Capítulo 1
— Um casamento de mentira? — Os olhos de Helena se estreitaram. — Exatamente. Um casamento de conveniência, puramente profissional. Isso garantirá que você tenha acesso irrestrito a tudo e todos, sem que ninguém questione. Ela manteve o olhar fixo nele, avaliando cada palavra. Adrian era um homem astuto, conhecido por sua frieza nos negócios, mas Helena percebeu a urgência na proposta. Ele estava desesperado para proteger sua empresa. — Vamos discutir os termos — ela finalmente disse. Adrian sorriu, sentindo uma certa admiração por Helena. Sabia que havia encontrado a pessoa certa. Helena cruzou os braços e inclinou-se ligeiramente para trás na cadeira, observando Adrian atentamente. Ela já havia se deparado com inúmeras situações complicadas em sua carreira, mas a proposta que estava diante dela era, no mínimo, inusitada. — O que você está sugerindo não é apenas um risco para a sua empresa, mas também para nós dois — disse Helena, com a voz firme. — Se alguém descobrir que este casamento é falso, ou pior, que estou aqui para investigá-los, tudo pode desmoronar. Adrian assentiu, entendendo a gravidade da situação. — Eu entendo os riscos, mas você é a melhor no que faz. Se alguém pode entrar, investigar e sair sem deixar rastros, esse alguém é você. Helena ficou em silêncio por alguns segundos. Sua carreira tinha sido construída sobre operações secretas e disfarces complexos, mas nunca havia considerado algo tão pessoal. Um casamento falso com um dos homens mais poderosos do país não era exatamente algo que se encaixava em seus planos. No entanto, a ideia de pegar um criminoso tão habilidoso quanto esse também era desafiadora demais para recusar. Na verdade é tentador. — E quanto ao contrato? — ela perguntou, finalmente. Adrian puxou uma pasta de couro preto de sua maleta e a colocou sobre a mesa, empurrando-a na direção dela. — Tudo está aqui. Termos, condições, etcetera. É um casamento de fachada, mas terá a aparência de um verdadeiro. Você terá acesso total à empresa e à minha vida pessoal, mas não haverá qualquer envolvimento real... a menos que seja necessário para manter as aparências. Helena pegou a pasta, mas não a abriu. Ela sabia que, ao assinar aquele contrato, estaria entrando em um jogo perigoso, onde o sucesso poderia significar a salvação de uma das maiores corporações do país, mas o fracasso poderia custar-lhe tudo. — Quais são as regras? — ela perguntou, mantendo o olhar fixo em Adrian. — Primeira regra: ninguém pode saber que você é uma policial investigativa. Para todos os efeitos, você será minha esposa, com todos os direitos e deveres que isso implica. Segunda regra: investigue discretamente. Há olhos e ouvidos em todos os lugares, e qualquer deslize pode colocar todo o plano a perder. E, finalmente, a terceira regra: confie em mim. Eu confiarei em você para fazer seu trabalho, e você deve confiar em mim para proteger sua identidade e garantir que este casamento se mantenha inquestionável. Helena assentiu lentamente, absorvendo cada palavra. — Entendido. Se vamos fazer isso, então precisamos agir rápido. Adrian a observou com uma certa surpresa e ao mesmo tempo alívio. — Você está aceitando? Ela deu um passo à frente, mantendo a pasta segura em suas mãos. — Estou dentro, Adrian. Marque a data do casamento. Um sorriso satisfeito apareceu no rosto de Adrian. — Será feito. Helena virou-se para sair, mas parou à porta, olhando por cima do ombro. — Mas lembre-se, estou aqui para resolver o problema, não para brincar de casamento. Mantenha seu foco no que realmente importa. — Eu não esperaria nada menos de você — respondeu Adrian, seu tom firme. Com um último aceno, Helena saiu da sala, deixando Adrian para trás, já planejando os próximos passos. O jogo havia começado. Adrian observou a porta se fechar após a saída de Helena, o som do clique ecoando na sala silenciosa. Sem perder tempo, pegou o telefone fixo de sua mesa e discou o número de seu advogado pessoal. — Stevens, sou eu. Preciso que você organize algo urgente. Quero que o contrato de casamento seja assinado o mais rápido possível, e prepare também os documentos para o casamento civil e religioso. Não deve haver falhas, entendeu? Do outro lado da linha, o advogado, acostumado com as demandas rápidas de Adrian, respondeu prontamente. — Claro, Senhor Turner. Vou cuidar de tudo imediatamente. Alguma preferência para o local ou tipo de cerimônia? — Algo discreto, mas elegante. Não podemos levantar suspeitas, mas também não quero que pareça algo frio e sem emoção. Marque o mais breve possível. Vou deixar os detalhes com você, Stevens. Adrian desligou e, em seguida, pegou o celular. Abriu a lista de contatos e criou um novo. "Helena Vasquez" foi rapidamente digitado, mas ele hesitou por um segundo antes de mudar