Bodas de sangue
Bodas de sangue
Por: Autora Afrodite
Capítulo 01

Presente  — Querida, você está quase pronta? — a voz do meu marido chama do outro quarto. 

Eu olho para o meu reflexo no espelho enquanto coloco meu brinco de pérola, sussurrando para mim: — Sim. 

Ajeito a minha postura, aliso o tecido do meu vestido, corro os dedos pelo meu cabelo longo, vermelho. Um cobertor de carmim. Ondas soltas caindo sobre meus ombros nus. A frieza da seda azul da meia-noite que se agarra às ligeiras curvas da minha pequena forma. A boa esposa estoica. Meu marido, o farol da minha admiração, ou assim parece. 

— Impressionante. 

Meus olhos se deslocam, do espelho para Bennett, conforme ele caminha para dentro do meu closet, onde estou. Ele arrasta meu cabelo para o lado, expondo meu pescoço para seus lábios. 

— Mmm. — eu cantarolo ao seu toque antes de virar em seus braços, para ajustar sua gravata borboleta preta. 

Seus olhos estão presos em mim enquanto concentro-me em seu pescoço e quando lhe dou minha atenção, ele me dá um sorriso suave. Eu devolvo. Ele é impressionante com sua estrutura óssea forte, queixo quadrado e cabelos castanhos com alguns reflexos prateados. Um sinal dos seus 34 anos e seu status influente. Um magnata. Dono da maior empresa de aço do mundo. Ele é poder. E eu a favorecida. 

— Baldwin está pronto com o carro. — ele diz antes de beijar a minha testa. 

Pego minha bolsa e Bennett me ajuda com o meu casaco e descemos pelo elevador. À medida que atravessamos o lobby do The Legacy, a minha casa durante os últimos três anos, Bennett mantém sua mão sobre a base das minhas costas, guiando-me para a noite fria de inverno. 

— Sr. Vanderwal. — Baldwin, o nosso motorista e bom amigo do meu marido há anos, cumprimenta com um aceno de cabeça antes de voltar sua atenção para mim. — Sra. — Boa noite. — eu digo, quando deslizo minha mão na sua, e ele me ajuda no banco de trás do Land Rover. 

Bennett escorrega para dentro comigo e pega a minha mão em seu colo, enquanto Baldwin fecha a porta e então pula no banco da frente. 'Metamorphosis' por Glass, o favorito de Bennett, engole o silêncio e enche o carro. Levanto a minha mão livre, e a coloco na janela gelada, sentindo a umidade e o frio, que se infiltram em minha pele. 

— Eu amo a neve. — murmuro, mais para mim do que para o meu marido, mas ele responde de qualquer maneira. 

— Você diz isso a cada inverno. 

Viro-me para olhar para ele e, em seguida, para as nossas mãos unidas, solto um leve murmúrio antes que ele mexa e diga: — Então, Richard disse que ele passou por este hotel no outro dia e mencionou que seria um bom local para realizar nossa festa de ano novo este ano. — Qual é o nome? 

— Lotus. 

— Interessante. — observo e pergunto: — Esse é o novo hotel de McKinnon, certo? 

— Filho dele, na verdade. Eu ainda tenho que conhecê-lo. — Hmm. 

Apertando de leve minha mão, ele questiona. — O que é esse olhar? 

— McKinnon pode ser, bem... — Um idiota? 

Eu sorrio e concordo — Sim. Eu só não sabia que tinha filhos, só isso. 

Dirigimos através do tráfego de sábado à noite no circuito de Chicago, finalmente chegamos até o recém-construído hotel que divertirá a elite da cidade. Nós tendemos a ir a uma série monótona de eventos como este. Com o status de Bennett, não só na cidade, mas em todo o mundo, a sua presença faz parte de um acordo que é procurado pela publicidade e por outras razões. Mas Bennett fez vários negócios com Calum McKinnon ao longo dos anos, de modo que o evento de hoje à noite não era um que ele podia pular para fora. 

Quando Baldwin abre a porta e me ajuda a descer, eu me endireito e ajusto o meu vestido longo, antes de ser conduzida pelas portas de vidro e para dentro do lobby do Lotus. Enquanto Bennett sai do meu lado para levar nossos casacos, eu observo a compostura dos convidados e mordo o interior da minha bochecha. Eu sei que eu estou com o homem mais rico aqui, mas meus nervos tendem a revirar o meu intestino, imaginando se essas pessoas podem ver através de mim. 

Eu sou recebida com uma taça de champanhe e pelos olhos de algumas mulheres que servem em alguma das festas de caridade que eu costumo ir. 

— Você está pronta, querida? 

Meu marido envolve seu braço no meu quadril e orienta-nos para a primeira de muitas interações que teremos. Eu visto o meu sorriso, levanto meu queixo, e desempenho o papel. O papel que eu tenho desempenhado desde que conheci Bennett. Ele é um marido amoroso, sempre foi. Firme em seu negócio, mas muito gentil comigo, como se eu fosse frágil. Talvez eu costumasse ser, mas não mais. Eu sou tão forte quanto eles vêm. Fraqueza deriva da alma. A maioria das pessoas tem uma, o que dá, a uma mulher como eu, uma alavancagem. A influência para jogar com as pessoas ao meu gosto, e é assim que eu faço. 

