CAPÍTULO 02

La vita è adesso!”

Nove anos depois...

Baran Celikkol

Assim como foi no legado daquele a quem eu tinha como meu pai, o único que cuidou de mim, o grande hall da nossa sede está lotado, eu encontro-me sentado à cabeceira, em uma poltrona vermelha, que fica atrás da távola retangular. Ao meu lado esquerdo, estão os membros mais antigos da nossa organização. Os conselheiros que estiveram ao lado de Al Capone, entre eles, políticos, empresários e médicos.

Ao contrário da távola redonda, onde os homens premiados com a mais alta ordem da Cavalaria, na corte do Rei Artur, que se reuniam ao redor dela, tendo igualdade entre si. Na távola retangular, existe o que chamamos de cabeceira, representando que nem todos os seus membros são iguais; um tipo de hierarquia com graus sucessivos de poderes, de situações e de responsabilidades. 

A única cadeira que se encontra vazia é a de Massimo, este se tornou o subchefe da nossa organização, e foi cuidar pessoalmente do miserável do Guilherme Colombo, o qual, ele e seus filhos são os últimos da linhagem da família Colombo, que antes controlava o estado da Califórnia, entre outros.

O desgraçado tinha acesso a informações importantíssimas, já que fazia parte do conselho. Ele foi o responsável pelo desvio de duas cargas de alto valor e pelo meu descuido em desviar minha atenção para lidar com Fernanda, acabou colhendo informações que ao serem vendidas aos inimigos, vai poder romper toda minha formação tática onde diz exatamente como está organizado toda minha equipe nos diversos territórios. Eu poderia mudar tudo, mas isso teria um alto custo, não só financeiramente, como algo mais precioso, "o tempo". Este, no mundo em que vivemos é algo crucial, um segundo pode custar uma vida.

Graças ao sistema implantado por Albert, eu descobri que uma cópia foi feita e a consequência do ato dele sentenciou toda a sua descendência a morte. E, se não fosse por essa m*****a reunião, eu mesmo daria aos meus demônios o prazer em arrancar as vísceras do maldito traidor. Deixo as reflexões de lado e direciono minha atenção para multidão que não para de gritar, que mais parecem animais famintos querendo saciar sua sede, já que hoje é dia de assembleia.

Todos os olhares se voltam rumo à entrada principal quando três traidores são conduzidos para dentro do ambiente, entre eles: Um ladrão, um maldito, língua solta, e até um infeliz de um soldado que se apaixonou e estava fugindo, deixando a máfia com a filha de um inimigo. Ambos são conduzidos em direção ao centro do grande salão e em seguida um silêncio pesado e bem-vindo se torna presente a minha volta, toda atenção antes direcionada para os culpados, voltam-se para mim que mantenho o olhar cravado no rosto dos desgraçados à minha frente. Um frêmito de prazer no peito impele-me a levantar. 

— Vocês serão julgados de acordo com a lei da Cosa Nostra, a mesma que juraram que jamais descumpririam e já deviam saber que toda ação tem uma reação, pois a vida na máfia não é terra sem lei...

Prossegui com meu discurso, e no instante seguinte foi citado por mim, algumas regras do nosso código de honra da VITA DI MÁFIA, criado por Al Capone. A violação do código desmoraliza e marginaliza quem a comete. 

— Uma vez dentro da máfia, sua liberdade só será possível com a morte. Não pegue aquilo que não te pertence; Não fale além do necessário.

Coloco as luvas em minhas mãos, estas foram projetadas com garras de aço e devido à força do golpe contra sua vítima, deixará sua pele em carne viva. Estalo o meu pescoço, me preparando para o próximo passo. Meus pés me levam para longe da mesa, indo rumo aos infratores, enquanto os soldados se movimentam, colocando-os em posição. Embora ao matar alguém sempre acalme os meus demônios, eu aprendi com o meu mentor, antes de ele morrer, que nem sempre a morte será a pior punição e por vezes não tem nada melhor que esmagar o inimigo aos poucos.

