Capítulo 6
Helena desceu as escadas com passos elegantes, mas rápidos, enquanto ajustava discretamente o vestido que Adrian lhe havia trazido. Quando seus olhos encontraram os dele, viu que Adrian a aguardava pacientemente na entrada da mansão, com uma aparência impecável. Ele sorriu ao vê-la, um gesto discreto, e ofereceu o braço como um perfeito cavalheiro. — Está linda — murmurou ele, com um sorriso genuíno, estendendo o braço. Helena aceitou o gesto, enlaçando o braço de Adrian com delicadeza. Juntos, caminharam em direção à limusine que já estava à espera. Quando entraram no carro, ele segurou a mão dela com suavidade, algo que se tornava cada vez mais natural entre os dois. O carro partiu devagar, os portões da mansão se abrindo lentamente à frente. Conforme a limusine avançava, os repórteres começaram a se aglomerar nas laterais do veículo. Flashes de câmeras explodiam em todas as direções, com uma enxurrada de luzes, enquanto vozes se erguiam, tentando capturar qualquer informação sobre o casal. — Sr. Turner, quando será o casamento? — gritou um repórter. — Helena, como está se sentindo com tudo isso? — outro perguntou, com um microfone esticado em direção ao vidro da limusine. — Adrian! Isso é amor ou negócios? — provocou uma repórter, com um sorriso insinuante. Helena tentou disfarçar o incômodo que sentia com toda aquela exposição, mas sabia que os olhares estavam fixos nela. Adrian apertou sua mão um pouco mais, transmitindo-lhe segurança. — Ignore-os — murmurou ele baixinho, ainda olhando para frente, mantendo-se sereno. — Eles fazem parte do espetáculo. O carro continuava a se mover lentamente, quase parando em alguns momentos para evitar que os repórteres se machucassem. Um repórter mais ousado se aproximou ainda mais, batendo no vidro da limusine. — Adrian, já escolheu onde vão passar a lua de mel? Outro repórter seguiu o exemplo, apontando a câmera diretamente para Helena. — Helena, você já se vê como uma Turner? Como está lidando com o noivado? Adrian lançou um olhar rápido para Helena, percebendo seu desconforto. Ele deu um pequeno sorriso tranquilizador, mas permaneceu firme. — Logo isso tudo vai acabar — sussurrou para ela. Ela respirou fundo e acenou levemente, tentando manter a compostura enquanto o carro finalmente acelerava após atravessar a multidão. Os repórteres ficaram para trás, os flashes diminuindo, e o silêncio confortável da limusine voltou a envolvê-los. Ela sentiu o peso da tensão se esvair à medida que finalmente relaxava no assento da limusine. Seus olhos se voltaram para Adrian, e por um breve momento, ela o observou como se fosse a primeira vez. Ele estava muito perto. Sua presença era marcante. Aos quarenta anos, ele era um homem incrivelmente atraente. Seus traços maduros, o olhar confiante e a postura impecável o tornavam quase irresistível. Mesmo assim, algo perturbador atravessou a mente de Helena, e ela desviou o olhar. "Como é possível que ele nunca tenha se casado ou tido filhos?", pensou. Talvez ele fosse um desses milionários envoltos em segredos, cercados de mulheres e histórias complicadas. Isso explicaria sua resistência a relacionamentos duradouros. Afinal, o que ela sabia realmente sobre Adrian Turner, além do fato de que ele precisava de uma noiva temporária para algum propósito misterioso? Ela suspirou, lembrando-se de que tudo aquilo, todas as aparências, os beijos e os toques, eram parte de uma grande mentira. E, por mais que fosse uma profissional competente, algo naquele acordo começava a incomodá-la. Adrian percebeu a mudança sutil na expressão dela. Seus olhos atentos captaram a hesitação, a dúvida que cruzou o rosto de Helena. — Algum problema? — ele perguntou, a voz suave, mas direta. Helena o olhou de relance, tentando disfarçar o turbilhão de pensamentos. — Estou apenas pensativa — respondeu ela, com um leve sorriso forçado. — Será um desafio essa tarefa. Mas não vou desistir. Adrian assentiu, os olhos avaliando-a por um instante antes de responder com sua habitual frieza profissional. — Obrigado, será muito bem paga por isso. Helena voltou a encará-lo, sem dizer uma