POV: ARCHER— Aqui é enorme, está tentando compensar algo? — Ela riu, o som leve e provocador. Inclinei-me, abrindo a porta para que ela entrasse, e ela acrescentou com uma piscadela: — Talvez a falta de humor?Assim que cruzamos o limiar da casa, percebi uma figura familiar correndo dos fundos em nossa direção. Era Neandra, seus olhos estavam vermelhos e inchados, com a maquiagem borrada pelo choro incessante. As mãos tremiam e sua pele estava pálida, quase fantasmagórica. Ela parou bem à minha frente, ofegante, com a raiva queimando em seu semblante.— Onde você estava enquanto minha filha estava aqui, quase morrendo? — A voz dela explodiu em um grito que reverberou pelos corredores. — Minha garotinha teve uma parada cardíaca! Ela quase não sobreviveu, e você estava por aí...Ela parou olhando para além de mim, as sobrancelhas juntas mexendo as mãos agitadas.— E quem é essa mulher atrás de você? — A voz de Neandra tornou-se aguda, quase cortante. — Minha filha morrendo, e você apar
POV: ARCHER— Bem, nas condições da Sra. Willow, ela não precisa apenas do sangue. — Dr. Victor hesitou por um momento, escolhendo as palavras com cuidado. — Ela precisará de um transplante de medula óssea também. Podemos coletar o sangue da Srta. Avril para testá-lo, e se passar na avaliação, realizaremos a doação e o transplante das células-tronco. — Ele explicou, mantendo seus olhos fixos em Avril, como se estivesse aguardando sua aprovação. — Já realizamos as sessões de quimioterapia. Sua noiva está pronta para o procedimento, mas precisamos agir rápido.Avril, que até então observava em silêncio, mordeu o lábio inferior, absorvendo as informações. Ela deu um passo à frente, se afastando da parede de vidro que a separava de Willow.— E... isso dói? — Indagou avaliando o médico, enquanto se aproximava de nós. — Vou poder andar após a coleta do líquido espinhal?— Vejo que a senhorita fez sua lição de casa. — Victor esboçou um leve sorriso, admirando-a. — Você precisará de um ou doi
POV: AVRILAdentramos em uma sala estéril, A enfermeira, uma mulher de olhar atento e gestos precisos, me conduziu até uma pequena sala de troca, onde vesti um avental hospitalar. Em seguida, fui guiada a uma cama confortável, com lençóis brancos impecáveis. A enfermeira, eficiente em seus movimentos, ajustou o apoio de braço e começou a preparar os materiais para a coleta de sangue. Com mãos habilidosas, ela rapidamente inseriu a agulha, e os tubos começaram a se encher com o líquido vermelho. Enquanto o fazia, ela explicou com uma calma tranquilizadora:— Vamos realizar alguns testes de coagulação e verificar o estado geral da sua saúde.— Isto é realmente necessário? Achei que não tínhamos tempo. — Comentei, avaliando-a.A enfermeira, sem perder a compostura, respondeu com a mesma serenidade profissional:— E estamos, mas precisamos ter certeza de que sua doação irá salvá-la e não causar complicações. — Seus olhos encontraram os meus por um breve momento, antes de ela concluir a co
POV: ARCHERFiquei olhando para a foto em silêncio, minha mente girando em mil direções enquanto esfregava a testa, tentando entender. Por que fariam isso com minha mãe? Por que não querem Avril em minha vida? Nada disso fazia sentido. Antes que eu pudesse processar, Jasper entrou apressado, trazendo um investigador particular.— Viemos o mais rápido que pudemos. O que aconteceu? — perguntou meu amigo, alarmado, ao notar a tensão no ar. Empurrei a caixinha em sua direção.— Puta merda, isso... isso é uma orelha de verdade? — Jasper exclamou, o choque estampado em seu rosto.— O que você acha, Jasper? — respondi, irritado, dando de ombros. — Você acha que eu teria chamado você aqui se fosse falsa?— Sr. Stone, você tocou nisso? — indagou o investigad
POV: AVRILQuando me disseram que sentiria uma forte pressão, não estavam exagerando. A sensação era agoniante, apesar de não ser dolorosa. Quando o procedimento terminou, me instruíram a ficar deitada, evitando qualquer esforço para me levantar. Não percebi o quão exausta estava até que o sono me venceu.Acordei com uma leve carícia no rosto, seguida por dedos deslizando suavemente pelos meus cabelos. Despertei sobressaltada, encontrando aqueles olhos profundos fixos em mim.— O que está fazendo? — Falei de maneira ríspida, mexendo-me bruscamente para tentar levantar da cama. Uma pontada aguda na lombar me fez soltar um gemido involuntário. Droga!— Fique quieta. Você não pode se mover assim, acabou de fazer uma punção. — Archer trovejou, aproximando-se rapidamente.
POV: ARCHEREmpurrei a cadeira de rodas de Avril, ignorando seus protestos e sua relutância evidente. Paramos no topo da escada, e me coloquei à sua frente, pronto para erguê-la nos braços, mas ela rapidamente me rejeitou.— Você não pode subir escadas sozinha — expliquei, lutando para manter a pouca paciência que me restava.— E nessa mansão gigantesca, não há um quarto no térreo que eu possa usar temporariamente, ou um elevador? Olha o tamanho deste lugar! — ela retrucou, teimosa, agarrando-se firmemente às alças da cadeira.— Por que precisa ser tão obstinada, Avril? Só vou te levar para cima. Não há quartos aqui embaixo, e nem elevador. Sou bilionário, não sedentário; gosto de escadas — retruquei, encarando-a com firmeza. — Solte a cad
POV: AVRILEsperei até que ele saísse, só então conseguindo respirar com mais liberdade. Era difícil aceitar toda aquela situação, a proximidade forçada, a constante tensão no ar. Archer agia como se realmente se preocupasse, mas ao perceber que ele havia questionado o médico sobre sua noiva e solicitado um relatório detalhado, algo disparou em minha mente, um alarme ensurdecedor. Era como se todas as pessoas em sua vida não passassem de meras transações, peças em um tabuleiro de negócios.Meu celular vibrou, interrompendo meus pensamentos. Peguei-o da cabeceira da cama e vi a notificação do banco: Archer havia depositado a mensalidade. Soltei um suspiro, apertando o aparelho com um leve sorriso no rosto.— Certo, Avril, isto é, pelos seus pais — murmurei para mim mesma, tentando reforç
POV: ARCHERAvril Fox estava me tirando do sério, mas não da maneira explosiva que eu costumava lidar. Estar próximo a ela trazia à tona memórias e sentimentos que jurei ter enterrado profundamente. Sua intensidade, sua rebeldia, faziam brotar em mim um desejo incontrolável de dominá-la de maneiras que eu sabia que jamais poderia permitir-me, não depois de tudo que aconteceu, e especialmente não com o ódio evidente que ela nutria por mim.— E especialmente não estando noivo de outra — murmurei, cerrando os punhos com frustração, enquanto me dirigia à cúpula onde Willow estava internada.Adentrei o ambiente esterilizado, preenchendo a ficha de controle de visita e vestindo o traje especial. A imunidade de Willow estava perigosamente baixa, e todo cuidado era essencial. Ao entrar na sala, encontrei Neandra ao lado de sua