– Fodeu.
Sim, isso mesmo. Eu estava fodida. Não há palavra que melhor traduza meu desespero do que esta. Fo-di-da. Sebastian dormia todo largado na cama apenas de boxer preta. Enquanto isso, eu estava trancada dentro do banheiro, em posição fetal, encarando aquele palitinho do destino.
Positivo.
Milhares de coisas começaram a passar pela minha cabeça, como: “tinha um ser dentro de mim”, “eu seria mãe”, “Sebastian seria pai”, “como Sebastian reagiria diante da notícia?”, “sou nova demais para ter filhos”.
Eu estava apavorada! E a faculdade, como ficaria? Eu teria que contar pra família, mas eles ainda mal sabiam que nós tínhamos nos casado! Eles mal sabiam que a gente sentia algo que não fosse ódio, na verdade. Como eu os enfrentaria? Deus, será que eu podia ficar escondida ali até que essa criança nascesse? Eu estava morrendo de medo e sentindo um embrulho gigante no estômago.
Eu... eu não entendia. Nós não éramos muito adepto
Luiza’s pov A partir deste ponto eu contarei a história, porque de conteúdo idiota já bastam as atitudes e frases de Sebastian. Descobrir os pensamentos seria demais. Sebastian encarava o teste de gravidez que tinha parado no chão. Estava estático, parecia uma porta, sem reação alguma. – Sebastian, você ouviu o que eu disse? - passaram-se alguns minutos até que eu fizesse aquela pergunta. Tinha esperança de que ele voltaria a si. – Grávida... Como assim grávida? - me encarou. Parecia não entender o que estava acontecendo. – Como assim "como assim grávida"? – Tem certeza que tem um... Hã... Ser vivo aí dentro? Tem certeza que não é uma lombriga, sei lá. - Arqueei uma sobrancelha. – Ta brincando comigo, né, Sebastian? – perguntei. – Ta falando sério? – me rebateu. – O que você acha? – cruzei os braços. – E quem me garante que é meu? – Quê? - eu estava escutan
Sebastian’s povEu tava muito mal, péssimo. Estava sem Luiza e sem meu filho. Meu filho. Eu não pensava que isso fosse acontecer tão cedo. Luiza usava DIU. Tinha dias que eu não dormia direito, não comia direito, não fazia nada. Deus, eu seria pai! E se o bebê não gostasse de mim? E se eu não soubesse criá-lo? Como eu pagaria a escola, compraria fraldas, dormiria de noite? Eu me sentia seguro de arriscar porque sabia que Luiza e eu poderíamos dar um jeito juntos, mas com um bebê eu já começava a pensar em passar num concurso público, comprar uma casa e um cachorro.Eu me sentia o pior homem do mundo por fazer a mulher que eu amava sofrer daquela forma, mas eu estava desesperado, o que poderia fazer? Luiza tinha aquele espírito materno defensor dos oprimidos, mas e eu? Eu era o canalha sem futuro aos olhos d
– Você está linda! – Estela disse ao entrar na sala da noiva. – Obrigada. – Sorri. – Confesso que sendo vestida pela minha vó eu esperava algo com mais volume e babados do que pudesse aguentar. – Está nervosa? – Estela sentou-se em uma poltrona enquanto eu me encarava no espelho dando os retoques finais no cabelo e na maquiagem. – Para me casar pela terceira vez com o mesmo cara? – olhei de relance para ela, que sorriu. – Mais ou menos isso. – Um pouco, devo admitir. – falei enquanto observava Estela mexer no pote de amendoim ao lado da poltrona em que estava sentada. - Mas só pelo fato de que eu não sei o que esperar desse casamento. Deixei tudo nas mãos da mãe de Sebastian e do vovô e da vovó. Bem, na verdade, só fiz uma exigência. – E qual seria? – perguntou com a boca cheia de amendoins. – Escolher os padrinhos. – Acho que você poderia ter estendido essa decisão para as roupas das madrinhas. Estou s
