Tivemos de ir até a delegacia prestar queixa, logo após tive de ir ao hospital para fazer alguns exames para anexar ao caso. Por sorte, a única coisa que machuquei foi o rosto e a mão, nada de tão grave. Agora, estamos chegando à casa de Isaac e me sinto mais calma. Antes estava uma pilha de nervos, quando vi Mattos acordado só piorou, tive de tomar calmante para ficar mais tranquila. Ainda sinto seu efeito sobre mim, me trazendo uma paz absurda. Sei que estou dopada, mas prefiro assim.— Como assim um bebê? De carne e osso? — Pergunto ainda tentando assimilar sua fala. Ele assente. — E é sua filha?— Ela disse que sim, mas não tive tempo de dialogar mais. — Encolhe os ombros. — Só tinha você na minha cabeça e onde você estava, por sorte tinha um investigador atrás dele e me informou a tempo. Se eu tivesse chegado um pouco mais tarde…— Eu teria matado ele. — Minha fala escorrega por meus lábios sem nem um remorso.— Exatamente, e por isso me sinto grato por chegar antes. Não sei se s
-Quatro anos depois.Estou exausta, e não sei o motivo. Dormi tanto essa noite, acordei tarde e ainda assim, estou cansada. Andrew está em uma colônia de férias, Pietro está viajando com os avós, só a pequena Hope que está conosco e ela é tão quietinha, não é arteira como os irmãos. O melhor de tudo, é que ela me acompanha em meus dias de preguiça.— Mamãe, quero dormir mais. — A pequena resmunga manhosa e joga a perna para cima de mim. Ela está com quatro anos, mas vive fugindo para nosso quarto pela noite. Somos agarradas até, mas quando Isaac chega, parece que eu não existo.— Tudo bem, dorme mais um pouco. — Beijo seu rosto e me sento, ela vira de lado enquanto assente.Fico de pé, mas sinto o mundo girar e preciso me segurar na cabeceira da cama para não cair. Faço careta e espero um pouco antes de tentar andar novamente. Não preciso nem esperar a visão ficar boa, pois logo uma quentura sobe pelo meu pescoço e preciso correr pro banheiro.Vomito tudo o que ainda não comi, por aco
Fazem exatos trinta e quatro minutos que fui desafiada. Claro que isso não é meia hora, mas é quase. Para cortar caminho, decido passar pela academia, que agora é uma mistura de academia pros adultos e uma área de recreação para as crianças. Confesso que fico mais na cama elástica deitada, do que nos outros aparelhos para malhar.Minha testa se franze quando minha avó entra rapidamente e fecha a porta de vidro, que está com uma cortina por fora, impedindo que eu veja o que tem lá atrás. Acabei indo até o leito de morte do meu avô e concedi o perdão a ele antes de morrer, três anos atrás e conheci minha avó. Ela me pediu tanto perdão, mas entendi que ela não tinha opção na época, tinha de obedecer cegamente seu marido.— Princesas. — Vem em nossa direção e vejo a venda. — Se papai está lá fora. — A velhinha diz e sou esquecida. Hope solta minha mão e corre para fora como um foguete. — Fique de costas. — Acabo franzindo a testa. — Ainda pode provar a ele que não demorou tanto. — Fico de
••Vinte e quatro anos atrás••— Tem certeza que estamos fazendo o correto? – A mulher olhou para o marido bem apreensiva. — Acho que podemos lidar com isso. É só um bebê. – Aponta.— Como lidaremos com isso? Ela é uma criança e acabou de gerar outra criança. – O homem disse ríspido, deixando transparecer a fúria em seus olhos cinzentos. — O pai ao menos teve a decência de ficar e assumir, foi embora na primeira oportunidade que teve.— Vicente, se ela descobrir, jamais nos perdoará pelo que fizemos. – Argumentou chorosa pouco antes do portão do grande orfanato que vivia sempre aberto. — Acha que essa é a melhor alternativa?— Ela tem apenas dezesseis anos. Nos desrespeitou, se entregou para aquele homem e foi abandonada. – Apesar da fúria na voz, a mágoa estava estampada no olhar do homem. Ele sempre confiou na filha e se dedicou ao máximo para dar o melhor, e se sentia traído com essa gravidez não planejada. — Ela vai terminar os estudos, vai ser alguém na vida. Como sempre planejam
