Capítulo 5
Adrian entrou em seu quarto, fechando a porta silenciosamente atrás de si. Ele estava mergulhado em seus pensamentos, o que era raro para alguém tão controlado. Soltou um longo suspiro enquanto afrouxava a gravata, sentindo o peso dos eventos da noite. Tirou o paletó e jogou-o casualmente sobre uma cadeira próxima, caminhando até o banheiro. Cada movimento seu era lento, como se estivesse absorvendo o que tinha acabado de acontecer. Os beijos. Por que tantos? Adrian sempre fora um homem racional, meticuloso, e nada do que fazia era sem motivo. Mas beijar Helena repetidamente naquela noite... aquilo não estava em seus planos. No entanto, ele não conseguiu evitar. Algo nela o atraía, de uma forma que ele ainda estava tentando compreender. Ele se olhou no espelho por um momento, seus dedos começando a desabotoar a camisa. "Foi necessário?", pensou ele, tentando justificar para si mesmo. "É claro que foi. Precisamos pegar uma certa intimidade para parecermos convincentes." Mas, no fundo, sabia que não era só isso. Cada vez que seus lábios encontravam os dela, havia algo a mais. Algo além do simples ato de manter as aparências. Já sem a camisa, Adrian esfregou o rosto com as mãos, como se quisesse clarear as ideias. "O que está acontecendo comigo?", murmurou, tirando o cinto e as calças em seguida. O encontro com Helena estava mexendo com ele de uma maneira que jamais imaginara. Ele, que sempre controlava todas as situações, sentia que o controle começava a escapar pelas bordas. E isso o incomodava profundamente. Entrou no chuveiro, ligando a água quente. O som do jato batendo contra o piso de mármore o relaxava, mas sua mente continuava a divagar. Helena não era apenas bonita, isso ele já sabia. Ela era confiante, determinada, e algo nela o fazia querer se aproximar cada vez mais. "Isso não é parte do acordo", pensou, enquanto a água escorria pelo seu corpo. Terminaram de fechar o contrato de casamento, e ele sabia que, a partir daquele momento, tudo precisava ser extremamente profissional. Mas, com Helena, era diferente. Cada vez que a tocava, cada beijo... sentia como se estivesse cruzando uma linha que não deveria. Adrian desligou o chuveiro e passou a mão pelos cabelos molhados. Enquanto se enxugava, decidiu que precisava manter o foco. Não podia deixar que essa atração física interferisse no que eles estavam tentando fazer. Ele se jogou na cama, o corpo relaxando contra o colchão macio, mas sua mente ainda estava agitada. Virou-se de lado, os pensamentos ainda em Helena. Ela era mais do que uma parceira nesse contrato; de alguma forma, estava se tornando mais do que isso em sua mente, e isso o assustava. Ele sabia que deveria ser cuidadoso. Não podia permitir que as coisas saíssem do controle, ainda mais com os segredos e problemas que enfrentavam. Com um último suspiro, fechou os olhos, tentando apagar as lembranças dos beijos daquela noite. Mas o toque de seus lábios ainda permanecia em sua mente, como uma chama que ele não conseguia apagar. *** Na manhã seguinte, havia uma movimentação discreta do lado de fora da mansão de Adrian Turner. Repórteres e fotógrafos ainda se aglomeravam, esperando capturar qualquer momento que pudesse revelar mais sobre o magnata e sua misteriosa noiva. Os flashes estavam prontos, as perguntas afiadas, e as câmeras focadas na entrada imponente da casa. Lá dentro, Adrian já estava acordado, embora não tivesse dormido tão profundamente como esperava. Levantou-se devagar, deixando para trás os pensamentos confusos da noite anterior. Vestiu uma camisa branca e calças escuras. Ele não conseguia afastar a lembrança dos beijos com Helena e o efeito que isso teve nele. Após ajustar o último botão da camisa, ele olhou para o relógio. Já estava na hora de acordar Helena. Precisavam sair e enfrentar o mundo lá fora, juntos. Colocou