Meu olhar encontrou o pequeno móvel giratório que continha dois utensílios, minha mão direita se moveu até a faca de cabo branco e logo me voltei para o meu primeiro alvo, já podia sentir o cheiro do seu medo aumentando, mas não tinha intenção de matá-lo, não ainda. A calmaria que se fazia presente foi quebrada quando fiquei centímetros de distância do infeliz, que começou a se debater tentando escapar, o que seria em vão, mas, ele continuou a relutar quando sua boca foi escancarada pelo homem que esteve por várias vezes ao seu lado durante os muitos confrontos, mas sempre soube que nada do que acontecia deveria ser mencionado; ao contrário do infeliz, que não conseguiu conter a língua dentro da m*****a boca.

Os gritos que preenchiam o lugar não eram apenas os de desespero que saiam dos lábios do desgraçado, mas também da multidão que clamava por mais. O clamor ressoou ainda mais alto no ar quando a lâmina cortante foi de encontro à língua afiada e venenosa da cobra peçonhenta à minha frente. O sangue começou a jorrar de sua boca e antes de prosseguir adiante, vocifero.

— A cada erro seu, eu vou cortar algo do seu corpo até acabar com a sua miserável vida.

Dito isso, deixo a faca de lado e pego uma foice, e o objeto afiado brilha intensamente, posso ver meu reflexo nele, me aproximo do segundo alvo e o pânico é visível em sua expressão, antes que eu faça o que tenho em mente, a sentença é decretada.

— Você jamais pegará novamente aquilo que não lhe pertence. Não importa que seja uma moeda ou uma maleta de dinheiro, sua morte é inevitável, porém, não chegará ao inferno com suas mãos.

Levanto o braço suspendendo a foice e um ruído ensurdecedor se fez presente quando o braço direito dele foi atingindo pelo metal, mas nada comparado com o grito horripilante que enviou tremores pelo meu corpo, deixando os monstros que habitam em mim, agitados, como se estivessem em festa quando o golpe atingiu o braço esquerdo. Mas, o seu tormento chegaria ao fim, pois, ele jamais sairia do mundo das trevas, num golpe certeiro, deixei a foice enfiada no meio de sua cabeça e o sangue começou a escorrer, envolvendo o seu corpo sem vida.

Gritos e mais gritos que não eram de dor e sim de euforia tomaram conta do salão. Mas, ao sentir o cheiro de sangue fresco que atingiu o meu rosto, o animal em meu interior despertou por completo, eu podia sentir meus órgãos internos funcionando a todo vapor, minha pele estava queimando e num piscar de olhos avanço até o homem que me deixou mais enfurecido, o derrubando no chão e rasgando sua camisa.

— Você queria a todo custo sair do mundo do crime, mesmo sabendo que isso teria um preço. Então, eu vou dar a você a liberdade que tanto deseja.

Cogitando o que eu estava prestes a fazer, o som da sua voz trêmula atingiu os meus tímpanos.

— Misericórdia, senhor — sua suplica só me deixou ainda mais possuído.

— Um fraco como você que não mantém a dignidade na hora da sua própria morte, não pode ser considerado um homem e muito menos deve viver.

Antes que meus lábios voltassem a se unir, o primeiro golpe foi de encontro ao seu peito. E este começou a tremer e a gritar em agonia, mas naquele momento, eu já não tinha mais controle e o segundo que atingiu sua caixa torácica, rasgando sua pele, deu lugar ao terceiro e ao quarto e só parei quando havia um buraco no seu peito. O meu único alvo, enquanto o povo uivava, era o órgão que não serve para nada e certamente foi o motivo do miserável ter acreditado que viveria um conto de fadas, este, com um golpe cruel, duro e pesado, foi estraçalhado por mim.

Momentos mais tarde...

Tomo um tempo esfregando cada parte do meu rosto para tirar as manchas de sangue daqueles pecadores. Fecho os meus olhos ao lembrar-me daquele último infeliz que pensou que existisse um “felizes para sempre”, se isso fosse possível, o meu pai e aquela que trouxe um pouco de luz ao coração de um monstro, não teriam sido tirados de mim. Eu amei mesmo me tornando um demônio, mesmo sabendo que as trevas sempre fariam parte da minha vida, eu encontrei naquela garota que vivia uma vida tão sofrida junto com sua mãe, um sentimento devastador, mas sua partida só fez meu coração se tornar uma rocha impenetrável. Em meu mundo não existe espaço para piedade e compaixão, em breve, terei todos rendidos a mim e jamais deixarei que novamente esse sentimento chamado amor, faça parte da minha vida.

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