Afonso sentiu uma onda de compreensão invadir sua mente, e foi como se uma chave fosse virada dentro dele. Ele sabia que a única maneira de escapar de Cloé, de virar o jogo a seu favor, era usar a manipulação dela contra ela mesma. Ela queria controle, queria poder sobre ele, mas ele sabia que se conseguisse se render de maneira convincente, ela acreditaria que estava ganhando. E isso, por mais contraditório que fosse, poderia ser a brecha que ele precisava.Ele inspirou fundo e, com um movimento lento e deliberado, abaixou a cabeça. As palavras que sairiam de sua boca precisavam ser calculadas, precisavam fazer Cloé acreditar que ele estava se entregando a ela, que ele finalmente aceitava o papel que ela o queria impor. Ele precisava dar a ela o que ela queria — mas apenas como uma estratégia, uma maneira de manipular a situação a seu favor.Com um sorriso sutil, quase imperceptível, Afonso olhou para Cloé. A tensão no ar ainda estava palpável, mas ele precisava dar um passo atrás pa
Afonso sentiu um alívio imediato quando viu que Cloé estava começando a baixar a guarda, seus olhos cheios de incerteza e emoção. Ele havia conseguido. Ela estava desarmada, vulnerável. A tensão que dominava o carro, o medo de ser descoberto, começava a se dissipar, e ele sentia que finalmente havia conquistado o controle da situação. Ou pelo menos, isso era o que ele queria acreditar.Mas, no instante seguinte, algo aconteceu que cortou esse alívio como uma faca afiada.Cloé, com a expressão ainda tensa, olhou para o espelho retrovisor. Seus olhos se estreitaram, e a expressão em seu rosto se transformou, como se algo dentro dela tivesse mudado. Ela viu o carro de Tomasi. O mesmo carro que a seguia, ainda à distância, mas claramente em movimento, confirmando que ele não havia parado, como ela pensava.A mudança foi instantânea. A raiva tomou conta dela de maneira avassaladora, visível nas veias que pulsavam no pescoço e nas mãos que se cerraram em punhos. Seus olhos, antes marejados
Ele estava vivo! Tomasi o abraçou rapidamente, aliviado, mas sem perder tempo.Afonso acordou com um sobressalto, o coração disparado e a respiração difícil. Ele sentia o peso do corpo cansado, mas não conseguia entender direito onde estava. Seu corpo estava gelado, molhado da cabeça aos pés, e o ambiente ao seu redor parecia confuso. O som do vento e da água ao longe misturava-se com o som abafado de sua própria respiração.Quando ele abriu os olhos, o primeiro rosto que viu foi o de Tomasi, que estava ao seu lado, com expressão grave e exausta. Afonso tentou se levantar, mas sentiu a cabeça girar e imediatamente se apoiou em Tomasi.— Onde... onde está a Cloé? — A voz de Afonso saiu rouca, ainda falha e cheia de pânico.Tomasi balançou a cabeça lentamente, sinalizando que não havia boas notícias.— Afonso... — Tomasi disse, com a voz tensa e firme. — Ela ficou dentro do carro. Eu... eu a deixei para salvar você primeiro. Eu não tinha tempo para pegar os dois.Afonso sentiu uma sensa
O corpo de Cloé foi finalmente retirado do carro, agora completamente submerso, os bombeiros trabalhando com rapidez e precisão. Quando a água foi drenada do veículo e eles conseguiram retirá-la para a margem, a cena era ainda mais cruel do que qualquer um poderia imaginar. O corpo de Cloé estava imóvel, seus cabelos encharcados colados ao rosto pálido, e seus olhos, vazios e sem vida, pareciam refletir toda a dor de uma existência que ela escolheu viver até o fim.Ela estava presa ao cinto de segurança, como se tivesse se rendido completamente à morte, sem fazer esforço para tentar escapar, como se tivesse aceitado seu destino de uma maneira fatalista. Aquele gesto, ou a falta dele, era o reflexo do que ela havia se tornado — uma mulher consumida pela obsessão, pela raiva e pela vingança. Tudo o que ela queria era controlar, manipular, até que o controle finalmente se perdeu e ela se viu sozinha, em um fim irreversível.Os bombeiros começaram a cortar o cinto com a mesma precisão que
