Capítulo 7
Adrian chegou à frente do prédio da empresa e, ao descer da limusine, percebeu imediatamente a aglomeração de repórteres do lado de fora. O burburinho crescia à medida que ele avançava, mas seus seguranças já estavam preparados, criando uma barreira firme entre ele e a multidão. Mesmo assim, os repórteres eram ousados, empurrando seus microfones e celulares o mais próximo possível, tentando captar qualquer palavra ou imagem exclusiva. Adrian respirou fundo, seu semblante impassível enquanto seguia em direção à entrada. Já havia lidado com situações como essa inúmeras vezes, mas sabia que, após a aparição pública com Helena, os questionamentos seriam mais pessoais e invasivos. - Adrian! Adrian! Quem é a mulher misteriosa? - gritou um dos repórteres, com uma câmera praticamente enfiada entre os seguranças. - Senhor Turner, sua noiva pareceu surpresa com a mídia. Isso foi planejado? - perguntou outro, com um tom provocador, tentando insinuar que tudo não passava de uma armação. Adrian manteve a calma, seu sorriso calculado aparecendo enquanto ele parava brevemente, ajustando o terno antes de responder. - A minha noiva se chama Helena Vasquez, e tenho o prazer de dizer que estamos muito felizes - ele respondeu, com uma segurança que só ampliou o interesse dos repórteres. - Helena Vasquez! O que ela faz? Como se conheceram? - continuou outro repórter, ansioso por detalhes. Adrian deu uma risada leve, como se a resposta fosse óbvia. - Vamos dizer que o destino nos juntou. Agora, ela é parte importante da minha vida, e prefiro manter certos detalhes pessoais entre nós dois. Como vocês sabem, gosto de proteger minha privacidade - ele disse, o tom ainda firme, mas com a mesma simpatia característica. - Há boatos de que ela é uma mulher de origem humilde. Isso é verdade? - insistiu uma repórter, forçando um pouco a questão. Adrian não vacilou. - O que posso dizer é que Helena é uma mulher incrível, com uma história que a torna ainda mais especial para mim. Qualquer outra coisa que ouvirem por aí, duvidem - ele respondeu, agora com um sorriso mais contido, quase desafiador. Os repórteres ainda não estavam satisfeitos, mas sabiam que não conseguiriam mais do que isso. Eles continuaram a gritar perguntas enquanto Adrian caminhava em direção à entrada, ladeado pelos seguranças que o protegiam do tumulto. Antes de entrar no prédio, ele parou por um breve instante e olhou por cima do ombro, dirigindo-se novamente à multidão. - Estamos animados para compartilhar mais no momento certo. Até lá, peço que respeitem a nossa privacidade. E, com essa última frase, ele entrou no edifício, deixando os repórteres com ainda mais perguntas do que respostas. Rafael, o secretário do CEO, estava quase terminando o café quando notou o burburinho no refeitório. Um grupo de quatro mulheres, sentadas a uma mesa mais distante, cochichava e olhava discretamente em sua direção. Entre risos abafados, ele percebeu que falavam dele. Mesmo aos 29 anos, situações como essa o deixavam desconfortável, um lembrete da timidez que sempre o acompanhava, talvez explicando sua dificuldade em arrumar namorada. Ele baixou o olhar, tentando ignorar o incômodo, mas logo o ergueu de novo e foi então que a viu. Ela entrou no refeitório com a elegância de sempre, caminhando em sua direção ao balcão. Rafael engoliu em seco. Ela era um colírio para seus olhos. CEO de uma empresa importante que tinha negócios com Adrian Turner, seu chefe, ela parecia ter entre 38 e 40 anos. E, infelizmente para ele, era casada. Mesmo assim, sua delicadeza e a sensualidade natural que exalava eram suficientes para deixá-lo atordoado. Ela não era apenas observada por ele, claro, outros homens no refeitório também a seguiam com o olhar, mas Rafael tinha um privilégio: escutava sua doce voz nas reuniões, onde sempre estava ao lado de Adrian, ajudando com as negociações. Ele suspirou discretamente, lembrando-se de como sua presença o afetava, mas rapidamente desviou o olhar quando ela passou por ele, para não ser