EmmaMe mantenho sentada na cadeira de Thomas, exibindo meu melhor sorriso enquanto ele praticamente surta à minha frente. Anda de um lado a outro no centro do escritório, passando as mãos pelos cabelos em corte curto, o que só aumenta o ar de frustração.A tensão em seus músculos o tornava ainda mais atraente. Era quase poético: quanto mais eu complicava sua vida, mais irresistível ele ficava. Provocar Thomas e transformar esse casamento em um espetáculo era muito mais divertido do que eu previa.— Você só pode estar brincando. — Ele para abruptamente e me encara com olhos semicerrados, como se tentasse decifrar até onde eu iria.Cruzo as pernas lentamente, deixando meu sorriso se alargar ainda mais. Estalo a língua no céu da boca e me inclino para frente, saboreando cada segundo de sua reação.— Você disse que eu poderia organizar a cerimônia como quisesse, querido. — digo com uma tranquilidade desdenhosa, dando de ombros. — Estou apenas moldando tudo à minha maneira.— Você disse q
ThomasDou um longo trago no cigarro, prendendo a fumaça antes de soltá-la lentamente. A luz da cidade ilumina o céu nublado, e eu balanço a cabeça em negação enquanto meus olhos escaneiam a fatura das compras desta noite. Quase quinze mil dólares. Quinze mil dólares pelo privilégio de seguir Emma pelo shopping como um burro de carga de grife.Emma. Aquela mulher vai ser a minha ruína. Mas, sinceramente, quem disse que eu me importo? Eu daria muito mais se ela me pedisse. Os cem mil que deixei para o casamento foram mais um presente do que um fundo para a cerimônia – que, aliás, eu estou pagando integralmente.Sei que há muito interesse envolvido. Interesse mútuo. Ela quer me fazer pagar por tudo que aconteceu no último mês. Não a culpo. Ela suportou mais do que qualquer pessoa deveria. Se eu estivesse no lugar dela, teria feito o mesmo. Mas eu, por outro lado, quero Emma para mim. Não como um troféu para exibir, mas como algo que preciso reconquistar.Admito, há toda a questão da imp
Emma~~••~~Eram por volta das 23h quando Thomas finalmente me deixou em casa. É claro que ele me ajudou a entrar com as quase vinte sacolas, resultado de nossa produtiva caminhada pelo shopping. Ele estava inclinado a um jantar chique em um dos restaurantes de luxo da cidade, mas, sejamos sinceros, nada supera um bom hambúrguer com fritas e refrigerante de uma das lanchonetes locais. A ideia, obviamente, não agradou Thomas, mas, como quem decide sou eu, ele não teve muito o que fazer além de se render ao meu charme persuasivo.Quando chegamos em casa, convidei-o para entrar. O brilho nos olhos dele foi quase cômico, mas não durou muito. A decepção estampada em seu rosto ao perceber que era só para lhe oferecer um copo d’água foi impagável. Ele tentou insistir em passar a noite, mas, sinceramente, já pensou? Eu sou uma moça de respeito. Brincadeira. Sou, sim, uma mulher de respeito, mas também sei me divertir. Os beijos e provocações que trocamos ao longo do dia deixaram Thomas à beir
Emma~~••~~O dia amanheceu cinzento e melancólico, com uma tempestade que rugia desde a madrugada. O som da chuva caindo pesadamente sobre o telhado, combinado com os trovões distantes, parecia um convite irrecusável para permanecer na cama. A noite anterior havia sido uma batalha com a insônia, e o cansaço ainda pairava sobre mim como uma nuvem densa.O toque insistente da campainha cortou o silêncio do quarto e me fez revirar os olhos. O som era quase cruel, um lembrete de que o mundo lá fora continuava, indiferente ao meu estado de espírito.Joguei o cobertor sobre a cabeça, como se isso pudesse me proteger da realidade. Fechei os olhos com força, buscando qualquer resquício de sono. Por um breve momento, a ideia de ignorar tudo e todos me pareceu tentadora. Mas então, a porta do quarto se abriu com um rangido suave, quebrando qualquer esperança de silêncio.— Emma, tem alguém aqui. — A voz familiar de Daniel ressoou no quarto.Resmunguei algo inaudível e virei-me lentamente para
