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Rio de Janeiro - Brasil, 1991*****Já pela manhã, Anytha percebeu que Mark não estava mais na cama. Se levantou e viu um bilhete escrito em francês.
"Fui comprar as passagens e volto em breve, Madame Anytha.Um beijo do seu Mark".Anytha tratou de arrumar suas malas e dar uma vistoria no apartamento. Parou um pouco e permaneceu analisando as pessoas pela sacada. Da altura em que se encontrava, pareciam formigas indo para a praia, para aquele mar imenso. Assim sorriu e continuou decidida nas suas tarefas. Sentiria falta do Brasil, mas nem tanto. Quando estava terminando de fechar a última mala, Mark chegou.— Bom Dia, querida! — Mark se aproximou e deu-lhe um beijo no rosto. — Desculpe não ter chamado você, mas trouxe umas coisas para beliscarmos na viagem!— Que horas é o voo? — Anytha se sentiu meia ansiosa. — Estou muito animada com tudo isso!— Já está tudo pronto? É ao meio-dia, meu amor! — Mark perguntou e olhou para as malas enquanto Anytha apenas concordava sobre as bagagens e Mark se sentava ao seu lado, alisando seu rosto. — Quer se despedir do Brasil primeiro? Podemos ver algumas coisas antes de partimos!— Seria muito bom! — Anytha se levantou, mais animada. — Vamos sim, Mark! Quero muito!— Então, está certo! Vamos dar um passeio, mas falta apenas um detalhe! — Mark beijou-a e pegando sua mão com carinho, Anytha prendeu a respiração, imaginando o que seria, mas simplesmente retirou a aliança de seu dedo. — Você não poderá usá-la por algum tempo!— Por que, Mark? — Anytha arregalou os olhos castanhos, ficando imensos e mais amendoados. — Não entendi!— É só até sairmos do Brasil! — Mark sorriu, tentando transparecer calmaria. — Não é nada demais! Apenas relaxe!Anytha concordou, cética. O plano de Mark de se refugiar no Brasil estava dando certo, mas a qualquer momento poderiam achá-lo e a vida de Anytha correria perigo. Por outro lado, indo para França como um homem casado, despistaria seus perseguidores. Lá, faria contato com seus superiores mais facilmente. Longe do perigo que corria na Inglaterra.Antes de partirem, Alanis ligou para Anytha, para saber como estava indo tudo, precisando ouvir sua voz antes que fosse embora de vez.— Olá, Alanis! Eu estou bem! Não se preocupe comigo! — mas a voz de Anytha tremulou e Alanis sentia quando algo estava errado. — Eu estou animada para ir para França!— Anytha, eu conheço você muito bem! Alguma coisa não está certo contigo! — Alanis estava com um nó na garganta de pensar no que poderia estar acontecendo. — Vai desembuchando! Por favor, não mente para mim, pois você não precisa disso!— Eu... Eu... Eu não sei direito... É que Mark retirou minha aliança do dedo e disse para não usar ainda... — Anytha se obrigou a ser sincera, estava começando a se sentir perdida. — Não entendi muito bem e o que isso...— Como assim tirou sua aliança do dedo, se vocês estão casados? — a voz de Alanis se alterou do outro lado da linha. — É sério isso, Anytha? Você sabe o que está acontecendo? Mark te deu alguma explicação?— Eu... Eu não entendi nada, já que Mark não explicou o motivo disso e estou começando a me sentir sozinha... Sei lá... — Anytha pretendia continuar a conversa quando percebeu Mark estar voltando ao apartamento. — Eu preciso desligar... Mark está chegando... Me desculpe... Ficarei bem...Alanis ouviu Anytha desligar e permaneceu pendurada ao telefone, tentando entender o que se passava e pedindo a Deus que nada de ruim acontecesse.Após se despedirem do Brasil, partiram para o aeroporto, onde Mark fez questão que Anytha usasse óculos escuros com chapéu. Assim esconderia melhor suas feições, com a desculpa da herança e seu modo carinhoso. Mark convenceu Anytha de que tudo era passageiro. Mas antes da viagem, Mark teve que entrar em contato com seus superiores.— Comandante Dalton! — disse no telefone com aquela voz segura. — Sou eu, Mark Wilson!— De onde você está falando, Mark? — o homem respondeu-lhe. — Estivemos à sua procura desde que partiu para o mar!— Não posso explicar agora, Comandante Dalton! — Mark comentou, tentando transparecer calma. — Eu estou bem e a caminho da França! Lá, poderei me comunicar melhor!