Capítulo 02

Presente Reviro na cama, eu me encontro sozinha. Nada de novo. Loção pós-barba de Bennett ainda paira no ar, e quando vou para a sala de estar muito aberta, eu o vejo sentado no bar na cozinha. Ele lê um arquivo enquanto bebe seu café. Amarro o cinto do meu roupão de seda em volta da minha cintura, me aproximo dele por trás, passando os braços ao redor dos seus ombros, dando-lhe um beijo. 

—Bom dia. — ele diz com um sorriso, feliz em me ver. 

— Você acordou cedo. — eu respondo, conforme observo seu terno de três peças. 

Ele abaixa o arquivo, e vira para me puxar entre as pernas. — Eu estou saindo para Dubai. Esqueceu? — Claro que não. Mas você não sai até algumas horas. — eu digo a ele e, em seguida, abaixo a minha cabeça, acrescentando em tristeza fingida: — Eu gostaria que você ficasse. Beijando meus lábios, ele se afasta e envolve os dedos no meu cabelo comprido, penteando-o para trás. — É só por alguns dias. Além disso, você vai estar ocupada. — Ocupada? 

— Eu preciso que você comece a arranjar todas as coisas para a festa. Está só a um mês de distância e os convites precisam sair em breve. Richard não vai comigo, então ele vai ficar por aqui essa semana, se você precisar de alguma coisa. Richard é o marido de Jacqueline e parceiro de negócios de Bennett. Ele sempre me irritou, mas eu finjo gostar dele apenas por Bennett. 

Ele usa uma echarpe, pelo amor de Deus. 

— Ok. Bem, eu vou fazer algum trabalho por aqui hoje e depois ligar para o hotel para marcar uma reunião. Quando vou pegar uma xícara de chá quente, Bennett volta ao seu trabalho antes que tenha que pegar o voo. Depois de um tempo, Baldwin leva sua bagagem até o carro, enquanto dizemos nosso adeus. 

— Eu vou sentir sua falta. — murmuro, ao que ele responde: —Querida, você sempre diz isso. 

Esfrego contra ele, e cubro a boca com a minha. — Porque eu sempre sinto. 

Ele sorri. 

Eu sorrio. 

— Ligue-me logo que aterrissar para que eu saiba que você está bem. 

— Eu te amo. 

Eu o sigo até o elevador e dou-lhe um último beijo antes dele sair e, em seguida, volto para o estúdio para trabalhar no laptop. Fico confortável, abro a tampa e digito Declan McKinnon no navegador de busca. Link após link inunda a tela. Eu clico em um e leio: 

 Declan Alexander McKinnon Nascido em Edimburgo, Escócia Idade: 31 Filho de Calum McKinnon e da falecida Lillian McKinnon Fez MBA na Universidade de St. Andrews, na Escócia Eu continuo a ler sobre suas várias conquistas e reconhecimentos acadêmicos e empresariais. Eu encontrei o pai dele em várias ocasiões e sei que o nome de família é bem respeitado, então posso imaginar a pressão sobre ele para mantê-lo como tal. 

Clico sobre a pesquisa de imagens, centenas de fotos dele enfeitam a tela com uma variedade de mulheres nos seus braços. É evidente que ele goza do seu status de solteiro, mas parece que ele é novo na área de Chicago. 

Sem ponderar muito sobre ele, eu fecho a internet e abro a agenda de endereços de Bennett para começar a trabalhar. Por causa da notoriedade dele, o nosso evento anual extravagante chama os egos ansiosos. Só por isso, a segurança e privacidade são uma necessidade. 

Em vez do meu desagrado habitual com o meu marido, eu devo dar-lhe créditos por ser um autodidata. Por construir essa empresa de vários bilhões de dólares a partir do zero e fazer o nome Vanderwal algo para ser admirado. Um nome que me adorna, enquanto meu primeiro foi manchado. 

Assim que faço uma lista de convidados aproximada, eu mando um e-mail para Bennett examinar. Saio do escritório e Clara me chama a atenção. Ela está ocupada desempacotando as compras na cozinha quando eu digo: — Eu não ouvi você entrar. 

