O corpo de Cloé foi finalmente retirado do carro, agora completamente submerso, os bombeiros trabalhando com rapidez e precisão. Quando a água foi drenada do veículo e eles conseguiram retirá-la para a margem, a cena era ainda mais cruel do que qualquer um poderia imaginar. O corpo de Cloé estava imóvel, seus cabelos encharcados colados ao rosto pálido, e seus olhos, vazios e sem vida, pareciam refletir toda a dor de uma existência que ela escolheu viver até o fim.Ela estava presa ao cinto de segurança, como se tivesse se rendido completamente à morte, sem fazer esforço para tentar escapar, como se tivesse aceitado seu destino de uma maneira fatalista. Aquele gesto, ou a falta dele, era o reflexo do que ela havia se tornado — uma mulher consumida pela obsessão, pela raiva e pela vingança. Tudo o que ela queria era controlar, manipular, até que o controle finalmente se perdeu e ela se viu sozinha, em um fim irreversível.Os bombeiros começaram a cortar o cinto com a mesma precisão que
Ele pegou o celular e fez uma ligação para o número da família de Cloé, preparando-se para enfrentar o inevitável. Não era uma ligação fácil. Ele sabia que, do outro lado, a dor viria em ondas, que seriam sentidas com intensidade e desespero. A notícia sobre a morte de Cloé provavelmente viria como um choque, uma realidade cruel demais para ser processada.Quando a ligação foi atendida, o som da voz do pai de Cloé do outro lado da linha era carregado de expectativa.— Alô, quem fala? — perguntou o homem, com a voz baixa e cautelosa.Tomasi respirou fundo antes de falar.— Sr. Alberto, aqui é o Tomasi. Eu estou no local do acidente. Tenho notícias sobre a sua filha... — Ele sentiu o nó na garganta. Falar aquelas palavras nunca seria fácil.Do outro lado da linha, houve um silêncio pesado. O pai de Cloé provavelmente estava esperando por algum tipo de atualização. Mas a gravidade da voz de Tomasi deixou claro que a situação não era boa.— O que aconteceu com ela? — A voz do pai de Cloé
Afonso estava sentado ao lado de Melissa, segurando sua mão, quando a porta do quarto se abriu lentamente. O médico entrou, com um sorriso leve no rosto ao ver que Melissa estava acordada, embora ainda parecesse um pouco sonolenta. Ele caminhou até a cama, colocando sua prancheta ao lado de seu rosto enquanto analisava os sinais vitais da paciente.— Que bom ver você acordada, Melissa — disse o médico, sua voz cheia de alívio, mas também de cautela. Ele fez uma leve pausa ao olhar para Afonso. — Como se sente?Melissa tentou forçar um sorriso, mas sua fraqueza ainda era evidente.— Cansada..., mas melhor. — Ela respirou fundo, tentando se manter alerta. — Eu... estou viva, Afonso?Afonso apertou sua mão com mais força, seu olhar suave e terno.— Sim, Melissa. Você está viva. E agora, o mais importante, é que está segura. — Ele olhou para o médico, que estava começando a fazer algumas anotações no prontuário.O médico assentiu, satisfeito com a resposta, e então se voltou para Afonso.