flagrado a admirando por tempo demais. Rafael deu uma olhada rápida no relógio que estava em cima da hora. Era o lembrete de que ele tinha responsabilidades a cumprir. A reunião das nove estava prestes a começar, e ele ainda precisava preparar os últimos detalhes. Apanhou seu copo de café vazio, jogou a embalagem fora e saiu apressado do refeitório, não antes de dar uma última olhada para sua deusa. Ao cruzar os corredores em direção à sua sala, o coração ainda estava acelerado, mas ele sabia que precisava se concentrar. Ainda assim, a imagem daquela mulher dançava em sua mente, uma distração que ele sabia que precisava superar, especialmente porque a reunião com o CEO seria crucial. Ao entrar em sua sala, respirou fundo, sentou-se e ligou o computador. Tentando se focar, ele começou a revisar os documentos para a reunião. Sabia que não podia se permitir distrações, mas a verdade era que, sempre que ela aparecia, sua concentração vacilava. Adrian passou por Rafael a passos largos, seu porte confiante e determinado, como de costume. O CEO o cumprimentou com um aceno de cabeça discreto, sem diminuir o ritmo, caminhando diretamente para sua sala. Rafael, que já estava reunindo os documentos necessários, ajeitou a gravata rapidamente e pegou o restante de seus papéis antes de correr atrás dele. Quando Rafael entrou na sala, Adrian já estava tirando o paletó, pendurando-o no cabide próximo à porta. O ambiente cheirava a couro caro, e as enormes janelas deixavam entrar a luz suave da manhã. Adrian olhou para Rafael de relance. - Bom dia, Rafael - disse Adrian, ajustando as mangas da camisa enquanto se aproximava da mesa. - Está tudo pronto para a reunião das nove? - Sim, senhor. Tudo preparado conforme as instruções. - Rafael respondeu, tentando não demonstrar a leve tensão que sentia sempre que estava na presença de Adrian. Ele sempre admirou a forma como o chefe lidava com tudo, de negócios a suas interações com os funcionários, com uma confiança que parecia inabalável. Adrian assentiu, satisfeito, enquanto pegava os documentos que Rafael havia trazido. Ele os folheou brevemente, antes de voltar a falar, dessa vez com um leve sorriso no rosto, como se estivesse prestes a tocar em um assunto que o agradava. - O advogado já te passou a data do casamento? - Adrian perguntou, o tom mais descontraído, mas com um interesse claro na resposta. Ele se afastou da mesa e foi até a janela, observando a cidade lá fora por um momento. Rafael, um pouco surpreso pela mudança de assunto, demorou um segundo para responder. - Ainda não, senhor Turner. Estão resolvendo os últimos detalhes. Imagino que teremos uma resposta mais definitiva até o fim da semana. Adrian se virou da janela, encarando Rafael com aquele olhar analítico que muitas vezes intimidava os funcionários, mas que Rafael já conhecia bem. Era um olhar que dizia que Adrian estava avaliando não apenas a resposta, mas a forma como ela foi dada, como se tentasse prever algo por trás das palavras. - Bom, isso é o que espero - Adrian disse, cruzando os braços. - Afinal, quanto mais cedo resolvermos essas questões, melhor para todos. Houve uma pausa, durante a qual Adrian olhou para a papelada na mesa, mas parecia perdido em seus próprios pensamentos por um breve momento. Rafael observava-o em silêncio, aguardando qualquer nova instrução. - O casamento precisa ser impecável. Não posso me dar ao luxo de erros agora, nem de problemas - disse Adrian, voltando o olhar para Rafael. - Ainda mais com toda essa atenção da imprensa. Rafael assentiu, compreendendo a gravidade da situação. - Entendido, senhor. Farei o possível para que tudo saia conforme o planejado. Adrian esboçou um sorriso quase imperceptível, uma expressão de satisfação com a lealdade do jovem secretário. Ele então se aproximou de sua cadeira e se sentou, indicando que o momento da conversa casual havia passado, e que era hora de voltar aos negócios. - Ótimo. Agora vamos nos concentrar na reunião. Diga-me, quais são os pontos principais que precisamos discutir hoje? - perguntou Adrian, assumindo novamente o tom sério e focado de sempre.Capítulo 8Helena estava sentada à mesa da cozinha, seus dedos deslizando pela borda de seu celular.Ela olhou para o relógio e decidiu agir. Pegou o celular e discou o número de Rafael, o secretário de Adrian. A linha chamou apenas duas vezes antes de ele atender com sua típica formalidade.