Luna Lotti
Um ano e meio antes…
Quando meu irmão Lorenzo, o chefe da máfia Lotti, providenciou a minha mudança para a cidade de Santa Fé, no Novo México, nunca imaginei que minha vida mudaria tanto.
Uma casa foi comprada no bairro de La Tierra, que está situada a noroeste do centro da cidade, em uma área mais afastada e tranquila. O bairro é conhecido por sua atmosfera rural, com amplas áreas de terreno aberto e paisagens naturais. A natureza exuberante se mostra presente a cada canto, com colinas verdejantes, vales serenos e a vegetação típica da região que dá um toque especial à paisagem.
A decoração cuidadosa da casa reflete o estilo de vida de seus moradores. No meu quarto, a janela permite uma vista privilegiada para o jardim meticulosamente mantido, onde as flores desabrocham em cores vibrantes. Lorenzo, sempre atento aos meus gostos, mandou construir um gazebo próximo às flores, oferecendo um refúgio aconchegante para que eu possa sentar e apreciar a tranquilidade enquanto leio um livro.
Observo o ambiente com um olhar apreciativo, notando cada detalhe que mostra o carinho e a atenção que foram dedicados a ele. A cama de casal, com lençóis brancos impecáveis, convida ao descanso e à serenidade. Uma TV foi estrategicamente posicionada na parede em frente à cama, para que eu possa desfrutar de momentos de entretenimento e relaxamento. O vaso com flores frescas é colocado com elegância em cima da mesinha de café ao lado do sofá de dois lugares, trazendo um toque de beleza natural ao ambiente.
A segurança da casa é uma prioridade, dada a localização mais afastada. Do lado de fora, vejo dois seguranças circulando pela propriedade, ostentando suas armas, garantindo que tudo permaneça protegido e seguro. Entre eles está Kai, meu segurança pessoal, que ao longo do tempo se tornou não apenas um protetor dedicado, mas um verdadeiro amigo em quem posso confiar plenamente.
Cada elemento da casa contribui para criar um ambiente acolhedor, mas também seguro, que se encaixa perfeitamente com o cenário sereno do bairro La Tierra. A sensação de paz que sinto aqui é incomparável, e sou grata por ter um lugar tão especial para chamar de lar, onde posso desfrutar da tranquilidade e da beleza da natureza ao meu redor.
Lorenzo andava preocupado em me proteger depois dos últimos acontecimentos envolvendo o Cobra, uma organização mafiosa ainda desconhecida para nós, mas que vinha nos causando sérios problemas.
Por isso que ele achou melhor me manter longe por um tempo, alegando que só assim poderia se concentrar em descobrir quem está por trás disso tudo.
Como eu cresci na máfia, entendo como tudo funciona e não posso reclamar do que Lorenzo faz, mesmo sendo impiedoso com muitos que atravessam o seu caminho, sempre foi carinhoso e protetor comigo. E é por ele ser assim, que jamais me forçaria a casar com alguém mais velho como outras mulheres na máfia são obrigadas por seus pais.
Após a morte do nosso pai, ele assumiu o poder de direito e fez algumas mudanças, mas alguns associados não aceitaram bem essa sua decisão e por isso tentam tirá-lo da liderança. Contudo, Lorenzo nunca permitiu ser atingido e sempre acabou descobrindo quem eram os traidores, que por fim, acabaram conhecendo seu lado ruim.
Hoje, com vinte e cinco anos, me considero uma mulher forte e não a princesinha da máfia como alguns imaginam. Aprendi a lutar e a atirar, mesmo contra a sua vontade, mas foi isso que um dia me permitiu salvar a sua vida.
Após isso ter acontecido e meu irmão ter visto com seus próprios olhos a minha agilidade e pontaria, confessei que treinava todos os dias desde o meu sequestro, sete anos atrás. E finalmente, ele concordou com a minha escolha e resolveu se exercitar junto comigo.
Suspiro, sentindo falta desses momentos.
Ouço Kai me chamar após duas batidas na porta, tirando-me dos pensamentos e me apresso em atendê-lo.
— Ei, garota, vou até a cidade, acompanhando alguma das meninas da cozinha, comprar o que estamos precisando para abastecer a despensa. Quer que eu traga alguma coisa para você?
— Sim, aqueles bombons que eu amo. — Ele sorri com um canto dos lábios e me dá um beijo na testa antes de ir embora.
Vou para o banheiro tomar um banho e coloco um short azul claro de tecido leve, com uma camiseta branca e resolvo me deitar para descansar um pouco já que aqui não se tem muito o que fazer.
Acordo com o meu celular tocando e vejo que é o Kai me ligando, o que acho estranho já que só pedi os bombons:
— Oi, gigante. — Atendo, ainda sonolenta.
— Luna, vá para o esconderijo agora. — Ele diz, nervoso. — Sento-me na cama, agora completamente desperta.
— O que está acontecendo?
— Estão me seguindo e já recebi tiros contra o carro.
— Você está bem? — Grito apavorada e me levantando às pressas.
— Fique tranquila, o carro é blindado, agora faça o que eu te pedi. — Grita.
— Estou indo. — Digo.
— Vou tentar despistá-los.
O esconderijo fica na despensa, uma sala que só pode ser aberta com os códigos do Kai, do Lorenzo e o meu. Fecho a porta e encontro uma cama de solteiro, um frigobar bem abastecido e alguns mantimentos. Verifico o monitor e vejo que está tudo tranquilo por aqui, apenas os seguranças rondando a residência. Meu celular volta a tocar, é o Lorenzo, atendo.
— O que está acontecendo, Enzo?
