namorada dele vai passar a noite aqui e talvez eu durma no banheiro, pois a parede do meu quarto é grudada na do dele e eu não quero mesmo ter de escutar algo obsceno. Respiro fundo e olho a hora no relógio, são quase onze horas da noite e eu preciso de um copo de água. Talvez por perceber que eu realmente não quero o mal das crianças ou até por eu ser bem infantil as vezes, mesmo não querendo. Isaac flexibilizou o horário de Grandão e a partir de hoje ele pode ir sempre embora com Sílvi