Capítulo 2

Emma

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Acabei chegando bastante adiantada na empresa, respirando fundo enquanto adentrava o imponente edifício. Cumprimentei a recepcionista com um sorriso e me encaminhei para o elevador que me levaria ao andar da entrevista.

— Você está bem adiantada. — comentou a secretária ao me ver.

— Gosto de ser pontual. — respondi, devolvendo o sorriso.

— Já que está aqui, vou ver se o Sr. Mitchell pode recebê-la agora. Peço que aguarde um momento. — ela indicou um sofá na sala de espera.

Não demorou muito para ela me chamar, dizendo que eu podia entrar e que o chefe já estava me aguardando. Caminhei até a porta da sala, batendo levemente antes de ouvir um "Entre." claro e distintamente.

Adentrei na sala e fiz o protocolo habitual. O Sr. Mitchell estava lá, parecido com o dia anterior, exceto pelo fato de que ele não estava usando terno, optando por uma camisa polo e calça jeans. Ele segurava alguns papéis e contemplava a vista da cidade através das janelas de vidro.

— Senhorita Collins, é um prazer recebê-la novamente. Desculpe-me pela interrupção da entrevista ontem, questões familiares surgiram. — ele explicou, dirigindo-se a uma bancada onde havia algumas garrafas de bebida. — Aceita? — ele indicou a garrafa de uísque com a qual estava servindo um copo.

— Agradeço, Sr. Mitchell, mas acho que não é o momento apropriado. — respondi um pouco constrangida, vendo-o assentir compreensivamente.

— Então, me conte mais sobre você? E por que acha que é adequada para esta vaga? — ele perguntou, virando-se para mim.

Quase perdi o fôlego quando nossos olhares se encontraram. Ele tinha um sorriso suave, olhos penetrantes e uma pele negra que lhe conferia um charme distinto, destacada pela camisa que realçava sua figura atlética. "Concentre-se, Emma", meu subconsciente alertou.

— Como mencionei ontem, meu currículo fala por si quando se trata do meu desempenho profissional. Sou comprometida, sei lidar bem com o público e estou sempre disposta a dar o meu melhor. — respondi, observando-o tomar um gole de uísque.

— E em relação ao trabalho em equipe? — ele prosseguiu, esperando minha resposta.

— Tenho facilidade em trabalhar em equipe, priorizando o bem-estar dos meus colegas. — respondi calmamente, vendo um sorriso surgir em seus lábios.

— Não foi o que sua antiga chefe me disse. Procurei referências sobre você. Demitida por agredir um colega de trabalho. Não é um histórico muito favorável, não acha? — ele levantou uma sobrancelha, seu tom tingido de sarcasmo.

— Assediar uma colega de trabalho e tentar me agarrar também não é conduta exemplar, mas ele fez isso. — retruquei calmamente enquanto o observava.

— Sua antiga chefe não me passou essa versão dos fatos. — ele respondeu, ainda me encarando com ironia.

— Se soubesse que minha entrevista seria conduzida por meio de minha antiga chefe, nem teria me dado ao trabalho de comparecer, já que, aparentemente, já sabe tudo sobre mim. Ou estou enganada, Sr. Mitchell? — questionei, levantando-me e percebendo um leve sorriso em seu rosto.

— Essa não é a melhor maneira de tratar alguém que poderia ser sua futura chefe, Srta. Collins. — ele respondeu, estalando o pescoço enquanto me encarava.

— Eu seria mais cordial, se não fosse pela clara ironia em sua voz, Sr. Mitchell. E suas palavras parecem carregar um certo sarcasmo. — retorqui calmamente, mantendo o contato visual.

— Você sabe, Emma, a Black Corporation busca pessoas fortes, especialmente mulheres fortes e destemidas. Minha mãe construiu essa empresa do zero, provando ser mais do que apenas um rosto bonito na sua época. Você demonstrou garra, mesmo em nossa breve conversa. Espero que se sinta à vontade em nossa equipe e, por favor, evite agredir seus colegas de trabalho. — ele disse, sorrindo ao final.

Fiquei sem palavras, ainda observando-o enquanto ele pegava o telefone sobre a mesa para fazer uma ligação. Minutos depois, a porta se abriu e sua secretária entrou na sala.

— Margô, presumo que já tenha conhecido a Srta. Collins. Ela será minha nova secretária e sua colega de trabalho. Por favor, providencie toda a papelada e dispense as outras candidatas que estiverem lá fora. Ajude Emma com o que ela precisar — disse ele, pegando os papéis que Margô havia trazido. — Srta. Collins, você começa amanhã. Margô irá lhe passar o restante e providenciar os documentos que faltam. Agora podem se retirar, por favor.

