Capítulo 03 — Decisão Inevitável

*****

Rio de Janeiro - Brasil, 1991

*****

Os três dias marcados por Mark foram preenchidos com passeios e muita diversão. Todas as noites, Mark vinha pegá-la para jantar e dançar nas mais badaladas discotecas do Rio de Janeiro. Até Alanis acompanhava-os, aproveitando a companhia de Mark também, mas algo dentro de si mesma estava crescendo em atenção por aquele homem, mesmo tendo sonhos em que passeavam por vários lugares. Mark era alegre e cavalheiro. Além do mais, havia uma intimidade única entre os três, que seria o idioma inglês. Mark não conversava e nem entendia nada de português. Assim todos se divertiam muito, mas Anytha e Alanis começaram a notar um comportamento meio estranho em Mark, que quando se via rodeado de pessoas, parecia cismado, tenso, não estando seguro. E numa noite, Mark foi buscar Anytha mais uma vez, com Alanis rodeando ambos, tentando não ser notada.

— E então? — Mark cercou-a, passando-lhe as mãos nos seus cabelos, perguntando de modo sussurrado. — Eu quero a minha resposta!

— Bom... — Anytha sorriu e na ponta dos pés, passou os braços em volta do seu pescoço e beijou-o levemente. — É isso...

— Ah, agora eu tenho uma namorada! — Então, Mark deu um sorriso e depressa anunciou brincando. — Não quer subir num banquinho para me beijar melhor?

— Gostaria muito, mas o Comandante Jules, meu pai, vem aí! — Anytha comentou caçoando, rindo com alegria ao notar sua presença. — Devemos tomar cuidado!

— Você disse sobre a minha proposta? — Mark mudou seu ar de diversão e ponderou sério. — Falou algo?

— Por que, Mark? — Anytha quase ficou sem reação ao notar seu tom nervoso. — Alguma coisa errada?

— Peço que não revele aos seus pais sobre os nossos planos, pois mais tarde, eu explico tudo! — Mark sussurrou. — Vamos vê-lo agora?

— Está na hora de fecharmos, né? — Jules entrou e avisou enquanto Mark sorria e cumprimentava-o de modo firme. — Vão demorar por aqui ainda?

— Não! Já estamos de saída, pai! — disse Anytha. — Eu, Mark e Alanis, vamos ir embora!

— Sim, pai! Eu acompanho você! — Alanis complementou, pretendendo deixar ambos sozinhos. — Anytha precisa conversar com Mark!

Alanis fuçou na bolsa e achando a chave do carro, estendeu para Anytha, dizendo que pegaria um táxi em seguida e que poderia ir para casa mais tarde.

Assim que trancaram o local, Anytha e Mark foram caminhando pela praia, pisando na areia macia.

— Você ainda não me disse o motivo disso tudo! — Anytha se inquietou, curiosa. — Algum problema?

— A verdade, Anytha, é que vou receber uma herança e preciso estar casado para isso! — Mark suspirou, meio tenso. — Será que seus pais concordariam com essa minha proposta?

— Eu preciso de tempo, Mark! — Anytha se sentiu recuar um pouco. — Não disse-lhe que casaria com você!

— O tempo é curto! Anytha, eu sei que você não me ama! — Mark encarou-a. — Mas preciso de você! Se quiser, separamo-nos em seguida!

— O que é isso, Mark? — começou a encará-lo, completamente horrorizada de ouvir aquilo. — Casamento é algo sério!

— Eu sei, querida... — Mark pegou em suas mãos, acalmando-a. — Mas se nada der certo, não vou obrigá-la a ficar comigo...

— Vamos passar um período casados... — Anytha melhorou de ânimo, relaxando os ombros. — Tentaremos, pelo menos...

— Não sei! Talvez dependa de nós dois! — Mark avaliou um pouco. — Vamos fazer isso valer à pena? Quem sabe?

Anytha pensou rápido. Estava tentando esquecer alguém. Assim amparando Mark, poderia seria feliz? Uma chance ao coração?

— Eu preciso de você! — Mark disse enfático. — Vamos! Você vai adorar a França!

— E meu emprego? — Anytha suspirou nervosa. — Meus pais acharão estranho eu abandonar tudo assim! Além do mais, tem Alanis! Somos inseparáveis!

— Não se preocupe! Eu disse aos seus superiores que levaria-a para outro porto na França! — Mark continuou acalmando Anytha. — E quanto à Alanis, poderemos levá-la para morar conosco daqui um tempo! O que acha?

— Você mentiu? — Anytha pestanejou incrédula. — Estou me sentindo presa numa teia de aranha!

— E Jules sabe disso também! Vamos esquecer os pormenores! — Mark abraçou-a, não se importando com sua declaração. — Não quero que vá preocupada!

Naquela noite, na companhia de Alanis, lá no apartamento, Anytha conversou sobre toda proposta de Mark. Se sentia caótica, pois tudo estava sendo muito rápido, mas Alanis respondeu-lhe que poderia dar certo. Era algo para fazê-la esquecer Murillo de vez. Só que Anytha ainda estava com dúvidas. Mesmo tentando não transparecer, Alanis sentiu um nó no peito e não sabia o motivo, mas queria estar no lugar de Anytha, preferindo esconder isso. Anytha ficou pensando que resposta daria a Mark, porque lembrava de cada súplica sua, para que entendesse-o. Parecia estar em apuros e conhecia a sua profissão. "Será que Mark teria alguma coisa a esconder?", pensou com de caraminholas. Resolveu ligar o som um pouco baixo para não incomodar Alanis e esquecer esses pensamentos. Tinha sido tão bom os momentos que passara com Mark, parecendo que aos poucos, estava conquistando-a. Era algo que motivaria-a a esquecer Murillo finalmente, uma vez que tinha que pensar no seu futuro e aquilo pertencia ao passado. Por fim, resolveu dormir. Cochilando, imaginou um adágio sutil. Assim sorriu, já que nada melhor que uma nova paixão para esquecer do antigo amor.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo