POV: AVRILA água do chuveiro caía sobre mim, mas não conseguia lavar a ansiedade que me consumia. Fechei os olhos e comecei a cantarolar, uma tentativa desesperada de afastar os pensamentos que se amontoavam em minha mente.— Archer é um homem de negócios. Ele não assassinaria a única pessoa que pode manter sua amada viva... — Ergui a cabeça, deixando a água quente do chuveiro escorrer sobre meu rosto enquanto mergulhava na melodia de uma das músicas que eu mesma havia composto:“Tudo ficará bem,Você disse, amanhã,Não chore,Não derrame uma lágrimaQuando você acordar,Ainda estarei aquiQuando você acordar,Combateremos seus medosE agora irei...Traga meu coração de voltaDeixe suas fotos sobre o chãoRoube minhas memórias de voltaNão posso mais suportar isso.Sequei minhas lágrimasE agora encaro os anosDo jeito que você me amouDesapareceram todas as lágrimas.”A cada verso, permiti que minhas lágrimas se misturassem com a água do chuveiro, como se a melodia fosse a única man
POV: ARCHERNo momento em que estava dirigindo, meu celular começou a tocar insistentemente, o nome do médico responsável pelos cuidados de Willow, minha noiva, brilhando na tela. Uma sensação de gelo percorreu minha espinha antes mesmo de atender.— Sr. Stone? — A voz do médico estava carregada de hesitação. — Receio ter que informá-lo que a condição da Sra. Willow piorou drasticamente. Precisamos realizar uma transfusão de emergência. O placebo... não está mais surtindo efeito.Apertei o volante com força, tentando manter a calma.— Quais são as opções? — Minha voz saiu firme, mas eu sabia que ele não tinha boas notícias.— No momento, a única coisa que pode ajudá-la é a transfusão. — O médico parecia medir cada palavra. — Temos algum doador viável?Soltei um suspiro pesado, desviando o carro em direção à cafeteria. A urgência em sua voz fazia meu coração acelerar ainda mais.— Estou resolvendo isso... — respondi.— Sr. Stone, não temos mais tempo. Ela já teve uma parada cardíaca ho
POV: ARCHER— Aqui é enorme, está tentando compensar algo? — Ela riu, o som leve e provocador. Inclinei-me, abrindo a porta para que ela entrasse, e ela acrescentou com uma piscadela: — Talvez a falta de humor?Assim que cruzamos o limiar da casa, percebi uma figura familiar correndo dos fundos em nossa direção. Era Neandra, seus olhos estavam vermelhos e inchados, com a maquiagem borrada pelo choro incessante. As mãos tremiam e sua pele estava pálida, quase fantasmagórica. Ela parou bem à minha frente, ofegante, com a raiva queimando em seu semblante.— Onde você estava enquanto minha filha estava aqui, quase morrendo? — A voz dela explodiu em um grito que reverberou pelos corredores. — Minha garotinha teve uma parada cardíaca! Ela quase não sobreviveu, e você estava por aí...Ela parou olhando para além de mim, as sobrancelhas juntas mexendo as mãos agitadas.— E quem é essa mulher atrás de você? — A voz de Neandra tornou-se aguda, quase cortante. — Minha filha morrendo, e você apar
POV: ARCHER— Bem, nas condições da Sra. Willow, ela não precisa apenas do sangue. — Dr. Victor hesitou por um momento, escolhendo as palavras com cuidado. — Ela precisará de um transplante de medula óssea também. Podemos coletar o sangue da Srta. Avril para testá-lo, e se passar na avaliação, realizaremos a doação e o transplante das células-tronco. — Ele explicou, mantendo seus olhos fixos em Avril, como se estivesse aguardando sua aprovação. — Já realizamos as sessões de quimioterapia. Sua noiva está pronta para o procedimento, mas precisamos agir rápido.Avril, que até então observava em silêncio, mordeu o lábio inferior, absorvendo as informações. Ela deu um passo à frente, se afastando da parede de vidro que a separava de Willow.— E... isso dói? — Indagou avaliando o médico, enquanto se aproximava de nós. — Vou poder andar após a coleta do líquido espinhal?— Vejo que a senhorita fez sua lição de casa. — Victor esboçou um leve sorriso, admirando-a. — Você precisará de um ou doi