Emma~~••~~O relógio digital no móvel ao lado da cama, marcava 15h42. Tinha almoçado a algumas horas, surtado e agora me encontro sentada na cama, olhando para a TV, enquanto decidia entre assistir mais um episódio de The Vampire Diaries ou trocar por Como Treinar o Seu Dragão. E ainda havia meu plano ambicioso de maratonar Harry Potter hoje. Considerando a duração de cada filme, os oito juntos tomariam praticamente um dia inteiro.Estava entediada. Fiz de tudo para ocupar o tempo nas últimas horas. Sim, a dor da cólica havia sumido, graças aos remédios que Thomas deixara mais cedo. E aí, garotas, eu não sei vocês, mas há momentos durante a TPM em que sinto um pico de energia inexplicável, como se eu pudesse conquistar o mundo.Nas últimas três horas, já planejei um intercâmbio e cogitei uma viagem à Coreia – cheguei até a pesquisar passagens e hotéis. Também me inscrevi em um curso de italiano. Por quê? Boa pergunta. Ah, e também me inscrevi para ser voluntária em um abrigo de anima
Emma ~~••~~ O almoço seguia em um ritmo tranquilo. Havíamos escolhido um restaurante a poucos minutos da empresa, um lugar discreto o bastante para nos proteger de olhares curiosos e da incômoda presença de repórteres e paparazzis. A atmosfera era intimista, o cheiro suave de ervas frescas e madeira impregnava o ambiente, e as janelas altas deixavam a luz natural entrar, refletindo nos copos de vinho. Thomas estava sentado à minha frente, com os ombros tensos e os olhos fixos no vinho tinto que girava lentamente em sua taça. O peso daquela ligação em sua sala mais cedo ainda pairava sobre ele, mesmo que estivesse se esforçando para manter uma fachada de calma. Sua mão, que descansava sobre a mesa, estava firme, mas os dedos tamborilavam levemente, traindo sua inquietação. Eu o observei em silêncio por alguns segundos, tomando outro gole de vinho, antes de finalmente romper o silêncio. — O que está acontecendo? — perguntei, deslizando minha mão sobre a dele. Meu toque foi firm
Chicago, Illinois, EUAQuatro anos antesNarrado por EmmaAlguns meses se passaram desde minha chegada à cidade. Ainda era estranho deixar todos para trás: Ava, Ethan, Luke, Tia Lucy, Simon e tantos outros. Eu poderia ter continuado lá, sem dúvida, poderia ter continuado meus estudos em uma das muitas universidades da Inglaterra.Poderia me formar e ter um bom emprego, ou quem sabe fazer aquele tão sonhado curso para me tornar uma das melhores tatuadoras do Reino Unido. Sempre gostei de desenhar, então por que não unir o útil ao agradável? Contudo, as coisas costumam mudar de repente, e eu admito que não deveria ter me acostumado com a estabilidade de um lar fixo.Meus pais têm trabalhos exaustivos e consequentemente vivem mudando de estado em estado. Havíamos passado os últimos seis a oito anos morando na Inglaterra, nunca em um lugar fixo por muito tempo. Sempre em movimento, sempre conhecendo novos lugares.Meus pais são pesquisadores, então estão sempre em busca de novas descobert
Emma. ~~▪︎~~▪︎~Os primeiros raios de sol rompem a cortina do meu quarto, forçando meus olhos a se ajustarem à luz da manhã. Com um bocejo cansado, verifico a hora no celular: 06h30 A.M. Levantar-se parece uma tarefa árdua demais para um dia que mal começou.Sinto meu corpo pesado, a cabeça latejando em um ritmo descompassado. Definitivamente, este não é o meu dia. Arrasto-me até a imensa janela do quarto e encosto-me nela, observando a rua além.O sol esgueira-se timidamente entre as nuvens, enquanto uma brisa fresca da manhã brinca suavemente com a minha pele, arrepiando-a. "Inverno é a melhor estação", murmuro para mim mesma, apreciando a tranquila movimentação lá fora. Alguns poucos transeuntes desfilam pela calçada, envoltos em seus casacos sóbrios, conferindo um certo charme à época. Ah, como eu amo o frio.Desvio-me da janela e encaminho-me para o banheiro. Despindo-me das roupas, entro no chuveiro e deixo a água morna acariciar cada centímetro do meu corpo, dissolvendo as ten