o sapato e o paletó e saiu do quarto. Caminhou até o corredor, seus passos ecoando suavemente pela mansão silenciosa, e parou em frente à porta do quarto onde ela estava. - Helena? - chamou ele, batendo de leve na porta. Nenhuma resposta. - Helena? - repetiu, um pouco mais alto dessa vez, mas novamente, silêncio. Adrian franziu a testa, hesitando por um momento. Talvez ela ainda estivesse dormindo. Com cautela, ele abriu a porta lentamente e entrou. O quarto estava banhado pela luz suave da manhã, e lá estava ela, deitada sob as cobertas. Helena parecia tranquila e serena. Ele se aproximou da cama, mais uma vez chamando seu nome, desta vez com um tom mais suave. - Helena, está na hora de acordar. Ela se mexeu um pouco, os olhos ainda fechados, claramente não pronta para enfrentar o mundo. Adrian sorriu de leve. - Helena... - Ele tocou de leve o ombro dela. - Precisamos ir. Lentamente, Helena abriu os olhos, piscando algumas vezes enquanto tentava se situar. Ela olhou para Adrian, que estava inclinado sobre ela com uma expressão suave, e a realidade da situação começou a voltar aos poucos. - Já é de manhã? - murmurou, ainda meio sonolenta. - Sim. E tem uma multidão nos esperando lá fora. Helena suspirou, sentindo o peso do novo papel que havia assumido. Ela sabia que o contrato incluía muito mais do que imaginava. Os beijos, os fotógrafos, os olhares curiosos... era só o começo. Adrian deu um pequeno sorriso antes de se afastar, dando a ela o espaço que precisava para se levantar. Helena era forte, e ele sabia que, por mais estranho que fosse tudo isso, ela conseguiria lidar com a pressão. - Não tenha pressa, mas quanto mais rápido sairmos, mais fácil será. Ela assentiu e olhou ao redor do quarto percebendo que estava sem opções de roupa. Só tinha o vestido justo que estava usando. Ela suspirou, um pouco frustrada. Não podia enfrentar o dia, muito menos os repórteres, com a mesma roupa da noite anterior. Adrian percebeu a expressão no rosto dela, a leve tensão em sua testa, e sem dizer nada, pediu que aguardasse um momento. - Já volto - disse ele, saindo do quarto em passos rápidos. Ela o observou sair, ainda um pouco confusa. O que ele faria? Enquanto esperava, Helena se levantou e deu uma olhada no espelho, ajeitando o cabelo com as mãos. Ela precisava de algo para vestir, mas não fazia ideia de como resolver isso naquele momento. Pouco tempo depois, Adrian retornou, carregando um vestido simples, mas muito bonito. Ele o estendeu para ela com um sorriso calmo. - Acho que isso vai te servir. Helena olhou surpresa para o vestido, pegando-o com cuidado. Era realmente lindo, mas a dúvida logo se formou em sua mente. - Onde você conseguiu isso tão rápido? - perguntou, desconfiada, franzindo o cenho enquanto examinava o tecido. - De quem era? - completou, uma pitada de ciúme surgindo involuntariamente. A imagem de Adrian cercado por "milhões de mulheres", se formou em sua cabeça. Adrian riu suavemente ao perceber o tom dela e se aproximou um pouco mais, seus olhos brilhando divertidos. - Pedi para uma das empregadas que tem o mesmo porte físico que o seu - disse ele, com um sorriso sincero. Helena ainda olhou para ele com um pouco de desconfiança, mas não pôde evitar a leve sensação de alívio que veio junto com a explicação. - Ah... Entendi - respondeu, abaixando os olhos para o vestido novamente, sentindo-se um pouco boba por ter pensado outra coisa. Pegou o vestido e se dirigiu ao banheiro para se trocar. Enquanto ela entrava, Adrian ficou parado por um momento, observando a porta se fechar.Capítulo 6Helena desceu as escadas com passos elegantes, mas rápidos, enquanto ajustava discretamente o vestido que Adrian lhe havia trazido. Quando seus olhos encontraram os dele, viu que Adrian a aguardava pacientemente na entrada da mansão, com uma aparência impecável. Ele sorriu ao vê-la, um gesto discreto, e ofereceu o braço como um perfeito cavalheiro.