POV: AVRIL— Para uma mulher que ensina etiqueta, ela é extremamente mal-educada. — Exclamei distraidamente, ainda me recuperando do pequeno embate.— Ela é realmente terrível! — A jovem à minha frente gargalhou, o som claro e descontraído contrastando com a tensão de momentos antes. — Eu sou Senia, e você?— A pobre alma que precisa aprender a andar de saltos. — Respondi com um sorriso gentil, incerta sobre o que mais poderia dizer devido às cláusulas do contrato. — Você acha que ainda tenho salvação?— Para os saltos? Sim, você tem salvação. Mas quanto a aturar minha chefe? — Senia e eu trocamos olhares cúmplices, e em seguida, caímos na gargalhada, uma risada que parecia aliviar a tensão acumulada. — Vamos lá, ainda temos muitas roupas para você experimentar, além de aprender a combinar os looks. E não podemos esquecer das maquiagens e... da peruca.— Peruca? — Repeti com um suspiro pesado. A ideia de cobrir meus cabelos, que eu tanto amava por seus tons naturais, me incomodava pro
POV: ARCHERPor um breve momento, o mundo ao meu redor parecia ter parado. O som do salto contra o piso de mármore era o único eco que preenchia o silêncio, reverberando como uma batida rítmica em meus ouvidos. E então, ela apareceu. Avril Fox, deslumbrante, surgia com um sorriso que iluminava o ambiente, vestindo um vestido que abraçava suas curvas de maneira perfeita, aquelas curvas que um dia me deixaram à beira da loucura.Meu olhar ficou preso nela, perplexo por sua beleza que, mesmo sob a tentativa de moldá-la à imagem de Willow, não conseguia esconder as características marcantes de Avy. Havia algo de inegavelmente único nela, algo que nenhum disfarce poderia apagar. E seus olhos... aqueles malditos olhos! Um azul tão profundo que me fazia perder o fôlego, que sempre tinham o poder de me desarmar completamente.— Você está linda... — As palavras escaparam dos meus lábios em um sussurro, e por um momento fiquei surpreso por tê-las proferido. Eu, sempre tão controlado, tão cuidad
POV: ARCHERAntes que eu pudesse reagir, Avril avançou com uma rapidez surpreendente em direção ao repórter. Com uma força inesperada, ela arrancou a câmera de suas mãos e a jogou com força ao chão. Em um movimento fluido, agarrou-o pela camisa, seus dedos apertando o tecido com tanta intensidade que seus nós dos dedos ficaram brancos. Com um puxão brusco, arrancou o microfone preso à roupa social do jornalista e, sem hesitar, lançou o pequeno aparelho ao chão, esmagando-o impiedosamente sob o salto agulha.A fúria ardia em seus olhos, que estavam fixos no homem à sua frente, como se fossem faíscas prontas para incendiar tudo ao redor. Suas bochechas estavam ruborizadas pela raiva intensa, e seu corpo tremia, cada músculo tenso, como se lutasse para conter uma tempestade interna. Com um dedo trêmulo, mas firme, ela apontou diretamente para o rosto do repórter, sua voz ecoando com força incontrolável:— Como ousa fazer uma pergunta tão descabida e sem consideração pela minha dor ou pel
POV: AVRILArcher permaneceu em silêncio, seus olhos fixos nos meus, a perplexidade estampada em seu rosto após minha pergunta direta. Por um breve momento, vi hesitação em seu olhar, mas logo ele desviou, como se quisesse escapar da verdade, voltando sua atenção ao celular que vibrava com uma nova mensagem.— Não vai responder minha pergunta? — Insisti, minha voz carregada de determinação, enquanto me inclinava para mais perto dele, diminuindo a distância entre nós.— Isso não vem ao caso... — Ele respondeu com frieza, sua voz desprovida de qualquer emoção enquanto seus dedos deslizavam pelo aparelho, tentando ignorar a tensão palpável no ar.Sem pensar duas vezes, movi-me com rapidez e puxei o celular de suas mãos, escondendo-o atrás de mim. O gesto foi ousado, e o choque em seu rosto não passou despercebido. Archer franziu o cenho, seus olhos semicerrando-se em uma expressão que misturava desafio e curiosidade.— Avril, o que está fazendo? — Sua voz carregava uma nota de nervosismo