Ainda atônita com suas palavras, saí da sala em direção à mesa onde Margô organizava alguns documentos. Logo, ela terminou e saímos juntas, ela carregando uma pilha de papéis e eu ajudando com algumas pastas.

— Ele é sempre tão gentil? — perguntei sarcasticamente enquanto caminhávamos em direção ao RH.

— Acredite, ele é pior — respondeu ela, soltando uma risada. — Mas não se preocupe, logo você se acostuma. Thomas tem um gênio difícil.

— E você já se acostumou? — perguntei, erguendo uma sobrancelha.

— Não — respondeu ela, sorrindo. Sua risada contagiante me fez rir também.

— Há quanto tempo trabalha com ele? — perguntei, curiosa.

— Acho que uns 2 anos e seis meses. A última assistente pessoal não aguentou o mau humor dele e pediu demissão. — explicou ela com naturalidade. — Tão jovem e já tão ranzinza. — Acrescentou, arrancando mais risadas de mim.

Chegamos ao RH e Margô me apresentou a alguns funcionários. Em seguida, organizou toda a papelada para minha contratação. As horas passaram voando e nem percebi que já estava no fim da tarde.

Terminei de assinar o último documento e me despedi do encarregado à minha frente, levantando-me da cadeira, pegando minha bolsa e saindo da sala. Caminhei pelo imenso corredor até chegar ao elevador.

Pressionei o botão, chamando o elevador, e enquanto esperava, retirei meu celular da bolsa. Havia várias mensagens e inúmeras ligações de Pietro, o que me fez revirar os olhos. Aquela não seria a hora adequada para uma DR, ainda mais por telefone.

Guardei o celular e logo as portas do elevador se abriram, revelando o térreo e a recepção. Não disse nada, apenas dei-lhe um breve sorriso, dei-lhe as costas e saí do elevador em direção à recepção, cumprimentei a recepcionista e segui para fora da empresa.

Olhei para o céu, que estava lindo naquele fim de tarde de inverno, a brisa fria batendo contra minha pele me causando alguns arrepios. Chamei um táxi e assim que o mesmo chegou, entrei e cumprimentei o motorista, entregando-lhe o endereço de minha casa e, em seguida, ele deu a partida no carro.

Paguei ao taxista e me despedi do mesmo, peguei minha bolsa e saí do carro em seguida. Segui pelo jardim até a entrada de minha casa, onde tenho um pequeno jardim de tulipas que cultivo há uns quatro anos. Elas eram as flores preferidas de minha mãe. E foram tudo o que sobrou dela, junto com a casa e todas as boas lembranças.

Ao chegar na varanda, retirei as chaves da bolsa, abri a porta e entrei em casa. Estava tudo escuro, como sempre, com o silêncio reinando.

Encontrei o interruptor e acendi todas as luzes, trancando a porta em seguida. Tirei os saltos que estavam me matando e os deixei próximos à porta, seguindo para as escadas, corredor e, em seguida, para o meu quarto.

Adentrei no quarto e tranquei a porta. Sei que pode parecer besteira, mas provavelmente Pietro viria de qualquer forma e não estou no clima hoje. Tenho até que me lembrar de mandar trocar as fechaduras.

Assim que tranco a porta, me livro de toda roupa que usava, ficando apenas com minhas roupas íntimas. Vesti meu roupão e passei meus cremes, escovei os dentes e voltei para o quarto, vestindo meu conjunto de moletom do Bob Esponja e minhas pantufas para completar o look.

Fiz um coque em meu cabelo e peguei meu celular, destranquei a porta do quarto e saí do mesmo, seguindo pelo corredor, escadas e, em seguida, pela sala de estar até chegar à cozinha. Olhei para a parede e vi as horas no relógio. Eram 19h50.

Sentei-me na bancada da cozinha e me servi, enquanto olhava minhas redes sociais. Terminei de comer e lavei a louça que havia sujado. Tranquei tudo no andar de baixo e peguei meu celular, subindo as escadas de volta para o quarto, onde entrei e tranquei a porta.

Fechei as janelas e as persianas, liguei a TV em uma série aleatória e por fim o ar. Me aconcheguei em minha cama e relaxei enquanto prestava atenção na cena que passava na TV.

Ouvi meu telefone tocar e peguei o mesmo que estava no criado-mudo, olhei o número na tela. Era o Pietro, mas como estou sem paciência, ignorei a chamada. Coloquei o telefone no mudo e desliguei a TV, me aconchegando na cama e logo pegando no sono.

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