Pagar pela vida.
KESIA MUNIZ

Acordei do meu transe e cessei os movimentos, olhei para baixo. O rosto dele, não estava tão horrível assim, os lábios sangravam, o supercilio,

o nariz, o olho... e só.

Minhas mãos estavam esfoladas pela falta da luva. Mas não era nada que eu nunca tivesse experimentado antes.

— Merda. — Praguejei levantando de cima do garoto.

— Nossa... — ouvi ele sussurrar com a mão no nariz tentando estancar o sangue ainda deitado no chão.

Os caras me olhavam com espanto.

— Essa será a melhor Dama de todas. — Um deles disse baixo.

Olhei em volta tentando achar quem tinha falado aquilo. Mas não consegui.

Eu uma Dama? Dama do que diabos? Cada dia que passava ali, minha mente criava uma dúvida, que só se acumulava a outras.

Virei para Olavo que ainda estava no chão. Estendi minha mão menos fodida.

— Amigos? — demandei assim que ele a segurou e levantou com ajuda.

— Depois de me dar uma surrar dessa ainda tem coragem de dizer isso? — resmungou enquanto o auxiliava a
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