Mike olhou para ela, sua expressão se suavizando por um momento. Ele tinha amado Melissa de uma maneira intensa e duradoura, mas ao olhar para ela agora, ele soube que a vida tinha um jeito estranho de colocar as pessoas no lugar certo, mesmo quando era doloroso. A dor de perder a chance de estar com ela foi real, mas ele também sabia que, no fundo, ele queria vê-la feliz, e isso, neste momento, significava estar com Afonso.Ele respirou fundo e, embora a dor ainda estivesse ali, ele sabia que tinha que deixar isso ir.— Fico feliz em saber que está bem. — Mike disse, seus olhos desviando para Afonso. — Você... você vai cuidar dela, né?Afonso olhou para ele, um olhar firme e sincero. Não havia rivalidade entre os dois naquele momento, apenas compreensão e, em certo sentido, uma quieta amizade.— Eu vou cuidar dela, Mike. Como sempre fiz. Não vou deixá-la sozinha em momento algum.Mike acenou, um leve sorriso nos lábios. Ele sabia que não havia mais nada a ser dito. Ele já havia feito
A atmosfera na mansão Bianchini estava pesada, o ar carregado de tensão. Afonso olhou pela janela, observando o jardim que sempre fora um refúgio para sua família. Mas agora, tudo parecia ameaçado. A revelação de que Luca, o melhor amigo de seu filho Matteo, era na verdade o filho de Salvatore, seu antigo inimigo, havia transformado o que deveria ser um vínculo inocente em uma fonte de desgraça.— Afonso, você precisa entender — disse Melissa, sua voz trêmula de preocupação. — Esse menino não é apenas um amigo para Matteo. Ele é uma ligação direta com o passado.Afonso olhou para o relógio, impaciente. A reunião de negócios estava se aproximando, e ele sentia um misto de ansiedade e preocupação. Nos últimos meses, confiara seus negócios a Ângelo, que havia se mostrado um verdadeiro amigo, especialmente desde que revelou os detalhes sobre a morte do pai de Afonso. A amizade entre eles se fortalecera, e Afonso acreditava que poderia contar com Ângelo para tudo.— Você não precisa se pre
Dois dias se passaram desde a tragédia, e a busca pelo avião havia se transformado em uma jornada angustiante. Melissa se sentia presa em um pesadelo sem fim, cada hora que passava parecia uma eternidade. A esperança de encontrar Afonso vivo ainda pulsava em seu coração, mas a realidade se tornava cada vez mais implacável.O que conseguiram encontrar foram apenas destroços, pedaços retorcidos de metal e fragmentos de vida que um dia pertenceram a pessoas com sonhos e esperanças. Cada novo detalhe que emergia do mar era como uma facada, aprofundando a dor que já a consumia. Melissa se perguntava como poderia se despedir de alguém que não tinha um corpo para ser enterrado, como poderia dizer adeus a um amor que a havia preenchido de alegria.Depois de longas e intermináveis horas, Melissa tomou a difícil decisão de preparar um funeral para Afonso. Ela sabia que era a única forma de homenagear o homem que tanto amava, mesmo sem um corpo físico para colocar na terra. Queria que seus filho
Os dias se transformaram em semanas, e a realidade de que Afonso havia partido ainda era uma ferida aberta no coração de Melissa. Ela vagava pela mansão como uma sombra, cada cômodo repleto de lembranças que a assombravam. As risadas que um dia ecoaram entre as paredes agora se transformavam em um silêncio opressivo, e cada dia sem ele era uma luta constante.Melissa não conseguia se conformar. A dor era insuportável, e a tristeza a envolvia como um manto pesado. Ela se sentia perdida, flutuando entre a neblina da ausência e a intensidade das memórias que a cercavam. As manhãs eram as mais difíceis, acordar sem a presença de Afonso ao seu lado parecia um pesadelo interminável. Ele não estava mais ali para compartilhar o café da manhã, para perguntar sobre os sonhos da noite anterior ou simplesmente para sorrir e fazer tudo parecer mais leve.O olhar de seus filhos também a machucava. Matteo e Laura, inocentes e vulneráveis, sentiam a falta do pai de maneiras que ela não conseguia supo
Determinada, Melissa abriu o envelope novamente, seu coração batendo acelerado. A primeira carta já havia sido suficiente para deixá-la inquieta, mas ao retirar um segundo papel, ela imediatamente sentiu uma onda de frio percorrer sua espinha. As palavras que encontrou a deixaram atônita:“Oi Afonso! Espero que esteja bem?... Ou melhor... Quero que se ferre!”A incredulidade tomou conta dela. Quem poderia ser tão cruel a ponto de desejar isso a alguém? Melissa segurou a carta com firmeza, tentando processar a revolta que borbulhava dentro de si. O que mais ela poderia encontrar ali?Ela continuou lendo, cada palavra a cortando como uma lâmina afiada:“Me senti tão bem quando descobri a verdade sobre seu casamento com esta desclassificada que poderia abrir um champanhe para comemorar. Estou aqui imaginando como ela reagiria se soubesse que você está por trás da doença da mãe dela.Enviei algumas cópias dos exames que você forjou para fingir que sua mãe estava doente. Isso foi apenas pa