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Capítulo 4 - Correria, loucura e Rivotril

Luiza’s Pov

– Achei o remédio. – falei entrando na sala. Estava tudo bagunçado e Sebastian lia o jornal, sentado na poltrona. – Cadê o pirralho?

– Fugiu. – Ele falou na maior tranquilidade possível. Entrei em pânico.

– Ele o quê???

– Fugiu. Tá surda? – senti uma vertigem me inundar.

– COMO ASSIM VOCÊ DEIXOU UMA CRIANÇA DE 6 ANOS FUGIR? – gritei.

– Eu tentei correr atrás dele. Mas o bichinho era rápido.

– Bichinho? Sebastian, eu não quero saber como, mas você vai me trazer aquela criança de volta. – Ordenei.

– Por que eu?

– Porque foi você quem deixou ele fugir!

– Tudo bem, eu vou. – Se levantou. – Mas você vai comigo. – Me puxou pelo braço para a rua.

Rodamos a cidade toda procurando Gabriel. E a cada minuto que não o achávamos, meu desespero aumentava. Meu Deus, onde aquela criança poderia estar? Eliza me mataria caso algo acontecesse com ele. E se eu morresse, Sebastian iria junto. Andamos por umas 3 horas seguidas, discutindo, brigando, se batendo, e procurando a criança, é claro. Minhas pernas já estavam dormentes de tanto andar. Precisava parar, precisava ir para casa.

Sebastian’s Pov

Nós dois estávamos cansados. Não aguentávamos mais andar. Entramos em um monte de buracos procurando aquela peste. Arranjamos confusão em um bar, que acabou com todo mundo pelo menos com um corte e uma garrafada na cabeça. Sem querer soltamos um cachorro de onde estava preso e tivemos que correr atrás dele pra devolver ao dono. Armamos um barraco em um supermercado. Por causa do nosso estado, acharam que éramos mendigos ou perto disso. Luiza discutiu tão feio com o gerente que fomos expulsos do mercado, e duvido muito que pudéssemos voltar lá novamente.

– Estou cansada, preciso ir pra casa. – falou a dita cuja.

– Imagino... deve ser cansativo discutir com o gerente de um mercado. – Alfinetei.

– Tanto quanto sair a garrafadas de um bar. – Essa me pegou. – Vamos voltar. Se ainda não achamos aquela criança, não vai ser agora que iremos encontrá-lo.

– E o que pretende dizer à Eliza? – perguntei.

– Sei lá. Que tal: “ Eliza, seu filho foi arrebatado”.

– É, pelo menos ele foi pro céu. – disse irônico.

– Vou ignorar você. – Saiu andando na frente.

Segui-a e fomos para nossas casas. Luiza parecia realmente preocupada. Entrei em casa e enquanto passava pelo corredor para ir para meu quarto, vi minha mãe com uma criança, comendo chocolate na bancada da cozinha.

– Mãe? Quem é essa criança?

– Sou o fantasmático, você não pode me ver a menos que eu queira ser visto.

– Esquece, já sei quem é. – peguei-o pela orelha e comecei a puxá-lo para a sala.

– AAAAAAAAAI.

– Isso é pra você aprender a não fugir. Agora vamos que eu vou te levar pra Luiza. – falei.

– Sebastian! – minha mãe chamou.

– Ahhh mãe, pera aí. Esse pirralho já me deu dor de cabeça demais por um dia.

Cheguei com o garoto na hora em que Luiza arrumava a casa.

– Toma. Perdi, e achei. Meu trabalho acabou. – Avisei.

– Nada disso. Você vai me ajudar a arrumar essa bagunça!

– O quê?

– Se você tivesse segurado o garoto, ele não teria feito essa bagunça toda. É tudo culpa sua! – acusou.

– É sempre culpa minha. – Senti uma raiva imensa. Como eu odiava aquela garota! – Biel, você é o Ben 10, né? – perguntei.

– Sim. - respondeu com um brilho nos olhos.

– Então vire o XLR8 e toque o terror nessa casa! Acabe com aquela feiticeira do mal! – instiguei. E não é que o garoto fez o trabalho direitinho?

Em menos de 10 minutos Luiza já estava pensando seriamente em matá-lo ou deixá-lo vivo.

