Emma.
~~▪︎~~▪︎~Os primeiros raios de sol rompem a cortina do meu quarto, forçando meus olhos a se ajustarem à luz da manhã. Com um bocejo cansado, verifico a hora no celular: 06h30 A.M. Levantar-se parece uma tarefa árdua demais para um dia que mal começou.Sinto meu corpo pesado, a cabeça latejando em um ritmo descompassado. Definitivamente, este não é o meu dia. Arrasto-me até a imensa janela do quarto e encosto-me nela, observando a rua além.O sol esgueira-se timidamente entre as nuvens, enquanto uma brisa fresca da manhã brinca suavemente com a minha pele, arrepiando-a. "Inverno é a melhor estação", murmuro para mim mesma, apreciando a tranquila movimentação lá fora. Alguns poucos transeuntes desfilam pela calçada, envoltos em seus casacos sóbrios, conferindo um certo charme à época. Ah, como eu amo o frio.Desvio-me da janela e encaminho-me para o banheiro. Despindo-me das roupas, entro no chuveiro e deixo a água morna acariciar cada centímetro do meu corpo, dissolvendo as tensões em uma sensação reconfortante.Após um banho prolongado, enrolo-me no roupão, realizo minha rotina de cuidados com a pele e seco os cabelos. De volta ao quarto, dirijo-me ao closet e escolho cuidadosamente minha vestimenta para a entrevista. Com uma maquiagem discreta e os cabelos soltos, pego minha bolsa e a pasta com documentos importantes.Guardo o celular na bolsa e saio do quarto, seguindo pelo corredor e descendo as escadas em direção à cozinha.— Bom dia, princesa, toda produzida assim, para onde vai? — A voz de Pietro rompe o silêncio, saudando-me na cozinha.— Bom dia, anjo. Tenho outra entrevista hoje. — Respondo enquanto acomodo minha bolsa sobre a bancada, abrindo a geladeira e retirando uma garrafa de suco.— Hmm, muito chique para uma entrevista. — Ele comenta, observando-me da porta da cozinha.— Sério? Nem percebi. — Reviro os olhos enquanto preparo alguns sanduíches.— Estava pensando, que tal irmos visitar minha família esta noite? — Ele se aproxima e se senta ao meu lado.— Estava considerando sair para algum lugar diferente, faz um tempo que não temos um programa só nós dois. — Digo antes de morder um pedaço do sanduíche.— Minha mãe pediu especialmente para nos ver. Ela disse que faz tempo desde a sua última visita e sente sua falta. — Pietro dá de ombros, pegando um copo de suco e uma fatia de bolo de cenoura.— Você lembra da última vez que estive lá, sua mãe já estava me perguntando sobre filhos. — Suspiro, deixando meu sanduíche de lado e fixando meu olhar nele.— Tudo bem, podemos passar lá e depois sair para algum lugar. — Ele concorda, sorrindo diante da minha expressão séria. — Mas vou pedir para ela não tocar mais nesse assunto.— Espero que cumpra sua palavra, Pietro. — Dou-lhe um rápido beijo e pego minha bolsa e pasta, dirigindo-me à porta de entrada.O táxi que chamei já me aguarda do lado de fora. Entro no carro e cumprimento o motorista, enquanto partimos em direção ao endereço da entrevista. Sentada no banco de trás, observo atentamente a cidade se desdobrar diante dos meus olhos.●●— Pietro, você conversou com seus pais, certo? Sobre não falarem mais do casamento? — Pergunto enquanto o carro para em frente à casa deles.— Claro, Emma, já falei isso mil vezes. Eles vão respeitar sua vontade. — Ele responde, preparando-se para sair do carro.— Ótimo. Vamos logo antes que eu mude de ideia. — Digo, abrindo a porta do carro e descendo.Ele segue meu exemplo e juntos caminhamos pelo jardim bem cuidado até a entrada da casa.Assim que entramos, percebo que a noite promete ser longa. Além dos pais de Pietro, alguns primos e tios estão presentes. Respiro fundo, contendo a vontade de cravar minhas unhas no pulso de Pietro enquanto ele sorri com uma expressão desconfortável.— Você disse que seria apenas um jantar com seus pais. — Murmuro, aplicando uma leve pressão no pulso dele.— Eu não sabia que viriam todos eles. — Ele responde entre dentes, mantendo um sorriso forçado.Alguns parentes se aproximam para nos cumprimentar, e eu encerro a ameaça sutil a Pietro, prometendo conversar em casa. Volto minha atenção para o tio dele, que se aproxima.O tempo parece arrastar-se enquanto tentamos passar pela noite. O jantar é servido, e enquanto meus sogros discutem negócios com os tios de Pietro, sua avó bombardeia-me com perguntas sobre minha vida. Descubro inadvertidamente a história de vida dela e o motivo de ter tantos filhos. Mesmo assim, ela insiste em convencer-me sobre casamento e filhos com Pietro.O jantar transcorreu, e eu estava prestes a pegar minha bolsa e sair daquele lugar, não por falta de gentileza, mas porque já antecipava o que viria quando Pietro descesse as escadas.