Ele pegou o celular e fez uma ligação para o número da família de Cloé, preparando-se para enfrentar o inevitável. Não era uma ligação fácil. Ele sabia que, do outro lado, a dor viria em ondas, que seriam sentidas com intensidade e desespero. A notícia sobre a morte de Cloé provavelmente viria como um choque, uma realidade cruel demais para ser processada.Quando a ligação foi atendida, o som da voz do pai de Cloé do outro lado da linha era carregado de expectativa.— Alô, quem fala? — perguntou o homem, com a voz baixa e cautelosa.Tomasi respirou fundo antes de falar.— Sr. Alberto, aqui é o Tomasi. Eu estou no local do acidente. Tenho notícias sobre a sua filha... — Ele sentiu o nó na garganta. Falar aquelas palavras nunca seria fácil.Do outro lado da linha, houve um silêncio pesado. O pai de Cloé provavelmente estava esperando por algum tipo de atualização. Mas a gravidade da voz de Tomasi deixou claro que a situação não era boa.— O que aconteceu com ela? — A voz do pai de Cloé
Afonso estava sentado ao lado de Melissa, segurando sua mão, quando a porta do quarto se abriu lentamente. O médico entrou, com um sorriso leve no rosto ao ver que Melissa estava acordada, embora ainda parecesse um pouco sonolenta. Ele caminhou até a cama, colocando sua prancheta ao lado de seu rosto enquanto analisava os sinais vitais da paciente.— Que bom ver você acordada, Melissa — disse o médico, sua voz cheia de alívio, mas também de cautela. Ele fez uma leve pausa ao olhar para Afonso. — Como se sente?Melissa tentou forçar um sorriso, mas sua fraqueza ainda era evidente.— Cansada..., mas melhor. — Ela respirou fundo, tentando se manter alerta. — Eu... estou viva, Afonso?Afonso apertou sua mão com mais força, seu olhar suave e terno.— Sim, Melissa. Você está viva. E agora, o mais importante, é que está segura. — Ele olhou para o médico, que estava começando a fazer algumas anotações no prontuário.O médico assentiu, satisfeito com a resposta, e então se voltou para Afonso.
Mike olhou para ela, sua expressão se suavizando por um momento. Ele tinha amado Melissa de uma maneira intensa e duradoura, mas ao olhar para ela agora, ele soube que a vida tinha um jeito estranho de colocar as pessoas no lugar certo, mesmo quando era doloroso. A dor de perder a chance de estar com ela foi real, mas ele também sabia que, no fundo, ele queria vê-la feliz, e isso, neste momento, significava estar com Afonso.Ele respirou fundo e, embora a dor ainda estivesse ali, ele sabia que tinha que deixar isso ir.— Fico feliz em saber que está bem. — Mike disse, seus olhos desviando para Afonso. — Você... você vai cuidar dela, né?Afonso olhou para ele, um olhar firme e sincero. Não havia rivalidade entre os dois naquele momento, apenas compreensão e, em certo sentido, uma quieta amizade.— Eu vou cuidar dela, Mike. Como sempre fiz. Não vou deixá-la sozinha em momento algum.Mike acenou, um leve sorriso nos lábios. Ele sabia que não havia mais nada a ser dito. Ele já havia feito
A atmosfera na mansão Bianchini estava pesada, o ar carregado de tensão. Afonso olhou pela janela, observando o jardim que sempre fora um refúgio para sua família. Mas agora, tudo parecia ameaçado. A revelação de que Luca, o melhor amigo de seu filho Matteo, era na verdade o filho de Salvatore, seu antigo inimigo, havia transformado o que deveria ser um vínculo inocente em uma fonte de desgraça.— Afonso, você precisa entender — disse Melissa, sua voz trêmula de preocupação. — Esse menino não é apenas um amigo para Matteo. Ele é uma ligação direta com o passado.Afonso olhou para o relógio, impaciente. A reunião de negócios estava se aproximando, e ele sentia um misto de ansiedade e preocupação. Nos últimos meses, confiara seus negócios a Ângelo, que havia se mostrado um verdadeiro amigo, especialmente desde que revelou os detalhes sobre a morte do pai de Afonso. A amizade entre eles se fortalecera, e Afonso acreditava que poderia contar com Ângelo para tudo.— Você não precisa se pre