CONTRATO DE INTERESSES : Meu CEO Arrogante.
CONTRATO DE INTERESSES : Meu CEO Arrogante.
Por: Anny Lago
Prólogo.

Chicago, Illinois, EUA

Quatro anos antes

Narrado por Emma

Alguns meses se passaram desde minha chegada à cidade. Ainda era estranho deixar todos para trás: Ava, Ethan, Luke, Tia Lucy, Simon e tantos outros. Eu poderia ter continuado lá, sem dúvida, poderia ter continuado meus estudos em uma das muitas universidades da Inglaterra.

Poderia me formar e ter um bom emprego, ou quem sabe fazer aquele tão sonhado curso para me tornar uma das melhores tatuadoras do Reino Unido. Sempre gostei de desenhar, então por que não unir o útil ao agradável? Contudo, as coisas costumam mudar de repente, e eu admito que não deveria ter me acostumado com a estabilidade de um lar fixo.

Meus pais têm trabalhos exaustivos e consequentemente vivem mudando de estado em estado. Havíamos passado os últimos seis a oito anos morando na Inglaterra, nunca em um lugar fixo por muito tempo. Sempre em movimento, sempre conhecendo novos lugares.

Meus pais são pesquisadores, então estão sempre em busca de novas descobertas. E com isso, nunca passamos muito tempo no mesmo lugar. Contudo, admito que havia sido bom ser colocada em um internato por escolha própria, conhecer minha melhor amiga, meu primeiro amor e até mesmo aquele que se tornou meu porto seguro.

Ganhar uma segunda casa, uma segunda família, se assim posso afirmar. Começar a faculdade e retornar aos Estados Unidos. Afinal, meus pais haviam voltado para cá e, bem, eles sempre serão minha primeira escolha.

Principalmente após perder meu pai tão cedo. Meu pai biológico faleceu quando eu tinha cerca de quatro anos de idade. Ele tirou a própria vida em nossa antiga casa, devido a uma forte depressão que estava enfrentando. Lembro-me bem de chegar da escola com minha mãe e meu irmão, e ver seu corpo pendurado no alto das escadas.

Aquela imagem rodeia minha mente até hoje e, mesmo sendo muito pequena para entender, eu sabia. Sabia que aquela seria a última imagem que eu teria do meu herói. Após isso, mamãe entrou em uma forte depressão e também tentou suicídio algumas vezes. Eu estava com quase seis anos quando ela nos deixou, a mim e meu irmão, na casa de nossa vizinha com a desculpa de que iria ao trabalho.

Ela foi encontrada horas depois na sala de casa, quase sem vida, e foi socorrida às pressas. No meio de todas essas complicações, ela conheceu o homem que mudou sua vida e veio a se tornar meu segundo pai. Theo entendia a dor de minha mãe, pois havia perdido sua esposa e filhas na mesa de parto. E também entendia a dor do luto.

Tudo foi muito rápido, nós o acolhemos e ele também nos acolheu. Passando a nos chamar de filhos e com o tempo, nos acostumamos a chamá-lo de pai. E foi dessa forma que nossa vida foi voltando aos trilhos após tanto tempo.

Perdida em meio aos meus pensamentos, observo quando uma pequena fresta se abre na porta do meu quarto. Revelando a cabeleira castanha e cacheada de Daniel, meu irmão mais novo. Temos cerca de dois anos de diferença, Dan havia terminado o colegial alguns dias atrás, e coincidentemente havia passado em uma das melhores universidades do estado, o que de fato me deixou muito orgulhosa dele, não apenas eu quanto meus pais, obviamente.

— O que foi, Dan? — pergunto erguendo uma de minhas sobrancelhas e observando-o com descrença.

— Achei que já estaria pronta. A mãe pediu para avisar que sairemos em meia hora.

— Sairemos? — pergunto, levantando-me da cama e seguindo em direção ao banheiro que havia em meu quarto.

---

A noite parecia bem mais escura e sombria do que o normal. Estava chovendo forte, o que me fez repensar sobre sair naquela noite.