— Já está de saída, Emma? — Lilian, minha sogra, perguntou enquanto eu vestia meu casaco.— Sim, Lilian. Foi um prazer estar aqui hoje, mas preciso dormir cedo. Tenho algumas coisas para resolver no centro amanhã. — Respondi, sorrindo docemente para ela.Antes que eu pudesse me virar, senti os olhares curiosos de todos sobre mim. Respirei fundo, mentalizando um pedido silencioso aos céus para que Pietro não estivesse prestes a protagonizar um momento constrangedor. Mas parece que o universo tem um senso de humor peculiar ou simplesmente acredita que eu tenho uma aparência adequada para situações embaraçosas.Respirei fundo ao ouvir sua voz atrás de mim, já antecipando o que estava por vir. Ele estava ajoelhado, segurando um buquê de rosas e um anel solitário.Travei, sem saber onde enfiar minha cara. Inspirei profundamente enquanto ele declamava seu discurso ensaiado, observando-o com um sorriso fixo enquanto ele profere suas palavras apaixonadas. Tudo isso para, no final, eu ser forçada a dizer um sim constrangedor apenas para evitar deixá-lo mal diante dos outros.Agradeço mentalmente quando a noite finalmente chega ao fim. No caminho de volta para casa, não trocamos uma palavra sequer. Pietro sabe da besteira que fez, então que se vire para consertar tudo.Desço do carro e bato a porta com força, ouvindo a porta do lado do motorista se abrir.— Não ouse sair desse carro, Pietro Herandes Fleymont. Desapareça da minha vista por hoje. — Ordeno, dirigindo-me à porta de entrada e trancando-a assim que entro em casa.Consulto o relógio digital no canto da sala: 21h39. Ainda é cedo, mas preciso acalmar os nervos.Subo as escadas rapidamente, troco de roupa por algo mais confortável e desligo o celular antes de me atirar na cama. Coloco uma jaqueta sobre os ombros e desço as escadas em direção à porta de entrada, pegando minhas chaves e o dinheiro que deixei na bolsa jogada no sofá.Ao sair de casa, não tenho muitos amigos e não sou de sair muito, mas me sinto sufocada ultimamente e preciso deste tempo para mim.●●Uma casa noturna lotada, algumas bebidas duvidosas, e um homem em roupas descontraídas observando-me ao longe. A música latina envolvente faz todos na pista dançarem em um ritmo frenético.Eu amo este lugar, fundado por dois cubanos há alguns anos e desde então um grande sucesso. Bebo vodka de uma só vez, dirigindo-me à pista de dança enquanto meu corpo se move no ritmo da música.Não demora para sentir mãos em minha cintura, meu corpo sendo pressionado contra outro maior e mais robusto. Suas mãos deslizam pelo meu corpo de forma inconveniente.percebi quando o mesmo roçou sua barba em minha nuca me causando alguns arrepios.Não digo nada ou demonstro alguma reação, apenas me afasto indo em direção ao meio da multidão e me perdendo em meio às inúmeras pessoas que ali haviam.Fecho os olhos, deixando-o guiar-me na dança. Nada aconteceria, eu ainda estava no controle.A noite segue tranquila, já passa das três e meia quando pego um táxi de volta para casa. Observo a cidade agitada pela janela, sem interesse em participar daquela agitação.Pago ao taxista e entro em casa, trancando tudo antes de subir para o banho. Depois, me jogo na cama, cansada. Ligo o celular antes de adormecer, vendo uma enxurrada de mensagens de Pietro, mas não respondo. Tenho uma leve esperança de dormir bem naquela madrugada.Acordo com o som insistente do celular, grato por não estar lidando com uma ressaca, já que minha ingestão de bebida na noite passada foi bastante moderada. A única coisa que me acompanha é o desejo de voltar a dormir.Estico o braço e pego o celular, notando um número desconhecido piscando na tela. Um número de telefone fixo. Sem muita reflexão, decido atender.— Alô. — Minha voz soa sonolenta enquanto me sento na cama, um bocejo escapando involuntariamente.— Senhorita Collins, bom dia. Aqui é Margot, secretária do Senhor Mitchell. Estou entrando em contato para remarcar a entrevista para hoje. A que não foi possível realizar ontem devido a motivos pessoais. Se ainda estiver interessada, seu horário foi reagendado para as 11:40 da manhã. — A voz da mulher do outro lado da linha ecoa, e eu escuto atentamente cada palavra.