palavra. O silêncio que seguiu foi denso, carregado de uma tensão que ela não conseguia identificar se era boa ou ruim. Ele estava tão próximo que ela podia sentir o calor do corpo dele, mas a distância emocional entre eles era tão palpável quanto o espaço físico. Enquanto a limusine deslizava pelas ruas, ela se questionava o quanto conseguiria suportar aquela farsa sem deixar que a mentira começasse a se enraizar dentro dela. Adrian a convidou para tomarem café antes de deixá-la em seu apartamento, e Helena, após hesitar por um segundo, aceitou. Estava faminta e precisava de um momento para organizar os pensamentos depois da enxurrada de acontecimentos recentes. O relacionamento falso que estavam construindo era mais desgastante do que ela havia imaginado. Graças a Deus, os repórteres não apareceram dessa vez. O local que Adrian escolheu para o café era tranquilo e sofisticado, o tipo de lugar que você só conhecia se tivesse os contatos certos ou uma carteira generosa. Eles se sentaram a uma mesa próxima à janela. Helena admirou o ambiente discreto, com mesas de madeira polida e cadeiras confortáveis. Adrian puxou a cadeira para ela com a mesma gentileza habitual, mas algo no ar entre eles parecia ter mudado levemente. Enquanto Helena olhava o cardápio, uma garçonete jovem e muito bonita aproximou-se com um sorriso brilhante, direto para Adrian. Seus olhos se fixaram nele com um brilho evidente de admiração. — Bom dia, senhor. Posso ajudá-lo a escolher algo especial hoje? — ela perguntou, sua voz doce e suave, claramente focada em Adrian, ignorando a presença de Helena por completo. Adrian, como sempre, manteve-se educado, mas distante. Ele respondeu com a mesma polidez de sempre. — Vamos começar com dois cafés americanos e um croissant — disse ele, lançando um olhar de canto para Helena, como se quisesse confirmar se a escolha estava ao seu gosto. Helena apenas assentiu, tentando não rolar os olhos diante da clara tentativa da garçonete de chamar a atenção de Adrian. — Claro, senhor — disse a garçonete, inclinando-se ligeiramente na direção dele. — Se precisar de algo mais, estarei por perto. Enquanto ela se afastava, Helena não pôde deixar de soltar um leve suspiro. Aquilo era esperado, considerando que Adrian era um homem bonito e famoso, mas ainda assim era um pouco irritante ver as mulheres caindo aos pés dele, mesmo quando ele estava com a "noiva" ao lado. — Isso acontece com frequência? — perguntou Helena, em tom leve, mas com um sorriso de canto que denunciava sua ironia. Adrian olhou para ela, parecendo confuso por um momento, antes de perceber o que ela queria dizer. Um leve sorriso curvou seus lábios. — Sempre. Parte da rotina — ele respondeu, despreocupado, mas com um toque de cansaço na voz. Helena balançou a cabeça, rindo suavemente. — Bem, acho que devo me acostumar com isso. Parece que terei concorrência até mesmo para manter as aparências — brincou ela, apesar de sentir uma pontada de irritação que não queria admitir. Adrian riu de leve, mas antes que pudesse responder, a garçonete retornou, trazendo os cafés e croissants. Dessa vez, seus olhos dançaram novamente sobre Adrian enquanto ela colocava as xícaras na mesa, inclinando-se ligeiramente mais do que o necessário. — Aqui estão seus cafés, senhor. Espero que goste — disse ela, lançando um olhar demorado para ele. Adrian manteve-se inabalável, mas era claro para Helena que ele notava a atitude da garçonete. E, com um movimento quase imperceptível, ele deslizou sua mão sobre a mesa, pousando-a sobre a mão de Helena. O gesto, embora simples, foi o suficiente para que a garçonete olhasse para Helena pela primeira vez, o brilho em seus olhos desaparecendo brevemente. — Obrigado — Adrian disse calmamente, mas dessa vez com um olhar direto que encerrou qualquer tentativa da garçonete de continuar flertando. Assim que a garçonete se afastou, Helena riu baixinho, levantando uma sobrancelha enquanto olhava para a mão dele sobre a dela. — Você realmente sabe como cortar o clima, não é? Adrian deu de ombros com um leve sorriso. — Parte do papel. Temos que garantir que todos