– Você está linda! – Estela disse ao entrar na sala da noiva.
– Obrigada. – Sorri. – Confesso que sendo vestida pela minha vó eu esperava algo com mais volume e babados do que pudesse aguentar.
– Está nervosa? – Estela sentou-se em uma poltrona enquanto eu me encarava no espelho dando os retoques finais no cabelo e na maquiagem.
– Para me casar pela terceira vez com o mesmo cara? – olhei de relance para ela, que sorriu.
– Mais ou menos isso.
– Um pouco, devo admitir. – falei enquanto observava Estela mexer no pote de amendoim ao lado da poltrona em que estava sentada. - Mas só pelo fato de que eu não sei o que esperar desse casamento. Deixei tudo nas mãos da mãe de Sebastian e do vovô e da vovó. Bem, na verdade, só fiz uma exigência.
– E qual seria? – perguntou com a boca cheia de amendoins.
– Escolher os padrinhos.
– Acho que você poderia ter estendido essa decisão para as roupas das madrinhas. Estou s
A cerimônia foi rápida e linda, do jeito que eu gostava. Agora todos comiam e bebiam e nós cumprimentávamos um por um, sempre ouvindo um “quem diria” ou “quem poderia imaginar”. Sebastian não soltava minhas mãos e, quando precisava, se certificava que alguma parte de nós estivesse em contato. Aproveitamos também a oportunidade para renovar as fotos de casamento. E dessa vez fizemos do jeito certo, mas com o mesmo fotógrafo. Estávamos tirando essas fotos quando Serdeberão interrompeu a música ao vivo com uma taça de champanhe na mão pedindo a atenção de todos. – Luiza, Sebastian, aproximem-se, por favor. Paramos as fotos e Sebastian pegou uma cadeira para nós. UMA cadeira mesmo. Sentei em seu colo. – Gostaria de aproveitar esse momento para contar uma história para vocês. Todos vocês. – Respirou fundo e deu um gole demorado na bebida. - Era uma vez a minha melhor amiga. Ela era a pessoa mais amorosa, paciente e sábia que um dia eu pude conhecer. Sempre
As crianças estavam enfileiradas, todas com postura exemplar e comportamento excelente, agrupadas de forma a abrirem um corredor no meio deles. Em seguida, um homem, a passos lentos e firmes começou a caminhar pelo corredor de crianças indo em direção ao palco construído a frente delas. Ele vestia um terno preto, sapatos de couro preto, andava com a ajuda de uma bengala e usava uma coroa grande e pesada na cabeça. Esse homem era Sebastian. Suspirei. — Sabe, eu não sei quem é mais patético, sou pai ou esse babaca. – comentei com Soninha que estava ao meu lado, segurando seu filho mais novo no colo. — Você ainda tem dúvidas de que é Sebastian? – respondeu. — Espero que essa sua avaliação não esteja carregada de rancor e ressentimento por ele não ser pai de nenhum desses teus filhos. – Alfinetei. A gente podia se falar, mas isso não queria dizer que éramos melhores amigas. Longe disso, graças a Deus. — Luiza,
Sabe aqueles dias em que a gente acorda com um pressentimento ruim? Apesar dessa sensação não ser mais uma novidade pra mim, algo me dizia que hoje as coisas seriam piores. Não estou exagerando se é isso o que vocês estão pensando. Mas acreditem, Sebastian me dá motivos suficientes pra desconfiar de tudo e todos a minha volta. Quem é Sebastian? Bom, ele é meu primo de consideração. Devido a nos conhecermos desde que usávamos fraldas, crescemos fazendo parte da família um do outro (querendo ou não) e, por nos amarmos tanto (sarcasticamente falando), também somos vizinhos. Agora, imaginem ver um idiota como ele o dia todo, todo dia. Pois é, além de sermos primos e vizinhos, também cursamos a mesma faculdade. Temos até algumas aulas juntos. Por que nos odiamos? Boa pergunta! Acho que é coisa de nascença, pois já fomos parar várias vezes na cadeia (não, não é exagero). Tenho certeza de que dois jovens normais e honestos não teriam esse problema. Honestos
