Capítulo 4

Gotham, apesar de todos os seus horrores, tinha uma beleza melancólica sob o manto da noite. As luzes tremeluzentes, as sombras profundas e a brisa fria que soprava dos becos davam à cidade uma atmosfera única, quase romântica, mas eu sabia que era um romance trágico. Minha vida tinha se entrelaçado com essa tragédia, e eu não podia simplesmente me afastar.

Depois do encontro com Batman e Robin no armazém, minha mente estava um turbilhão de emoções e pensamentos conflitantes. Damian havia plantado uma semente de dúvida que eu não conseguia ignorar. Ele cresceu no seio da Liga dos Assassinos, um mundo de escuridão e morte, e ainda assim, ele estava tentando ser algo mais. Ele estava tentando ser melhor. Seria possível para mim fazer o mesmo?

Voltei para meu esconderijo, uma base improvisada escondida no subsolo de um prédio abandonado. Era um lugar escuro e úmido, mas servia ao seu propósito. As paredes eram revestidas de telas que monitoravam os pontos críticos da cidade, conectadas aos meus drones de vigilância. Sentei-me diante de uma das telas, observando a movimentação nos becos e ruas.

Enquanto revisava as imagens, senti um peso familiar no peito. Era a velha luta entre o bem e o mal dentro de mim. Não tinha sido fácil sobreviver à morte, e o que veio depois foi ainda pior. O ódio e a vingança me transformaram, mas eu sabia que tinha que continuar lutando, mesmo que isso significasse confrontar meus próprios demônios.

Dias se passaram, e a cidade não descansava. Continuei patrulhando as ruas, enfrentando criminosos e mantendo minha presença nas sombras. Eu me sentia mais vivo nesses momentos de confronto, mas cada encontro me lembrava da minha batalha interna. A imagem de Damian e suas palavras assombravam meus pensamentos. Eu não podia simplesmente ignorar o que ele tinha dito.

Era uma noite particularmente fria quando decidi investigar uma série de roubos que estavam ocorrendo nos armazéns perto do porto. Havia rumores de que uma nova gangue, liderada por um homem chamado "Rottweiler", estava se estabelecendo e tentando ganhar território. Rottweiler era conhecido por sua brutalidade e inteligência estratégica, um oponente que não podia ser subestimado.

Cheguei ao local antes da meia-noite, minhas botas fazendo pouco barulho ao tocar as superfícies. Observei os armazéns de um telhado próximo, meus olhos varrendo a área em busca de qualquer sinal de atividade. Levou algum tempo, mas finalmente vi um grupo de homens se movendo furtivamente, carregando caixas para dentro de um dos armazéns.

Desci silenciosamente, me aproximando com cuidado. Posicionei-me na entrada e espiei pelo buraco da fechadura. Vi Rottweiler, um homem alto e musculoso, com cicatrizes no rosto e um olhar feroz. Ele estava dando ordens, seu tom frio e calculista.

— Movam-se rápido. Não temos a noite toda — rosnou para seus homens. — Quero isso fora daqui antes do amanhecer.

Decidi agir. Lancei uma granada de fumaça e entrei no armazém, meus movimentos rápidos e precisos. Os homens de Rottweiler tentaram reagir, mas eu os derrubei um por um. Em meio à fumaça, Rottweiler se virou para mim, seus olhos brilhando com raiva.

— Capuz Vermelho — disse ele, com um sorriso cruel. — Achei que você apareceria. Vamos ver o que você realmente pode fazer.

Ele avançou, suas habilidades de luta claramente bem treinadas. Trocamos golpes, cada um mais feroz que o anterior. Eu podia sentir a força dele, mas também a raiva que o alimentava. Era um espelho distorcido de mim mesmo, uma lembrança do que eu poderia me tornar se não tomasse cuidado.

Durante a luta, percebi que havia algo mais em jogo. Rottweiler não era apenas um criminoso comum. Ele estava carregando um dispositivo estranho, algo que parecia perigoso demais para ser deixado em mãos erradas.

— Isso não é apenas sobre dinheiro, não é? — perguntei entre os golpes.

Ele riu, um som gélido e sem alegria.

— Você não faz ideia, Capuz. Há muito mais em jogo do que você imagina.

A luta continuou, e eu finalmente consegui desarmá-lo, jogando-o no chão. Peguei o dispositivo e olhei para ele, tentando entender o que era.

— Isso é apenas o começo — rosnou Rottweiler, ainda no chão. — Você não pode parar o que está por vir.

Antes que eu pudesse responder, ouvi um som familiar. Olhei para trás e vi Batman e Robin entrando no armazém, suas silhuetas imponentes contra a luz fraca.

— Capuz Vermelho — Batman disse, sua voz firme. — Largue o dispositivo. Vamos cuidar disso.

Eu hesitei por um momento, meu dedo acariciando o gatilho do dispositivo. Mas então, algo dentro de mim quebrou. Todas as dúvidas, todos os medos desapareceram. Eu sabia o que precisava ser feito.

Sem dizer uma palavra, ativei o dispositivo. Uma luz ofuscante encheu o armazém, seguida por uma explosão ensurdecedora. Rottweiler gritou de horror enquanto era consumido pelo caos.

Batman e Robin se lançaram para frente, tentando me impedir, mas era tarde demais. O dispositivo havia cumprido sua função, destruindo toda a tecnologia ao redor. Apenas nós três permanecemos, ilhados em um mar de destroços.

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