Capítulo 06 — O Perigo Mora Ao Lado

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Rio de Janeiro - Brasil, 1991

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Já pela manhã, Anytha percebeu que Mark não estava mais na cama. Se levantou e viu um bilhete escrito em francês.

"Fui comprar as passagens e volto em breve, Madame Anytha.

Um beijo do seu Mark".

Anytha tratou de arrumar suas malas e dar uma vistoria no apartamento. Parou um pouco e permaneceu analisando as pessoas pela sacada. Da altura em que se encontrava, pareciam formigas indo para a praia, para aquele mar imenso. Assim sorriu e continuou decidida nas suas tarefas. Sentiria falta do Brasil, mas nem tanto. Quando estava terminando de fechar a última mala, Mark chegou.

— Bom Dia, querida! — Mark se aproximou e deu-lhe um beijo no rosto. — Desculpe não ter chamado você, mas trouxe umas coisas para beliscarmos na viagem!

— Que horas é o voo? — Anytha se sentiu meia ansiosa. — Estou muito animada com tudo isso!

— Já está tudo pronto? É ao meio-dia, meu amor! — Mark perguntou e olhou para as malas enquanto Anytha apenas concordava sobre as bagagens e Mark se sentava ao seu lado, alisando seu rosto. — Quer se despedir do Brasil primeiro? Podemos ver algumas coisas antes de partimos!

— Seria muito bom! — Anytha se levantou, mais animada. — Vamos sim, Mark! Quero muito!

— Então, está certo! Vamos dar um passeio, mas falta apenas um detalhe! — Mark beijou-a e pegando sua mão com carinho, Anytha prendeu a respiração, imaginando o que seria, mas simplesmente retirou a aliança de seu dedo. — Você não poderá usá-la por algum tempo!

— Por que, Mark? — Anytha arregalou os olhos castanhos, ficando imensos e mais amendoados. — Não entendi!

— É só até sairmos do Brasil! — Mark sorriu, tentando transparecer calmaria. — Não é nada demais! Apenas relaxe!

Anytha concordou, cética. O plano de Mark de se refugiar no Brasil estava dando certo, mas a qualquer momento poderiam achá-lo e a vida de Anytha correria perigo. Por outro lado, indo para França como um homem casado, despistaria seus perseguidores. Lá, faria contato com seus superiores mais facilmente. Longe do perigo que corria na Inglaterra.

Antes de partirem, Alanis ligou para Anytha, para saber como estava indo tudo, precisando ouvir sua voz antes que fosse embora de vez.

— Olá, Alanis! Eu estou bem! Não se preocupe comigo! — mas a voz de Anytha tremulou e Alanis sentia quando algo estava errado. — Eu estou animada para ir para França!

— Anytha, eu conheço você muito bem! Alguma coisa não está certo contigo! — Alanis estava com um nó na garganta de pensar no que poderia estar acontecendo. — Vai desembuchando! Por favor, não mente para mim, pois você não precisa disso!

— Eu... Eu... Eu não sei direito... É que Mark retirou minha aliança do dedo e disse para não usar ainda... — Anytha se obrigou a ser sincera, estava começando a se sentir perdida. — Não entendi muito bem e o que isso...

— Como assim tirou sua aliança do dedo, se vocês estão casados? — a voz de Alanis se alterou do outro lado da linha. — É sério isso, Anytha? Você sabe o que está acontecendo? Mark te deu alguma explicação?

— Eu... Eu não entendi nada, já que Mark não explicou o motivo disso e estou começando a me sentir sozinha... Sei lá... — Anytha pretendia continuar a conversa quando percebeu Mark estar voltando ao apartamento. — Eu preciso desligar... Mark está chegando... Me desculpe... Ficarei bem...

Alanis ouviu Anytha desligar e permaneceu pendurada ao telefone, tentando entender o que se passava e pedindo a Deus que nada de ruim acontecesse.

Após se despedirem do Brasil, partiram para o aeroporto, onde Mark fez questão que Anytha usasse óculos escuros com chapéu. Assim esconderia melhor suas feições, com a desculpa da herança e seu modo carinhoso. Mark convenceu Anytha de que tudo era passageiro. Mas antes da viagem, Mark teve que entrar em contato com seus superiores.

— Comandante Dalton! — disse no telefone com aquela voz segura. — Sou eu, Mark Wilson!

— De onde você está falando, Mark? — o homem respondeu-lhe. — Estivemos à sua procura desde que partiu para o mar!

— Não posso explicar agora, Comandante Dalton! — Mark comentou, tentando transparecer calma. — Eu estou bem e a caminho da França! Lá, poderei me comunicar melhor!

— Então está bem, Mark! — o homem assentiu do outro lado. — Esperarei notícias!

— Assim que chegar, comunicarei meu destino! — Mark terminou. — Darei aviso sobre tudo sim!

— Tenha uma boa viagem! — Dalton se despediu, tentado transluzir indiferença. — Até mais, Mark!

O Comandante Dalton Foster desligou e deu um sorriso para os seis homens que se encontravam naquela sala. Mark não sabia, mas Dalton estava à frente de uma quadrilha de traficantes e seria o mais interessado em tirar sua vida.

— Mark está a caminho da França, tendo todos os dados sobre o carregamento interceptado que estamos interessados! — assim o homem anunciou, antes que viesse a ser descoberto. — Dentro de mais ou menos dois dias, ligará anunciando seu paradeiro! Peguem Mark e quero vê-lo morto depois!

Enquanto isso, com Anytha e Mark no avião, aproveitando bem a viagem, tudo parecia tranquilo. Porém, era apenas aparência de um mar estável, pronto para uma tempestade terrível a qualquer momento.

— Mark? Parece preocupado! — Anytha chamou-lhe a atenção enquanto olhava para a janela, meio distraído. — Não está com sono?

— Não! Pretendo ler um pouco! — Mark sorriu-lhe, tocando seu queixo delgado com a mão bonita. — Não se preocupe! Está tudo bem!

— Eu acho que tentarei dormir! — Anytha se espreguiçou. — Tenha uma boa noite, querido!

— Bons sonhos! — Mark sorriu, tentando convencê-la que tudo estava controlado. — Durma bem, meu amor!

No fundo, Mark estava muito preocupado, porque tudo parecia tão arriscado, mas se conseguisse manter contato com seus superiores, iria convencê-los de fazer mais uma busca e unir mais provas sobre o caso das drogas apreendidas, prendendo os responsáveis diretos pelo carregamento. Assim poderia respirar sossegado. Pensando nisso, Mark adormeceu ao lado de Anytha, que nunca poderia suspeitar de nada.

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