Capítulo 1

Dominik Santoro

Dias atuais...

Sentado no bar do clube e bebendo uma cerveja, me vejo pensando na garota que conheci há pouco mais de um ano em um outro estabelecimento como esse. Fiquei fascinado desde o primeiro momento em que a vi; seus olhos verdes, cabelos castanhos e lábios carnudos me atraíram em um piscar de olhos e me fizeram sentir que precisava dela naquela noite.

Seu corpo curvilíneo em um vestido colado me deixou tão excitado, que foi impossível não ter transando com ela naquela noite. Só que quando acordei, para a minha surpresa, ela já havia ido embora. Nunca mais a vi depois daquele dia, porém o seu cheiro e o seu gosto permanecem em mim.

Passo os olhos por todos os lados do Neon Nights Club, um clube que comprei para investir o dinheiro que ganhei, e hoje ele se tornou o lugar mais badalado da região.

As luzes pulsantes e os sons envolventes emanam da entrada, convidando todos a entrar e se deixar levar pela atmosfera vibrante. Ao passarmos pela porta, somos recebidos por um ambiente sofisticado e sensual.

O bar estende-se ao longo de todo o espaço, oferecendo uma ampla variedade de bebidas e coquetéis exóticos. As mesas, elegantemente dispostas ao redor, proporcionam locais confortáveis para os clientes relaxarem e socializarem. No fundo da boate, encontramos cabines discretas, perfeitas para aqueles que buscam um pouco mais de intimidade.

Aqui, os clientes podem desfrutar de conversas privadas ou momentos especiais longe dos olhares curiosos. A pista de dança é o coração pulsante da boate. O brilho do lustre central reflete nas paredes e no chão espelhado, criando um efeito hipnotizante.

A música envolvente e as batidas contagiantes incitam todos a se soltarem e se entregarem à dança. Além disso, a boate também conta com apresentações ao vivo de artistas talentosos, acrescentando uma dose extra de entretenimento e energia ao ambiente.

Cada noite é única e repleta de surpresas, garantindo que os frequentadores sempre voltem em busca de mais diversão.

Além disso, no terceiro andar, há suítes para os clientes que procuram uma noite com alguma garota do clube. Elas não são obrigadas a nada, fazem sexo se quiserem, o que ganham é delas, nós ganhamos no aluguel dos quartos e nas bebidas.

Meu tio, Mark Santoro, se aproxima com um sorriso malicioso nos lábios e isso mostra que ele sabe exatamente o que está se passando em minha cabeça.

— Já sei, está pensando na garota que te deixou sozinho na cama, não é, garoto?

— Como você sabe, tio? — Pergunto, abismado.

— Pela cara de bobo que você está fazendo. — Responde, sorrindo. — Você só fica com essa cara quando está pensando nela.

Apesar de ser pego de surpresa, não posso deixar de rir da situação. Ele sempre foi assim, um brincalhão incorrigível, mas no fundo eu sei que ele tem razão. Aquela garota ainda mexe comigo.

Eu nunca fui rejeitado e, normalmente não durmo com mulheres para evitar mal-entendidos sobre minhas intenções.

— Você nunca mais a viu? — Pergunta.

— Não. Nunca mais a vi ou ouvi falar dela.

— É, garoto, há mulheres nas quais sempre pensamos, mesmo quando não queremos. — Fala, parecendo perdido, como se lembrasse de algo. — Já amei, Dom. Uma mulher meiga, carinhosa e linda. Ela me completava em tudo, mas por ser um idiota, acabei perdendo-a.

— O que você quer dizer com "acabei perdendo-a"?

— Tinha medo de trazê-la para o meu mundo. Não era tão tranquilo quanto é atualmente, pois havia brigas constantes entre os clubes. Eu disse isso a ela, mas ainda assim, ela queria ficar comigo. E eu fiz a coisa mais estúpida da minha vida: a traí. Ela partiu e nunca mais tive notícias. Perdi a mulher que mais amei. Por isso, rapaz, vou lhe dar um conselho: se encontrar uma mulher que conquiste o seu coração, nunca a deixe para não se arrepender, como esse velho aqui.

Ele levanta-se, dando um tapinha nas minhas costas e sai, indo em direção à outra ala do clube, provavelmente para a sala de jogos.

Depois que ele me passou a presidência, teve mais liberdade para fazer o que quiser. Desde o acidente dos meus pais, meu tio nos protege e nos trata como seus filhos, dizendo que sua irmã ficaria desapontada se não cuidasse de nós. Deana, minha irmã, é nossa princesa, que nos enrola em seu dedo mindinho.

Tínhamos doze e dezesseis anos quando ele nos trouxe para morar no clube. Aos dezoito anos, eu me alistei no exército e passei dez anos por lá, tornando-me um atirador de elite. Porém, depois que eu e meus companheiros sofremos um grave acidente, tomei a sábia decisão de pedir para sair.

