Embora já fosse de manhã, o corredor da ala de quartos privativos do hospital ainda estava relativamente tranquilo.Quando Guilherme e seu amigo chegaram ao andar onde sua avó estava internada, avistaram Bárbara de longe, sentada em um banco diagonal à porta do quarto, absorta em seu celular. Seu cabelo curto ainda estava pingando água.Ela estava tão concentrada no celular que não percebeu o som dos passos dos dois homens, que não eram exatamente silenciosos. Só se deu conta quando Guilherme parou em frente a ela, se inclinou e espiou a tela de seu telefone.Guilherme não era do tipo que ultrapassava os limites pessoais, mas ao ver Bárbara naquela situação, supôs que ela não estava conversando com ninguém, mas apenas navegando em algum aplicativo. E, de fato, ela estava olhando roupas em um aplicativo de compras.— O que aconteceu? — Guilherme perguntou. — Você está toda molhada. Por que não entrou para tomar um banho? Eu me lembro que este quarto tem chuveiro.Bárbara só então levant
Nesse instante, Bárbara estremeceu subitamente.Ela precisava se retratar do pensamento anterior de que esse homem era educado e refinado. Agora, o olhar dele trazia um inegável toque de malícia.— Olá... — Sob uma pressão indescritível, ela foi a primeira a falar, tentando cumprimentá-lo. E, ao encará-lo de tão perto, não pôde evitar a impressão de que ele se assemelhava de alguma forma a Breno.Em seguida, o homem estreitou os olhos, sua voz fria como gelo:— Olá, Bárbara.Bárbara ficou paralisada.— Você me conhece?Os lábios finos do homem se curvaram em um sorriso. Sua mão esquerda, que usava um terço budista, saiu do bolso da calça e se estendeu em direção a Bárbara.— Otávio Cardoso.Bárbara notou imediatamente a tatuagem na mão do homem.Seu rosto era incrivelmente belo, ele usava óculos que lhe conferiam um ar estudioso, e a combinação do terço budista e da tatuagem com inscrições em sânscrito deveriam transmitir uma sensação de pureza. No entanto, o que Bárbara sentia era uma
Dez minutos depois.Guilherme e Otávio saíram do quarto. Guilherme não apenas trouxe a bolsa de Bárbara, mas também uma toalha.— Obrigada. — Disse Bárbara, pegando os itens e indo ao banheiro público no corredor.Ela e Guilherme não eram muito próximos, e a razão pela qual se conheciam era devido a Poliana e Gustavo.Por isso, Bárbara ficou surpresa ao sair do banheiro já vestida e ver que tanto Guilherme quanto Otávio ainda estavam lá, esperando por ela.Guilherme agora segurava um frasco de spray anti-inflamatório e analgésico.Vendo a expressão de surpresa de Bárbara, ele estendeu o spray para ela.— Quem te bateu? Me conta.Bárbara forçou um sorriso.— É um assunto pessoal. Obrigada, Sr. Guilherme.Guilherme deu de ombros.— Tudo bem, não vou insistir. Para onde você quer ir? Eu te levo.Mas ao ouvir isso, Bárbara ficou sem palavras.Antes de conhecer Breno, ela morava de aluguel em Bellafoz, e depois que começaram a namorar, passou a morar com ele.Mesmo um pássaro criado em cati
Otávio continuava a observá-la, falando de forma lenta e deliberada:— O Breno costuma levantar a mão contra as mulheres quando acha que elas agiram de maneira inadequada. Se você não se sentir à vontade no meu carro, posso te levar até a empresa dele. Eu preciso passar lá para pegar umas coisas. Você vai, pede desculpas e, com uma postura mais humilde, tudo deve se resolver.As mãos de Bárbara ficaram rígidas, e ela respirou fundo antes de sorrir levemente para ele.— Sr. Otávio, posso lhe fazer uma pergunta?— Sr. Otávio? — Otávio arqueou novamente a sobrancelha, parecendo intrigado. — Pergunte.— Ajudar um amigo em um momento de dificuldade conta como um erro?— Não. — Um leve sorriso surgiu no rosto de Otávio. — Isso é uma virtude muito nobre.Bárbara assentiu com a cabeça.— Eu também acho. Por isso, depois que encontrar a Poli, vou terminar com o Breno.As palavras de Bárbara fizeram os olhos de Otávio tremular por um breve momento, e, em seguida, ele engoliu em seco, seu sorriso