— Está linda — murmurou ele, com um sorriso genuíno, estendendo o braço.Helena aceitou o gesto, enlaçando o braço de Adrian com delicadeza. Juntos, caminharam em direção à limusine que já estava à espera. Quando entraram no carro, ele segurou a mão dela com suavidade, algo que se tornava cada vez mais natural entre os dois. O carro partiu devagar, os portões da mansão se abrindo lentamente à frente.Conforme a limusine avançava, os repórteres começaram a se aglomerar nas laterais do veículo. Flashes de câmeras explodiam em todas as direções, com uma enxurrada de luzes, enquanto vozes se erguiam, tentando capturar qualquer inform
Capítulo 7Adrian chegou à frente do prédio da empresa e, ao descer da limusine, percebeu imediatamente a aglomeração de repórteres do lado de fora. O burburinho crescia à medida que ele avançava, mas seus seguranças já estavam preparados, criando uma barreira firme entre ele e a multidão. Mesmo assim, os repórteres eram ousados, empurrando seus microfones e celulares o mais próximo possível, tentando captar qualquer palavra ou imagem exclusiva.Adrian respirou fundo, seu semblante impassível enquanto seguia em direção à entrada. Já havia lidado com situações como essa inúmeras vezes, mas sabia que, após a aparição pública com Helena, os questionamentos seriam mais pessoais e invasivos.- Adrian! Adrian! Quem é a mulher misteriosa? - gritou um dos repórteres, com uma câmera praticamente enfiada entre os seguranças.- Senhor Turner, sua noiva pareceu surpresa com a mídia. Isso foi planejado? - perguntou outro, com um tom provocador, tentando insinuar que tudo não passava de uma armação
Capítulo 8Helena estava sentada à mesa da cozinha, seus dedos deslizando pela borda de seu celular.Ela olhou para o relógio e decidiu agir. Pegou o celular e discou o número de Rafael, o secretário de Adrian. A linha chamou apenas duas vezes antes de ele atender com sua típica formalidade.- Senhorita Vasquez, em que posso ajudá-la? - A voz de Rafael era educada, mas direta.- Bom dia, Rafael. - Ela fez uma pausa, organizando os pensamentos antes de continuar. - Eu gostaria de saber se o senhor Turner estará livre no horário do almoço. Preciso conversar com ele, algo pessoal.Rafael hesitou por um momento, provavelmente verificando a agenda de Adrian. Helena podia imaginar ele conferindo os compromissos enquanto tentava encontrar uma brecha.- Deixe-me verificar a agenda dele. - respondeu Rafael, com um leve som de teclas ao fundo. Depois de alguns segundos, ele voltou à linha. - O senhor Turner tem uma reunião marcada às 14h, mas parece estar livre entre meio-dia e uma hora. A senh
Capítulo 9Ao entrarem no restaurante, Adrian e Helena foram recebidos com olhares discretos e algumas cabeças se voltaram curiosas para o casal que acabara de entrar. Ele a guiou até uma mesa reservada no canto, longe das janelas e do burburinho do salão principal. O ambiente era sofisticado e tranquilo, com uma leve música clássica tocando ao fundo.Helena se acomodou na cadeira e observou enquanto Adrian fazia o mesmo à sua frente. O silêncio entre eles era confortável, mas sua mente fervilhava com questões que precisavam ser discutidas. Ela respirou fundo e decidiu quebrar o gelo.- Então... - ela começou, olhando diretamente para ele. - Já temos uma data para o casamento?Adrian ergueu os olhos, seu rosto calmo e sério. Ele ficou em silêncio por um momento, como se ponderasse a melhor forma de responder. Em seguida, inclinou-se um pouco para frente, apoiando os braços sobre a mesa.- O advogado está cuidando dos detalhes - disse ele, com a voz baixa. - Provavelmente será em duas