Retornei para casa e trouxe alguns dos rapazes comigo.

Dois anos depois, meu tio me passou a presidência do Black Scorpions MC e, hoje, somos um moto clube que conseguimos legalizar com muito trabalho, como todas as boates, oficinas de carros e de motos.

Engulo de uma só vez o restante do uísque que está em meu copo e levanto-me com a intenção de ir até a nossa casa, que fica nos fundos do clube. É quando vejo Deana entrando vestida de uma maneira que ela sabe muito bem que eu não aprovo, e isso me irrita.

Ela está cada vez mais bonita e, aos vinte e seis anos, se destacando por onde passa. Seus olhos azuis são verdadeiramente hipnotizantes, como duas safiras cintilantes que parecem capturar a luz e refletir a profundidade de sua alma. São olhos que expressam tanto, transmitindo ternura e compaixão, mas também uma determinação inabalável quando ela está decidida a algo.

Seu cabelo loiro mel é uma cascata de fios brilhantes que caem graciosamente até a altura dos ombros. Cada mecha parece dançar ao vento, como raios de sol dourados iluminando seu rosto. Sua beleza natural é realçada por um sorriso cativante, que irradia alegria e contagia a todos ao seu redor. Os lábios rosados e bem desenhados complementam sua fisionomia encantadora.

Aos poucos, vejo minha menina se transformar em uma bela mulher, e é impossível não sentir um orgulho imenso ao testemunhar sua jornada. Sua expressão facial reflete uma combinação única de doçura e força, como se ela carregasse o poder de tocar corações e, ao mesmo tempo, enfrentar o mundo de cabeça erguida.

Luke, meu vice-presidente, ri da minha cara de mal-humorado, mas não dou importância já que minha atenção é capturada pela figura impressionante de Deana. Ela está simplesmente deslumbrante.

Sua calça de couro vermelha é ousada e provocante, moldando-se perfeitamente às suas curvas, como uma segunda pele. Cada movimento dela é cativante, revelando a confiança que emana de sua postura. O vermelho intenso destaca sua pele bronzeada, criando um contraste encantador.

O top preto que ela usa, deixa à mostra seus ombros esculpidos e a parte superior de seu abdômen, revelando sua forma física impecável. Cada detalhe da roupa foi escolhido com precisão, e sua escolha de usar saltos altos acrescenta um toque de elegância e sensualidade a toda a composição.

Não consigo deixar de notar o piercing reluzente em seu umbigo. Ele chama a atenção para a região, adicionando um elemento provocante à sua aparência. É como se ela estivesse desafiando a todos com um olhar atrevido, mostrando que é uma mulher de personalidade forte e determinação.

Deana exala confiança e carisma, e é fácil entender por que tantos se sentem atraídos por ela. Ela é uma mulher de presença marcante, capaz de cativar qualquer ambiente em que se encontre. Seus cabelos caem graciosamente sobre seus ombros, e seus olhos expressivos e intensos transmitem um misto de mistério e vivacidade.

Enquanto ela se move com graciosidade e autoconfiança, percebo como sua presença tem um efeito magnético nas pessoas ao seu redor. Todos parecem notar sua beleza e carisma, e ela usa isso a seu favor, mantendo-se sempre no controle da situação.

Deana é muito mais do que uma aparência impressionante. Ela é uma mulher forte, inteligente e determinada, com uma personalidade única que a torna uma líder respeitada e admirada no clube. Observá-la é um lembrete constante de que sua beleza vai muito além da superfície, pois ela é uma pessoa notável tanto por dentro quanto por fora.

— Que porra é essa, Deana? Troca essa roupa. — Digo, e ela revira os olhos.

— Dom, arruma uma mulher para você controlar. Sou adulta o suficiente para saber o que quero vestir ou não.

Luke ri mais uma vez, então mostro o dedo do meio para ele e saio irritado. Puta que pariu, quando foi que minha irmã cresceu?

A caminho do meu quarto, para tomar banho, sinto quando meu celular começa a tocar no meu bolso.

— E aí, Rambo. — Falo para o Lorenzo, provocando-o, sabendo que ele não gosta quando o chamo assim. Nos tornamos amigos quando o pai dele, o antigo chefe da máfia Lotti, o mandou para o exército com a intenção de treinamento. Ele assumiu o comando da máfia depois que o pai, aquele escroto, morreu, e agora está tentando acabar com algumas práticas que a máfia fazia e que ele não tolera, como a pedofilia e o tráfico de mulheres e crianças.

— Não me chame assim, caralho! — Diz Lorenzo, puto. — Preciso conversar pessoalmente com você.

— Aonde?

— Na cabana, hoje à noite.

— Ok. — Confirmo, desligando.

Só pode ser algo sério para ele querer conversar pessoalmente, então, assim que entro no quarto, ligo para Luke, que atende no segundo toque.

