POV: AVRIL
O dia dentro da clínica passou rápido, apesar de todas as lagrimas e canções, me sentia leve por estar ali. Vaguei pela área neonatal, Cassandra me permitiu entrar no berçário e pegar um bebê no colo, caminhava de um lado para o outro com cada um que iniciava os chorinhos, cantarolando e acalmando suas emoções:
— Vocês são as coisinhas mais lindas deste mundo, sabia? — Murmurei para o pacotinho embalado em meus braços. — Ai que vontade de adotar todos vocês!
— Acho que você ficaria muitas noites em claro. — Sua voz ressoou cansado e imponente dentro do berçário, virei para encontrar Archer que estava encostado no batente da porta olhando-nos com intensidade. — Boa noite.
— A quanto tempo está aí parado? — Arqueei a sobrancelhas o encarando quando o bebezinho resmungou. &
POV: ARCHERFoi um golpe vê-la ali, segurando o bebê com tanto cuidado e ternura enquanto cantarolava uma melodia suave. A imagem que se formou em minha mente foi tão vívida que quase pude sentir o calor de nosso filho nos braços dela, algo que eu tinha sonhado tantas vezes. Engoli em seco, lutando contra o suspiro que ameaçava escapar da minha garganta e romper o silêncio entre nós. Ela parecia tão perdida em seus próprios pensamentos e dores, tão absorta em restaurar a si mesma enquanto ajudava as outras mulheres daquele lugar a se reconstruírem, que nem notou o quão tarde já era.Quando finalmente chegamos em casa, o silêncio se instalou entre nós como uma parede invisível. Antes que eu pudesse sugerir que jantássemos juntos, Avril subiu as escadas em disparada, batendo a porta do quarto com força. Fiquei parado ao pé
POV: ARCHERO peso de todas essas perdas e responsabilidades parecia querer me esmagar, mas eu não podia me dar ao luxo de fraquejar. Havia muito mais em jogo do que apenas meu bem-estar.Falei com desdém, passando a mão pelos olhos cansados enquanto retirava as fotos da gaveta. Cada imagem, cada anotação era uma peça de um quebra-cabeça que, de alguma forma, girava em torno de Avril Fox e dos motivos que a levaram a perder o bebê. Um turbilhão de pensamentos cruzava minha mente, mas então, um pensamento permeou minha mente, uma ideia surgiu. Levantei-me de repente, com o coração acelerado, e corri até o cofre embutido na parede. Ao abrir a pesada porta de metal, minhas mãos tremiam levemente ao retirar o testamento do avô. Eu sabia que havia algo ali, uma cláusula que poderia mudar tudo.Folheei as páginas rapidamente, buscando o tr
POV: AVRILCheguei à boate, surpresa ao ver que, apesar do temporal lá fora, o lugar estava lotado. As luzes neon piscavam através das janelas, e a música vibrava no ar, fazendo o chão tremer sob meus pés. Assim que entrei, Francis, primo de Nathaniel e um dos donos do lugar, me avistou de longe. Com um sorriso largo, ele gesticulou para liberar a entrada para mim.— Avril, minha garota de voz angelical! Quanto tempo! — Ele exclamou, visivelmente animado, enquanto se aproximava para me envolver em um abraço caloroso. — Achei que tinha nos esquecido.— Como se fosse possível. — Respondi com um sorriso suave, retribuindo o abraço. Havia algo reconfortante em estar ali, em meio a rostos familiares, apesar de tudo.— O que te traz aqui hoje? — Ele perguntou, arqueando uma sobrancelha de forma divertida. — Vei