– JÁ CHEGAAAAAAAA! – gritou. Nós dois ficamos paralisados. – Você. – Apontou para Gabriel. – Você não é o Ben 10. Nunca foi e nunca será! Contente-se com a realidade. Eu também queria ser muitas coisas, mas não sou. Outra coisa, eu não sou sua mãe pra ficar aturando suas pirraças e suas atitudes violentas. Isso não é bonito. Agora pode começar a arrumar essa bagunça que você fez. – E ele fez exatamente o que ela mandou. Sem reclamar, sem resmungar, sem contestar. Ela tinha transformado ele em um fantoche.

– Nossa Luiza, você destruiu o sonho da criança.

– Desculpa, mas pra mim destruir a casa dos outros não é sonho. E você. – Apontou pra mim. – Que tipo de homem você é? Quer dizer, isso se você for mesmo um homem. Que tipo de pessoa incentiva uma criança a destruir patrimônio privado? Você não pode fazer a coisa certa uma vez na vida?

– Não. – Respondi.

– AHHH MORREEEE!!! Vai ajudar o garoto!! – mandou.

– Não, não vou. – Respondi.

– Vai sim! – retrucou.

– Então me obriga.

(...)

– Terminamos, senhora. – falou o atual exorcizado, ops, Gabriel.

E lá estava eu: ajudando-o a arrumar a casa, enquanto aquela garota fazia a comida. Como ela me obrigou? Me chantageou, dizendo que se eu não ajudasse, contaria para o namorado da garota que eu tava pegando, que a namorada, estava chifrando ele comigo. Como ela sabia? Não faço ideia. E tive que ajudar. Mas também deixamos aquela casa impecável. Às vezes eu me perguntava onde estavam meus avós, que nunca chegavam pra me salvar daquela exploração.

– Ótimo. Já terminei aqui também. – Avisou. – Agora, vá lavar as mãos e venha para a cozinha comer.

Cara, como uma pessoa pode mudar uma criança com um simples esporro? Senhor, aonde vamos parar?

– Chegamos! – ouvi a voz de meus avós.

– Já? – falou o pirralho.

– Correção, agora. – falei.

– Vejo que vocês ainda estão vivos. Que milagre é esse? – vovó falou.

– Não podia matá-lo e muito menos morrer enquanto tenho uma criança sobre minha responsabilidade. – Luiza se intrometeu, aparecendo na sala.

– Eu posso. – Afirmei.

– Ninguém te perguntou o que você pode ou não fazer. – falou.

– É, Biel, vai aprendendo. Isso se chama TPM. Todas as mulheres têm e todos os homens evitam. – Sussurrei pra ele.

– Vocês chegaram em boa hora. Acabei de fazer o lanche. – Mudou de assunto.

– EEEEEEEEEEE lancheeeeee! – o pirralho saiu correndo para a cozinha e nossos avós foram atrás. Quando Luiza estava seguindo eles,  puxei-a pelo braço e levei-a para um canto.

– O que foi, Sebastian? Quer outro beijo? Acho que você gostou da mordida. – Provocou. Ela tava muito virada no Jiraya, movida pela força do ódio para esquecer a timidez e me peitar daquele jeito.

– Nada disso. Quero que você faça com que a Bia não queira mas ficar comigo. – falei.

– E por quê?

– Porque se você já sabe do nosso rolo, quer dizer que todo mundo também sabe. E não quero ter problemas com o namorado gigante dela – expliquei.

– E o que te faz pensar que eu vou te ajudar?

– Eu te pago.

– Quanto?

– R$50,00.

– Com esse valor você não compra nem minha vontade de fazer isso. – Revirei os olhos.

– Tá bom. R$300,00. É tudo ou nada.

– R$500,00 – falou.

– R$350,00

– R$500,00

– R$400,00

– R$ 500,00

– R$420,00

– R$500,00 - insistiu.

– R$450,00

– R$500,00

– R$500,00

– Fechado. – falou, estendendo a mão. Apertei-a. – Amanhã falo com ela. Duvido que ela queira olhar na sua cara de novo após nossa conversa.

– Perfeito. Mas cuidado, não estou a fim de ser espancado. Estou tentando fugir disso, ok?

– Ok. Amanhã, esteja com meu dinheiro. Caso contrário, boa sorte. – Sorriu e saiu andando.

Pagaria R$500,00, mas ao menos não apanharia. 500? Não acredito que fui tão idiota! Devia estar escrito na minha testa: burro. Como eu pude? Quem é que paga R$500,00 por um favor? Ah é, esqueci. Eu pago.

O serviço teria que valer muito a pena. Mas mal sabia eu o que o dia seguinte iria me acarretar.

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