Narradora ~¤¤¤~Emma sentiu como se o peso do mundo estivesse em suas costas ao se levantar da cama naquela manhã. Contrariada, seguiu para o banheiro e repetiu a mesma rotina de sempre, parando em frente ao espelho por um momento e observando as olheiras que se formaram sob seus olhos, fruto de uma noite mal dormida.Ela tentou esquecer a data, seja aceitando o convite de Leon para ir ao shopping, discutindo com Thomas em público ou bebendo com Giulia até tarde da noite. Na esperança de acordar bêbada o suficiente na manhã seguinte para não se lembrar de nada, mas a ironia estava lá.Ela se lembrava com riqueza de detalhes todos os anos, na mesma data, o ciclo se repetia. E acreditem, ela tentou esquecer, nos últimos anos, nessa mesma data ela saía, bebia, usava drogas e arriscava sua vida, tudo para aliviar momentaneamente a perturbação que as lembranças daquele dia causavam em sua mente.Emma finalizou uma maquiagem leve, apenas para esconder as olheiras. Prendeu os longos cabelos
Emma Narrando. ~▪︎¤▪︎~~Observo meu reflexo no espelho mais uma vez, decidindo mudar tudo que estava vestindo e indo em direção ao guarda-roupa para escolher uma nova roupa. Não era uma questão de me arrumar demais para sair com meu chefe, apenas buscava algo confortável.Bem, não sei o que passou pela minha cabeça ao concordar em sair com Thomas esta noite. Giulia compartilha da mesma opinião, considerando o irmão nada além de um mimado.Não que meu estimado chefe não seja atraente, pelo contrário. Thomas é um homem negro, alto, com quase dois metros de altura, corpo atlético, o que fica evidente nos ternos que usa, cabelo curto e bem cortado, traços marcantes e um sorriso capaz de tirar o fôlego de qualquer um. E seus olhos... Negros e intensos como a própria noite, capazes de enviar arrepios, especialmente quando desafiam em momentos de fúria.Quanto à opinião de Giulia sobre o irmão, ela é três anos mais nova que ele. Segundo ela, eles foram criados de maneira bastante diferente
Emma narrando. ~~°~~Alguns olhares se voltam para nós quando entramos na lanchonete, era um lugar não muito moderno, na verdade estava mais para aquelas lanchonetes dos anos 90, era legal de certa forma. Bem, não estou aqui para observar a decoração do lugar, puxo Thomas em direção a uma mesa mais afastada, nos sentamos um de frente para o outro enquanto ele me observa com desdem. — Nos deixamos de jantar no Arcádia, para comer em uma lanchonete no subúrbio de Chicago. — ele diz com certo sarcasmo. — Você tem gostos peculiares Emma. — Tenho meus motivos, e bem, eles teem um dos melhores hambúrgueres da cidade. — Divido muito que a comida desse lugar possa se comparar com as comidas das grandes marcas de fastfood. — Thomas. — digo com sutileza, e ele me olha com desconfiança. — só cala a boca. Ele está prestes a retrucar quando Sônia, a garçonete se aproxima. A mesma abre um grande sorriso quando vê, me fazendo sorrir de volta. — Emma, quanto tempo garota. Você sumiu, nunca ma
Thomas narrando. °°′°°°°°° A ficha realmente caiu quando ouvi o barulho da moto se afastando. A noite havia sido bem mais emocionante do que eu havia planejado, mas eu estaria mentindo se dissesse que aceitaria terminar essa noite sem tê-la em minha cama. Há um mês venho desejando Emma de todas as formas possíveis, e ver como ela se entregou a mim em um lugar público, sem se preocupar com as pessoas ao nosso redor, fez com que esse desejo por ela só aumentasse. Entro em meu carro e dou partida em direção a sua casa, se eu fosse rápido o suficiente conseguiria chegar até lá antes que ela saísse novamente. Eu não faço ideia se ela de fato vai para casa, mas estou apostando que sim e espero realmente que minha intuição esteja certa. Dirijo em alta velocidade pelas movimentadas de Chicago, com o coração quase saindo pela boca quando as rodas do carro derrapa em uma ou outra curva. Já faz muito tempo desde que acelerei tanto a esse ponto, e sentir essa sensação novamente não é algo