POV: AVRILHavia uma malícia sutil nas entrelinhas de suas palavras, algo que fez meu rosto corar instantaneamente. Puxei minha mão de volta, sentindo um misto de desconforto e timidez.— Obrigada por tudo, Nathaniel. — Respondi, tentando manter minha voz firme, embora um pouco tímida. — Mas não precisa se preocupar. Consegui um novo emprego com uma boa remuneração... E estou conseguindo me virar.— Um novo emprego? — Seus olhos brilharam de entusiasmo, e ele se inclinou um pouco mais para perto. — Por favor, me diga que é de cantora. O mundo precisa ouvir sua voz maravilhosa! — Ele parecia genuinamente animado com a ideia, e sua proximidade me deixou ligeiramente desconcertada.— Si... Sim, sou cantora... em uma clínica. — Respondi, mexendo-me desconfortavelmente na cadeira. — Para bebês e m&a
POV: AVRILApesar do alívio momentâneo, a verdade ainda pesava em meus ombros. Contei a ele sobre meu pai e a dívida com Corand, sobre minha primeira noite como cantora no clube estar se aproximando, meus receios em relação à saúde de minha mãe e ao café. No entanto, escondi a parte mais sombria da minha vida: o retorno do meu ex-namorado, o homem que um dia eu tanto amei, e o contrato insano que havíamos firmado, no qual eu seria sua "esposa substituta" e doadora para sua verdadeira noiva. A possível obrigação de gerar um filho para ambos era uma ferida que eu não estava pronta para expor, nem para mim mesma.O tempo passou sem que eu percebesse, e entre risos e conversas, a madrugada se esvaiu. Drinks foram e vieram, e passamos horas conversando como bons amigos. E, no fundo, era exatamente isso que Nathaniel significava para mim: um bom amigo, alguém
POV: ARCHERAvril arregalou os olhos, surpresa com a intensidade da minha reação. Talvez fosse o álcool, talvez o desejo reprimido por anos, mas, naquele momento, nada mais importava. Ela era minha, e a ideia de compartilhá-la com qualquer outro me consumia, ecoando em minha mente e inflamando meu sangue.— Você enlouqueceu? — Ela gritou, agitada, segurando a mão que ainda tremia do tapa.— Estou louco por você, Avril Fox! — Declarei com firmeza, puxando-a para mim com um impulso irresistível. Inclinei-me, mergulhando o nariz em seu pescoço, inalando profundamente o aroma doce que sempre me deixou embriagado. — Sempre fui louco por você...— Pare com isso... — Ela murmurou, a voz perdendo força enquanto seu corpo se rendia ao calor do momento. — Eu não sinto o mesmo!
POV: ARCHERDeixei sua boca faminta e desci pelos contornos de seu pescoço, traçando um caminho de beijos e mordidas. Cada toque de meus lábios na pele dela era como uma explosão de necessidade; eu precisava sentir cada centímetro daquele corpo que tantas vezes habitou meus sonhos.Minhas mãos, impacientes, deslizaram por debaixo de sua blusa. Com um movimento brusco, puxei o tecido para o lado e rasguei-o, revelando o sutiã delicado que mal conseguia conter seus seios. Umedeci os lábios, ofegante, e parei por um instante para admirá-la. Avril estava deslumbrante, a boca vermelha e inchada pelo nosso beijo apaixonado, a face ruborizada pelo calor do momento, os olhos brilhando com uma mistura de desejo e desafio.— Você é minha, Avril! — Declarei com firmeza, a voz carregada de possessividade. Antes que ela pudesse protestar, inclinei a cabeç
POV: AVRILCorri escadas acima, quase tropeçando nos próprios pés, até alcançar o topo, onde escorreguei pela porta, fechando-a com um baque atrás de mim. Meu coração batia descompassado, como se tentasse escapar do meu peito, e meu corpo inteiro tremia de nervosismo e excitação. Sentia cada pulsação reverberar em meu íntimo, um misto de adrenalina e desejo me consumindo.— Que merda! — Rosnei entre dentes, minhas mãos trêmulas passando pelos cabelos num gesto desesperado de frustração e confusão.Toquei meus lábios, ainda inchados e sensíveis, lembrando da força e urgência com que foram tomados. O gosto dele ainda estava presente, uma mistura embriagante de uísque e tabaco que se recusava a sair da minha boca, como uma marca indelével do que havia acontecido.