— Sim, ainda estou interessada. Estarei lá. Agradeço desde já pelo aviso. — Respondo, e a voz de Margot confirma a informação antes de desligar.Com a determinação de uma preguiça despertada, me levanto e rumo ao banheiro. Um banho frio me ajuda a afastar o restante do sono, e logo sigo minha rotina de higiene. De volta ao quarto, escolho uma roupa apropriada para a entrevista.Já são 09h54, e não quero correr o risco de chegar atrasada. Conhecendo minha tendência, prefiro me organizar com antecedência e sair mais cedo.Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo alto após vestir-me, optando por uma maquiagem leve para disfarçar as olheiras da noite mal dormida.Organizo minha bolsa, pego minha pasta e guardo o celular no bolso da calça. Descendo as escadas, dirijo-me à cozinha. Faço um lanche rápido, lembrando-me mentalmente de que preciso fazer compras em breve.Chamo um táxi pelo aplicativo e, quando ele está próximo, saio pela porta da frente, trancando-a antes de seguir em frente.Emma~~▪︎~~▪︎~Acabei chegando bastante adiantada na empresa, respirando fundo enquanto adentrava o imponente edifício. Cumprimentei a recepcionista com um sorriso e me encaminhei para o elevador que me levaria ao andar da entrevista.— Você está bem adiantada. — comentou a secretária ao me ver.— Gosto de ser pontual. — respondi, devolvendo o sorriso.— Já que está aqui, vou ver se o Sr. Mitchell pode recebê-la agora. Peço que aguarde um momento. — ela indicou um sofá na sala de espera.Não demorou muito para ela me chamar, dizendo que eu podia entrar e que o chefe já estava me aguardando. Caminhei até a porta da sala, batendo levemente antes de ouvir um "Entre." claro e distintamente.Adentrei na sala e fiz o protocolo habitual. O Sr. Mitchell estava lá, parecido com o dia anterior, exceto pelo fato de que ele não estava usando terno, optando por uma camisa polo e calça jeans. Ele segurava alguns papéis e contemplava a vista da cidade através das janelas de vidro.— Senhorita Collin
Emma.. A brisa fria da manhã toca minha pele, como uma breve saudação matinal. Estico-me ainda na cama, alongando meus braços e coluna, tentando evitar problemas na coluna aos vinte e poucos anos.Dirijo-me à grande janela que se abre para a rua, abrindo as cortinas grossas e deixando o ar fresco entrar livremente no quarto. Concluo o download que traz minha alma de volta ao meu corpo e vou para o banheiro, seguindo minha rotina matinal que consiste em me preparar para o trabalho tão rápido quanto o personagem Flecha de Zootopia.Depois de terminar, volto para o quarto e me visto com algo formal, porém confortável, adequado para o meu primeiro dia de trabalho como a nova secretária do CEO de uma das maiores multinacionais do país.Pego minha bolsa e celular, saio do quarto, tranco a porta e guardo a chave na bolsa. Descendo as escadas, percebo que estou sozinha em casa. Sirvo-me de suco e alguns sanduíches, sentando-me no pequeno banco próximo à ilha da cozinha para saborear meu ca
𝙴𝚖𝚖𝚊 𝙽𝚊𝚛𝚛𝚊𝚗𝚍𝚘.Dias depois.QUATRO NOITES. Quatro noites de olhos fixos no teto, observando as sombras dançarem enquanto o relógio impiedoso marcava cada segundo. Quatro noites desde que a insanidade invadiu minha vida na forma de um telefone fixo tocando a noite inteira no andar de baixo, ou de um celular vibrando incessantemente na mesa de cabeceira.Thomas Mitchell. O nome ressoava na minha mente como um eco constante, uma praga que se infiltrava em cada pensamento, cada suspiro. Meu novo chefe. A razão por trás das minhas olheiras profundas e da minha mente em frangalhos.— Collins, espero não estar atrapalhando seu sono. Claro, isso não importa muito... — ele começou na primeira noite, sua voz rude e penetrante no silêncio da madrugada. — Preciso de um favor, estou precisando de um documento urgente, especificamente aquele que lhe pedi para digitalizar esta tarde. Bem, como sei que o levou para casa para terminar, gostaria de pedir que me enviasse novamente. De prefer
Emma narrando. Ava havia chegado há algum tempo em minha casa, e estávamos nos organizando para irmos até uma casa noturna no centro. Seu desejo, no entanto, era estrear as pistas de Chicago sobre duas rodas. Mas, devido ao inverno, a noite não estava muito convidativa para tal atividade. Os rachas já eram perigosos em noites comuns, e com chuva, esse perigo multiplicava.As pistas ficavam escorregadias, o coração batia forte e uma curva mal pensada poderia ser a última. Então, por via das dúvidas, consegui convencê-la a não se empolgar tanto, pelo menos naquela noite.Ela estava hospedada em um hotel a algumas quadras da minha casa, então ainda teríamos muito tempo para desafiar a morte, como ela dizia. O motivo pelo qual ela não estava hospedada em minha casa era bem simples.Ava odiava Pietro com todas as forças possíveis, e não a culpo. Ele podia ser insuportável quando queria. Finalizei minha maquiagem enquanto ela vasculhava meu guarda-roupa em busca de algo para usar.— Onde e
