Ele nunca esteve tão perto de qualquer mulher assim, fora sua irmã, Jamila não fazia os serviços domésticos, quase nunca limpava a casa dele, ele mesmo lavava as roupas, ela o tratava sempre com muito zelo, ele era bastante independente até, chamava a mesma faxineira que trabalhava na casa dos familiares dele, uma moça libanesa muito humilde. Inaya se levantou, pegou o terno, foi vestindo ele com medo de encostar em Mounir e ser repreendida — Posso fazer qualquer coisa, aqui na casa.— Que você precise. É só pedir! — Mounir, quando vou poder falar com a minha família? — Estou sentindo a falta da minha irmã.— Não aconteceu nada de ruiim com ela, né?Ele foi pegando as coisas, se preparando para sair, ficou sério pensativo — Depois falamos sobre isso. — Ela vai se casar, em breve. Foi saindo do quarto, Inaya foi atrás confusa, bastante desconfiada — Ela sabe do que aconteceu, aqui?— Você tem falado com o meu pai?— A minha mãe, deve estar preocupada. — Mounir, se você permiti
Jamila teve que sair com ele, ainda tentou conversar na calçada, Mounir só disse que não queria ela, interferindo em seu casamento, foi para a reunião, decidindo o que ia fazer, para tentar moldar e assustar a esposa. Inaya foi se arrumar, tomou banho chorando, mas decidiu aceitar tudo, só ficou com medo, dele a deixar sozinha de fato, colocou um vestido novo regata, longo, inteiro verde limão, por baixo uma camiseta branca mangas três quartos, passou maquiagem porque ainda estava com algumas marcas no rosto, base, pó, ficou até mais pálida que o normal, sem passar nada nos lábios ou olhos, colocou tênis. Colocou um hijab creme, fez uma mala só com coisas que já tinha, antes de se casar, ficou ansiosa e enquanto esperava, ligou a televisão, limpou a cozinha, as horas foram passando e ninguém chegou para buscá-la. Mounir estava muito ocupado, tinha tido reuniões a manhã toda e em uma delas, tirou o terno, estava justamente em pé, se despedindo de um amigo, quando todos viram a camisa
Ela o olhou realmente decepcionada, se sentindo humilhada — Eu não quero o seu dinheiro. — E nunca, fui sua esposa. Isso, não passou de um contrato! Foi tirando o véu, de qualquer jeito — A verdade é que você está inventando, buscando motivos, para me deixar.— Você nunca quis se casar comigo. Antes dele responder, pegou a mala e saiu, foi para o elevador, ele a chamou duas vezes, ela não olhou para trás, pediu informações e foi até a entrada do shopping, ouvindo as palavras dele ecoando em sua mente. Mesmo sem saber o que fazer ou para onde ir, saiu andando, puxando a mala, com muita raiva de tudo. Mounir achou que ela iria para o hotel, era o mais lógico, foi para lá seguindo com o plano de a castigar, dar um susto, deixou avisado que queria saber, quando ela chegasse, era até perto, na mesma avenida.As horas foram passando e Inaya não chegou, ela passou o resto do dia, sentada em uma lanchonete próxima ao shopping, com o dinheiro que tinha, pediu um lanche, um suco e a cada
Ela estava cabisbaixa, o olhou confusa sem acreditar no que estava ouvindo — Você me abandona na rua, pisa em mim como um tapete. — Monta em cima de mim.— Como se eu fosse um camelo.— Diz que me despreza, que eu não presto.— Não me dá atenção e nem ouve uma palavra minha. — Todos vocês, me sacrificam como um carneiro. Ficou emotiva chateada, colocou a xícara ao lado da cama — Era esse o seu plano, desde ontem, não é mesmo?Foi abrindo o robe irritada — Agora vai me chantagear? Ham?— Fazer eu me deitar com você, para ter um teto sobre a minha cabeça. Jogou o robe de seda nos pés da cama, levantou o edredon, foi deitar no meio da cama brava — Isso é haram Mounir!— Você acha que eu me orgulho, do que fiz?— Alá sabe, que você, me fez assinar o divórcio e agora quer isso. — Yalla! — Você não me respeita, não se importa comigo. Foi tirando a calcinha — Tenho certeza que vai me enganar, amanhã vai me colocar para fora do mesmo jeito. — Mais suja e mal falada.— Você nunca