— Ainda acho que deveríamos remarcar esse jantar. — comentei com incerteza antes de entrar no carro.

— Não há com o que se preocupar, querida. É só um pouco de chuva. Fizemos essas reservas há meses, tudo vai dar certo. Você verá. — disse minha mãe, totalmente convicta, enquanto entrava no carro pelo lado do passageiro.

— Eu sei que não gosta de tempestades, filha. Prometo que tomarei cuidado. Chegaremos bem ao restaurante. — disse meu pai, depositando um beijo em minha testa antes de entrar no carro e dar partida, saindo da garagem em direção ao restaurante.

A música baixa no rádio se misturava com o barulho da forte chuva, que batia contra a lataria do carro. Lá fora, o mundo parecia estar desabando. Algo se apertou dentro de mim enquanto secretamente eu implorava aos céus para que chegássemos bem ao restaurante.

— Lucy me ligou esta manhã, querida. Ela disse que está morrendo de saudades. Não apenas ela, mas todos estão. Segundo ela, Ava quer vir para os Estados Unidos nas próximas férias, na companhia de Ethan. — disse minha mãe, tirando-me de meus devaneios e captando minha atenção.

— Seria incrível, mãe. Estou morrendo de saudades deles. — disse, abrindo um pequeno sorriso. — E Luke? Alguma notícia...

Minha frase foi interrompida pelo brilho dos faróis vindo em nossa direção, preenchendo o carro. Os gritos de desespero de minha mãe se misturaram ao som dos pneus derrapando. Tudo ao meu redor começou a rodar, minha visão ficou turva, meu corpo doía e o cheiro de fumaça e combustível tomou conta do ambiente. A última coisa que me lembro é estar de cabeça para baixo, tentando chamar por meus pais, meu irmão, mas a voz não saía. Lentamente, meus olhos se fecharam.

E foi assim que eu perdi tudo o que tinha de mais precioso.

Dias atuais...

Emma narrando:

E cá estou eu voltando de mais uma entrevista de emprego. Como da última vez, a resposta foi a mesma: a empresa entraria em contato caso eu fosse selecionada.

Faz cerca de cinco meses que perdi meu emprego, graças às investidas de um antigo colega de trabalho. Fui demitida por acertar um soco no olho dele quando tentou me agarrar no banheiro feminino.

Contudo, o idiota tinha uma posição influente dentro da empresa, e como diz o ditado, a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco. Minha patroa me demitiu por justa causa, mas a verdade era apenas uma: ela sentia raiva porque seu amante vivia arrastando asa para o meu lado.

Desço do Uber em frente à minha casa e logo me dirijo à entrada, passando pelo pequeno jardim onde havia algumas tulipas plantadas, as flores preferidas de minha mãe. Respiro fundo, sentindo o aroma das flores, e sigo em direção à varanda, abrindo a porta de entrada para encontrar Pietro jogado em meu sofá, assistindo algo aleatório na TV.

Pietro é meu namorado, ou namorido, como alguns preferem chamar. Estamos juntos há 3 anos, e ele praticamente vive mais em minha casa do que na dele. Reviro os olhos ao vê-lo ali espojado no sofá e apenas passo por ele, seguindo para as escadas rumo ao meu quarto.

Entro no quarto e tranco a porta, jogando minha bolsa em algum lugar qualquer. Sigo para o banheiro, encho a banheira e volto para o quarto, escolhendo uma muda de roupa. Desfaço-me da roupa que estava vestindo, coloco meu roupão e retorno ao banheiro. Coloco minha playlist no modo aleatório no celular, entro na banheira e sinto a água quente sobre minha pele, proporcionando uma sensação reconfortante.

O dia havia sido exaustivo, a entrevista não foi nada produtiva, e pela expressão do entrevistador, tenho certeza de que não serei selecionada. Bufo com esse pensamento, tudo por culpa daquele desgraçado do Ramon. Tudo estava indo bem até aquele maldito dia. Aquele idiota tinha que tentar me agarrar, e eu apenas me defendi. Mas a víbora da minha ex-chefe não quis saber e agora estou aqui, falando sozinha e tentando me acalmar.

