Emma
~~▪︎~~▪︎~Acabei chegando bastante adiantada na empresa, respirando fundo enquanto adentrava o imponente edifício. Cumprimentei a recepcionista com um sorriso e me encaminhei para o elevador que me levaria ao andar da entrevista.— Você está bem adiantada. — comentou a secretária ao me ver.— Gosto de ser pontual. — respondi, devolvendo o sorriso.— Já que está aqui, vou ver se o Sr. Mitchell pode recebê-la agora. Peço que aguarde um momento. — ela indicou um sofá na sala de espera.Não demorou muito para ela me chamar, dizendo que eu podia entrar e que o chefe já estava me aguardando. Caminhei até a porta da sala, batendo levemente antes de ouvir um "Entre." claro e distintamente.Adentrei na sala e fiz o protocolo habitual. O Sr. Mitchell estava lá, parecido com o dia anterior, exceto pelo fato de que ele não estava usando terno, optando por uma camisa polo e calça jeans. Ele segurava alguns papéis e contemplava a vista da cidade através das janelas de vidro.— Senhorita Collins, é um prazer recebê-la novamente. Desculpe-me pela interrupção da entrevista ontem, questões familiares surgiram. — ele explicou, dirigindo-se a uma bancada onde havia algumas garrafas de bebida. — Aceita? — ele indicou a garrafa de uísque com a qual estava servindo um copo.— Agradeço, Sr. Mitchell, mas acho que não é o momento apropriado. — respondi um pouco constrangida, vendo-o assentir compreensivamente.— Então, me conte mais sobre você? E por que acha que é adequada para esta vaga? — ele perguntou, virando-se para mim.Quase perdi o fôlego quando nossos olhares se encontraram. Ele tinha um sorriso suave, olhos penetrantes e uma pele negra que lhe conferia um charme distinto, destacada pela camisa que realçava sua figura atlética. "Concentre-se, Emma", meu subconsciente alertou.— Como mencionei ontem, meu currículo fala por si quando se trata do meu desempenho profissional. Sou comprometida, sei lidar bem com o público e estou sempre disposta a dar o meu melhor. — respondi, observando-o tomar um gole de uísque.— E em relação ao trabalho em equipe? — ele prosseguiu, esperando minha resposta.— Tenho facilidade em trabalhar em equipe, priorizando o bem-estar dos meus colegas. — respondi calmamente, vendo um sorriso surgir em seus lábios.— Não foi o que sua antiga chefe me disse. Procurei referências sobre você. Demitida por agredir um colega de trabalho. Não é um histórico muito favorável, não acha? — ele levantou uma sobrancelha, seu tom tingido de sarcasmo.— Assediar uma colega de trabalho e tentar me agarrar também não é conduta exemplar, mas ele fez isso. — retruquei calmamente enquanto o observava.— Sua antiga chefe não me passou essa versão dos fatos. — ele respondeu, ainda me encarando com ironia.— Se soubesse que minha entrevista seria conduzida por meio de minha antiga chefe, nem teria me dado ao trabalho de comparecer, já que, aparentemente, já sabe tudo sobre mim. Ou estou enganada, Sr. Mitchell? — questionei, levantando-me e percebendo um leve sorriso em seu rosto.— Essa não é a melhor maneira de tratar alguém que poderia ser sua futura chefe, Srta. Collins. — ele respondeu, estalando o pescoço enquanto me encarava.— Eu seria mais cordial, se não fosse pela clara ironia em sua voz, Sr. Mitchell. E suas palavras parecem carregar um certo sarcasmo. — retorqui calmamente, mantendo o contato visual.— Você sabe, Emma, a Black Corporation busca pessoas fortes, especialmente mulheres fortes e destemidas. Minha mãe construiu essa empresa do zero, provando ser mais do que apenas um rosto bonito na sua época. Você demonstrou garra, mesmo em nossa breve conversa. Espero que se sinta à vontade em nossa equipe e, por favor, evite agredir seus colegas de trabalho. — ele disse, sorrindo ao final.Fiquei sem palavras, ainda observando-o enquanto ele pegava o telefone sobre a mesa para fazer uma ligação. Minutos depois, a porta se abriu e sua secretária entrou na sala.