— Você está bem, Luna? — Pergunta.
— Estou bem, estou segura. — Respondo, ainda de olho para o monitor. — E o Kai, como está ele?
— Conseguiu despistar os carros. Vai demorar um pouco, mas já estamos trocando de carro. Daqui a pouco eu chego aí, mantenha-se segura.
— Ok, te espero.
— Me sento na cama e cruzo os dedos das mãos para esperar eles chegarem, sem deixar de me preocupar.
Depois de um tempo, onde não consigo parar de andar de um lado a outro, a porta se abre e vejo Enzo entrar, então corro e o abraço.
Meu irmão me dá um beijo na testa e eu suspiro aliviada.
— Já passou, agora está tudo certo. — Diz.
Vamos para a sala, onde o Kai está sentado com os antebraços sobre as pernas, olhando para o nada, mas quando me vê, se levanta, vindo até mim, e eu o abraço.
— Você está bem? — Pergunta.
— Estou, agora que vocês estão aqui. — Digo, sentando-me no sofá.
— Ótimo, então agora posso voltar para casa. — Lorenzo fala com ar de irritação e eu apenas o encaro. — Preciso descobrir quem fez isso, me liguem se precisarem.
Ele vem até a mim e eu me levanto para receber o seu abraço apertado e um beijo em minha testa antes de sair.
Uma semana depois, tudo está tranquilo, então resolvo sair à procura de Kai e falo que quero sair um pouco. Ele aceita, porém diz que ligará para o Lorenzo antes.
Faço uma careta, mas entendo que ele nunca me colocaria em risco, então aceito que ele faça a ligação.
— Tem sorte, garota. Você pode ir em um clube que pertence a um amigo dele, lá vai ser seguro.
Sorrio vitoriosa e bato palminhas feito uma criança, olhando para ele, que retribui o riso com um balançar de cabeça. Sigo para o meu quarto, para me arrumar.
Escolho um vestido preto colado ao corpo, uma sandália de saltos altos, também na cor preta, e deixo meus cabelos soltos. Após passar um batom vermelho, dou uma última olhada no meu visual e sorrio satisfeita. Estou pronta.
Sigo em direção à sala e encontro Kai sentado na poltrona, próximo à janela, mexendo em seu celular.
— Podemos ir. — Chamo sua atenção, que me olha admirado.
— Você está linda, Luna!
— Obrigada. — Respondo, satisfeita.
Ao sairmos, vejo que um dos carros já se encontra parado na frente de casa, nos aguardando.
— Kai, hoje eu quero beijar. — Digo animada enquanto entro no carro.
— Vou ficar observando-a à distância para cuidar de você. — Fala, achando graça do que acabo de contar.
Quando chegamos no clube, há uma grande fila para entrar, mas Kai vai até o segurança na porta e diz algo, o que libera a nossa entrada.
Ao entrar, olho à minha volta e gosto do que vejo. O ambiente é de um clima muito sensual. Vou direto para o bar, pedir uma bebida, mas são muitas pessoas circulando e por eu estar observando a movimentação do espaço, acabo esbarrando em um homem de puro músculo.
Olho para cima, pois ele não deve ter menos de 1,90 de altura — diferente de mim, que tenho apenas 1,65 — e peço-lhe desculpas.
Porra, que homem lindo é esse?
Que homem, nossa senhora das mulheres virgens!
Mal percebo, mas já estou analisando-o por completo e noto suas tatuagens nos braços, seus cabelos bagunçados, sem contar os belos olhos azuis e uma boca perfeita para beijar.
Literalmente lindo. Saio do meu transe, pedindo desculpas e ele sorri.— Só desculpo se você tomar uma bebida comigo. Sorrindo, aceito seu convite e nos dirigimos para uma mesa um pouco mais afastada.— A boate está lotada. — Comento, olhando ao redor.— Toda vez que venho aqui, está sempre assim, já que é a melhor da cidade. — Afirma, pegando em minha mão.— A energia aqui é contagiante. — Digo, apreciando o toque suave da sua mão na minha.— É verdade — responde — os DJs sempre arrasam nas escolhas musicais. É como se cada batida nos envolvesse e nos levasse para outra dimensão.Pedimos nossas bebidas e continuamos a conversa, aproveitando o clima animado da boate.— Sim, é incrível como as boates reúnem diferentes estilos e personalidades. É um verdadeiro mosaico de pessoas bonitas e interessantes — afirma. Seus olhos brilham enquanto desliza os dedos de leve pelo copo.Quando começa a tocar músicas mais lentas, o clima esquenta e eu também. Esses toques sutis dele estão me deixa
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Dominik SantoroDois dias após o incidente, o clima entre Luna e eu está suavizando. Meu tio assume a responsabilidade de acompanhar Deana em suas compras, já que é a única pessoa com paciência suficiente para essa tarefa. O vaivém de lojas e as decisões incertas de compra me tornam uma companhia insatisfatória, então a opção de Luna se juntar a eles está fora de questão.No final da tarde, enquanto adianto as tarefas relacionadas à administração do clube, Luna divide sua atenção entre Aurora e Kai, que está mostrando melhoras significativas. Converso com alguns clientes quando vejo Luna descendo as escadas com Aurora nos braços. De imediato, me despeço dos homens e me dirijo até ela, sem conseguir desviar os olhos da minha filha, que parece ainda mais adorável em um vestido azul com bolinhas brancas, e com uma fita com um laço delicado prendendo seus poucos fios de cabelo.Um sorriso espontâneo aflora em meus lábios.— Posso pegá-la? — Pergunto à Luna, que também sorri e gentilmente