— Nina! — eu ouço meu nome ser chamado por uma das minhas amigas. 

— Jacqueline, você está linda. — eu digo quando ela se inclina para beijar minha bochecha. 

— Bem, eu não posso nem competir com você. Linda como sempre. — ela fala antes de voltar sua atenção para Bennett e cora no momento que diz olá. Tenho certeza que ela acabou de molhar a calcinha também. Ela é uma namoradeira desesperada. Seu marido é uma desculpa para um homem. Mas o marido é parceiro de negócios do Bennett, então eu coloco sua merda misógina de lado e sinto pena daquela idiota que se casou com ele. Ela está tentando entrar nas calças do meu marido desde que a conheci. Eu nunca disse uma palavra, porque o desespero não é algo que atrai Bennett. 

Enquanto Jacqueline flerta com o meu marido, eu faço a varredura da sala. Todos vestidos em seu melhor, bebendo e socializando. Eu me afasto das pessoas irracionais e foco no design elegante e moderno do hotel. A montagem minimalista, mas claramente banhada em dinheiro. Enquanto flutuo meu olhar ao redor da sala, pouso em um par de olhos me encarando. Olhos que captam meu interesse. De pé, em um pequeno grupo, sem prestar atenção a uma única pessoa em torno dele, um homem - um homem surpreendentemente atraente - está me observando. Mesmo quando eu olho para ele do outro lado da sala, ele não desvia o olhar fixo de mim; simplesmente ergue um pequeno sorriso antes de tomar um gole do seu uísque com soda. Quando uma loira esguia acaricia o braço dele, o contato é perdido. Impecavelmente vestido em um terno sob medida, ele tem uma aparência um pouco indiferente nele. Seu cabelo é estilizado vagamente, como se tivesse apenas passado as mãos pelos cachos volumosos e dito foda-se, e seu maxilar definido é coberto por dias de barba por fazer. Mas aquele terno... sim, aquele terno está claramente cobrindo um corpo bem conservado. As linhas e cortes abraçam sua forma, acentuando ombros largos em V até os quadris finos. 

— Querida? 

Distancio do seu olhar persistente, dirijo-me ao olhar curioso do meu marido e percebo que Jacqueline não está mais ao seu lado. 

— O que chamou sua atenção? — ele pergunta. 

— Oh. Só estou absorvendo tudo. Este lugar é incrível, né? — Eu estava perguntando sobre a festa, mas eu acho que você estava distraída. Então, o que você acha? — Sim, eu concordo. Este seria um ótimo local e uma boa mudança de cenário. — eu digo a ele, e enquanto faço isso, vejo o cara foda-se aproximar. Ele tem uma calma no seu passo, e as outras mulheres na sala o notam também. 

— Você deve ser Bennett. — ele diz em um sotaque escocês sedoso, áspero, que é uma reminiscência do sotaque do seu pai, e estende a mão para o meu marido. — Sou Declan McKinnon. Meu pai fala muito bem de você. — É bom finalmente conhecê-lo, Declan. Eu não vi Cal aqui esta noite. — diz Bennett, conforme balança a mão do cara foda-se, que agora tem um nome. 

— Ele não está aqui. Ele teve que voar para Miami para cuidar de alguns negócios. — Aquele velho bastardo nunca para de se mover, não é? — Bennett ri e Declan une-se a ele, balançando a cabeça, dizendo: — Sessenta anos de idade e ainda latindo ordens para quem quiser ouvir. Inferno, mesmo para aqueles que não querem. 

Quando Declan olha para mim, meu marido pede desculpas e diz: — Declan, esta é a minha esposa, Nina. 

Tomando minha mão, ele se inclina e beija minha bochecha antes de se afastar e elogia: — É um prazer. Eu não pude deixar de notá-la através da sala mais cedo. — olhando para Bennett, acrescenta. — Você é um homem de sorte. 

— Eu digo a ela todo dia. 

Eu uso o meu sorriso como uma boa esposa deveria. Eu venho fazendo isso há anos, entorpecida pelos elogios ridículos que esses homens tendem a lançar, nas suas tentativas desastrosas de maneiras cavalheirescas. Embora, eu possa perceber que Declan não faz nenhum esforço. Seus ombros estão relaxados. Ele está descontraído. 

— Este lugar é uma grande proeza. Parabéns. — Bennett fala para ele. 

— Obrigado. Levou apenas alguns anos da minha vida, mas... — ele diz conforme observa o entorno. — Ela é exatamente como eu imaginava. — antes de voltar a olhar para mim. 

Esse cara está flertando abertamente, e eu estou surpresa que esse deslize tenha passado por Bennett enquanto ele continua na conversa. 