— Margô, presumo que já tenha conhecido a Srta. Collins. Ela será minha nova secretária e sua colega de trabalho. Por favor, providencie toda a papelada e dispense as outras candidatas que estiverem lá fora. Ajude Emma com o que ela precisar — disse ele, pegando os papéis que Margô havia trazido. — Srta. Collins, você começa amanhã. Margô irá lhe passar o restante e providenciar os documentos que faltam. Agora podem se retirar, por favor.Ainda atônita com suas palavras, saí da sala em direção à mesa onde Margô organizava alguns documentos. Logo, ela terminou e saímos juntas, ela carregando uma pilha de papéis e eu ajudando com algumas pastas.— Ele é sempre tão gentil? — perguntei sarcasticamente enquanto caminhávamos em direção ao RH.— Acredite, ele é pior — respondeu ela, soltando uma risada. — Mas não se preocupe, logo você se acostuma. Thomas tem um gênio difícil.— E você já se acostumou? — perguntei, erguendo uma sobrancelha.— Não — respondeu ela, sorrindo. Sua risada contagiante me fez rir também.— Há quanto tempo trabalha com ele? — perguntei, curiosa.— Acho que uns 2 anos e seis meses. A última assistente pessoal não aguentou o mau humor dele e pediu demissão. — explicou ela com naturalidade. — Tão jovem e já tão ranzinza. — Acrescentou, arrancando mais risadas de mim.Chegamos ao RH e Margô me apresentou a alguns funcionários. Em seguida, organizou toda a papelada para minha contratação. As horas passaram voando e nem percebi que já estava no fim da tarde.Terminei de assinar o último documento e me despedi do encarregado à minha frente, levantando-me da cadeira, pegando minha bolsa e saindo da sala. Caminhei pelo imenso corredor até chegar ao elevador.Pressionei o botão, chamando o elevador, e enquanto esperava, retirei meu celular da bolsa. Havia várias mensagens e inúmeras ligações de Pietro, o que me fez revirar os olhos. Aquela não seria a hora adequada para uma DR, ainda mais por telefone.Guardei o celular e logo as portas do elevador se abriram, revelando o térreo e a recepção. Não disse nada, apenas dei-lhe um breve sorriso, dei-lhe as costas e saí do elevador em direção à recepção, cumprimentei a recepcionista e segui para fora da empresa.Olhei para o céu, que estava lindo naquele fim de tarde de inverno, a brisa fria batendo contra minha pele me causando alguns arrepios. Chamei um táxi e assim que o mesmo chegou, entrei e cumprimentei o motorista, entregando-lhe o endereço de minha casa e, em seguida, ele deu a partida no carro.☪Paguei ao taxista e me despedi do mesmo, peguei minha bolsa e saí do carro em seguida. Segui pelo jardim até a entrada de minha casa, onde tenho um pequeno jardim de tulipas que cultivo há uns quatro anos. Elas eram as flores preferidas de minha mãe. E foram tudo o que sobrou dela, junto com a casa e todas as boas lembranças.Ao chegar na varanda, retirei as chaves da bolsa, abri a porta e entrei em casa. Estava tudo escuro, como sempre, com o silêncio reinando.Encontrei o interruptor e acendi todas as luzes, trancando a porta em seguida. Tirei os saltos que estavam me matando e os deixei próximos à porta, seguindo para as escadas, corredor e, em seguida, para o meu quarto.Adentrei no quarto e tranquei a porta. Sei que pode parecer besteira, mas provavelmente Pietro viria de qualquer forma e não estou no clima hoje. Tenho até que me lembrar de mandar trocar as fechaduras.Assim que tranco a porta, me livro de toda roupa que usava, ficando apenas com minhas roupas íntimas. Vesti meu roupão e passei meus cremes, escovei os dentes e voltei para o quarto, vestindo meu conjunto de moletom do Bob Esponja e minhas pantufas para completar o look.Fiz um coque em meu cabelo e peguei meu celular, destranquei a porta do quarto e saí do mesmo, seguindo pelo corredor, escadas e, em seguida, pela sala de estar até chegar à cozinha. Olhei para a parede e vi as horas no relógio. Eram 19h50.Sentei-me na bancada da cozinha e me servi, enquanto olhava minhas redes sociais. Terminei de comer e lavei a louça que havia sujado. Tranquei tudo no andar de baixo e peguei meu celular, subindo as escadas de volta para o quarto, onde entrei e tranquei a porta.Fechei as janelas e as persianas, liguei a TV em uma série aleatória e por fim o ar. Me aconcheguei em minha cama e relaxei enquanto prestava atenção na