- Senhorita Vasquez, em que posso ajudá-la? - A voz de Rafael era educada, mas direta.- Bom dia, Rafael. - Ela fez uma pausa, organizando os pensamentos antes de continuar. - Eu gostaria de saber se o senhor Turner estará livre no horário do almoço. Preciso conversar com ele, algo pessoal.Rafael hesitou por um momento, provavelmente verificando a agenda de Adrian. Helena podia imaginar ele conferindo os compromissos enquanto tentava encontrar uma brecha.- Deixe-me verificar a agenda dele. - respondeu Rafael, com um leve som de teclas ao fundo. Depois de alguns segundos, ele voltou à linha. - O senhor Turner tem uma reunião marcada às 14h, mas parece estar livre entre meio-dia e uma hora. A senh
Capítulo 9Ao entrarem no restaurante, Adrian e Helena foram recebidos com olhares discretos e algumas cabeças se voltaram curiosas para o casal que acabara de entrar. Ele a guiou até uma mesa reservada no canto, longe das janelas e do burburinho do salão principal. O ambiente era sofisticado e tranquilo, com uma leve música clássica tocando ao fundo.Helena se acomodou na cadeira e observou enquanto Adrian fazia o mesmo à sua frente. O silêncio entre eles era confortável, mas sua mente fervilhava com questões que precisavam ser discutidas. Ela respirou fundo e decidiu quebrar o gelo.- Então... - ela começou, olhando diretamente para ele. - Já temos uma data para o casamento?Adrian ergueu os olhos, seu rosto calmo e sério. Ele ficou em silêncio por um momento, como se ponderasse a melhor forma de responder. Em seguida, inclinou-se um pouco para frente, apoiando os braços sobre a mesa.- O advogado está cuidando dos detalhes - disse ele, com a voz baixa. - Provavelmente será em duas
Capítulo 10Helena finalmente conseguiu despistar os repórteres e voltar para seu apartamento. Pelo menos foi o que ela pensou, aliviada por alguns momentos de paz. Quando entrou em casa, começou a fechar as cortinas, preparando-se para ir treinar na academia da polícia, como fazia todos os dias para manter sua forma física e aliviar a mente. Mas, ao olhar pela janela antes de fechar a última cortina, seu coração afundou.Um grupo de repórteres e fotógrafos havia rodeado o prédio. Estavam lá embaixo, esperando que ela aparecesse."De novo", pensou, exasperada. Embora estivesse no décimo andar, sabia que eles dariam um jeito de tirar alguma foto comprometedora, e não podia arriscar ser flagrada saindo. O contrato com Adrian dependia da manutenção de uma imagem impecável.Ela fechou todas as cortinas rapidamente e começou a andar de um lado para o outro, pensando em como poderia despistá-los sem chamar ainda mais atenção. Não demorou muito para que uma ideia começasse a se formar em sua
Capítulo 11Richard estava inquieto enquanto a observava de longe, seus sentimentos se misturando com a raiva e o arrependimento. Ver Helena tão concentrada, decidida e inalcançável o fazia perceber o que havia perdido. Cada movimento dela na academia parecia destacá-la ainda mais para ele, como se tivesse se tornado ainda mais atraente agora que estava prestes a se casar com alguém tão poderoso quanto o tal Adrian.Quando ela se levantou e foi para o vestiário, Richard parou de se exercitar, incapaz de continuar. Ele ficou ali, olhando na direção em que ela havia desaparecido, enquanto o suor escorria pela sua testa. Foi nesse momento que um dos colegas da delegacia se aproximou, com um sorriso provocador.- Ainda apaixonado pela ex? - o colega perguntou, percebendo o olhar fixo de Richard.Richard engoliu seco, sentindo um nó na garganta, mas não disse nada. A provocação do colega apenas aumentava sua frustração. Sem responder, saiu da academia em direção aos chuveiros. Enquanto a á
