[O que há de tão assustador nele? Ele vai te devorar por acaso?]Poliana ignorou essas palavras.[Tome cuidado no caminho.]...Talvez o efeito da injeção já tivesse passado completamente, porque a dor no estômago de Poliana começou a se intensificar novamente. Então, ela arrumou a cama, tomou um analgésico e se deitou, se cobrindo com o cobertor.Enquanto esperava Guilherme chegar e sem ter o que fazer, ela decidiu ligar para Marcelo, perguntando se ele já tinha voltado para casa e se estava gripado. Em seguida, fez uma chamada de vídeo com Bárbara.As duas estavam conversando animadamente quando alguém bateu na porta.Poliana se levantou e disse para Bárbara, do outro lado da chamada:— Deve ser o Guilherme. Vamos encerrar por aqui, nos falamos amanhã.Depois de terminar a videochamada, Poliana foi até o espelho de corpo inteiro, prendeu o cabelo longo, e um pouco bagunçado, com um grampo e deu uma última olhada de cada lado.Como não pretendia sair de casa novamente, ela trocou para
Ele abriu o álbum de fotos e empurrou o celular na direção de Poliana.Era um vídeo.Pelo cenário, parecia ter sido gravado no banheiro, e o ângulo indicava que era uma filmagem escondida. No início, não havia ninguém na imagem, mas logo se ouviu uma voz.Poliana aumentou um pouco o volume para ouvir melhor.Era a voz de Fernanda, despejando uma enxurrada de palavrões, e o tom era particularmente vulgar e ofensivo.Em seguida, uma figura apareceu na tela.Era Fernanda, vestida e maquiada no estilo de um traje antigo, protegida por Isabela e outra assistente, enquanto ela, com unhas longas, batia freneticamente no pescoço de uma atriz que interpretava uma empregada.As unhas longas deixaram arranhões profundos e vermelhos no pescoço da atriz.A atriz nem ousava respirar.Fernanda, então, parou de xingar e, em um tom altivo, disse:— Se me fizer feliz e satisfeita, e se ajoelhar docilmente, dizendo "Fê, eu errei", eu posso te arranjar uma fala extra. Claro, se você se ajoelhar e disser m
Poliana fechou os olhos, tentando acalmar a náusea que se agitava em seu peito. Quanto a essas coisas, ela realmente não tinha certeza.Guilherme soltou uma baforada de fumaça e sacudiu a cinza em duas folhas de papel que havia puxado. — Não importa se ele usa drogas ou não, você já decidiu que vai se divorciar dele. Se ele está se drogando, isso não tem mais nada a ver com você.Poliana levou a mão ao nariz e, olhando para fora da janela, permaneceu em silêncio. Se separar era uma coisa, mas ainda assim, ela se sentia um pouco triste.Gustavo era o seu amor, seu primeiro amor, alguém único. Gustavo ainda estava vivo, mas parecia apodrecer a uma velocidade com a qual ela não conseguia acompanhar.Guilherme esboçou um sorriso. — Triste?— Não é tristeza. — Poliana fungou novamente. — É mais uma sensação de absurdo.Guilherme não voltou a falar sobre Gustavo e mudou de assunto. — Além dessas coisas, há mais. Se tudo for exposto, a Fernanda não só será obrigada a sair do mundo do en
Se não fosse isso, por que ela ficava tão apreensiva com a possibilidade de Guilherme se aproximar, quando tudo o que queria era descobrir os escândalos de Fernanda? Estaria ela mais assustada com a ideia de discutir com ele, ou com o fato de que ele poderia continuar a atormentá-la?Poliana já havia passado por tantas situações: desde a dor da bofetada que ainda ressoava em seus ouvidos, até as feridas na palma da mão e nos joelhos, e agora, até mesmo sua avó estava internada no hospital. Só de pensar nisso, um sentimento sufocante crescia em seu peito.Depois de confessar seus sentimentos, Guilherme observava o rosto dela sem disfarçar. — Ele é um homem maduro, não deveria ser mais compreensivo? Suponha que você realmente tenha se envolvido com outra pessoa, ou até mesmo com várias pessoas, e daí? — Guilherme franziu as sobrancelhas, elevando o tom. — Ele se incomodou, se decepcionou com você, então que não tenha mais contato! Ele deveria entender que, diante de tantas tentações,
