KESIA MUNIZ Acordei primeiro do que ele e fui para meu quarto. Até que agora, eu consigo ver que o Fellipo não é aquele cara ruim que eu achava no começo. Hoje seria meu dia de folga no trabalho, passaria o dia todo com meu bebê, iria ao shopping, cinema, comeria pizza com minha família. Tentei segurar o choro falhando miseralvelmente. Olhei para a mais nova cicatriz do meu corpo. Minha perna estava quase sarada, não precisava mais das moletas para andar. Tomei banho, usei uma calça jeans simples e uma camisa preta. Sai do quarto para tomar café. O dono da casa estava lá, arrumado, com o cabelo molhado e bem penteado. Usando terno preto e com o celular na mão. Me sentei à esquerda dele. — Bom dia. — Desejou sem tirar os olhos do aparelho. — Precisamos conversar. — Respondi séria. Lentamente, ele virou a cabeça para mim. — Quer um presente de aniversário? Ele sabe do meu aniversário? — Não. — Neguei tentando não demostrar surpresa. — Quero saber se está proc
KESIA MUNIZ Muita coisa dentro de mim tinha mudado, passei a deseja-lo. Eu nunca senti isso por ninguém, o medo e bloqueio mental não me permitia. Mas agora é diferente, é como se eu fosse feita para ele e ele para mim. Na verdade, não sei se vou continuar casada depois que o Angelo for encontrado. Mas ele não precisa saber disso por enquanto. Fellipo pegou minha nuca aprofundando o atrito, passando a língua nos meus lábios pedindo passagem, abri um pouco a boca permitindo. O beijo foi esquentando. — Fellipo... —Hum? Encostei minha testa na sua e fechei os olhos esperando minha respiração normalizar. — Eu gosto de você. — Sussurrei baixinho, achei que ele não fosse ouvir. — Estava esperando um " eu te amo", mas esse serve. Sorri e dei um tapa de leve no braço dele. — Obrigada por achar meu filho. Estou morrendo sem ele. — Agradeci. Olhei para fora, estava quase escurecendo. Fiquei de pé perto da cama com seus olhos acompanhando tudo que eu fazia. Desabotoei
KESIA MUNIZ — Mais rápido. — Pedi não aguentando a lenta e gostosa tortura que ele estava me proporcionando. Atendendo meu pedido, começou a bombar rápido, o som molhado dos nossos corpos suados e excitados ecoavam pelo quarto, assim como os gemidos baixos de ambos. — Como você é gostosa. Do jeito que imaginei. — Disse sem perder o ritmo. — Na verdade é mais ainda. — E me beijou abafando meus gemidos. Me sinto agora uma cadela no cio. — Fellipo. — Chamei por ele me sentindo contrair e aperta-lo dentro de mim, como se nunca mais quisesse solta-lo. A sensação que me tomou era totalmente nova. Coração acelerado, a cabeça girou, foi como ir ao céu e depois cair direto no inferno de tentações. — Isso Kesia. Goza pra mim vai. — Rosnou chupando meus seios com força enquanto ainda socava. Como se meu corpo obedecesse seus comandos, a libertação veio com força em volta dele. A sensação foi indescritível, vi estrelas. Mas ele ainda não tinha gozado e continuou com as invest
KESIA MUNIZ — Acho que não precisa de ajustes. — Concluí andando desajeitada por causa do peso da roupa. — Nossa como pesa, e olha… — parei quando percebi que o Léo nem ouvia nada do que eu falava, parado, estático, como se tivesse visto um fantasma ou algo assim. Revirei os olhos. Abri a boca para perguntar o porquê daquelas caras estranhas, mas ele disse primeiro: — Você está tão linda. Nenhuma noiva entrou mais bela naquela igreja. — E limpou uma lágrima imaginária. Não consegui conter um riso. — Me sinto o bolo do casamento e não a noiva. — Fiz uma careta passando a mão na armação tentando inutilmente diminuir o volume. Quem diria, eu com um vestido de noiva, meu pai soltaria fogos de alegria. Sorri triste ao lembrar deles. — O que foi raio de sol? Por que parou de brilhar? — Léo perguntou passando a mão na minha bochecha. Forcei um sorriso e me afastei. — Não é nada. — Menti. — Tudo bem. Mas vamos ver logo os últimos detalhes. Falta apenas uma hora. — Olho