o nome para algo mais pessoal. Com um pequeno sorriso irônico, digitou "Amor" e salvou. A partir de agora, esse era o papel que ela desempenharia, tanto em público quanto na privacidade do círculo mais íntimo. Levantando-se, Adrian cruzou a sala e pressionou o botão para chamar seu secretário. O jovem entrou rapidamente, com um bloco de notas e uma caneta prontos para registrar qualquer pedido. — Senhor Turner? — Preciso que verifique a agenda para os próximos dias. Alguma festa, comemoração, ou evento social... O secretário fez um aceno afirmativo, já abrindo a agenda eletrônica em seu tablet. — Temos uma festa de gala beneficente daqui a dois dias, senhor. Estarão presentes várias figuras importantes do mundo dos negócios e da sociedade. Adrian refletiu por um instante. Era o evento perfeito. Visibilidade, mas com um toque de classe. Uma oportunidade de apresentar Helena ao seu círculo social de uma forma que deixasse claro que seu relacionamento era sério. — Excelente. Encaixe a minha noiva. E certifique-se de que todos os detalhes sejam tratados com discrição. Quero que tudo seja perfeito. O secretário olhou para o CEO sem entender por um milésimo de segundo. Várias perguntas vieram a sua mente, uma delas seria: Que noiva? Mas como um bom profissional concordou de imediato. — Sim, senhor — respondeu o secretário, anotando as instruções antes de sair para dar início às preparações. Sozinho novamente, Adrian saiu da sala de reuniões indo direto para sua sala ao lado e deixou-se cair na cadeira de seu escritório. Agora é questão de tempo até descobrir quem é o traidor.Capítulo 2Helena caminhava pelo apartamento que havia alugado recentemente. Era modesto, mas atendia a todas as suas necessidades, especialmente agora, com o novo trabalho. Sentando-se na borda da cama, ela pegou o celular e discou o número do chefe, o único que sabia da verdadeira natureza de sua missão.— Vasquez — a voz do chefe soou firme do outro lado da linha.— Chefe, estou entrando no novo trabalho. Tudo conforme o planejado. Assinarei o contrato e estarei oficialmente envolvida no caso. O casamento será de fachada, mas estarei investigando o desvio dentro da empresa de Adrian Turner.O chefe respirou fundo antes de responder. — Isso é sério, Helena. Mais do que qualquer outro caso que já assumiu. Se algo der errado, o risco é grande. Mas, se tem alguém que pode lidar com isso, é você. Desejo sorte, você vai precisar.Helena sorriu, sentindo o apoio do chefe, mesmo em meio a uma missão tão delicada.— Obrigada, chefe. Mantenha o canal aberto para qualquer atualização. E não
Capítulo 3O interior da limusine estava silencioso. Helena se acomodou no banco de couro macio, consciente do olhar de Adrian sobre ela.Adrian, do outro lado, mantinha os olhos fixos nela. A transformação de Helena, de uma policial investigativa dedicada a uma mulher que exalava confiança e mistério, era algo que ele não havia previsto. Ele sabia que esse jantar era mais do que uma simples refeição. Era o primeiro ato de uma encenação que ambos teriam que dominar.Quebrando o silêncio, Adrian estendeu a mão, revelando uma pequena caixa de veludo azul. — Antes de chegarmos, há algo que preciso fazer. — Ele abriu a caixa, revelando um anel solitário lindíssimo de ouro, com um diamante de 1 quilate brilhando sob a luz suave do carro.Helena olhou para a joia, surpresa.— Você não perde tempo, não é? — comentou, tentando esconder o impacto que a visão do anel causou.— Precisamos que isso pareça real, Helena — ele disse, sua voz firme, mas com uma ponta de gentileza. Ele tirou o anel d
Capítulo 4Helena piscou algumas vezes, tentando focar sua visão, que estava ligeiramente embaçada pelo vinho. Aquele jantar havia sido mais intenso do que ela esperava, e agora, com a mente um pouco distorcida pelo álcool, ela tentava acompanhar as palavras de Adrian.- Gostaria de conhecer sua futura mansão? - perguntou ele, com um sorriso enigmático.Ela assentiu, meio distraída, sem realmente processar o que estava concordando. Talvez fosse o tom tranquilo da voz dele ou o brilho nos olhos que a fizeram aceitar a proposta.O trajeto até a mansão foi silencioso, com Helena encostada no assento, deixando-se levar pelo conforto do carro e pelo efeito do álcool. A cidade passava rapidamente pelas janelas, mas ela mal notava. Sua mente vagava entre pensamentos desconexos sobre o que estava acontecendo e a realidade da situação em que se encontrava.Adrian, sentado ao seu lado, a observava de soslaio, percebendo o estado em que ela estava. Ele sabia que Helena havia bebido mais do que o