— Sim, Prez.

— Preciso falar com você no escritório em alguns minutos. — Digo.

Após tomar banho, coloco uma calça jeans rasgada, uma camiseta preta e, por cima, o colete do clube. A caminho do escritório, peço para um prospecto chamar meu tio e o Martelo, este último, que mesmo arrastando uma perna, com surdez e mudez, é o faz-tudo do clube, um homem de confiança.

Martelo foi acolhido por meu tio numa noite chuvosa e fria, após ter sido espancado e jogado no portão do clube, e hoje faz parte do MC.

Alguns irmãos e eu aprendemos a linguagem de sinais para podermos nos comunicar com ele. E esse apelido pegou porque ele vive com um martelo nas mãos, arrumando qualquer coisa no clube e nas boates.

Um tempo atrás, um homem tentou estuprar uma garota da boate e ele matou o cara a marteladas, logo, fez jus ao seu apelido. Martelo é um homem magro, tendo aproximadamente 1,70 de altura. Ele tem o hábito de usar roupas com mangas compridas, mesmo no calor insuportável da região. Apesar do seu sorriso fácil, vejo em seus olhos a tristeza profunda que não consegue esconder, ao menos não para mim.

Digito a senha que dá acesso à nossa sala e entro, vendo que Luke já se encontra sentado, me esperando. No mesmo instante, meu tio chega com o Martelo, este que, assim que me olha, faço sinais com as mãos para que permaneça na porta e não permita que ninguém nos atrapalhe. Ele assente, voltando a sair.

Conto sobre a ligação do Lorenzo e confesso que fiquei preocupado, pois não é algo habitual. Por isso, preciso que eles estejam comigo.

À noite, pegamos nossas motos e vamos direto para uma cabana que compartilhamos no meio da floresta para situações como esta. Por fora, ela se parece com uma cabana de pesca, mas, por dentro, é bem equipada com quarto, sala, banheiro e cozinha, além do porão, onde guardamos armamentos. Ao chegarmos, digito o código de segurança e entramos, encontrando Lorenzo sentado no sofá que temos na sala, segurando um copo de uísque nas mãos e com a feição de preocupação.

Ao nos ver, levanta-se e nos cumprimenta com um aperto de mão e, após cada um se servir de uma dose da bebida, nos sentamos para ouvir o que ele tem para contar.

— E então, Lorenzo, o que você quer me falar? — Pergunto, sentado à sua frente.

Ele passa as mãos no rosto, preocupado com alguma coisa.

— Dom, vou direto ao ponto, preciso da ajuda do moto clube para proteger a minha irmã.

Não sei muito sobre ela, pois ele sempre a protegeu demais.

— Não posso confiar em ninguém da máfia, a não ser os dois soldados que estão com ela e o Kai. Já descobriram o lugar onde elas estão escondidas, agora tenho que tirá-las de lá e não confio mais em ninguém a não ser você.

— Elas? — Pergunto, sem entender.

— A minha irmã e a sua filha de nove meses.

— E o pai da criança? — Meu tio pergunta com a testa franzida.

O olhar de Lorenzo fica sombrio e em seu rosto uma máscara de pura raiva.

— Ela nunca me contou quem é o cara, diz que a menina é só dela, então agora, Luna e Aurora são as únicas coisas boas que tenho nessa m*****a vida e ele está atrás delas. — Agora o que vejo em seu rosto é desespero. — Preciso protegê-las antes que algo aconteça.

— Ele quem, Lorenzo? — Pergunto, já com a cabeça a mil.

— O Cobra.

Meu tio fica pálido no mesmo instante e eu vou até ele, preocupado.

— Você está bem?

— Sim, estou. Acho que a pressão caiu. — Fala, ainda sério. — Coisa da idade.

Olho para o Lorenzo e questiono:

— Quem diabos é o Cobra?

Ele suspira e toma mais um gole do uísque antes de responder:

— Para dizer a verdade, eu só tenho desconfiança até agora, acho que é alguém de dentro da máfia, que não aceita as mudanças que fiz depois que me tornei o chefe.

— Como sabe que pode ser o Cobra? — Meu tio pergunta.

— Sempre deixam um bilhete, a assinatura é “O Cobra”.

Meu tio fica pensativo, mas não diz nada.

— É por isso que preciso da ajuda de vocês.

— Tudo bem, pode levá-las para o clube, lá o que não vai faltar para as duas é proteção. — Respondo.

Luke, que até então só estava nos observando, indaga:

— O que você planeja fazer para descobrir quem está te traindo?

— Ainda não sei, mas pode ter certeza de que vou pensar em algo. — Responde, irritado.

Após mais algum tempo, escrevo uma mensagem para o grupo, combinando uma reunião para amanhã às 10h. Voltamos para o clube, enquanto Lorenzo segue o seu caminho.

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