POV: ARCHERSua pele, antes pálida, rapidamente assumiu tons avermelhados. O rubor em seu rosto revelava a vergonha que sentia diante da confissão inesperada das minhas palavras. Eu podia ver como o constrangimento a tomava por completo, seus olhos desviando dos meus por um breve momento. Aquele instante de vulnerabilidade era algo raro de se ver em Avril, e isso me atingiu com uma força inesperada. Mordi a ponta da língua, tentando segurar a onda de emoções que sempre se agitavam quando estava perto dela. Controlar-me era um desafio constante, um tormento que só se intensificava por saber que ela tinha a vantagem de ter me esquecido, substituindo o amor que um dia sentiu por mim por um ódio palpável. Mas eu? Eu estava preso em um ciclo vicioso de memórias e arrependimentos. Nunca a esqueci. Nunca quis esquecê-la. E a cada segundo que passava, eu me odiava mais por ter feito as escolhas que me afastaram dela.Racionalmente, sabia que meus motivos eram plausíveis. A morte suspeita de m
POV: ARCHERRespirei fundo, sentindo o calor da mão de Avril entrelaçada à minha, enquanto desejava silenciosamente que seu disfarce fosse convincente o suficiente para enganar a todos. Ao atravessarmos as portas imponentes do prédio da empresa, notei os colaboradores abaixarem a cabeça em respeito e cumprimento, como de costume. No entanto, minha atenção logo se voltou para Emily, do centro de assessoria e conflito, que vinha apressada em minha direção, equilibrando-se com destreza em seus saltos altos e finos.— Sr. Stone, bom dia! Graças a Deus o senhor chegou. — disse ela, ofegante, pousando as mãos nos joelhos por um instante, antes de erguer o olhar lentamente para Avril. — Oh, Sra. Willow, que prazer revê-la por aqui!— Olá. — respondeu Avril, com um leve nervosismo na voz que não passou despercebido. E
POV: ARCHER— Está tudo bem, — repetiu ela, sua voz firme. — É uma bela ação o que vocês estão fazendo. Seria um prazer poder participar. — Havia uma força controlada em suas palavras, mas eu sabia o quanto isso estava remexendo em suas feridas ainda abertas. — Espero que meu noivo me leve para conhecer essa clínica.Ela lançou um olhar desconfiado na minha direção, e eu apenas assenti, reconhecendo a necessidade de lidar com isso no momento certo. Voltei minha atenção para Emily, que ainda estava absorvendo a intensidade da situação.— Há algo mais que eu deva saber? — perguntei, arqueando uma sobrancelha em sinal de expectativa. Foi então que minha secretária pessoal se aproximou apressada, visivelmente pálida.— Sr. Stone? — Sua
POV: ARCHER— Pai, quando isso acontecer, sabemos que o império será leiloado, e você não terá nem um centavo para seus charutos importados. — Um sorriso desdenhoso curvou meus lábios enquanto eu inclinava a cabeça levemente para o lado, observando a reação dele.O maxilar de meu pai se contraiu, a raiva pulsando sob sua pele, mas logo ele forçou um sorriso cínico e falso, tentando retomar o controle da situação.— Tão sagaz... — Ele disse com um veneno contido. — Sua sogra está preocupada com o retorno de sua ex-namorada à sua vida. Ela quer adicionar uma cláusula de fidelidade para Willow.— Isso é ridículo. Neandra perdeu completamente o senso do ridículo. Ela sabe perfeitamente que minha relação com Willow é puramente