Respiro fundo, olhando para o teto e afundando em meio às águas da banheira. Fico submersa por alguns segundos, o que me trazia paz. Após algum tempo, saio do banho, seco meus cabelos e esvazio a banheira. Visto meu roupão, passo meus cremes e saio do banheiro indo para o quarto.

Visto minha roupa íntima e meu robe preto por cima. Paro em frente ao espelho, penteio meus cabelos e sigo até minha bolsa que estava jogada em algum canto do quarto, que estava uma verdadeira zona. Pego meu celular, que estava sem bateria, e o coloco para carregar. Destranco a porta do quarto e desço as escadas, indo em direção à cozinha.

O relógio digital marcava 18:30, havia acabado de escurecer, e não havia sinal de Pietro em lugar algum no andar de baixo, o que me deixou mais aliviada. Sim, aliviada. Não temos um relacionamento dos melhores.

São três anos de idas e vindas, mas vocês podem se perguntar por que ainda estamos juntos. Bem, é divertido. O sexo é bom, o papo às vezes é legal, e ele é uma companhia para dividir a cama nos dias frios.

Mas admito, há horas em que ele me irrita. Como hoje de manhã, tivemos uma briga feia antes de eu sair para a entrevista. Pietro é o típico filhinho de papai que acha que o dinheiro compra tudo, e acha que pode me comprar também.

Ele é filho único, seus pais são empresários de renome, e ele sempre foi acostumado a ter tudo o que queria, na hora em que queria. Isso o fez ser quem ele é hoje, o tipo de pessoa arrogante, que vive apenas para gastar o dinheiro de seus pais e rebaixar os outros com aquela mania horrível de superioridade.

Meus sogros, como já disse, são empresários de renome, e muitos ao meu redor já me perguntaram por que não trabalho com eles. O motivo tem 1,80 de altura, tipo físico médio, olhos esverdeados e cabelos castanhos. O motivo também morre de ciúmes de qualquer ser humano que ouse respirar perto de mim, principalmente homens. Por isso, prefiro acreditar que relacionamento no trabalho não dá certo.

Enfim, abro o freezer e retiro uma daquelas lasanhas de micro-ondas. Sim, na cozinha sou uma negação, então comidas prontas me salvam. Ponho a lasanha no micro-ondas e, enquanto esquenta, abro uma latinha de refrigerante. Não tenho lá os hábitos mais saudáveis do mundo quando o assunto é comida, na verdade, nada em minha vida é saudável.

Dou um gole em meu refrigerante enquanto ouço o barulho do telefone fixo da sala soando ensurdecedoramente. Reviro os olhos, me dirigindo até lá. Não costumo usar esse telefone, apenas para emergências ou trabalho, coisa que estou sem no momento. Retiro o aparelho do gancho e atendo.

— Emma falando. — digo após posicionar o aparelho em meu ouvido.

— Boa noite, senhorita Emma. Me chamo Margo, sou secretária pessoal do Senhor Thomas Mitchell, presidente da Black Corporation. Estou ligando para informar que você foi uma das selecionadas para ocupar a vaga de secretária executiva. A entrevista será realizada amanhã, a partir das 08:30, no edifício central da empresa. O endereço será enviado por e-mail. — a voz do outro lado da linha falou sem parar, sem me dar a oportunidade de resposta.

— Bem, sim, agradeço a oportunidade. Estarei presente. — respondo, meio sem saber o que dizer.

— Por nada, tenha uma boa noite. — a voz responde e desliga em seguida.

Ainda sem acreditar, sou despertada de meu transe pelo barulho do micro-ondas, anunciando que a lasanha estava pronta. Sigo até a cozinha, retiro-a e a coloco na bancada, servindo-me e sentando em um dos bancos para começar a comer.

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