POV: AVRIL— Não está muito cedo para suas alfinetadas? — Retruquei, torcendo o nariz e revirando os olhos. — A propósito, que horas são?— Um pouco mais que sete da manhã. — Respondeu ele, colocando as coisas na mesa com uma tranquilidade que me irritava. — Sente-se, o café está servido!Passei por ele, pegando um copo d’água e ignorando completamente o que ele havia preparado.— Onde estão os papéis do acordo? Preciso partir e, se não quer ficar sem carro, levante-se logo e vamos!Archer me observou, encostado na cadeira, com um olhar divertido.— Você é uma mulher sem coração, sabia? — Disse, tombando a cabeça de lado. — Não se priva um homem de um bom café.Minha paciência estava no limite.— Olha aqui, já perdi tempo demais com você negociando. Preciso ir embora. Me dê o contrato e vamos logo! — Minha voz saiu mais alta do que pretendia, nervosa, ele empurrou a cadeira com os pés.Ele, no entanto, entrelaçou as mãos e ergueu o queixo em um gesto desafiador.— Sente-se, tome o seu
POV: ARCHER— Volta aqui com o meu carro... Alô, merda! — Gritei, com o nome Avril queimando em meus lábios quando ela abruptamente desligou a ligação. Meu coração martelava no peito, uma mistura de raiva e incredulidade pulsando em cada batida. — Não acredito que você fez isto.Cocei as têmporas, tentando controlar a tempestade que rugia dentro de mim. Era quase impossível de acreditar que eu, o grande CEO do império Stone, havia acabado de ter meu carro roubado. E não por qualquer um, mas pela minha ex-namorada, aquela mulher esquentada que sempre soube como me tirar do sério. O espaço vazio onde meu carro deveria estar parecia zombar de mim, um lembrete cruel do que acabara de acontecer.Meu rosto estava contorcido, a raiva fervendo sob a superfície, enquanto o choque ainda se fazia presente em cada célula do meu corpo. A calma, que eu tanto prezava em situações de crise, havia me abandonado por completo. Sentia o sangue fervendo em minhas veias, cada músculo tenso, pronto para exp
POV: AVRILFui conduzida até o último andar, em direção a uma sala grande de vidro, onde era possível ver toda a boate. A música alta e as luzes piscantes criavam um contraste surreal com a tensão dentro de mim.— Avril Fox, a que devo a honra? — Com um sorriso falso estampado no rosto, Conrad vinha com os braços abertos em minha direção. Dei um passo para trás, colocando minhas mãos entre nós.— Sem falsidades, Conrad. Sabe por que estou aqui. Vamos acabar logo com isso. — Puxei minha bolsa, pegando a carteira. — Quanto meu pai te deve?— Ah, querida, ele não te disse? — Conrad olhou para os seus capangas, que o acompanharam em uma gargalhada sinistra. — Eu acho que desta vez não terá como você quitar a dívida do velhote!— Quanto? — falei mais alto, percebendo que seu semblante havia mudado. Abaixei o tom, engolindo em seco. — Por favor, Conrad, não quero confusão. Apenas me diga o valor da dívida.— 80 mil dólares — disse ele firme, se afastando e enchendo dois copos com bebidas. E
POV: AVRILTomei o cigarro de sua boca e joguei-o pela janela.— Foi indelicado de sua parte. — disse ele, com um tom de desagrado.— Indelicado é você invadir meu carro, me assustar, especular sobre seja lá o que for isso e ainda querer fumar aqui dentro com esse seu bafo de cachaça! — gritei, semicerrando os olhos, passando as mãos pelos cabelos. — Sai fora, já tive desgastes demais para um dia!— Irei em breve, mas antes, me diga... O que seu ex-namorado queria com você? — Henry inclinou-se para frente, me avaliando minuciosamente. — Parece que a visita dele não a agradou muito.— O que você realmente quer comigo, investigador? — Cruzei os braços, afastando-me para mais perto do volante. — Tive um dia longo, só quero ir para casa.— Eu quero uma aliada. — ele piscou divertido.— Aliada para quê? — Arqueei uma sobrancelha, questionadora.— Para derrubar a família Stone e fazê-los pagar por tudo o que nos fizeram! — Seus olhos brilharam com um misto de raiva e satisfação, como se já