Capítulo 5Adrian entrou em seu quarto, fechando a porta silenciosamente atrás de si. Ele estava mergulhado em seus pensamentos, o que era raro para alguém tão controlado. Soltou um longo suspiro enquanto afrouxava a gravata, sentindo o peso dos eventos da noite. Tirou o paletó e jogou-o casualmente sobre uma cadeira próxima, caminhando até o banheiro. Cada movimento seu era lento, como se estivesse absorvendo o que tinha acabado de acontecer.Os beijos. Por que tantos? Adrian sempre fora um homem racional, meticuloso, e nada do que fazia era sem motivo. Mas beijar Helena repetidamente naquela noite... aquilo não estava em seus planos. No entanto, ele não conseguiu evitar. Algo nela o atraía, de uma forma que ele ainda estava tentando compreender. Ele se olhou no espelho por um momento, seus dedos começando a desabotoar a camisa. "Foi necessário?", pensou ele, tentando justificar para si mesmo. "É claro que foi. Precisamos pegar uma certa intimidade para parecermos convincentes."Ma
Capítulo 6Helena desceu as escadas com passos elegantes, mas rápidos, enquanto ajustava discretamente o vestido que Adrian lhe havia trazido. Quando seus olhos encontraram os dele, viu que Adrian a aguardava pacientemente na entrada da mansão, com uma aparência impecável. Ele sorriu ao vê-la, um gesto discreto, e ofereceu o braço como um perfeito cavalheiro.— Está linda — murmurou ele, com um sorriso genuíno, estendendo o braço.Helena aceitou o gesto, enlaçando o braço de Adrian com delicadeza. Juntos, caminharam em direção à limusine que já estava à espera. Quando entraram no carro, ele segurou a mão dela com suavidade, algo que se tornava cada vez mais natural entre os dois. O carro partiu devagar, os portões da mansão se abrindo lentamente à frente.Conforme a limusine avançava, os repórteres começaram a se aglomerar nas laterais do veículo. Flashes de câmeras explodiam em todas as direções, com uma enxurrada de luzes, enquanto vozes se erguiam, tentando capturar qualquer inform
Capítulo 7Adrian chegou à frente do prédio da empresa e, ao descer da limusine, percebeu imediatamente a aglomeração de repórteres do lado de fora. O burburinho crescia à medida que ele avançava, mas seus seguranças já estavam preparados, criando uma barreira firme entre ele e a multidão. Mesmo assim, os repórteres eram ousados, empurrando seus microfones e celulares o mais próximo possível, tentando captar qualquer palavra ou imagem exclusiva.Adrian respirou fundo, seu semblante impassível enquanto seguia em direção à entrada. Já havia lidado com situações como essa inúmeras vezes, mas sabia que, após a aparição pública com Helena, os questionamentos seriam mais pessoais e invasivos.- Adrian! Adrian! Quem é a mulher misteriosa? - gritou um dos repórteres, com uma câmera praticamente enfiada entre os seguranças.- Senhor Turner, sua noiva pareceu surpresa com a mídia. Isso foi planejado? - perguntou outro, com um tom provocador, tentando insinuar que tudo não passava de uma armação
Capítulo 8Helena estava sentada à mesa da cozinha, seus dedos deslizando pela borda de seu celular.Ela olhou para o relógio e decidiu agir. Pegou o celular e discou o número de Rafael, o secretário de Adrian. A linha chamou apenas duas vezes antes de ele atender com sua típica formalidade.- Senhorita Vasquez, em que posso ajudá-la? - A voz de Rafael era educada, mas direta.- Bom dia, Rafael. - Ela fez uma pausa, organizando os pensamentos antes de continuar. - Eu gostaria de saber se o senhor Turner estará livre no horário do almoço. Preciso conversar com ele, algo pessoal.Rafael hesitou por um momento, provavelmente verificando a agenda de Adrian. Helena podia imaginar ele conferindo os compromissos enquanto tentava encontrar uma brecha.- Deixe-me verificar a agenda dele. - respondeu Rafael, com um leve som de teclas ao fundo. Depois de alguns segundos, ele voltou à linha. - O senhor Turner tem uma reunião marcada às 14h, mas parece estar livre entre meio-dia e uma hora. A senh
Capítulo 9Ao entrarem no restaurante, Adrian e Helena foram recebidos com olhares discretos e algumas cabeças se voltaram curiosas para o casal que acabara de entrar. Ele a guiou até uma mesa reservada no canto, longe das janelas e do burburinho do salão principal. O ambiente era sofisticado e tranquilo, com uma leve música clássica tocando ao fundo.Helena se acomodou na cadeira e observou enquanto Adrian fazia o mesmo à sua frente. O silêncio entre eles era confortável, mas sua mente fervilhava com questões que precisavam ser discutidas. Ela respirou fundo e decidiu quebrar o gelo.- Então... - ela começou, olhando diretamente para ele. - Já temos uma data para o casamento?Adrian ergueu os olhos, seu rosto calmo e sério. Ele ficou em silêncio por um momento, como se ponderasse a melhor forma de responder. Em seguida, inclinou-se um pouco para frente, apoiando os braços sobre a mesa.- O advogado está cuidando dos detalhes - disse ele, com a voz baixa. - Provavelmente será em duas