— Sra. Vanderwal, oi. — ela fala docemente. — Seu marido insistiu para eu vir hoje, uma vez que ele vai à viagem de negócios. Ele ainda está aqui? — Não, você o perdeu. — caminhando, eu passo para a cozinha e começo a ajudá-la a arrumar a comida. 

— Pare de mexer com isso. — ela repreende brincando, e eu sorrio quando ela me expulsa da cozinha. 

Eu nunca tive uma mãe, e, apesar de Clara ser uma empregada, ela enche a nossa casa com um calor que só uma mulher com um forte senso maternal pode fazer. 

— Gostaria que eu preparasse uma xícara de chá? 

—Não, obrigada. Eu tomei uma mais cedo. Sento-me no bar e ela pergunta: — Você está com fome? 

Balanço a cabeça e digo: — Eu acho que vou ficar por aqui hoje. Bennett quer que eu comece a trabalhar com a festa, então pensei em ficar por aqui e navegar na internet à procura de ideias. — Já está na hora? 

— Mmm hmm. 

— Quão rápido os anos passam. Quando você chegar à minha idade, é melhor você não piscar. Nunca. — ela fala com um sorriso suave conforme começa a retirar as panelas para cozinhar. 

Vou até as janelas e vejo como a neve cai sobre a cidade. Daqui de cima, no septuagésimo primeiro andar, eu me sinto como uma rainha. Eu aproveito um momento para apreciar a vista antes de começar a trabalhar, enquanto Clara ocupa-se na cozinha, preparando refeições para os próximos dias. O tempo me escapa e antes que eu perceba, o céu está escurecendo e Clara está dizendo adeus. 

   Quando acordo na manhã seguinte, eu gasto meu tempo me preparando. Ando até as janelas, e enquanto olho para baixo, para o tráfego intenso no circuito nesta manhã de segunda-feira, tomo um gole do meu chá e, em seguida, ouço o meu telefone tocar. Eu vejo que é Bennett e atendo. 

— Ei, querido. — eu digo e vou até o sofá me sentar. 

— Oi. Tentei ligar quando cheguei ontem. 

— Desculpe. Eu fui para a cama cedo. — Dia atribulado, né? — ele brinca com uma risada leve. 

— Sim, algo assim. Deve ser essa neve constante que estamos tendo. Deixa-me preguiçosa. — digo a ele. — Então, como estão indo as coisas? 

— Bem. Acabei de encontrar com o nosso novo cliente e tive um almoço tardio. Estou voltando para o hotel agora para tomar um banho antes de ter que beber e comer com esses bastardos mais tarde essa noite, no jantar, mas eu queria falar com você, porque senti falta de ouvir a sua voz na noite passada. — Você sentiu falta da minha voz, hein? 

— Eu senti falta não apenas da sua voz. — ele flerta. 

Deixo escapar um suspiro profundo e falo: — Eu sinto falta de ter você na cama comigo. Estou sempre sozinha sem você aqui. Este lugar está muito calmo e muito quieto. — Clara não passou por aí ontem? — ele pergunta. 

— Passou. Você sabe, você não tem que me mimar. Eu sou uma menina grande. — Eu gosto de... como você chamou? Mimar? — eu posso ouvir a risada na voz dele quando diz isso, e eu devolvo o sorriso, dizendo: — Sim. 

Mimar. Para um homem tão sábio, você devia ampliar seu vocabulário. — É mesmo? Bem, talvez quando eu voltar eu devo mostrar o quão o meu vocabulário é expansivo. Eu rio. Se há uma coisa que Bennett não é, é um conversador sujo, mas eu flerto com ele: — Hmm... talvez você devesse voltar para casa mais cedo. — Eu gostaria. Embora eu esteja curtindo as temperaturas mais quentes aqui. É agradável e ensolarado. — Se você está tentando me deixar com inveja, não vai funcionar. Você sabe que eu amo o frio e o cinzento. Dá-me uma razão para aconchegar no seu calor a cada noite. 

— Então o que a manteve quente na noite passada? 

— Encher meu estômago da lasanha de Clara e, em seguida, me enfiar profundamente nos cobertores. 