acreditem, certo? Helena revirou os olhos, mas não pôde evitar sorrir. Havia algo no jeito como Adrian lidava com tudo aquilo que a fazia questionar o quanto do que estavam vivendo era apenas uma encenação e o quanto estava começando a se misturar com a realidade.Capítulo 7Adrian chegou à frente do prédio da empresa e, ao descer da limusine, percebeu imediatamente a aglomeração de repórteres do lado de fora. O burburinho crescia à medida que ele avançava, mas seus seguranças já estavam preparados, criando uma barreira firme entre ele e a multidão. Mesmo assim, os repórteres eram ousados, empurrando seus microfones e celulares o mais próximo possível, tentando captar qualquer palavra ou imagem exclusiva.Adrian respirou fundo, seu semblante impassível enquanto seguia em direção à entrada. Já havia lidado com situações como essa inúmeras vezes, mas sabia que, após a aparição pública com Helena, os questionamentos seriam mais pessoais e invasivos.- Adrian! Adrian! Quem é a mulher misteriosa? - gritou um dos repórteres, com uma câmera praticamente enfiada entre os seguranças.- Senhor Turner, sua noiva pareceu surpresa com a mídia. Isso foi planejado? - perguntou outro, com um tom provocador, tentando insinuar que tudo não passava de uma armação
Capítulo 8Helena estava sentada à mesa da cozinha, seus dedos deslizando pela borda de seu celular.Ela olhou para o relógio e decidiu agir. Pegou o celular e discou o número de Rafael, o secretário de Adrian. A linha chamou apenas duas vezes antes de ele atender com sua típica formalidade.- Senhorita Vasquez, em que posso ajudá-la? - A voz de Rafael era educada, mas direta.- Bom dia, Rafael. - Ela fez uma pausa, organizando os pensamentos antes de continuar. - Eu gostaria de saber se o senhor Turner estará livre no horário do almoço. Preciso conversar com ele, algo pessoal.Rafael hesitou por um momento, provavelmente verificando a agenda de Adrian. Helena podia imaginar ele conferindo os compromissos enquanto tentava encontrar uma brecha.- Deixe-me verificar a agenda dele. - respondeu Rafael, com um leve som de teclas ao fundo. Depois de alguns segundos, ele voltou à linha. - O senhor Turner tem uma reunião marcada às 14h, mas parece estar livre entre meio-dia e uma hora. A senh
Capítulo 9Ao entrarem no restaurante, Adrian e Helena foram recebidos com olhares discretos e algumas cabeças se voltaram curiosas para o casal que acabara de entrar. Ele a guiou até uma mesa reservada no canto, longe das janelas e do burburinho do salão principal. O ambiente era sofisticado e tranquilo, com uma leve música clássica tocando ao fundo.Helena se acomodou na cadeira e observou enquanto Adrian fazia o mesmo à sua frente. O silêncio entre eles era confortável, mas sua mente fervilhava com questões que precisavam ser discutidas. Ela respirou fundo e decidiu quebrar o gelo.- Então... - ela começou, olhando diretamente para ele. - Já temos uma data para o casamento?Adrian ergueu os olhos, seu rosto calmo e sério. Ele ficou em silêncio por um momento, como se ponderasse a melhor forma de responder. Em seguida, inclinou-se um pouco para frente, apoiando os braços sobre a mesa.- O advogado está cuidando dos detalhes - disse ele, com a voz baixa. - Provavelmente será em duas
Capítulo 10Helena finalmente conseguiu despistar os repórteres e voltar para seu apartamento. Pelo menos foi o que ela pensou, aliviada por alguns momentos de paz. Quando entrou em casa, começou a fechar as cortinas, preparando-se para ir treinar na academia da polícia, como fazia todos os dias para manter sua forma física e aliviar a mente. Mas, ao olhar pela janela antes de fechar a última cortina, seu coração afundou.Um grupo de repórteres e fotógrafos havia rodeado o prédio. Estavam lá embaixo, esperando que ela aparecesse."De novo", pensou, exasperada. Embora estivesse no décimo andar, sabia que eles dariam um jeito de tirar alguma foto comprometedora, e não podia arriscar ser flagrada saindo. O contrato com Adrian dependia da manutenção de uma imagem impecável.Ela fechou todas as cortinas rapidamente e começou a andar de um lado para o outro, pensando em como poderia despistá-los sem chamar ainda mais atenção. Não demorou muito para que uma ideia começasse a se formar em sua