KESIA MUNIZ Isso só pode ser uma seita maligna. Onde estava com a cabeça quando aceitei? No meu filho. Senti vontade de dar meia volta e sair correndo, mas a imagem do rostinho redondo e sujo de chocolate do meu pequeno veio na mente. Não posso desistir, é nossa única chance. — Para mim você não é digna de sentar naquele trono. — O tal Luigi falou. Quer dizer que o trono ao lado do Fellipo é meu? O Léo me disse que sentaria em um trono como uma rainha, mas não acreditei. Virei a cabeça para o idoso, o encarei séria. — Poderia calar a boca por favor? — pedi com uma falsa educação. O homem ficou sério e em silêncio. Obrigado pela colaboração. Minha pele queimava com tantos olhares. O pior deles era o do Fellipo, a intensidade era tanta que me hipnotizava, atraída como abelha pelo mel. Notas suaves de piano ressoaram pela igreja. Pelo menos não é aquela música chata de todo casamento. Começamos a andar. Luigi parecia tenso do meu lado. Eu me encontrava mil vezes
FELLIPO MESSINA Sentir a Kesia totalmente entregue, não tinha preço. Na cama não foi só sexo como sempre é com as outras. Foi diferente, o corpo dela se emoldava perfeitamente com o meu. Como se pertencêssemos um ao outro. Meu corpo e minha alma a marcou como minha. Agora mais que nunca preciso dela para viver. Pela manhã, depois de mantê-la acordada a noite quase toda, a observei dormir, ainda nua. Me afastei o suficiente para ter uma visão melhor. Kesia era linda, seu corpo possuía cicatrizes em traços finos e outros grossos como se fosse uma pintura. Fiquei a observá-la até o dia amanhecer. Dei um beijo em seus lábios, que com o sono pesado, não se moveu. Hoje você vai ser oficialmente minha. Fui para meu quarto. Tomei banho e segui direto para a sede. Tinha coisas importantes a fazer, como planejar a invasão do lugar onde Angelo está, administrar um novo carregamento de drogas que estão vindo de navio da China. Quero deixar tudo pronto antes de viajar com mi
FELLIPO MESSINA — Senhora, mandaram entregar isso. — A mesma garotinha que trouxe as alianças, dessa vez trazia na mão uma caixinha preta coberta com camurça e um bilhetinho em cima. Kesia sorriu para ela e pegou a caixa. Imediatamente a menina virou as costas e voltou correndo para dentro da mansão. — Senhor. Tem algo diferente. — Frances declarou ainda olhando em volta. Em alerta, ajudei minha esposa entrar no carro e entrei também. Os soldados estavam nos carros de escolta. — Fellipo. — Kesia chamou baixinho, mas não dei atenção, pois o som característico de uma bomba estourando me fez olhar para a casa agora em chamas. — Senhor? — Frances falou claramente pedindo uma orientação. — Vamos embora. — Respondi e logo o carro entrou em movimento. — Liga para os bombeiros. Vinicius, sua conta só aumenta. O desgraçado nos vigiava de longe. A intenção não era nos matar, mas mostrar que estava por perto. — Fellipo! — gritou desesperada do meu lado. — O que é Kesia? — i
KESIA MESSINA É difícil acreditar que no mundo existem pessoas como o Vinicius. Eu custei a crer que ele tinha sido capaz de fazer o que fez com o próprio filho. Mas é quase normal, o mundo está perdido. Aliás não é o mundo, são as próprias pessoas que não fazem questão de mudar. O desespero me engolia, paralisava toda vez que lembrava do pequeno dedo do meu filho naquela caixa... Depois da ligação não consegui mais dormir. Passei a noite toda me embriagando e o Fellipo me acompanhava. — Eu vou matar ele. — Fellipo disse deitando ao meu lado. Estávamos deitados, eu agarrada a garrafa de uísque quase no fim. Olhando para o teto branco que girava. —Você tem coragem de matar alguém? — Já matei mais do que posso lembrar. — Ele respondeu estando bastante falante por causa da bebida, mas creio que esteja menos bêbado que eu. Arregalei os olhos e acabei rindo. — Seu mentiroso! Eu duvido. Empresários não precisam matar a concorrência. — É claro que precisa. Bebi mais