KESIA MUNIZ Joguinhos psicológicos. — Não. A culpa é sua, que é um psicopata. — Eu não quero discutir com você. Aceita ou não? Fervi de raiva. — Me responda umas perguntas antes. E eu irei com você para Milão. — Propus tentando virar essa porcaria de jogo. — Pergunte. Não prometo responder. Revirei os olhos. — Você é realmente o pai do filho da Tolita? — Tolita? — repetiu surpreso. Merda. Deixei escapar. — Desculpa. É Lolita. Responda. Ele coçou a barba pensativo. — Não sei. Por isso ela ainda está aqui. — E se for? — senti meu peito apertar. — Não é da sua conta Kesia. — De repente ficou tenso. Será que ele teria que se casar com ela? — Só quero que saiba que só porquê talvez terá um filho com ela, não.quer dizer que tem que se casar. — Murmurei baixo. Não sei porquê senti vontade de lhe apresentar uma saída. Que eu aposto que ele sabe muito bem. Ele sorriu inclinando o corpo, acariciou minha bochecha com a mão enquanto mirava minhas íris. — Você não quer que eu ca
KESIA MUNIZ — Também te amo meu bebê. — Beijei a bochechinha dele e entramos. — Uau! — Encantou-se. A biblioteca era enorme, com prateleiras de livros que ia do piso até perto do teto. Deixei ele no chão e me aproximei de um sofá cinza sentando. — Escolha um livro e traz aqui. — Pedi. Ele sorriu e correu pela biblioteca procurando um colorido que chamasse sua atenção. — Esse mãe! Quero esse. — Dizia balançando no alto um livro pequeno com a "Bela e a Fera" na capa. Não sou contra contos de fadas. Porém não eram as histórias que costumava ouvir quando criança, meu pai lia documentários sobre grandes lutadores de MMA, eu e meus irmãos dormíamos sonhando em um dia fazer história como eles. Ter sido criada cercada de homens é diferente, minhas roupas são influência disso, as vezes eu vestia as camisas e bermudas do meu irmão gêmeo ou dos mais velhos que não serviam mais neles. Minhas brincadeiras nunca eram de boneca ou casinha, sempre de polícia e ladrão, skate, pipa, e
KESIA MUNIZ Na manhã seguinte, não tinha ideia de que roupas levar. Na dúvida, enfiei na mala as mais simples possíveis. E caso alguém nos veja juntos, vão pensar que sou uma empregada. Melhor assim, aí não vou estar sujando a imagem dele. Ninguém vai achar que sou algo a mais, até porquê, sirvo apenas como um brinquedinho, que ele gosta de manipular, e pior que consegue. Em uma mala separada, arrumei roupas para o Angelo. Tomei banho, fiz o mesmo com o mocinho que ainda estava mole de sono. O tempo estava frio, dava para ver pela janela de vidro do quarto a neblina densa sem chuva. Vesti uma calça jeans preta, coturnos igualmente pretos, blusa na cor vinho de mangas longas feita de lã quentinha. Penteei com os dedos o cabelo de lado. No pequeno vesti uma calça jeans preta, botas, camisa e casaco de moletom azul claro. Quase oito da manhã, Frances apareceu no quarto e me ajudou com as malas. — Frances, não se preocupe. Seu sobrinho está a salvo. — Quis esclarecer enquant
KESIA MUNIZ — Chegamos. Pode descansar no hotel se quiser. Olhei para meu filho que estava em seu colo, acordado. Ele tinha um sorriso tão lindo no rosto. — Mamãe! O papai prometeu que quando chegar em casa, vou ganhar um cavalinho! — cantarolou alegre. Levantei e encarei o Fellipo séria. — Para de prometer coisas ao MEU filho. — Murmurei entre dentes. — Para de ser estraga prazer. Eu gosto do garoto, e vou dar tudo que me pedir. — Rebateu. Mordo a língua tentando não dar corda. — Depois conversamos. — Tomei o Angelo, saindo com ele. Uma fila de seguranças com roupas pretas estava perfeitamente alinhada ao lado da saída do avião. Engoli em seco e continuei. Fellipo passou na minha frente e abriu novamente a porta para entrarmos e nos acomodei. — Por que você e sua casa são mais vigiados que o BBB? — Sem conseguir conter minha curiosidade questionei. O ouvi se agitar desconfortável no banco traseiro do carro luxuoso. — Tenho inimigos. — Respondeu curto.