Luiza's Pov Ah, Sebastian me pagaria. Essa era a única coisa que eu sabia até o momento. O problema era definir como ele me pagaria. Não conseguia imaginar nada que fosse à altura do que ele merecia. Os dias se passaram rápido até demais. Já era sábado e eu não tinha conseguido pensar em uma forma de me vingar. Sábado era um dos poucos dias que eu conseguia descansar. Não tinha trabalho voluntário e muito menos faculdade. Geralmente em fins de semana, fazia as coisas para meus avós. Eu devia muito a eles. Minha mãe morreu de um tumor no cérebro, o que me motivou a ser médica, na esperança de salvar vidas. E ultimamente estava tendo um forte interesse em me tornar paramédica. Meu pai e o amigo dele, que por coincidência vem a ser o pai de Sebastian, foram para a Europa tentar a vida e acabaram se tornando empresários, donos de uma rede de boates muito famosa por lá, que as poucos estava se expandindo pelo continente. Poré
Sebastian’s PovAcordei ainda sentindo dor pela noite passada. Parecia que eu estava cagado, andando com as pernas afastadas pra não piorar a situação. Levantei com cuidado, fiz tudo o que tinha que fazer e fui pra casa dos meus avós.– Bom dia. – falei.– Bom dia, filho. O que aconteceu pra você estar andando assim? – vovó perguntou.– Longa história... – nessa hora vovô entrou na sala chamando minha avó.– O que foi, Marcelo? – perguntou.– Preciso contar uma novidade pra vocês. Acorde Luiza e fale pra ela vir logo. Quando estiverem todos aqui, eu conto.– Pode deixar que eu faço questão de acordá-la. – Não perderia essa oportunidade por nada no mundo.– Tem certeza disso, Sebastian? – vovó perguntou.– Absoluta,
Luiza’s Pov – Achei o remédio. – falei entrando na sala. Estava tudo bagunçado e Sebastian lia o jornal, sentado na poltrona. – Cadê o pirralho? – Fugiu. – Ele falou na maior tranquilidade possível. Entrei em pânico. – Ele o quê??? – Fugiu. Tá surda? – senti uma vertigem me inundar. – COMO ASSIM VOCÊ DEIXOU UMA CRIANÇA DE 6 ANOS FUGIR? – gritei. – Eu tentei correr atrás dele. Mas o bichinho era rápido. – Bichinho? Sebastian, eu não quero saber como, mas você vai me trazer aquela criança de volta. – Ordenei. – Por que eu? – Porque foi você quem deixou ele fugir! – Tudo bem, eu vou. – Se levantou. – Mas você vai comigo. – Me puxou pelo braço para a rua. Rodamos a cidade toda procurando Gabriel. E a cada minuto que não o achávamos, meu desespero aumentava. Meu Deus, onde aquela criança poderia estar? Eliza me mataria caso algo acontecesse com ele. E se eu morresse, Sebastian iria ju
Quinhentos reais apenas para falar a verdade. É por isso que sempre gostei de negociar com Sebastian. Assim que ele me soltou fui direto para a cozinha, um pouco mais feliz que o normal. Chegando lá, todos já estavam comendo o lanche que eu havia preparado. – Poxa... Nem me esperaram. – Fingi estar triste. – Ah, prima, fica triste não. Se você quiser me transformo em Chama e queimo o Sebastian. – Jogou um olhar assassino pro dito cujo que entrava na cozinha. - Você ficaria feliz? – A razão me manda mentir, mas a minha vontade me manda dizer a verdade... – Luiza! – Fui repreendida. – Desculpa, vó, mas é verdade. Se eu minto, você briga, se eu falo a verdade, você também briga! – Me defendi. – Luiza, por favor, não comece. – Revirei os olhos. – Ah, que isso vó. Deixe-a continuar. Como você pode impedi-la de concorrer ao Oscar como melodrama do ano? – E mais uma vez Sebastian colocando lenha no fogo. – Vou
– E aí, Lu, como foi na prova? – Pedro perguntava, enquanto descíamos as escadas do corredor da faculdade. – Sei lá. Não foi péssima, porque eu costumo estudar um pouco diariamente. Mas nossa, aquilo não foi prova. Acho que até em prova de concurso público eu ia melhor. – É, realmente a prova tava bem complicada. Por isso que eu não gosto desse professor. Continuamos falando sobre a prova enquanto íamos para a lanchonete, mas antes que eu pudesse entrar e comer alguma coisa, vejo meus avós vindo na minha direção com Biel entre eles. Eu sabia que alguma coisa ia acabar sobrando pra mim, sabia. Tentei dar meia volta e me esconder em algum lugar, mas acabei esbarrando em alguém, que logo percebi ser Sebastian. – Com licença? – Não. – ele respondeu. – Por que não? – Perguntei incrédula. – Porque não vou perder a oportunidade de te fazer tomar conta de um pirralho. – Revirei os olhos e tentei fugir, mas ele me agarr