Emma Narrando. ~¤¤¤~A segunda-feira despertou como um lembrete implacável de que as coisas podiam sempre piorar. O fim de semana foi um redemoinho de caos, culminando na briga feia com Pietro no sábado de manhã, desencadeada por um maldito vídeo enviado por um número anônimo ( tambem conhecida como Ava) , mostrando Thomas e eu dançando de forma íntima na boate.Decidi encerrar aquele relacionamento tumultuado, se é que podíamos chamar aquilo de relacionamento. Pietro não lidou bem com o término, mas já era hora de dar um fim àquela palhaçada.No sábado à tarde, chamei um chaveiro para trocar todas as fechaduras da minha casa. No domingo, os buquês de rosas e os pedidos de desculpas de Pietro não me comoveram nem um pouco. E quando achei que as coisas finalmente haviam se acalmado, recebi uma ligação de Thomas às quatro da manhã desta madrugada, exigindo uma lista de tarefas para serem concluídas antes das 9h da manhã:- Buscar o blazer na lavanderia.- Café do outro lado da cidade.-
Emma. ~¤▪︎¤~ Dias depois...Enfrentar Thomas estava se tornando quase um passatempo fácil, ignorá-lo e fingir que ele era invisível em certos momentos estava se mostrando bastante útil para afastar da minha mente aquela dança m*****a na boate alguns dias atrás. O problema não era evitá-lo dentro da m*****a empresa, era basicamente escapar dele em qualquer outro lugar, porque, incrivelmente (ou não), onde quer que eu estivesse, ele conseguia aparecer, saber o que eu estava fazendo ou com quem eu estava, o que estava me deixando à beira da insanidade.Dias atrás, recebi um convite para sair após o expediente da empresa, nada menos que do barman com quem troquei números na boate. Um encontro tranquilo no meio da semana parecia uma boa ideia, então aceitei e marcamos. O nome dele era Leon. combinamos de sair hoje afinal seria uma boa esfriar a mente. Nos encontramos no shopping local por volta das 19h30. Tudo estava indo bem até certo ponto. Passeamos um pouco, fomos ao cinema assistir
Narradora ~¤¤¤~Emma sentiu como se o peso do mundo estivesse em suas costas ao se levantar da cama naquela manhã. Contrariada, seguiu para o banheiro e repetiu a mesma rotina de sempre, parando em frente ao espelho por um momento e observando as olheiras que se formaram sob seus olhos, fruto de uma noite mal dormida.Ela tentou esquecer a data, seja aceitando o convite de Leon para ir ao shopping, discutindo com Thomas em público ou bebendo com Giulia até tarde da noite. Na esperança de acordar bêbada o suficiente na manhã seguinte para não se lembrar de nada, mas a ironia estava lá.Ela se lembrava com riqueza de detalhes todos os anos, na mesma data, o ciclo se repetia. E acreditem, ela tentou esquecer, nos últimos anos, nessa mesma data ela saía, bebia, usava drogas e arriscava sua vida, tudo para aliviar momentaneamente a perturbação que as lembranças daquele dia causavam em sua mente.Emma finalizou uma maquiagem leve, apenas para esconder as olheiras. Prendeu os longos cabelos
Emma Narrando. ~▪︎¤▪︎~~Observo meu reflexo no espelho mais uma vez, decidindo mudar tudo que estava vestindo e indo em direção ao guarda-roupa para escolher uma nova roupa. Não era uma questão de me arrumar demais para sair com meu chefe, apenas buscava algo confortável.Bem, não sei o que passou pela minha cabeça ao concordar em sair com Thomas esta noite. Giulia compartilha da mesma opinião, considerando o irmão nada além de um mimado.Não que meu estimado chefe não seja atraente, pelo contrário. Thomas é um homem negro, alto, com quase dois metros de altura, corpo atlético, o que fica evidente nos ternos que usa, cabelo curto e bem cortado, traços marcantes e um sorriso capaz de tirar o fôlego de qualquer um. E seus olhos... Negros e intensos como a própria noite, capazes de enviar arrepios, especialmente quando desafiam em momentos de fúria.Quanto à opinião de Giulia sobre o irmão, ela é três anos mais nova que ele. Segundo ela, eles foram criados de maneira bastante diferente