-Atualmente.O plano era simples, pelo menos em minha cabeça. Iríamos entrar na Mansão, estudar todo o lugar, achar possíveis pontos para um futuro roubo - sim, eu sei que é errado, mas segundo eles é necessário. - e sair como entramos. Parecia um plano perfeito e sem falhas, todos estariam dormindo, ninguém iria se machucar, ninguém seria visto. Bom, pelo menos foi o que pensamos que aconteceria. Ou melhor, eu pensei que seria assim, mas meus amigos não me deixaram a par de todo o plano. Infelizmente, nem tudo na vida acontece como planejamos e é aí que começa minha história. A partir do momento que pensei que tudo daria errado em minha vida...— Ferrou, acho que nos descobriram. — Chace entra correndo no quarto e puxa a porta para fechar. Sem fazer barulho, claro. Todos arregalam os olhos, tensos com a notícia. Eu realmente não deveria ter topado isso.— Como assim? Fizemos tudo direitinho. — Pergunto baixo e ele se aproxima de mim. Me fazendo recuar um pouco por invadir meu espaço
Encaro o homem à minha frente com meu ódio explícito e me irrita mais ainda o fato dele estar fingindo que não estou aqui, enquanto analisa alguns papéis calmamente. E eu? Uma mera pessoa insignificante em sua frente.Lá estava eu, escondida no lugar que decidimos ser o esconderijo perfeito, caso fôssemos seguidos. Uma caverna com a entrada coberta por folhas, bem camuflada por sinal. Esperei um bom e entediante tempo, antes de finalmente sair e tentar chegar em casa. Para o meu azar a floresta estava tomada pelos malditos seguranças, que conseguiram me capturar e trazer para esse homem, que possivelmente vai me entregar para a polícia. Eu fiquei lá o dia praticamente todo, à toa. Que ódio.Estou com fome, suja de lama, molhada e machucada. Um combo maravilhoso. O que me faz ter certeza de que se eu sair dessa, nunca mais volto a invadir casas alheias. Continuarei em casa e eles que lutem. Acho que vou embora, tomar um novo rumo na vida, totalmente convicta de que sou lerda demais par
Olhares, muitos olhares. Foi o que me foi direcionado quando cheguei ao meu quadrante em um carro um tanto luxuoso, mesmo eu tendo pedido para vir no mais simples possível. Parece que não era tão simples assim. Chegar também com um segurança grande e com terno todo preto, foi a cereja do bolo para os olhares curiosos.Nossa comunidade é pacífica e bem organizada, assim como os quadrantes, que foi o nome dado para dividir as lotações, que são de A a E. Segundo alguns moradores, é mais chique esse termo usado.— Espera aqui que eu já volto.— O senhor Jhonson mandou que ...— Eu sei, eu sei, Grandão. Esse vai ser nosso segredinho, ok? — Abro um sorriso, mas recebo uma carranca de volta, mostrando que ele não vai desobedecer o chefe — Se em dez minutos eu não sair. Você pode entrar igual fazem nos filmes. Só quero me despedir dos meus amigos e pegar algumas coisas, com privacidade.— Dez minutos.— Você é top, Grandão. — Abro a porta e entro. Suspirando fundo após recostar. — CASS!!! —
Subo a escada enquanto equilibro a bandeja de café da manhã em minhas mãos. O horário que eles determinaram para as crianças acordarem é uma tristeza aos meus olhos. Sete horas da manhã, que tortura. Sílvia chegará mais tarde hoje, pois vai ao centro da cidade comprar o material escolar das crianças. Por isso, deixei que eles dormissem até as oito, visto que segundo a mensagem que ela enviou para o segurança, eu deveria fazer várias coisas. O pai deles ainda não deu o ar da graça, porém pelo que Grandão disse, ele sempre malha até as oito ou nove e depois vai cumprir seus afazeres, seja o dia todo em seu escritório ou indo em empresas que tem sociedade. Segundo os jornais e revistas apontam, ele herdou uma fortuna milionária de seus avós, que criaram ele desde cedo, quando perdeu sua mãe — suponho eu que perdeu ela, pois ninguém fala sobre ela há muitos anos—. O pai foi um caso de uma noite de sua mãe e nunca chegou a conhecer. Com a fortuna em mãos, ele passou a investir em alguns e