Capítulo 8

Capítulo 8

Helena estava sentada à mesa da cozinha, seus dedos deslizando pela borda de seu celular.

Ela olhou para o relógio e decidiu agir. Pegou o celular e discou o número de Rafael, o secretário de Adrian. A linha chamou apenas duas vezes antes de ele atender com sua típica formalidade.

- Senhorita Vasquez, em que posso ajudá-la? - A voz de Rafael era educada, mas direta.

- Bom dia, Rafael. - Ela fez uma pausa, organizando os pensamentos antes de continuar. - Eu gostaria de saber se o senhor Turner estará livre no horário do almoço. Preciso conversar com ele, algo pessoal.

Rafael hesitou por um momento, provavelmente verificando a agenda de Adrian. Helena podia imaginar ele conferindo os compromissos enquanto tentava encontrar uma brecha.

- Deixe-me verificar a agenda dele. - respondeu Rafael, com um leve som de teclas ao fundo. Depois de alguns segundos, ele voltou à linha. - O senhor Turner tem uma reunião marcada às 14h, mas parece estar livre entre meio-dia e uma hora. A senhorita gostaria que eu agendasse algo nesse horário?

Helena sorriu, satisfeita com a resposta.

- Sim, por favor. Diga a ele que gostaria de encontrá-lo para almoçar.

Rafael confirmou o agendamento e se despediu cordialmente, encerrando a chamada. Helena respirou fundo e colocou o celular sobre a mesa. Sabia que esse seria o primeiro passo para começar a investigação.

Agora era a hora de jogar o jogo, e ela estava pronta para enfrentar o desafio.

Helena chegou ao prédio da empresa às 11:30, um pouco antes do horário combinado. A recepcionista, já familiarizada com ela, a liberou de imediato com um sorriso, sem qualquer resistência, como se sua presença ali fosse algo natural e esperado.

Ao entrar no elevador panorâmico, Helena se permitiu um momento de contemplação. Ela observou as pessoas lá embaixo, andando apressadas pela calçada, e os carros que passavam em ritmo constante.

As portas do elevador se abriram no andar da presidência. Ela olhou ao redor, percebendo que Rafael não estava à vista. Isso significava que, possivelmente, ele não havia avisado Adrian de sua chegada antecipada.

Ela caminhou até a sala de Adrian com passos firmes e decididos. Bateu levemente na porta antes de ouvir sua voz grave convidando-a a entrar.

- Helena? Não sabia que já tinha chegado - disse Adrian, levantando-se da cadeira de couro atrás de sua mesa imponente. - Achei que viria um pouco mais tarde.

Helena sorriu levemente, como quem planejou exatamente esse momento.

- Resolvi adiantar um pouco, espero que não seja um problema - ela respondeu, aproximando-se da mesa dele. - Antes de sairmos para o almoço, há algo que preciso discutir com você.

Adrian arqueou uma sobrancelha, mas permaneceu relaxado. Ele indicou uma cadeira para que ela se sentasse, e Helena aceitou a oferta, se acomodando.

- Preciso ter acesso completo às informações da empresa - ela começou, direta. - Para realizar bem o meu trabalho e também para entender melhor como tudo funciona, seria essencial que eu tivesse a senha para o sistema da empresa. Com isso, poderei me inteirar de tudo e auxiliar de forma mais eficaz.

Adrian inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos sobre a mesa. Seu olhar ficou mais atento, avaliando o pedido dela.

- Você quer a senha para o acesso geral? - Ele perguntou, sua voz sem qualquer sinal de desconfiança, mas visivelmente ponderando a solicitação.

Helena sabia que estava pisando em território delicado, mas manteve sua expressão confiante.

- Sim. Eu sei que é um pedido grande, mas acredito que, se estamos juntos nessa, a confiança deve ser mútua.

Adrian a observou por um longo momento, medindo as palavras dela, como se tentasse discernir algo mais por trás daquele pedido. Após alguns segundos de silêncio que pareceram uma eternidade, ele se levantou e caminhou até uma prateleira onde guardava alguns documentos.

- Muito bem - ele disse, voltando para sua mesa com uma pasta em mãos. - Não vejo problema nisso. Afinal, você já está inserida na empresa e vamos trabalhar juntos de qualquer forma.

Ele digitou algo em seu computador e escreveu a senha em um papel, que entregou a Helena. Seus dedos roçaram levemente os dela no processo, e por um momento, ela sentiu um arrepio.

- Aqui está - disse ele, com um sorriso tranquilo. - Espero que faça bom uso.

Helena pegou o papel, decorou a senha e depois triturou o papel. Ela sabia que aquele era um grande passo, e agora tinha acesso às informações que precisaria para dar início à sua investigação.

- Obrigada - ela respondeu, se levantando. - Vamos almoçar?

***

Ao chegarem no restaurante, Adrian desceu da limusine com uma expressão séria, mas algo em seu olhar ainda parecia desconectado.

Helena estendeu a mão para ele, aceitando sua ajuda, e antes que ela pudesse questionar o motivo de sua súbita tensão, ele a puxou para mais perto.

O gesto foi inesperado, rápido, e Helena mal teve tempo de processar a situação quando sentiu os braços de Adrian ao seu redor.

- O que você... - começou a dizer, mas foi interrompida.

Ele a tomou nos braços com uma intensidade que a surpreendeu, e antes que pudesse reagir, seus lábios estavam nos dela. O beijo foi muito mais profundo e cheio de paixão do que qualquer outro que haviam compartilhado até então.

Helena sentiu o calor de seu corpo contra o dela, o ritmo de sua respiração, e o mundo ao redor pareceu desaparecer por alguns instantes.

Quando ele finalmente se afastou, seus olhos estavam fixos nos dela, como se estivesse esperando uma reação, uma confirmação de que aquilo era necessário.

Ela piscou algumas vezes, ainda tentando processar o que acabara de acontecer. Não sabia o que dizer, mas o beijo tinha sido tão intenso que seu coração ainda batia acelerado. Adrian a segurou firmemente pela cintura, e ela quase perguntou se aquilo realmente fazia parte do "teatro" que estavam encenando.

- Isso... foi... - ela começou a falar, com a voz vacilante, mas uma movimentação a interrompeu.

Do outro lado da rua, escondidos entre arbustos e árvores, um fotógrafo e um repórter cochichavam animadamente, conseguiram pegar o beijo de Adrian e Helena de ângulos diferentes, sussurrando entre si sobre como aquela foto renderia uma manchete bombástica para o dia seguinte.

Adrian percebeu o movimento e sussurrou no ouvido de Helena enquanto segurava sua mão com firmeza:

- Parece que temos companhia.

Helena olhou discretamente para o lado, e viu os paparazzi escondidos. Ela estava irritada, mas tentou manter a calma.

- Eles vão fazer uma festa com isso, não é? - ela murmurou, tentando manter o tom de voz neutro, embora uma pequena faísca de raiva estivesse presente.

Adrian deu um sorriso suave, mas firme, enquanto a guiava para dentro do restaurante.

- Faz parte do show, querida - ele disse calmamente, voltando a colocar a mão em sua cintura. - Precisamos convencê-los de que isso é real, não é?

- Isso é um fato - ela disse e sorriu.

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