cena que passava na TV.Ouvi meu telefone tocar e peguei o mesmo que estava no criado-mudo, olhei o número na tela. Era o Pietro, mas como estou sem paciência, ignorei a chamada. Coloquei o telefone no mudo e desliguei a TV, me aconchegando na cama e logo pegando no sono.Emma.. A brisa fria da manhã toca minha pele, como uma breve saudação matinal. Estico-me ainda na cama, alongando meus braços e coluna, tentando evitar problemas na coluna aos vinte e poucos anos.Dirijo-me à grande janela que se abre para a rua, abrindo as cortinas grossas e deixando o ar fresco entrar livremente no quarto. Concluo o download que traz minha alma de volta ao meu corpo e vou para o banheiro, seguindo minha rotina matinal que consiste em me preparar para o trabalho tão rápido quanto o personagem Flecha de Zootopia.Depois de terminar, volto para o quarto e me visto com algo formal, porém confortável, adequado para o meu primeiro dia de trabalho como a nova secretária do CEO de uma das maiores multinacionais do país.Pego minha bolsa e celular, saio do quarto, tranco a porta e guardo a chave na bolsa. Descendo as escadas, percebo que estou sozinha em casa. Sirvo-me de suco e alguns sanduíches, sentando-me no pequeno banco próximo à ilha da cozinha para saborear meu ca
𝙴𝚖𝚖𝚊 𝙽𝚊𝚛𝚛𝚊𝚗𝚍𝚘.Dias depois.QUATRO NOITES. Quatro noites de olhos fixos no teto, observando as sombras dançarem enquanto o relógio impiedoso marcava cada segundo. Quatro noites desde que a insanidade invadiu minha vida na forma de um telefone fixo tocando a noite inteira no andar de baixo, ou de um celular vibrando incessantemente na mesa de cabeceira.Thomas Mitchell. O nome ressoava na minha mente como um eco constante, uma praga que se infiltrava em cada pensamento, cada suspiro. Meu novo chefe. A razão por trás das minhas olheiras profundas e da minha mente em frangalhos.— Collins, espero não estar atrapalhando seu sono. Claro, isso não importa muito... — ele começou na primeira noite, sua voz rude e penetrante no silêncio da madrugada. — Preciso de um favor, estou precisando de um documento urgente, especificamente aquele que lhe pedi para digitalizar esta tarde. Bem, como sei que o levou para casa para terminar, gostaria de pedir que me enviasse novamente. De prefer
Emma narrando. Ava havia chegado há algum tempo em minha casa, e estávamos nos organizando para irmos até uma casa noturna no centro. Seu desejo, no entanto, era estrear as pistas de Chicago sobre duas rodas. Mas, devido ao inverno, a noite não estava muito convidativa para tal atividade. Os rachas já eram perigosos em noites comuns, e com chuva, esse perigo multiplicava.As pistas ficavam escorregadias, o coração batia forte e uma curva mal pensada poderia ser a última. Então, por via das dúvidas, consegui convencê-la a não se empolgar tanto, pelo menos naquela noite.Ela estava hospedada em um hotel a algumas quadras da minha casa, então ainda teríamos muito tempo para desafiar a morte, como ela dizia. O motivo pelo qual ela não estava hospedada em minha casa era bem simples.Ava odiava Pietro com todas as forças possíveis, e não a culpo. Ele podia ser insuportável quando queria. Finalizei minha maquiagem enquanto ela vasculhava meu guarda-roupa em busca de algo para usar.— Onde e
Emma Narrando. ~¤¤¤~A segunda-feira despertou como um lembrete implacável de que as coisas podiam sempre piorar. O fim de semana foi um redemoinho de caos, culminando na briga feia com Pietro no sábado de manhã, desencadeada por um maldito vídeo enviado por um número anônimo ( tambem conhecida como Ava) , mostrando Thomas e eu dançando de forma íntima na boate.Decidi encerrar aquele relacionamento tumultuado, se é que podíamos chamar aquilo de relacionamento. Pietro não lidou bem com o término, mas já era hora de dar um fim àquela palhaçada.No sábado à tarde, chamei um chaveiro para trocar todas as fechaduras da minha casa. No domingo, os buquês de rosas e os pedidos de desculpas de Pietro não me comoveram nem um pouco. E quando achei que as coisas finalmente haviam se acalmado, recebi uma ligação de Thomas às quatro da manhã desta madrugada, exigindo uma lista de tarefas para serem concluídas antes das 9h da manhã:- Buscar o blazer na lavanderia.- Café do outro lado da cidade.-