— Bem, eu estarei logo em casa para mantê-la aquecida, querida. — ele fala com uma voz suave antes de perguntar: — Então, o que está na sua agenda hoje? 

— Eu ia ligar no hotel para ver se consigo marcar uma reunião para olhar o espaço novamente. 

— Nós acabamos de ir lá. 

— Sim, mas agora eu quero vê-lo vazio, sem toda a crosta superior de Chicago vadiando lá dentro. 

Ele ri de mim e então diz: — Querida, não se esqueça de que você é tão crosta superior quanto eles. 

— E eu só tenho você para agradecer por isso, querido. — eu brinco. — Mas, falando sério, eu quero ver como é o espaço vazio e falar com os gestores para descobrir se eles têm novas conexões com fornecedores. Eu gostaria de sair da regra do que temos feito nos últimos dois anos. — Contanto que tenha sua mão nisso, vai ser incrível. Tudo que você toca vira perfeição. Basta olhar para mim. 

— Perfeição, hein? Bem, eu não posso discutir com esse seu ego. Eu não mudaria uma coisa sobre você. — Nem eu em você. — ele complementa antes de dizer: — O carro acabou de estacionar no hotel, então eu preciso deixá-la. 

— Ok. Tente não trabalhar muito duro. Eu sinto sua falta. — Também sinto sua falta, amor. Tenha um bom dia. Desligamos e eu deixo escapar um suspiro profundo. Conversar com ele assim costumava ser difícil no começo, mas agora é tão natural como querer tirar cocô de cachorro do seu sapato. 

Eu entro no meu closet para pegar a bolsa de mão que eu levei para a festa na outra noite. Ao abri-la, eu tiro o cartão de visita que Declan me deu e caminho de volta para a sala de estar para fazer a ligação. 

— Lotus. — uma voz feminina ronrona. 

— Declan McKinnon, ele está disponível? 

— E quem devo anunciar? 

— Nina Vanderwal. 

Ela me coloca em espera por um momento e quando a linha é atendida, ela me diz: — Sr. McKinnon está terminando uma reunião. Você gostaria de deixar um recado? — Bem, eu não quero perturbar a agenda dele, mas vou organizar um evento e gostaria de ir ver o espaço do salão principal e discutir fornecedores. 

— Claro. Deixe-me direcioná-la para o nosso gerente. — ela fala antes de me transferir. 

Depois de uma breve conversa com o gerente do hotel, marcamos uma reunião em uma hora. Desligo o telefone e chamo Baldwin para aprontar o carro para me conduzir até o hotel. Quando ele chega, estou pronta e ele me ajuda a deslizar meu casaco por cima do meu top de seda marfim que está enfiado na minha calça preta, sob medida, de lã. 

— Você está pronta? — Baldwin pergunta quando pego a minha bolsa. 

— Pronta. 

Nós descemos no elevador, e quando atravessamos o lobby, o carro já está estacionado na frente. 

— Cuidado com o degrau. — Baldwin diz conforme desvio das pequenas manchas de gelo com os meus saltos altos. 

Quando eu chego ao Lotus, entro e sou cumprimentada pelo gerente que está esperando por mim. Ele me leva para o salão de baile, e eu tomo nota do espaço. A área de estar principal acomoda facilmente o evento, e há uma sala anexa, que abriga vários charutos e licores que estão exibidos ao redor do cômodo de mogno escuro. O bar é amplo e masculino, a madeira é bastante impressionante. É uma pena que tudo isso estivesse escondido sob o mar de gente que estava aqui na inauguração. O cenário é íntimo, apesar da enorme dimensão da sala. A pista de dança está situada embaixo de uma pequena escadaria, que a deixa fora da sala de jantar, criando um ambiente menos agitado para entreter. 

Um sotaque familiar me pega desprevenida enquanto eu estou andando e fazendo anotações na minha agenda. 

— Como ele está? — seu sotaque atravessa a sala, e quando eu viro para capturar seu olhar, eu pergunto: — Desculpe-me? 