— Sim. — Vânia respondeu com sinceridade. — O que aconteceu entre ele e a Poli, ele nunca nos contou, mas desta vez, quando procurou a Fernanda, parecia ter seus próprios planos, e não era por causa daquela mulher. Ontem à noite, mandei alguém para encontrar a Fernanda, e descobri que o filho que ela está esperando também não é do Gugu, é de outro homem. Aquela mulher, desesperada para se casar com o Gugu, afirmou que o filho era dele, mas acabou irritando o verdadeiro pai da criança. Ele a encontrou e a esfaqueou gravemente com uma faca de frutas... — Ao dizer isso, Vânia pegou o celular e mostrou à avó algumas fotos que acabava de receber. — Olha, essa mulher agora está toda ferida, perdeu o filho e já pagou pelo que fez.As fotos que Vânia mostrou não eram simples imagens de Fernanda gravemente ferida, mas sim fotos detalhadas dos machucados. Peito, abdômen, aquelas feridas sangrentas eram de causar repulsa.A avó franziu os lábios, se recusando a ver mais.Vânia guardou o celular e
Ao falar disso, Vânia, talvez por compaixão pelo filho, ou talvez por se sentir culpada, tinha lágrimas rodando nos olhos. — Meu filho realmente gosta da Poli. Não sabemos quais foram os conflitos entre eles, mas como mãe, como mais velha, o que posso fazer é que, enquanto ele não vier até mim e o Sérgio, seriamente pedir o divórcio, eu vou assumir que ele valoriza esse casamento. E, se for assim, eu certamente farei de tudo para proteger essa união. Talvez, você pense que a Poli não é a esposa perfeita e ideal para o nosso Gugu, mas para o meu filho, ela é única, e isso é algo que ninguém, além do Gugu, pode mudar. O encanto de um bom amor é que o amor da outra pessoa aprofunda e amplifica aquela pequena luz que temos dentro de nós, até que ela se torne deslumbrante. Ela pode ser comum para o mundo, mas para ele, ela é única, é adorável, é brilhante. Eu não ligo para compatibilidades de família, o que importa é que meu filho a ama, e isso, para mim, é o mais importante.A avó olhava
Gustavo soltou um palavrão, passando a mão pelos cabelos ligeiramente desarrumados, e começou a ajeitar a gola da camisa. Edmar ainda mostrava sinais de estar acordando. — Por que tanta pressa de repente? — A Poliana não quis me ver ontem. A essa hora, ela provavelmente já fugiu! — Ah, faz sentido. Em questão de dois minutos, os dois já estavam prontos e saíram do carro, caminhando a passos largos em direção ao prédio do hospital. Logo chegaram ao quarto da avó. Para sua surpresa, nem Poliana nem a avó estavam lá. Apenas algumas enfermeiras arrumavam o quarto. Apesar de já esperar por isso, ao ver que a avó também havia partido, Gustavo ficou um pouco atordoado e perguntou rapidamente: — E a paciente que estava aqui? As enfermeiras ficaram bastante surpresas ao ver Gustavo. Afinal, mesmo que o escândalo de Fernanda já tivesse sido removido das redes sociais, quem viu ainda se lembrava, e os internautas comentavam entre si em segredo. No entanto, apesar do choque, um
Era um sábado, e o trem estava cheio de jovens, claramente estudantes universitários aproveitando as férias para viajar. Poliana estava cercada por eles. Enquanto a garota, ainda chocada, não sabia por onde começar a explicar, um passageiro mais atrás interveio: — Bullying, xingamentos, falta de educação, vida pessoal toda bagunçada, sonegação de impostos... Um verdadeiro desastre, ela fez de tudo. — Exato! E não foi só ela que sonegou, o pai dela também. Parece que essa história vai acabar com ela e com toda a família! — Engraçado, parece que alguém soltou essas bombas de propósito, não só para acabar com a Fernanda, mas também com toda a família dela. — É, foi bem isso mesmo! As fofocas sobre o mundo das celebridades rapidamente conectaram os passageiros próximos em uma conversa animada. — Mas que absurdo! E a Fernanda deve ser a estrela que mais rápido teve seus escândalos expostos. Mal saíram as notícias, e a polícia já estava envolvida! — Verdade, foi a mais rápida