Há 7 anos

A chuva estava forte e junto dela acompanhada de fortes rajadas de ventos e truvões e relampagos, o cheiro de terra molhada era familiar, a briza fresca que entrava pela pequena janela entreaberta, vinha junto de pequenas gotas de chuva que caiam no chão humido do porão sujo e cheio de poeira.

O relógio avariado de madeira que ficava por cima da montanha de caixas encostada na parede, ainda fazia o tipico som de tic-tac. O som dos roedores zanzando de um lugar para o outro, fazendo barulho entre a pilha de coisas abandonadas, na parede uma corrente presa com parafusos de aço enormes e nessa corrente estava ligada a perna magra de Aurora.

Era assim que menina de 14 anos ficava de castigo sempre que supostamente cometia um erro, erros esses que nunca eram devidamente exclarecidos.

— O castigo terminou menina Aurora!. falou a senhora de meia-idade, festida com as roupas tipicas de empregadas.

— Posso comer? Estou morrendo de fome- falou a garota, que apesar de ter passado quase 20 horas trancada em um porão, sem comer nem beber, não perdeu aquela aparente alegria.

— Sim, é claro, guardei um pouco daquela lasanha de ontem - falou a senhora Matilda, que apesar de tudo, sempre se mantinha ao lado da pequena Aurora pois sabia que ela não tinha mais ninguém.

E elas começaram a subir as escadas, e bem no topo dela, uma lez brilhava. Aqueles olhos azuis estavam a muito tempo sem ver o sol, o que causou uma reação adversa aos seus olhos, que fez com que ela levasse as mãos ao rosto para cobrir os olhos da imensa luz que os invadiam.

Todos já estavam dormindo e para que não acordassem, elas andaram pelas pontas dos pés, passaram pela grandiosa sala de estar, o lustre era a principal atração no ponto de vista dela, conseguia brilhar tanto quanto o sol. Enquanto ela observava o brilho do seu pequeno sol artificial, a figura no alto das escadas roubou a sua atenção, era Laura sua mãe adotiva, uma mulher imponete, aparentemente fria, mas para seus filhos, ela era o amor em pessoa.

Ela olhava para garota com duvida, não a odiava, mas também não a amava. A senhora Matilda percebeu e segurou nos braços da menina, fazendo-a acelerar os passos até a cozinha, que diferente do resto da casa, era o local que ela mais se sentia confortável.

— Olha aqui o seu jantar, eu vou esquenta-lo no...

Antes que pudesse terminar, o seu irmão mais velho Armando aparece, um rapaz moreno de olhos castanhos claros, era lindo, e quando usava seus ternos, ficava ainda mais bonito, mas em casa sempre aparecia usando roupas largas e bones ou capus para cobrir o rosto, Aurora não fazia ideia do por quê ele se escondia tanto, Ele já é formado, mas antes que assumisse qualquer cargo importante na empresa, seu pai Joel, queria testa-ló passando em todas as áreas da empresa. Aparentemente era um pai exemplar.

- Matilda estou com fome, ainda tem a lasanha do jantar? - perguntou ele entrando na cozinha, ignorando completamente a presença de Aurora.

- Mas...

Ela sussurrou, dizendo que podia dar ao seu irmão, a senhora ficou septica em fazer, mas achou melhor ceder, não queria trazer mais problemas para a jovem menina, que apesar de tudo, ignorava e mantinha sempre um sorriso no rosto.

- Vou esquentar para o senhor - falou a senhora.

Enqanto esperava, ele mexia em seu celular, mas Aurora olhava para ele com admiração. Armando, não era só seu irmão mais velho, mas também era um otimo aluno, saia sempre no quadro de honras, teve vários prémios de concursos vencidos com excito, mas não era muito bom em disporto, isso era com Arnaldo sempre em primeiro nos campeonatos escolares, não era muito bom nas outras matérias, mas conseguia sempre se safar, o senhor Joel, pai de todos e Marido de Laura, sempre dizia que ele era o que dava mais trabalho, por ser mais descolado que o irmão mais velho.

— Pronto! senhor está pronto — ela colocou a mesa e a comida a sua frente, ele sentou-se na cadeira da imensa ilha da cozinha, pronto para degustar do prato, mas quando colocou a primeira garfada na boca. Jogou toda comida de volta, cuspindo no prato de comida. Aurora olhava com saliva na boca antes dele fazer aquela atrocidade com o saboroso prato de comida que ela tanto queria.

— Você quer queimar a minha língua? Isso está escaldante! — falou aos berros — fez de propósito não foi?

— Não senhor, peço desculpa pela minha distração.

— Acho bom, perdi o apetite, vou ficar apenas com o suco de manga — falou o jovem se levantando e levando o copo com suco em suas mãos e na outra o celular que não parava de mexer.

Ele saiu e elas olharam uma para outra, e começaram a rir.

— Olha só o que ele fez, disperdiçando a comida que seria sua, eu sinto muito.

—Tudo bem, não estava com muita fome mesmo, vamos dormir, amanhar preciso ir a escola.

A jovem se levantou e a sua barriga ronronou, fazendo um som alto o suficiênte para Matilda conseguir ouvir. Ela se vira, pega uma fruta e vai para seu quarto, que ficava em uma dispensa, bem ao lado da cozinha.

Se a história de Cinderela era ficção, dela parecia tão real como a fome que ela sentia.

Por outro lado, Luca Clarke, acabou estava desenhando em seu quarto, no dormitório da Universidade de Oxford onde estudava. Os raios de som penetravam pela cortina que cobriam as janelas, indo direitamente parar em seu rosto, que ao contrário dos outros colegas de quarto, ele estava em sua mesa de estudo, terminando seu projecto de arquitetura. Área onde estava se formando.

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