Narradora.Thomas estacionou em frente à casa modesta de andar único. À primeira vista, o local parecia simples para quem o via de fora, mas, a partir do momento em que qualquer visitante entrava, a propriedade se revelava de outra forma.Fazia alguns meses que Thomas não vinha a esse lugar. Ele não gostava de estar aqui, mesmo tendo ele próprio comprado a casa. Comprara-a meses antes da morte de sua noiva; ambos pretendiam viver distantes do agito da cidade grande e a pequena cidade de Cairo, com cerca de mil habitantes, parecia perfeita para isso.Contudo, após a morte dela, o lugar tornou-se um sinônimo de mágoa e ressentimento pelos erros do passado. Thomas tocou a campainha, e não demorou para uma gentil senhora atender a porta. Ela abriu um grande sorriso ao vê-lo.Abigail, uma mulher na faixa dos sessenta e tantos anos, havia sido contratada por Thomas há alguns anos para ser a governanta da casa e para ajudar com uma situação em especial.— Senhor Mitchell, que surpresa — diss
Emma narrando. Era óbvio que sair com Thomas traria consequências. Mas eu nunca imaginei que elas chegariam tão rápido. Normalmente, multas por excesso de velocidade demoram semanas para aparecer. Que ironia: preferia mil vezes uma multa ao que vi na tela do meu notebook naquela manhã de segunda-feira.Meu domingo foi tranquilo. No fim da noite, Giulia e eu saímos para beber com Santiago e alguns amigos. Quando cheguei em casa, desmaiei na cama. Pelo menos não bebi tanto a ponto de acordar de ressaca, como às vezes acontece.Uma hora atrás, me levantei, abri as janelas e fiz meu ritual matinal. Dez minutos atrás, Giulia me ligou desesperada, mandando eu ver o link que me enviou. Meu celular não carregava o site, então abri no notebook. Quase caí para trás ao ver a manchete. Na capa, uma foto minha e de Thomas juntos, tirada por alguém enquanto nos despedíamos ontem à noite. E a legenda? Um desastre:"Herdeiro da Black Corporation, Thomas Mitchell, é flagrado trocando carícias com uma
Emma Narrando. Sim, eu admito, tenho alguns problemas com meu temperamento. Consigo ser uma pessoa calma até certo ponto, ao menos atualmente, depois de tantas sessões de terapia para aprender a controlar minha raiva. Sim, eu fui uma adolescente problemática. O único problema é que tenho uma leve tendência a não saber domar minha raiva quando alguém me tira do sério. O maior exemplo disso é que, quando estava no quarto ano, mandei um amigo para o hospital com o braço quebrado porque ele riu de mim. Então, bem, acho que não preciso dizer muita coisa, certo? Foco meus olhos na mulher ao meu lado, tentando controlar o que estava acontecendo dentro de mim. Não, eu não iria perder outro emprego por conta de algum babaca. — Pode repetir, Margot? Acho que não entendi muito bem o que você quis dizer — digo calmamente, mantendo minha atenção nela. — Então, além de sonsa, agora você também vai se fazer de desentendida? — Ela sorri sarcasticamente, me fazendo erguer as sobrancelhas em desc
Algumas horas haviam se passado. Aparentemente, o remédio que ofereci a Thomas tinha feito efeito, pois ele estava sentado no sofá, me observando trabalhar em silêncio por quase meia hora.— Emma? — ele chamou minha atenção após todo esse tempo calado. — Os documentos que trouxe algumas horas atrás, de qual setor vieram e do que se tratam?— São as transferências dos novos funcionários que estão indo para a filial de NY e dos que estão sendo transferidos de lá para cá — respondi, mantendo os olhos no computador à minha frente.— Emma.— Sim.— São quase 14h40. Deixe tudo o que está fazendo e vamos almoçar. Tenho uma reunião em uma hora e meia e você estará presente comigo.— Estou ocupada, mas Margot ficará feliz em lhe acompanhar.— Isso não é um pedido.— O que falei pela manhã também não foi um pedido, mas você não deu muita importância.— Ainda sou seu chefe e ainda dou as ordens dentro desta empresa.— Tudo bem, passarei no RH assim que terminar esse relatório.— Para que exatame