Depois de ter comido apenas uma tigela de macarrão ao meio-dia, até agora ela só havia bebido dois copos de água, então já estava faminta. De repente, suas orelhas ficaram vermelhas, e ela rapidamente cobriu o estômago.— Então, me deixe te convidar para jantar, como agradecimento por me mostrar aqueles escândalos da Fernanda.Guilherme apagou o cigarro que ainda segurava e juntou as mãos, visivelmente animado.— Posso escolher o restaurante?Poliana sorriu levemente.— Uhum. — Disse ela, se levantando. — Vou trocar de roupa.Ao perceber que sairia para jantar com Poliana, Guilherme quase parecia brilhar, mudando de posição na cadeira, com a perna direita apoiada na coxa esquerda, satisfeito como se estivesse prestes a colocar alguém na berlinda.Foi então que ele notou algo.— Espere, já faz quase dez minutos que estou aqui, e sua avó?Para os jovens, ainda não era tarde, apenas um pouco depois das dez, mas para os idosos, já era hora de descansar.Poliana parou na porta do quarto, se
Quando terminou de falar, a distância entre ele e Gustavo já era de mais de um metro. Embora Guilherme mostrasse desprezo no rosto, por dentro, estava xingando mentalmente. Ele realmente não conseguia entender como Gustavo havia aparecido ali, especialmente depois de ter visto um vídeo do mesmo esperando em um aeroporto.A expressão de Gustavo não demonstrava nenhuma alteração emocional, apesar das provocações de Guilherme. No entanto, seus olhos escuros e profundos se tornaram ainda mais sombrios, como se uma tempestade estivesse prestes a explodir. Ele entrou no cômodo e, com um simples movimento de mão, fechou a porta com uma força surpreendente.Gustavo então desviou o olhar de Guilherme e deu uma olhada rápida pela casa. Notou que todas as portas estavam abertas, exceto a do quarto onde Poliana estava. Seus olhos se estreitaram ainda mais, e ele começou a caminhar em direção ao quarto.Guilherme, percebendo o que estava acontecendo, olhou ao redor e recuou para perto da mesa.
O medo que ela sentiu ao vê-lo aparecer de repente foi rapidamente superado pela vertigem que a atingiu. Quando Gustavo se levantou um pouco, ela começou a lutar desesperadamente, seu corpo inteiro se contorcendo.— O que você vai fazer? Não me toque com suas mãos imundas, saia de perto de mim!— Mãos imundas? Não estão sujas, acabei de lavá-las. — A voz de Gustavo era calma, tão tranquila que parecia impossível discernir qualquer emoção, mas havia uma profundidade sombria nela, como o rugido iminente de uma fera.Ele segurou os braços dela, erguendo-os acima de sua cabeça, enquanto usava as pernas para imobilizar as dela.Poliana não conseguia escapar, mas continuava a lutar, sua voz agora cheia de agitação:— Não estou falando dessa sujeira! Não toque em mim com as mãos que tocaram a Fernanda! Você me dá nojo!Ao ouvir isso, Gustavo parou abruptamente.O peito de Poliana subia e descia freneticamente, seus olhos estavam cobertos por uma fina camada de lágrimas, e o medo voltou a domi
As lágrimas nos olhos de Poliana se congelaram de repente. Ela ainda hesitava, se perguntando se havia interpretado corretamente o que ele disse, quando os lábios dele subitamente se pousaram sobre os dela. Na boca dela, havia o sabor da pasta de dente de limão usada durante o banho, enquanto ele trouxe para ela o aroma de café misturado com um toque de tabaco.Depois de sua língua envolver suavemente a ponta da língua dela, os lábios dele, ainda colados aos dela, murmuraram com suavidade:— Sentiu?— Eu...— Não sentiu, não é? — Gustavo sussurrou mais uma vez, antes de roubar-lhe o fôlego.A respiração de Poliana vacilou, as mãos que antes se agarravam com força perderam a força de repente, e seu corpo começou a tremer involuntariamente. Quando ela começou a sentir dificuldade para respirar e seu pescoço se estendeu instintivamente, ele, como se percebesse seus sentimentos, soltou seus lábios e passou a explorar seu pescoço com a boca.A habilidade de Gustavo em beijá-la era incompa