A cerimônia foi rápida e linda, do jeito que eu gostava. Agora todos comiam e bebiam e nós cumprimentávamos um por um, sempre ouvindo um “quem diria” ou “quem poderia imaginar”. Sebastian não soltava minhas mãos e, quando precisava, se certificava que alguma parte de nós estivesse em contato. Aproveitamos também a oportunidade para renovar as fotos de casamento. E dessa vez fizemos do jeito certo, mas com o mesmo fotógrafo. Estávamos tirando essas fotos quando Serdeberão interrompeu a música ao vivo com uma taça de champanhe na mão pedindo a atenção de todos. – Luiza, Sebastian, aproximem-se, por favor. Paramos as fotos e Sebastian pegou uma cadeira para nós. UMA cadeira mesmo. Sentei em seu colo. – Gostaria de aproveitar esse momento para contar uma história para vocês. Todos vocês. – Respirou fundo e deu um gole demorado na bebida. - Era uma vez a minha melhor amiga. Ela era a pessoa mais amorosa, paciente e sábia que um dia eu pude conhecer. Sempre
As crianças estavam enfileiradas, todas com postura exemplar e comportamento excelente, agrupadas de forma a abrirem um corredor no meio deles. Em seguida, um homem, a passos lentos e firmes começou a caminhar pelo corredor de crianças indo em direção ao palco construído a frente delas. Ele vestia um terno preto, sapatos de couro preto, andava com a ajuda de uma bengala e usava uma coroa grande e pesada na cabeça. Esse homem era Sebastian. Suspirei. — Sabe, eu não sei quem é mais patético, sou pai ou esse babaca. – comentei com Soninha que estava ao meu lado, segurando seu filho mais novo no colo. — Você ainda tem dúvidas de que é Sebastian? – respondeu. — Espero que essa sua avaliação não esteja carregada de rancor e ressentimento por ele não ser pai de nenhum desses teus filhos. – Alfinetei. A gente podia se falar, mas isso não queria dizer que éramos melhores amigas. Longe disso, graças a Deus. — Luiza,
Sabe aqueles dias em que a gente acorda com um pressentimento ruim? Apesar dessa sensação não ser mais uma novidade pra mim, algo me dizia que hoje as coisas seriam piores. Não estou exagerando se é isso o que vocês estão pensando. Mas acreditem, Sebastian me dá motivos suficientes pra desconfiar de tudo e todos a minha volta. Quem é Sebastian? Bom, ele é meu primo de consideração. Devido a nos conhecermos desde que usávamos fraldas, crescemos fazendo parte da família um do outro (querendo ou não) e, por nos amarmos tanto (sarcasticamente falando), também somos vizinhos. Agora, imaginem ver um idiota como ele o dia todo, todo dia. Pois é, além de sermos primos e vizinhos, também cursamos a mesma faculdade. Temos até algumas aulas juntos. Por que nos odiamos? Boa pergunta! Acho que é coisa de nascença, pois já fomos parar várias vezes na cadeia (não, não é exagero). Tenho certeza de que dois jovens normais e honestos não teriam esse problema. Honestos
Luiza's Pov Ah, Sebastian me pagaria. Essa era a única coisa que eu sabia até o momento. O problema era definir como ele me pagaria. Não conseguia imaginar nada que fosse à altura do que ele merecia. Os dias se passaram rápido até demais. Já era sábado e eu não tinha conseguido pensar em uma forma de me vingar. Sábado era um dos poucos dias que eu conseguia descansar. Não tinha trabalho voluntário e muito menos faculdade. Geralmente em fins de semana, fazia as coisas para meus avós. Eu devia muito a eles. Minha mãe morreu de um tumor no cérebro, o que me motivou a ser médica, na esperança de salvar vidas. E ultimamente estava tendo um forte interesse em me tornar paramédica. Meu pai e o amigo dele, que por coincidência vem a ser o pai de Sebastian, foram para a Europa tentar a vida e acabaram se tornando empresários, donos de uma rede de boates muito famosa por lá, que as poucos estava se expandindo pelo continente. Poré
Sebastian’s PovAcordei ainda sentindo dor pela noite passada. Parecia que eu estava cagado, andando com as pernas afastadas pra não piorar a situação. Levantei com cuidado, fiz tudo o que tinha que fazer e fui pra casa dos meus avós.– Bom dia. – falei.– Bom dia, filho. O que aconteceu pra você estar andando assim? – vovó perguntou.– Longa história... – nessa hora vovô entrou na sala chamando minha avó.– O que foi, Marcelo? – perguntou.– Preciso contar uma novidade pra vocês. Acorde Luiza e fale pra ela vir logo. Quando estiverem todos aqui, eu conto.– Pode deixar que eu faço questão de acordá-la. – Não perderia essa oportunidade por nada no mundo.– Tem certeza disso, Sebastian? – vovó perguntou.– Absoluta,