Emma Narrando. Chegar em casa não havia sido a parte mais difícil do dia. Na verdade, foi bastante reconfortante. Saí do carro e tranquei a porta da garagem. Entrei em casa pela pequena porta lateral que dava para a cozinha, e algo chamou minha atenção.As luzes da cozinha estavam acesas, havia panelas no fogão e o cheiro de comida bem-feita exalava pelo ambiente. Não tinha como Thomas ter feito isso. Em primeiro lugar, estivemos o dia inteiro envolvidos em papéis e, agora à tarde, tivemos aquela maldita reunião, que por sinal durou bem mais do que o necessário.Caminhei com sutileza pela casa silenciosa, enquanto meus saltos se chocavam contra o assoalho de madeira. Dirigi-me até a sala, onde quase caí para trás ao ver meu ex sentado no meu sofá, como costumava fazer antigamente, totalmente acomodado enquanto assistia algo na TV.— Você finalmente chegou, amor. — Sua voz ecoou, tirando-me do transe.— Você me assustou. Não sabia que viria, você nunca gostou de datas comemorativas. —
Emma Narrando. Coloquei o celular no bolso e respirei fundo, tentando pensar rapidamente em um plano. O som do chuveiro continuava a mascarar qualquer movimento que eu fizesse. Peguei a arma e verifiquei o carregador. Estava carregada, pelo menos uma coisa estava a meu favor. A tensão no ar era palpável. Sabia que não podia ficar ali para sempre. Tentei pensar em uma maneira de sair do quarto sem ser vista. Olhei ao redor do banheiro, procurando qualquer coisa que pudesse usar a meu favor. Nada, não havia nada ali que pudesse me ajudar de alguma forma. Ouvi batidas vindas da porta do quarto e a voz de Pietro ecoando do lado de fora. — Emma querida, está tudo bem? — ele perguntou. Não respondi, deixando que a água do chuveiro ecoasse, fazendo-o pensar que eu não o estava ouvindo. Abri a porta do banheiro devagar e observei o quarto ao meu redor. Meus olhos se voltaram para a janela. Caminhei até ela, destravando as trancas e abrindo-a. Eu conseguiria facilmente sair por ali. Contu
Thomas narrando.Cinco dias, cinco longos e tortuosos dias desde que decidi trazer Emma para ficar no meu apartamento. Dois dias em que ela tem me transformado no seu escravo pessoal e brincado com minha sanidade mental, me levando ao limite em vários momentos.Sua brilhante ideia de pular do segundo andar, não foi tão brilhante assim, resultando num belo gesso na perna por algumas semanas. E, na mente dela, isso lhe dá o direito de me fazer de seu serviçal.Não que ela não consiga andar, longe disso. Ela se locomove perfeitamente bem, mesmo com o gesso atrapalhando um pouco. O que quero dizer é que não tem sido nada fácil vê-la desfilando de calcinha e usando minhas camisas, sem eu poder fazer ou dizer nada.Emma encontrou uma maneira interessante de me punir por não deixá-la ficar no maldito hotel: me levar ao limite para, no fim das contas, me deixar na vontade.E como se não bastasse, ela decidiu fazer uma "limpeza" no meu apartamento. Não, não é o tipo de limpeza que envolve aspi
Emma Narrando.Se há algo de que posso ter certeza na vida, é que não existe nada tão ruim que não possa piorar. Descobri também que, se arrependimento matasse, eu já estaria em outro plano há tempos. Sinceramente, não sei onde estava com a cabeça ao convidar Thomas para vir comigo. Sim, eu precisava do carro dele — afinal, andar de moto com a perna engessada não é uma opção.Outra coisa que está me tirando do sério é esse maldito gesso. Não vejo a hora de tirá-lo e voltar à minha rotina. Não posso negar que Thomas tem sido um anfitrião dedicado nesses últimos dias em que estou na casa dele, mas, convenhamos, eu quero a minha casa de volta. Que Pietro tenha invadido e tentado me matar lá dentro? Continua sendo minha casa, e, sinceramente, ainda não fiquei milionária para me hospedar em hotéis. Além disso, passar mais tempo do que o necessário com Thomas está fora de cogitação.Thomas é, sem dúvidas, um homem atraente, mas tem um lado... complexo demais para ser entendido. E eu definit
Emma Narrando. Abri a porta do apartamento com cuidado. Passava das cinco e meia da manhã. Santiago havia me deixado há pouco em frente ao prédio onde Thomas mora. Depois da confusão da noite anterior, eu precisava repensar muitas coisas, e uma delas é que não dá para continuar desse jeito.Entrei na ponta dos pés e encontrei o apartamento completamente revirado. Bufo com a cena, reviro os olhos e vou direto para o quarto de hóspedes, onde tenho estado nos últimos dias. Eu não recomendo a ninguém surtar e quebrar a casa inteira cada vez que fica com raiva, mas, como Thomas tem dinheiro para comprar tudo novo e este é o apartamento dele, quem sou eu para julgar?Abro a porta do quarto e dou de cara com Thomas esparramado na cama. Sério? O apartamento tem três quartos, contando com o dele, e ele precisava justamente dormir no que estou ocupando? Eu sei, não tenho do que reclamar, afinal, a casa é dele.Caminho até ele, mesmo com o gesso incomodando. Não vejo a hora de tirar essa coisa.