KESIA MUNIZ — Shi, você não quer que o menino acorde, não é? — Alegou. Olhei para meu pequeno que dormia cansado da viagem. Respirei fundo e me aconcheguei na cama, tendo certeza de estar afastada o máximo dele, o fato de a cama ser grande facilitava. Estava sendo impossível dormir. As ideias de como tentar tirar algo dele fluíam como rio na mente. — Precisamos conversar. Sobre algumas coisas... — Comecei insegura. Ele permaneceu em silêncio esperando eu prosseguir. Vamos lá Kesia seja esperta. — Primeiro, não se preocupe quanto a coisa que o Angelo inventou de chama-lo de pai. Vou conversar com ele amanhã mesmo. — Silêncio de novo. Será que dormiu mesmo? — Não. O garoto pode me chamar de pai. Foi a minha vez de ficar calada, achei que ele tivessepermitido só por pena, Angelo estava chorando ao fazer tal pedido. — E então. Era só isso? — Ele continuou, a voz rouca e baixa. Sexy de mais. — Quero propor uma trégua. Já que vou ter que ficar com você até meu proble
KESIA MUNIZ — Bruta. — Choramingou. — Está aqui as sapatilhas. Pedi para trazê-las com urgência. — Entregou uma caixa dourada e retangular. Sem cerimonia, abri a caixa e uma sapatilha delicada apareceu, tamanho 38. Que foi? Eu não sou uma Cinderela, no máximo uma Grizelda. A sapatilha era tão princesinha que quase desisto de usar, mas trato é trato, procuro sempre honrar minha palavra. Ele me ajudou a calçar. — Pronto. Você está linda. Simples como uma pombinha. — Sorriu largamente. Ouvimos a porta abrir. De repente, me senti tão nervosa, meu cérebro em branco e o coração a mil. Devagar, virei para vê-lo, vestido de smoking todo preto, sapatos de couro brilhante. — Você... — minha voz se perdeu, a raiva se esvaiu água a baixo. Ele está tão lindo. O cabelo molhado e penteado pra trás, barba aparada e bem feita. — Mamãe! — Angelo gritou correndo na minha direção — Ah que Deus grego. — Léo sussurrou no meu ouvido. Aliviada, peguei meu filho no colo. — Ai que
KESIA MUNIZ Contra minhas palavras, um nada me fez parar, puxando meu corpo de cima da mulher desacordada. Foi aí que percebi meu exagero. Mas ela chamou meu filho de mini mendingo, e eu não tenho sangue de barata. — Se recomponha Kesia! — Fellipo murmurou ameaçador no meu ouvido enquanto me puxava para fora do salão. Todos olhavam com espanto, e os homens da mesa que antes estávamos sentados, com reprovação. Mostrei o dedo do meio para eles, fazendo piorar as expressões. Foda-se esses malditos velhos. — Me solta. Cadê o Angelo? — perguntei me contorcendo para ele me soltar. Eu não o via em lugar nenhum. — Ele está seguro. — Respondeu apenas. — Onde? — apertou mais os braços em volta de mim, aproximou o rosto como se fosse me beijar. — Kesia, é bom você se comportar. Em casa vamos conversar. Não quero dar um show aqui, você já fez o bastante. — Fiquei calada por hora, o segundo round vai ser em casa. Chegando no quarto do hotel, Angelo dormia. Frances o trouxe em outro ca
FELLIPO MESSINA Nada do que planejei para essa viagem, deu certo. De início, quis mesmo matar o filho da puta do Olavo. Aquele pirralho me afrontou, sabia das ordens para não encostar nela. Ninguém pode mexer no que é do chefe. Lolita apareceu no pior momento, tive um caso com ela há alguns meses, não sou burro, sei que pode está me enganando, mais provável. Logo vou descobrir, e se for mentira, mandarei os dois pro buraco, nem minha mãe vai impedir. A LaPerolas ainda não sabe da existência da gravidez da minha prima, se souberem, ficaram loucos com a possibilidade de um herdeiro. Se o filho realmente for meu, o Concelho vai me obrigar a casar com a Lolita. Não queria, mas se acontecer, depois que a criança nascer, rapidamente ficarei viúvo e livre para casar com quem realmente quero. Assim que trouxe Kesia para Veneza comigo, fui no dia seguinte na sede e comuniquei ao Concelho, minha escolha para ocupar o cargo de Dama da Máfia assim como foi minha mãe. Na festa de