Fazendo a varredura do espaço, ele esclarece: — O espaço, eu quero dizer. É diferente vazio, não é? Viro a cabeça para admirar a decoração, e digo: — Sim. Eu estava pensando sobre a quantidade de detalhes que não consegui ver na outra noite com todas as pessoas aqui. Ele caminha até mim, aparentando elegância em suas calças e seu paletó de botões e gravata, com um leve sorriso no rosto, e estende a mão para o meu lado e, finalmente, cumprimenta: — É bom vê-la novamente, Nina. A forma como o meu nome é acariciado por seu sotaque é sem dúvida sexy pra caralho. 

Conforme ele passa os lábios sobre os nós dos meus dedos, a barba por fazer ao longo do seu maxilar, arranha a pele macia da minha mão, eu não respondo, mas quando ele a mantém segurando por tempo demais, eu me afasto. Seu sorriso permanece, como se estivesse se divertindo com a minha reação. 

Ele casualmente vira-se para o homem que estava me mostrando ao redor e o dispensa. Voltando-se para mim, ele enfia as mãos nos bolsos da sua calça e pergunta: — Então, o que você acha? 

— Eu acho que o meu marido estava certo; é o lugar perfeito para sediar a festa. — Ótimo. Você precisa olhar mais? — Eu acho que tenho o suficiente para o momento. 

Ele parece bem humorado por causa de alguma coisa, talvez eu, e tira as mãos dos bolsos, colocando uma nas minhas costas enquanto me leva para fora da sala. 

— Então vamos para o meu escritório e discutir os detalhes. 

Nós vamos para o escritório dele, e eu fico de pé, no centro da sala de grandes dimensões, enquanto ele vai para a sua mesa, movendo-se com uma confiança relaxada, e pega o laptop. Ele acena com a cabeça em direção ao sofá de couro, dizendo: — Por favor, sente-se. 

Eu sento e abro a minha agenda, folheando as páginas para encontrar o meu calendário, quando eu sinto os olhos dele em mim. 

— Por que você está me olhando assim? — pergunto ao olhar para ele, fingindo meu aborrecimento. 

— Onde é mesmo que alguém compra uma agenda de papel? — ele brinca. 

— Muitos lugares. 

— Eu não vejo uma dessas há anos. Você sabe que eles fazem essas coisas chamadas tablets agora. Sorrindo para sua brincadeira, eu digo: — Sim. De vez em quando eu sou capaz de sair de baixo da minha rocha para acompanhar a velocidade da tecnologia moderna, muito obrigada. Ele balança a cabeça e ri e eu observo o seu sorriso alcançar seus olhos verdes e dobrar nos cantos. 

— Você sequer tem um? — ele pergunta, ainda sorrindo para mim. 

— Não. 

Ele não responde, mas seu olhar firme incentiva a minha resposta ao seu tácito 'Por quê’? 

— Eu gosto de privacidade. Tecnologia perturba isso. Posso queimar papel e jogar as cinzas fora como se nunca tivessem existido. Indetectável. — devolvendo o sorriso malicioso para ele, eu acrescento: — Mas você? Você não acha que é tolo mostrando-se? Sendo exposto? — Isso é uma charada? 

Eu rio, ignorando sua pergunta conforme folheio o meu calendário e confirmo: — Você tem 31 de dezembro disponível, correto? 

Suspirando, ele muda e olha para o seu laptop e fala: — Sim. 

— Ótimo. Bennett gosta de manter este evento pequeno, duzentas pessoas mais ou menos. A segurança é importante para ele... — Você também? — ele interrompe e eu suavizo o meu rosto, sorrio, e digo: — Sim. Eu, também. Como eu estava dizendo, os hóspedes terão que fazer check-in, sua equipe fornece essa comodidade? — Qualquer coisa que você queira. 

Passamos a próxima hora discutindo ideias para a configuração e programação de reuniões com alguns fornecedores para o próximo par de semanas antes de eu chamar Baldwin para me pegar. O modo bem educado de Declan cede para o lado obsceno com o jeito que ele me beija quando saio, segurando meus braços em suas mãos e arrastando seus lábios ao longo da minha bochecha antes de pressioná-los no lóbulo da minha orelha, sussurrando: 

— Até a próxima.

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