— Então está bem, Mark! — o homem assentiu do outro lado. — Esperarei notícias!— Assim que chegar, comunicarei meu destino! — Mark terminou. — Darei aviso sobre tudo sim!— Tenha uma boa viagem! — Dalton se despediu, tentado transluzir indiferença. — Até mais, Mark!O Comandante Dalton Foster desligou e deu um sorriso para os seis homens que se encontravam naquela sala. Mark não sabia, mas Dalton estava à frente de uma quadrilha de traficantes e seria o mais interessado em tirar sua vida.— Mark está a caminho da França, tendo todos os dados sobre o carregamento interceptado que estamos interessados! — assim o homem anunciou, antes que viesse a ser descoberto. — Dentro de mais ou menos dois dias, ligará anunciando seu paradeiro! Peguem Mark e quero vê-lo morto depois!Enquanto isso, com Anytha e Mark no avião, aproveitando bem a viagem, tudo parecia tranquilo. Porém, era apenas aparência de um mar estável, pronto para uma tempestade terrível a qualquer momento.— Mark? Parece preocupado! — Anytha chamou-lhe a atenção enquanto olhava para a janela, meio distraído. — Não está com sono?— Não! Pretendo ler um pouco! — Mark sorriu-lhe, tocando seu queixo delgado com a mão bonita. — Não se preocupe! Está tudo bem!— Eu acho que tentarei dormir! — Anytha se espreguiçou. — Tenha uma boa noite, querido!— Bons sonhos! — Mark sorriu, tentando convencê-la que tudo estava controlado. — Durma bem, meu amor!No fundo, Mark estava muito preocupado, porque tudo parecia tão arriscado, mas se conseguisse manter contato com seus superiores, iria convencê-los de fazer mais uma busca e unir mais provas sobre o caso das drogas apreendidas, prendendo os responsáveis diretos pelo carregamento. Assim poderia respirar sossegado. Pensando nisso, Mark adormeceu ao lado de Anytha, que nunca poderia suspeitar de nada.*****Paris - França, 1991*****Ao chegarem no centro de Paris, na França, Anytha e Mark desembarcaram do avião aninhados. E assim pegaram um táxi direto para o Hotel Ritz. No caminho, Anytha contemplava a cidade pela janela do carro. Tinha que se conformar com a pressa de Mark para chegar logo. Mas quando atingiram seu destino, Mark deixou-a no quarto escolhido e prometendo que voltaria depressa, saiu sem dar maiores explicações. Se sentindo cansada da viagem, Anytha desfez as malas e se deitou. Olhou para o relógio, notando que já eram cinco da tarde. Com isso, aproveitou o friozinho da capital europeia e a cama macia para dar um cochilo. No momento que despertou, com o telefone tocando, descobriu ser o recepcionista. — Madame? Quer que sirvamos seu jantar no quarto? — o recepcionista disse. — O Senhor Mark Wilson deu permissão para perguntar-lhe!— Mar
*****Paris e Giverny - França, 1991*****Quando Anytha despertou, o Sol estava encoberto de nuvens. Já eram mais de sete horas da manhã e Mark ainda não havia chegado. Sentiu uma ponta de preocupação, mas se lembrou da carta e do desabafo com Alanis. Olhou pela janela de seu quarto e viu densas nuvens se aproximarem. Mesmo assim estava resoluta. Se agasalharia e poria a carta no correio. Colocou o casaco de pele sobre o conjunto de lã bege e desceu direto para a rua, nem querendo tomar desjejum. Já fora, vendo o movimento das pessoas na rua, suspirou. Não se sentia bem sozinha, mas adorava caminhar. No dia anterior, Mark havia mostrado-lhe uma agência de correios bem próximo dali. O que Anytha não sabia, seria que Mark estava correndo perigo. Naquela mesma noite, Mark foi se encontrar com um agente, seu amigo da Inglaterra. Juntos, passaram a noite esquematizando como
*****Giverny, França - 1991*****Como a casa já tinha sido faxinada um dia antes, Anytha nem teve o que fazer depois do almoço. Então, resolveu ir deitar quando ouviu um barulho estranho na sala.— Mark! — Anytha olhou tudo aquilo assustada. — O que é isso? O que está fazendo? Mark!Mark estava sentado no chão, junto da porta, com uma furadeira na mão. Anytha teve que se aproximar para ver se Mark estava bem mesmo.— Olá, querida! — Mark desligou a máquina. — O que houve? Algum problema, meu amor?