— Eu estava acabando de falar para Nina que seu hotel forneceria um cenário perfeito para a nossa festa de fim de ano, que damos para os nossos amigos. 

Eu me intrometo com um sorriso, dizendo: — É uma ocasião de uma vez por ano, onde meu marido libera as rédeas, permitindo-me criar um evento para acentuar o seu poder financeiro, simplesmente para lembrar a todos quem está no topo. Um extensor de pênis, se você me entende, e é decorrente da visita anual. — eu provoco com uma feminilidade macia que fazem os meninos rirem em diversão com as minhas palavras azedas. Eu sorrio junto com eles enquanto atiro, ao meu marido, uma piscadela sedutora. 

— Ela tem uma boca doce. — diz Declan. 

— Você não tem nem ideia. — Bennett responde e olha para mim com seu sorriso. — Mas, apesar do que ela diz, ela ama o planejamento deste compromisso anual, e observo com emoção vê-la gastar todo o meu dinheiro suado. Mas estamos em um dilema, porque o local que selecionamos alguns meses atrás, agora está em reforma e o espaço não ficará pronto a tempo. — Quando seria este evento? 

— É na Véspera de Ano Novo. — ele responde. 

— Parece que é factível. — diz Declan enquanto pega um cartão de dentro de seu paletó, e em vez de entregá-lo a Bennett, entrega-o para mim, dizendo: — Uma vez que parece que você é a mulher a quem responderei, aqui estão os meus números de contato. Pego o cartão entre os dedos, e vejo quando ele se vira e diz para o meu marido: — Vou me certificar de supervisionar o planejamento para garantir que Nina receba tudo o que ela pedir. 

— Parece que vou preencher um grande cheque este ano. — meu marido brinca. — Bem, Declan, foi ótimo finalmente colocar um rosto no seu nome, mas se você nos der licença, eu gostaria de exibir a minha esposa na pista de dança. Quando Bennett nos leva para o salão de dança cheio e me envolve em seus braços, eu aproveito a oportunidade para espreitar por cima do ombro para encontrar Declan me observando atentamente. Esse cara não tem nenhum escrúpulo sobre seu interesse, e uma pontada de alegria tamborila dentro de mim enquanto meu marido me move lentamente com facilidade. 

Continuamos a nos misturar durante a noite e socializar com amigos e colegas de trabalho antes de nos retirarmos e voltarmos para o The Legacy. Saímos do elevador, para a cobertura de propriedade de Bennett, onde eu o conheci, há quatro anos e andamos pela sala escura. A única luz é a da lua, que está lançando seu brilho por trás das nuvens cheias de neve, das janelas que vão do chão ao teto e abrangem as duas paredes. Eu entro na suíte master atrás de Bennett e, enquanto eu escorrego para fora dos meus saltos, olho para cima para ver que ele já desfez sua gravata borboleta, que está pendurada na gola da camisa de smoking branca, agora desabotoada. 

Seus olhos ficam extasiados conforme movem para baixo, no meu corpo. Eu continuo lá e ele se aproxima lentamente e, em seguida, desliza as mãos ao longo da minha forma, até que se ajoelha na minha frente. Ele passa as mãos pelas minhas pernas através da abertura da fenda no meu vestido, e assim que seus dedos batem na minha calcinha, eu desligo. 

A gaiola de aço envolve em torno do meu coração, e antes que meu estômago se revolte, eu desligo. 

Entorpecida. 

Vazia. 

Ele arrasta minha calcinha pelas minhas pernas e eu saio dela antes de sentir o calor da sua língua que desliza ao longo da junção da minha boceta, mas eu consigo me impedir de entreter pelo menor impulso de intimidade. Eu durmo com meu marido há anos, mas recuso a me permitir ter prazer ou a acreditar no que estou experimentando. 

Por quê? 

Vou lhe dizer o porquê. 

Porque eu o odeio. 

Ele acha que, neste momento, nós estamos fazendo amor. Seu pênis me enche lentamente enquanto deito abaixo dele. Braços atados ao redor do seu pescoço. Pernas amplamente abertas, convidando-o a ir mais profundo enquanto ele se banqueteia em meus seios. Ele acredita que ele é tudo o que eu quero. Ele sempre acreditou. Mas isso é apenas um jogo para mim. Um jogo que ele caiu tolamente. Ele nunca questiona o meu amor por ele, e agora o meu corpo se contorce por baixo dele, entre gemidos de prazer simulados quando ele goza, empurrando seus quadris para dentro de mim, me dizendo o quanto ele me ama, e eu lhe devolvo suas palavras. 

— Deus, Bennett, eu te amo tanto. — eu ofego. 

Sua cabeça está situada no meu pescoço, enquanto ele tenta acalmar sua respiração, e no momento que ele levanta, eu corro meus dedos por seus cabelos e sobre o seu couro cabeludo úmido e ele olha nos meus olhos. 

— Você é tão impressionante quando está assim.  

— Assim como? — eu questiono suavemente. 

— Saciada. 

Idiota.

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