Emma. ~¤▪︎¤~ Dias depois...Enfrentar Thomas estava se tornando quase um passatempo fácil, ignorá-lo e fingir que ele era invisível em certos momentos estava se mostrando bastante útil para afastar da minha mente aquela dança m*****a na boate alguns dias atrás. O problema não era evitá-lo dentro da m*****a empresa, era basicamente escapar dele em qualquer outro lugar, porque, incrivelmente (ou não), onde quer que eu estivesse, ele conseguia aparecer, saber o que eu estava fazendo ou com quem eu estava, o que estava me deixando à beira da insanidade.Dias atrás, recebi um convite para sair após o expediente da empresa, nada menos que do barman com quem troquei números na boate. Um encontro tranquilo no meio da semana parecia uma boa ideia, então aceitei e marcamos. O nome dele era Leon. combinamos de sair hoje afinal seria uma boa esfriar a mente. Nos encontramos no shopping local por volta das 19h30. Tudo estava indo bem até certo ponto. Passeamos um pouco, fomos ao cinema assistir
Narradora ~¤¤¤~Emma sentiu como se o peso do mundo estivesse em suas costas ao se levantar da cama naquela manhã. Contrariada, seguiu para o banheiro e repetiu a mesma rotina de sempre, parando em frente ao espelho por um momento e observando as olheiras que se formaram sob seus olhos, fruto de uma noite mal dormida.Ela tentou esquecer a data, seja aceitando o convite de Leon para ir ao shopping, discutindo com Thomas em público ou bebendo com Giulia até tarde da noite. Na esperança de acordar bêbada o suficiente na manhã seguinte para não se lembrar de nada, mas a ironia estava lá.Ela se lembrava com riqueza de detalhes todos os anos, na mesma data, o ciclo se repetia. E acreditem, ela tentou esquecer, nos últimos anos, nessa mesma data ela saía, bebia, usava drogas e arriscava sua vida, tudo para aliviar momentaneamente a perturbação que as lembranças daquele dia causavam em sua mente.Emma finalizou uma maquiagem leve, apenas para esconder as olheiras. Prendeu os longos cabelos
Emma Narrando. ~▪︎¤▪︎~~Observo meu reflexo no espelho mais uma vez, decidindo mudar tudo que estava vestindo e indo em direção ao guarda-roupa para escolher uma nova roupa. Não era uma questão de me arrumar demais para sair com meu chefe, apenas buscava algo confortável.Bem, não sei o que passou pela minha cabeça ao concordar em sair com Thomas esta noite. Giulia compartilha da mesma opinião, considerando o irmão nada além de um mimado.Não que meu estimado chefe não seja atraente, pelo contrário. Thomas é um homem negro, alto, com quase dois metros de altura, corpo atlético, o que fica evidente nos ternos que usa, cabelo curto e bem cortado, traços marcantes e um sorriso capaz de tirar o fôlego de qualquer um. E seus olhos... Negros e intensos como a própria noite, capazes de enviar arrepios, especialmente quando desafiam em momentos de fúria.Quanto à opinião de Giulia sobre o irmão, ela é três anos mais nova que ele. Segundo ela, eles foram criados de maneira bastante diferente
Emma narrando. ~~°~~Alguns olhares se voltam para nós quando entramos na lanchonete, era um lugar não muito moderno, na verdade estava mais para aquelas lanchonetes dos anos 90, era legal de certa forma. Bem, não estou aqui para observar a decoração do lugar, puxo Thomas em direção a uma mesa mais afastada, nos sentamos um de frente para o outro enquanto ele me observa com desdem. — Nos deixamos de jantar no Arcádia, para comer em uma lanchonete no subúrbio de Chicago. — ele diz com certo sarcasmo. — Você tem gostos peculiares Emma. — Tenho meus motivos, e bem, eles teem um dos melhores hambúrgueres da cidade. — Divido muito que a comida desse lugar possa se comparar com as comidas das grandes marcas de fastfood. — Thomas. — digo com sutileza, e ele me olha com desconfiança. — só cala a boca. Ele está prestes a retrucar quando Sônia, a garçonete se aproxima. A mesma abre um grande sorriso quando vê, me fazendo sorrir de volta. — Emma, quanto tempo garota. Você sumiu, nunca ma