Emma Emma.~~~°~~~— E por um acaso eu tenho outra opção? — pergunto, me esforçando para não revirar os olhos. Thomas me encara com aquele semblante sério que já conheço bem. Definitivamente, ele não está disposto a brincadeiras.— É claro que sim. — Sua voz é firme, quase fria. — Assim que sair desta sala, pode pegar suas coisas, passar no RH e nunca mais colocar os pés nesta empresa.A ideia não parece tão ruim. Não ter que olhar para o brutamontes à minha frente, que parece prestes a explodir, seria um alívio. O problema é que Thomas ainda não digeriu o fato de eu ter saído da casa dele há um mês, depois do desastre na casa de Santiago. Faz duas semanas que voltei ao trabalho, e desde então estamos nesse embate constante. Ele, claro, tem vantagem: é o chefe.Mas se acham que isso vai me intimidar, estão muito enganados. A situação, no entanto, ficou mais complicada quando alguém enviou à mídia fotos de nós dois entrando no carro dele, na época em que ainda morava na casa dele. Se
Chicago, Illinois, EUAQuatro anos antesNarrado por EmmaAlguns meses se passaram desde minha chegada à cidade. Ainda era estranho deixar todos para trás: Ava, Ethan, Luke, Tia Lucy, Simon e tantos outros. Eu poderia ter continuado lá, sem dúvida, poderia ter continuado meus estudos em uma das muitas universidades da Inglaterra.Poderia me formar e ter um bom emprego, ou quem sabe fazer aquele tão sonhado curso para me tornar uma das melhores tatuadoras do Reino Unido. Sempre gostei de desenhar, então por que não unir o útil ao agradável? Contudo, as coisas costumam mudar de repente, e eu admito que não deveria ter me acostumado com a estabilidade de um lar fixo.Meus pais têm trabalhos exaustivos e consequentemente vivem mudando de estado em estado. Havíamos passado os últimos seis a oito anos morando na Inglaterra, nunca em um lugar fixo por muito tempo. Sempre em movimento, sempre conhecendo novos lugares.Meus pais são pesquisadores, então estão sempre em busca de novas descobert
Emma. ~~▪︎~~▪︎~Os primeiros raios de sol rompem a cortina do meu quarto, forçando meus olhos a se ajustarem à luz da manhã. Com um bocejo cansado, verifico a hora no celular: 06h30 A.M. Levantar-se parece uma tarefa árdua demais para um dia que mal começou.Sinto meu corpo pesado, a cabeça latejando em um ritmo descompassado. Definitivamente, este não é o meu dia. Arrasto-me até a imensa janela do quarto e encosto-me nela, observando a rua além.O sol esgueira-se timidamente entre as nuvens, enquanto uma brisa fresca da manhã brinca suavemente com a minha pele, arrepiando-a. "Inverno é a melhor estação", murmuro para mim mesma, apreciando a tranquila movimentação lá fora. Alguns poucos transeuntes desfilam pela calçada, envoltos em seus casacos sóbrios, conferindo um certo charme à época. Ah, como eu amo o frio.Desvio-me da janela e encaminho-me para o banheiro. Despindo-me das roupas, entro no chuveiro e deixo a água morna acariciar cada centímetro do meu corpo, dissolvendo as ten