Capítulo 11Richard estava inquieto enquanto a observava de longe, seus sentimentos se misturando com a raiva e o arrependimento. Ver Helena tão concentrada, decidida e inalcançável o fazia perceber o que havia perdido. Cada movimento dela na academia parecia destacá-la ainda mais para ele, como se tivesse se tornado ainda mais atraente agora que estava prestes a se casar com alguém tão poderoso quanto o tal Adrian.Quando ela se levantou e foi para o vestiário, Richard parou de se exercitar, incapaz de continuar. Ele ficou ali, olhando na direção em que ela havia desaparecido, enquanto o suor escorria pela sua testa. Foi nesse momento que um dos colegas da delegacia se aproximou, com um sorriso provocador.- Ainda apaixonado pela ex? - o colega perguntou, percebendo o olhar fixo de Richard.Richard engoliu seco, sentindo um nó na garganta, mas não disse nada. A provocação do colega apenas aumentava sua frustração. Sem responder, saiu da academia em direção aos chuveiros. Enquanto a á
Capítulo 12Quando o carro parou em frente à mansão Turner, Helena sentiu um alívio imediato ao perceber que, desta vez, não havia repórteres ou fotógrafos à vista. Ela soltou um suspiro de alívio e desceu do carro com a ajuda do motorista. Ao se aproximar da porta principal, uma das empregadas da mansão, com um sorriso simpático e acolhedor, a recebeu com cortesia.— Senhorita Vasquez, seja muito bem-vinda. O senhor Turner está aguardando.Helena sorriu em resposta, entrando na luxuosa mansão, e mal teve tempo de absorver os detalhes do ambiente antes de avistar Adrian, que apareceu no hall. Ele caminhava com confiança, e seus olhos logo se encontraram. Ele ofereceu a mão a ela, com um sorriso cortês, e, para sua surpresa, levou a mão dela aos lábios, depositando um beijo suave.Helena piscou algumas vezes, admirada. Um verdadeiro cavalheiro, ela pensou, sentindo-se ligeiramente desconcertada com o gesto inesperado. Adrian parecia ser ainda mais encantador do que ela se lembrava.— E
Capítulo 13Adrian ainda segurava a mão de Helena ao ajudá-la a se levantar do sofá quando seu olhar se voltou para as janelas. Ele franziu o cenho ao perceber uma discreta movimentação, quase imperceptível, do lado de fora.— Temos companhia — sussurrou, sem soltar a mão dela.— O quê? Aqui dentro? — Helena perguntou, surpresa.— Sim — ele confirmou, mantendo a calma.— Droga! Se eu pudesse dar uma surra neles — ela disse exaltada, tentando conter a raiva. — O que vamos fazer?Adrian a encarou por um segundo antes de sugerir:— Dar o que eles querem, se você não se importar.Helena o olhou com curiosidade, tentando entender a ideia.— O que tem em mente? — perguntou, desconfiada.— Um momento íntimo, do jeito que eles querem — ele respondeu com um sorriso malicioso, seus olhos brilhando de astúcia.Helena hesitou por um segundo, ponderando a proposta, mas sabia que essa era a maneira mais eficiente de manter as aparências e, ao mesmo tempo, despistar qualquer suspeita.— Certo — diss
Capítulo 14Helena olhou para o celular e viu a mensagem de Richard piscando na tela. Ele havia jogado conversa fora, um típico "bom treino amanhã" e "aproveite seu descanso", claramente tentando se aproximar de novo. Respondeu com um simples “Obrigada”, sem intenção de prolongar a conversa, tentando cortar qualquer chance de interação mais longa. Suspirando, voltou-se para a televisão, mas a mente estava inquieta. Ela não conseguia se concentrar em nenhum programa. Seus pensamentos voltavam, repetidamente, à pressão do casamento. A responsabilidade pesava sobre seus ombros.Ela nunca foi uma mulher de usar vestidos, saltos ou maquiagens. E agora, joias? O conceito parecia tão distante de sua realidade que ela se sentia quase uma impostora."Eu mal sei escolher um brinco, quanto mais um anel de noivado ou até mesmo o vestido do casamento", pensou, revirando os olhos. Helena fez uma anotação mental: "Visitar uma joalheria amanhã".Precisaria de ajuda, talvez até contratar alguém que