POV: ARCHER— O que você faz aqui? — Ele gritou, a voz rasgando o silêncio. Arfou em seguida, pressionando as mãos contra as costelas, como se tentasse conter uma dor insuportável. Notei as escoriações em sua face, o olho roxo e inchado, a boca cortada que mal conseguia esconder a angústia. — O que você quer com a minha filha? Fique longe dela, seu maldito crédito engravatado!— Não tenho tempo para suas lamentações. Onde ela está? — Minha voz soou como um trovão, mais firme e carregada de autoridade, enquanto mantinha as mãos no bolso, demonstrando uma calma que contrastava com a fúria que ele exalava. Estava prestes a insistir quando ouvi uma voz surpresa vindo de minhas costas.— Sr. Stone, o que faz aqui? — A voz suave e hesitante de Avril irrompeu dentro do pequeno ambiente, me fazendo virar rapidamente. Ela estava parada à porta, a figura dela uma mescla de surpresa e receio. O cabelo, de uma forma estranhamente deliberada, cobria o lado esquerdo de seu rosto, como se quisesse e
POV: ARCHEREu a observei por um momento, minha mente processando a implicação de suas palavras. Desviei o olhar para Jasper, que, ao perceber a tensão crescente, passou as mãos pelos cabelos em um gesto nervoso antes de assoviar baixo e sair do café, nos deixando a sós. O pai de Avril, porém, permaneceu vigilante, seus olhos fixos em nós.Dei um passo à frente, diminuindo a distância entre nós até estar próximo o suficiente para que apenas ela ouvisse minhas palavras. Sussurrei com uma intensidade que deixava claro que eu não estava brincando:— Por dois anos, você vai me pertencer, Avril Fox. Então, não, você não pode ter um namorado, porque para todos os efeitos, você será minha esposa.O desafio em seus olhos ficou mais evidente, misturado agora com um toque de diversão, como se a situação a entretivesse de alguma forma.— Se eu assinar o contrato, Sr. Stone — respondeu ela, cruzando os braços e inclinando a cabeça ligeiramente para o lado, um gesto que só aumentava o desafio —, a
POV: AVRIL— Pense no que te disse. Aqui está o meu contato, me ligue sempre que precisar. — A voz grave do investigador ecoou no silêncio do carro enquanto ele saía, deixando para trás um rastro de preocupação. Observei enquanto ele se dirigia à boate, a sombra dele desaparecendo na penumbra do final de tarde e início de noite.— Claro, porque minha vida já não está suficientemente complicada com os problemas que carrego. — Resmunguei, sentindo o peso das palavras enquanto lançava o cartão de Henry dentro do porta-luvas com um movimento brusco. As pontas dos meus dedos tremiam levemente ao tocar o volante. — Archer seria mesmo capaz de me forçar a perder o bebê?Suspirei profundamente, sentindo o ar quente sair dos meus pulmões como se tentasse expulsar a dor que se acumulava dentro de mim. Antes daquele maldito acidente, nossa relação era tudo que eu poderia desejar. Éramos uma dupla imbatível, cheia de planos, sintonia e amor. A lembrança dele reclamando do império e da opressão da
POV: AVRIL— Aumento o valor do contrato! — Archer declarou, sua voz firme e intransigente. Ele mantinha a postura ereta, os olhos azuis como gelo, mas agora ardendo em chamas de raiva. A veia em sua testa pulsava visivelmente, um sinal claro do seu nervosismo.— Não posso namorar? — Perguntei com um sorriso sutil, achando graça da ironia por trás de mais um dos absurdos contratuais que ele insistia em impor. — Faça a sua proposta, Sr. Stone, e voltamos a negociar.A maneira como esnobei Archer com desdém era calculada. Sabia que ele não resistiria à oportunidade de inserir mais uma cláusula em seu interminável contrato. Eu podia praticamente ver o brilho frio em seus olhos enquanto ele já considerava as novas condições. Ele sempre jogava para ganhar, e dessa vez não seria diferente.Depois que ele se foi, o ambiente pareceu se encher de uma tensão silenciosa. Virei-me para encarar meu pai, com uma firmeza que mascarava a tristeza profunda que sentia.— O que vocês estavam dizendo sob