Capítulo 10Helena finalmente conseguiu despistar os repórteres e voltar para seu apartamento. Pelo menos foi o que ela pensou, aliviada por alguns momentos de paz. Quando entrou em casa, começou a fechar as cortinas, preparando-se para ir treinar na academia da polícia, como fazia todos os dias para manter sua forma física e aliviar a mente. Mas, ao olhar pela janela antes de fechar a última cortina, seu coração afundou.Um grupo de repórteres e fotógrafos havia rodeado o prédio. Estavam lá embaixo, esperando que ela aparecesse."De novo", pensou, exasperada. Embora estivesse no décimo andar, sabia que eles dariam um jeito de tirar alguma foto comprometedora, e não podia arriscar ser flagrada saindo. O contrato com Adrian dependia da manutenção de uma imagem impecável.Ela fechou todas as cortinas rapidamente e começou a andar de um lado para o outro, pensando em como poderia despistá-los sem chamar ainda mais atenção. Não demorou muito para que uma ideia começasse a se formar em sua
Capítulo 11Richard estava inquieto enquanto a observava de longe, seus sentimentos se misturando com a raiva e o arrependimento. Ver Helena tão concentrada, decidida e inalcançável o fazia perceber o que havia perdido. Cada movimento dela na academia parecia destacá-la ainda mais para ele, como se tivesse se tornado ainda mais atraente agora que estava prestes a se casar com alguém tão poderoso quanto o tal Adrian.Quando ela se levantou e foi para o vestiário, Richard parou de se exercitar, incapaz de continuar. Ele ficou ali, olhando na direção em que ela havia desaparecido, enquanto o suor escorria pela sua testa. Foi nesse momento que um dos colegas da delegacia se aproximou, com um sorriso provocador.- Ainda apaixonado pela ex? - o colega perguntou, percebendo o olhar fixo de Richard.Richard engoliu seco, sentindo um nó na garganta, mas não disse nada. A provocação do colega apenas aumentava sua frustração. Sem responder, saiu da academia em direção aos chuveiros. Enquanto a á
Capítulo 12Quando o carro parou em frente à mansão Turner, Helena sentiu um alívio imediato ao perceber que, desta vez, não havia repórteres ou fotógrafos à vista. Ela soltou um suspiro de alívio e desceu do carro com a ajuda do motorista. Ao se aproximar da porta principal, uma das empregadas da mansão, com um sorriso simpático e acolhedor, a recebeu com cortesia.— Senhorita Vasquez, seja muito bem-vinda. O senhor Turner está aguardando.Helena sorriu em resposta, entrando na luxuosa mansão, e mal teve tempo de absorver os detalhes do ambiente antes de avistar Adrian, que apareceu no hall. Ele caminhava com confiança, e seus olhos logo se encontraram. Ele ofereceu a mão a ela, com um sorriso cortês, e, para sua surpresa, levou a mão dela aos lábios, depositando um beijo suave.Helena piscou algumas vezes, admirada. Um verdadeiro cavalheiro, ela pensou, sentindo-se ligeiramente desconcertada com o gesto inesperado. Adrian parecia ser ainda mais encantador do que ela se lembrava.— E
Capítulo 13Adrian ainda segurava a mão de Helena ao ajudá-la a se levantar do sofá quando seu olhar se voltou para as janelas. Ele franziu o cenho ao perceber uma discreta movimentação, quase imperceptível, do lado de fora.— Temos companhia — sussurrou, sem soltar a mão dela.— O quê? Aqui dentro? — Helena perguntou, surpresa.— Sim — ele confirmou, mantendo a calma.— Droga! Se eu pudesse dar uma surra neles — ela disse exaltada, tentando conter a raiva. — O que vamos fazer?Adrian a encarou por um segundo antes de sugerir:— Dar o que eles querem, se você não se importar.Helena o olhou com curiosidade, tentando entender a ideia.— O que tem em mente? — perguntou, desconfiada.— Um momento íntimo, do jeito que eles querem — ele respondeu com um sorriso malicioso, seus olhos brilhando de astúcia.Helena hesitou por um segundo, ponderando a proposta, mas sabia que essa era a maneira mais eficiente de manter as aparências e, ao mesmo tempo, despistar qualquer suspeita.— Certo — diss