— O que é tudo isso? — Anytha olhou aquela bagunça, sem compreender nada. — O que está acontecendo aqui?— Ah! — Mark colocou a mão na testa, tirando uma gota de suor. — Estou colocando umas trancas para o nosso bem!— Não sabia que aqui era t&atil
*****Rio de Janeiro, Brasil - 1991*****E num escritório do Rio de Janeiro, alguém tinha planos para mudar a vida de Anytha, onde quer que estivesse.— Tem certeza de que quer isso realmente, Murillo? — o homem que estava à sua frente coçou o queixo. — Não mudará de opinião?— Claro, Carlos! — respondeu, cheio de animação. — Você lembra daquelas promessas todas? Eu disse à Anytha que voltaria!— E não voltou... — Carlos continuou incrédulo. — E parece que nunca voltaria, pelo tempo que passou…— Tudo bem! — Murillo se sentou na cadeira, em frente à sua mesa. — Me atrasei, apenas isso! Eu amo aquela garota! Não tem solução! Nunca consegui esquecê-la! Estava dando um tempo para mim mesmo! Você sabe que eu não queria me c
*****Rio de Janeiro, Brasil - 1991*****Quando Alanis voltou, Eduardo já tinha ido embora, dando graças a Deus. Nem percebeu sobre sua agenda na mesa. Antes de atender seu superior, Alanis lavou seu rosto e tomou uma água bem rapidamente. Agora suspirando, resolveu telefonar para Jules e Marina, sabendo que pelo tempo, Murillo não tinha chegado em Nova Iguaçu ainda.— Pai, é Alanis! — disse quando Jules atendeu. — Preste atenção no que direi, pois é importante! Murillo reapareceu! Esteve aqui e queria saber onde Anytha estava! É claro que nada contei! O problema é que está indo até aí, para tentar arrancar algo! Por favor, não diga nada! Peça para minha mãe permanecer calada também, já que sei que Dona Marina gosta de dar com a língua nos dentes!— Mas até isso agora! &mda
*****Rio de Janeiro, Brasil - 1991*****Já na rua, Murillo caminhou ao lado de Alanis por alguns momentos até olhá-la, pretendendo se despedir.— Bem, vou indo agora, Alanis! — disse com nó na garganta, devido não haver conseguido o que queria. — Até qualquer hora!— Murillo, só um segundo! — segurou em seu braço até notar Murillo se retesar. — Está sendo sincero? Podemos conversar em algum lugar ou precisa ir trabalhar?— Tem certeza? — Murillo sentiu uma pontada no peito. — Podemos ir num restaurante que frequento!— Tudo bem! — Alanis concordou. — Me diga o endereço, para seguir você com meu carro!— Eu costumo ir ao Restaurante do Hotel Copacabana Palace... — respondeu normalmente. — Vamos conversar lá...— Como? — Alanis engasg
*****Giverny, França - 1991*****"Era só o que faltava!", pensou Anytha e olhou para o relógio. A janta não estava dando certo, talvez fosse seu nervosismo por Mark, que estava causando aquilo tudo. Estava entediada e resolveu continuar frequentando o templo local para orar e pedir que Jesus desse-lhe uma solução para sua agonia. Desde a noite anterior que Mark não se encontrava em casa. Porém, do outro lado da cidade, Mark estava mais preocupado do que Anytha, depois de suportar a noite com seu agente federal Basil Morris, com ambos passando a manhã discutindo. Tudo que aconteceria, com aquilo que examinaram, inundou a tarde e a noite.— Eu não sei o que seria, mas nada do que descobrimos prova quem é o chefão... — Mark suspirou. — Estou cansado de esperar...— É só uma questão de tempo, colega! — Basil deu
*****Giverny e Paris - França, 1991*****Como esteve doente, Anytha nem se preocupou quando a noite chegou, pois Mark prometera permanecer com sua pessoa. Até que o telefone tocou e como Anytha passava pelo corredor, veio atender, mas Mark impediu-a em tempo.— Não atenda! — vendo seu olhar, Mark amenizou. — Deixe! Deve ser para mim! Tudo bem?Enquanto Anytha olhou Mark mais uma vez, saiu para o quarto, engasgada com aquilo, sentindo que seu casamento estava indo por água abaixo. Mark pegou o telefone, quase tendo certeza que seria Basil Morris. Não deu outra realmente.— O que há, Basil? — perguntou, querendo saber o que queria. — Algo errado agora?— Mark, eu estou muito preocupado! Muito atormentado mesmo! — Basil respondeu. — Na pressa, resolvi ligar para sua casa em vez de ligar para seu celular!— Com que está pr