POV: AVRILAdentramos em uma sala estéril, A enfermeira, uma mulher de olhar atento e gestos precisos, me conduziu até uma pequena sala de troca, onde vesti um avental hospitalar. Em seguida, fui guiada a uma cama confortável, com lençóis brancos impecáveis. A enfermeira, eficiente em seus movimentos, ajustou o apoio de braço e começou a preparar os materiais para a coleta de sangue. Com mãos habilidosas, ela rapidamente inseriu a agulha, e os tubos começaram a se encher com o líquido vermelho. Enquanto o fazia, ela explicou com uma calma tranquilizadora:— Vamos realizar alguns testes de coagulação e verificar o estado geral da sua saúde.— Isto é realmente necessário? Achei que não tínhamos tempo. — Comentei, avaliando-a.A enfermeira, sem perder a compostura, respondeu com a mesma serenidade profissional:— E estamos, mas precisamos ter certeza de que sua doação irá salvá-la e não causar complicações. — Seus olhos encontraram os meus por um breve momento, antes de ela concluir a co
POV: ARCHERFiquei olhando para a foto em silêncio, minha mente girando em mil direções enquanto esfregava a testa, tentando entender. Por que fariam isso com minha mãe? Por que não querem Avril em minha vida? Nada disso fazia sentido. Antes que eu pudesse processar, Jasper entrou apressado, trazendo um investigador particular.— Viemos o mais rápido que pudemos. O que aconteceu? — perguntou meu amigo, alarmado, ao notar a tensão no ar. Empurrei a caixinha em sua direção.— Puta merda, isso... isso é uma orelha de verdade? — Jasper exclamou, o choque estampado em seu rosto.— O que você acha, Jasper? — respondi, irritado, dando de ombros. — Você acha que eu teria chamado você aqui se fosse falsa?— Sr. Stone, você tocou nisso? — indagou o investigad
POV: AVRILQuando me disseram que sentiria uma forte pressão, não estavam exagerando. A sensação era agoniante, apesar de não ser dolorosa. Quando o procedimento terminou, me instruíram a ficar deitada, evitando qualquer esforço para me levantar. Não percebi o quão exausta estava até que o sono me venceu.Acordei com uma leve carícia no rosto, seguida por dedos deslizando suavemente pelos meus cabelos. Despertei sobressaltada, encontrando aqueles olhos profundos fixos em mim.— O que está fazendo? — Falei de maneira ríspida, mexendo-me bruscamente para tentar levantar da cama. Uma pontada aguda na lombar me fez soltar um gemido involuntário. Droga!— Fique quieta. Você não pode se mover assim, acabou de fazer uma punção. — Archer trovejou, aproximando-se rapidamente.
POV: ARCHEREmpurrei a cadeira de rodas de Avril, ignorando seus protestos e sua relutância evidente. Paramos no topo da escada, e me coloquei à sua frente, pronto para erguê-la nos braços, mas ela rapidamente me rejeitou.— Você não pode subir escadas sozinha — expliquei, lutando para manter a pouca paciência que me restava.— E nessa mansão gigantesca, não há um quarto no térreo que eu possa usar temporariamente, ou um elevador? Olha o tamanho deste lugar! — ela retrucou, teimosa, agarrando-se firmemente às alças da cadeira.— Por que precisa ser tão obstinada, Avril? Só vou te levar para cima. Não há quartos aqui embaixo, e nem elevador. Sou bilionário, não sedentário; gosto de escadas — retruquei, encarando-a com firmeza. — Solte a cad