Mounir nasceu no Egito e foi morar no Brasil ainda criança. Quando seus pais morreram, Halim, seu tio, acolheu ele e sua irmã. Ele teve uma criação rígida baseada nos costumes e na religião. Sua família é tradicional, ainda que dividida entre o Egito e o Brasil. Ele sempre se esforçou muito. Quando atingiu a maioridade, foi estudar fora, na Europa. Na primeira oportunidade, retornou e virou ceo na rede de hotéis de seu tio, que já de idade avançada, queria vê-lo casado de qualquer forma.Quando ninguém via, ele não seguia a religião de fato e, ainda que com medo, às vezes cometia vários haram. Foi bastante influenciado pelos anos longe de casa, mas respeitava muito o tio, como se fosse um pai. Halim ficava nervoso só de imaginar que seu sobrinho não era um verdadeiro exemplo de homem.Halim estava fazendo vista grossa para a enrolação de Mounir em se casar e construir uma família. Usando a doença, arrumou várias pretendentes para ele. O chamou para ir viajar com a família e, ao notar
Ela começou rir envergonhada, ele acenou para o tio e o futuro sogro, falou baixinho só para ela ouvir- Então, está verdadeiramente interessada em se casar comigo?Ela ficou desconcertada séria, sem querer parecer desesperada- Como vou saber?- Não te conheço.Ele disse rindo, que também não sabia, perguntou se ela era apaixonada pelo ex noivo, pareceu debochado desrespeitoso, como se soubesse da história dela e o Rashid, muito nervosa, ela se afastou sem responder, o deixou falando sozinho.Depois ficaram trocando olhares curiosos o resto da festa, ela estava sem saber como se sentia referente a ele, sua irmã Baya ficou eufórica com a beleza e simpatia dele.Ela queria muito casar e por isso, insistia para a irmã casar logo, começou dar bons motivos para Inaya casar logo e se conformar com a sorte, porque ele era rico, bonito, educado e com certeza em algum momento iriam se amar.Mounir estava reunido com a família, comentou com o tio, que a achou a pretendente muito jovem, Halim s
Aproveitando para apressar as coisas, Halim convidou Mustafa e a família para jantarem oficializando tudo, era praticamente o noivado e os noivos nem sabiam muito bem como as coisas seriam.Inaya não tinha muitas roupas bonitas adequadas, sua futura cunhada quem lhe deu o vestido, mandou entregar, com sapatos novos, Baya se deslumbrava ao ver a " sorte " da irmã, Inaya adorava maquiagem, mas não sabia se maquiar muito bem e seu pai implicava também.Ao ficar pronta, ela colocou os sapatos, era um scarpin de bico fino, que até era seu número, mas ficou apertado, mal dava para andar e ela não tinha outro calçado que combinasse.Mounir saiu sem avisar, queria conversar com o primo, e não o encontrou, quando seu tio sentiu sua falta, começou ligar várias vezes, Mounir estava voltando, ignorou as chamadas, quando chegou levou xingo, os convidados já tinham chegado, e estavam fazendo comentários maldosos sobre a noiva.Halim o mandou ir se arrumar, para receber a noiva, entregar os present
Jamila disse que ia resolver aquilo, fechou a porta e o mandou ir para a sala, falou que logo, iriam comprar muitos calçados novos, Inaya falou que não precisava de muito, demonstrou humildade, comentou que gostava de se vestir com modéstia.Todos se reuniram na sala, Mounir deu um colar de ouro para Inaya, levou um cutucão do tio, que mandou ele colocar, se aproximou dela sentindo o cheiro do perfume, pode sentir seus cabelos compridos volumosos, ela estava extremamente envergonhada, ficou com o rosto corado e as mãos trêmulas.Ele colocou o colar, falou para todos ouvirem- Está muito zwina!Ela só sorriu, sem nem conseguir agradecer, ele a beijou na testa, como demonstração de respeito e carinho, estavam em um teatro perfeito.A noite estava tranquila, a família se reuniu ao redor de uma mesa enorme, tipicamente coberta por uma toalha decorada com intrincados padrões geométricos e vibrantes cores.Sobre a mesa, tinha uma variedade de pratos saborosos, exalando o cheiro deixando tud