Capítulo 12Quando o carro parou em frente à mansão Turner, Helena sentiu um alívio imediato ao perceber que, desta vez, não havia repórteres ou fotógrafos à vista. Ela soltou um suspiro de alívio e desceu do carro com a ajuda do motorista. Ao se aproximar da porta principal, uma das empregadas da mansão, com um sorriso simpático e acolhedor, a recebeu com cortesia.— Senhorita Vasquez, seja muito bem-vinda. O senhor Turner está aguardando.Helena sorriu em resposta, entrando na luxuosa mansão, e mal teve tempo de absorver os detalhes do ambiente antes de avistar Adrian, que apareceu no hall. Ele caminhava com confiança, e seus olhos logo se encontraram. Ele ofereceu a mão a ela, com um sorriso cortês, e, para sua surpresa, levou a mão dela aos lábios, depositando um beijo suave.Helena piscou algumas vezes, admirada. Um verdadeiro cavalheiro, ela pensou, sentindo-se ligeiramente desconcertada com o gesto inesperado. Adrian parecia ser ainda mais encantador do que ela se lembrava.— E
Capítulo 13Adrian ainda segurava a mão de Helena ao ajudá-la a se levantar do sofá quando seu olhar se voltou para as janelas. Ele franziu o cenho ao perceber uma discreta movimentação, quase imperceptível, do lado de fora.— Temos companhia — sussurrou, sem soltar a mão dela.— O quê? Aqui dentro? — Helena perguntou, surpresa.— Sim — ele confirmou, mantendo a calma.— Droga! Se eu pudesse dar uma surra neles — ela disse exaltada, tentando conter a raiva. — O que vamos fazer?Adrian a encarou por um segundo antes de sugerir:— Dar o que eles querem, se você não se importar.Helena o olhou com curiosidade, tentando entender a ideia.— O que tem em mente? — perguntou, desconfiada.— Um momento íntimo, do jeito que eles querem — ele respondeu com um sorriso malicioso, seus olhos brilhando de astúcia.Helena hesitou por um segundo, ponderando a proposta, mas sabia que essa era a maneira mais eficiente de manter as aparências e, ao mesmo tempo, despistar qualquer suspeita.— Certo — diss
Capítulo 14Helena olhou para o celular e viu a mensagem de Richard piscando na tela. Ele havia jogado conversa fora, um típico "bom treino amanhã" e "aproveite seu descanso", claramente tentando se aproximar de novo. Respondeu com um simples “Obrigada”, sem intenção de prolongar a conversa, tentando cortar qualquer chance de interação mais longa. Suspirando, voltou-se para a televisão, mas a mente estava inquieta. Ela não conseguia se concentrar em nenhum programa. Seus pensamentos voltavam, repetidamente, à pressão do casamento. A responsabilidade pesava sobre seus ombros.Ela nunca foi uma mulher de usar vestidos, saltos ou maquiagens. E agora, joias? O conceito parecia tão distante de sua realidade que ela se sentia quase uma impostora."Eu mal sei escolher um brinco, quanto mais um anel de noivado ou até mesmo o vestido do casamento", pensou, revirando os olhos. Helena fez uma anotação mental: "Visitar uma joalheria amanhã".Precisaria de ajuda, talvez até contratar alguém que
Capítulo 15Helena chegou a uma das butiques mais exclusivas da cidade. Ao estacionar o carro recém-adquirido, ela respirou fundo, se preparando para enfrentar mais uma experiência fora de sua zona de conforto. Quando entrou na loja, foi imediatamente envolvida pelo aroma suave de perfume caro e a decoração impecável que gritava luxo. As prateleiras exibiam roupas deslumbrantes, elegantes e extremamente caras. Novamente, ela sentiu-se deslocada.Ela percorreu as araras, tocando tecidos finos e observando as etiquetas de preço. Não era um ambiente ao qual estava acostumada, e o nervosismo começou a surgir, assim como havia acontecido na joalheria. No entanto, antes que o desconforto aumentasse, uma vendedora atenciosa se aproximou com um sorriso caloroso.- Bom dia! Posso ajudá-la a encontrar algo específico? - perguntou, olhando de cima a baixo para Helena, como que avaliando rapidamente o estilo dela.- Na verdade, estou um pouco perdida... - Helena confessou. - Não costumo comprar r