La vita è adesso!”
Nove anos depois...Baran CelikkolAssim como foi no legado daquele a quem eu tinha como meu pai, o único que cuidou de mim, o grande hall da nossa sede está lotado, eu encontro-me sentado à cabeceira, em uma poltrona vermelha, que fica atrás da távola retangular. Ao meu lado esquerdo, estão os membros mais antigos da nossa organização. Os conselheiros que estiveram ao lado de Al Capone, entre eles, políticos, empresários e médicos.Ao contrário da távola redonda, onde os homens premiados com a mais alta ordem da Cavalaria, na corte do Rei Artur, que se reuniam ao redor dela, tendo igualdade entre si. Na távola retangular, existe o que chamamos de cabeceira, representando que nem todos os seus membros são iguais; um tipo de hierarquia com graus sucessivos de poderes, de situações e de responsabilidades. A única cadeira que se encontra vazia é a de Massimo, este se tornou o subchefe da nossa organização, e foi cuidar pessoalmente do miserável do Guilherme Colombo, o qual, ele e seus filhos são os últimos da linhagem da família Colombo, que antes controlava o estado da Califórnia, entre outros.O desgraçado tinha acesso a informações importantíssimas, já que fazia parte do conselho. Ele foi o responsável pelo desvio de duas cargas de alto valor e pelo meu descuido em desviar minha atenção para lidar com Fernanda, acabou colhendo informações que ao serem vendidas aos inimigos, vai poder romper toda minha formação tática onde diz exatamente como está organizado toda minha equipe nos diversos territórios. Eu poderia mudar tudo, mas isso teria um alto custo, não só financeiramente, como algo mais precioso, "o tempo". Este, no mundo em que vivemos é algo crucial, um segundo pode custar uma vida.Graças ao sistema implantado por Albert, eu descobri que uma cópia foi feita e a consequência do ato dele sentenciou toda a sua descendência a morte. E, se não fosse por essa m*****a reunião, eu mesmo daria aos meus demônios o prazer em arrancar as vísceras do maldito traidor. Deixo as reflexões de lado e direciono minha atenção para multidão que não para de gritar, que mais parecem animais famintos querendo saciar sua sede, já que hoje é dia de assembleia.Todos os olhares se voltam rumo à entrada principal quando três traidores são conduzidos para dentro do ambiente, entre eles: Um ladrão, um maldito, língua solta, e até um infeliz de um soldado que se apaixonou e estava fugindo, deixando a máfia com a filha de um inimigo. Ambos são conduzidos em direção ao centro do grande salão e em seguida um silêncio pesado e bem-vindo se torna presente a minha volta, toda atenção antes direcionada para os culpados, voltam-se para mim que mantenho o olhar cravado no rosto dos desgraçados à minha frente. Um frêmito de prazer no peito impele-me a levantar. — Vocês serão julgados de acordo com a lei da Cosa Nostra, a mesma que juraram que jamais descumpririam e já deviam saber que toda ação tem uma reação, pois a vida na máfia não é terra sem lei...Prossegui com meu discurso, e no instante seguinte foi citado por mim, algumas regras do nosso código de honra da VITA DI MÁFIA, criado por Al Capone. A violação do código desmoraliza e marginaliza quem a comete. — Uma vez dentro da máfia, sua liberdade só será possível com a morte. Não pegue aquilo que não te pertence; Não fale além do necessário.Coloco as luvas em minhas mãos, estas foram projetadas com garras de aço e devido à força do golpe contra sua vítima, deixará sua pele em carne viva. Estalo o meu pescoço, me preparando para o próximo passo. Meus pés me levam para longe da mesa, indo rumo aos infratores, enquanto os soldados se movimentam, colocando-os em posição. Embora ao matar alguém sempre acalme os meus demônios, eu aprendi com o meu mentor, antes de ele morrer, que nem sempre a morte será a pior punição e por vezes não tem nada melhor que esmagar o inimigo aos poucos.Meu olhar encontrou o pequeno móvel giratório que continha dois utensílios, minha mão direita se moveu até a faca de cabo branco e logo me voltei para o meu primeiro alvo, já podia sentir o cheiro do seu medo aumentando, mas não tinha intenção de matá-lo, não ainda. A calmaria que se fazia presente foi quebrada quando fiquei centímetros de distância do infeliz, que começou a se debater tentando escapar, o que seria em vão, mas, ele continuou a relutar quando sua boca foi escancarada pelo homem que esteve por várias vezes ao seu lado durante os muitos confrontos, mas sempre soube que nada do que acontecia deveria ser mencionado; ao contrário do infeliz, que não conseguiu conter a língua dentro da m*****a boca.Os gritos que preenchiam o lugar não eram apenas os de desespero que saiam dos lábios do desgraçado, mas também da multidão que clamava por mais. O clamor ressoou ainda mais alto no ar quando a lâmina cortante foi de encontro à língua afiada e venenosa da cobra peçonhenta à minha frente. O sangue começou a jorrar de sua boca e antes de prosseguir adiante, vocifero.— A cada erro seu, eu vou cortar algo do seu corpo até acabar com a sua miserável vida.Dito isso, deixo a faca de lado e pego uma foice, e o objeto afiado brilha intensamente, posso ver meu reflexo nele, me aproximo do segundo alvo e o pânico é visível em sua expressão, antes que eu faça o que tenho em mente, a sentença é decretada.— Você jamais pegará novamente aquilo que não lhe pertence. Não importa que seja uma moeda ou uma maleta de dinheiro, sua morte é inevitável, porém, não chegará ao inferno com suas mãos.Levanto o braço suspendendo a foice e um ruído ensurdecedor se fez presente quando o braço direito dele foi atingindo pelo metal, mas nada comparado com o grito horripilante que enviou tremores pelo meu corpo, deixando os monstros que habitam em mim, agitados, como se estivessem em festa quando o golpe atingiu o braço esquerdo. Mas, o seu tormento chegaria ao fim, pois, ele jamais sairia do mundo das trevas, num golpe certeiro, deixei a foice enfiada no meio de sua cabeça e o sangue começou a escorrer, envolvendo o seu corpo sem vida.Gritos e mais gritos que não eram de dor e sim de euforia tomaram conta do salão. Mas, ao sentir o cheiro de sangue fresco que atingiu o meu rosto, o animal em meu interior despertou por completo, eu podia sentir meus órgãos internos funcionando a todo vapor, minha pele estava queimando e num piscar de olhos avanço até o homem que me deixou mais enfurecido, o derrubando no chão e rasgando sua camisa.— Você queria a todo custo sair do mundo do crime, mesmo sabendo que isso teria um preço. Então, eu vou dar a você a liberdade que tanto deseja.Cogitando o que eu estava prestes a fazer, o som da sua voz trêmula atingiu os meus tímpanos.— Misericórdia, senhor — sua suplica só me deixou ainda mais possuído.— Um fraco como você que não mantém a dignidade na hora da sua própria morte, não pode ser considerado um homem e muito menos deve viver.Antes que meus lábios voltassem a se unir, o primeiro golpe foi de encontro ao seu peito. E este começou a tremer e a gritar em agonia, mas naquele momento, eu já não tinha mais controle e o segundo que atingiu sua caixa torácica, rasgando sua pele, deu lugar ao terceiro e ao quarto e só parei quando havia um buraco no seu peito. O meu único alvo, enquanto o povo uivava, era o órgão que não serve para nada e certamente foi o motivo do miserável ter acreditado que viveria um conto de fadas, este, com um golpe cruel, duro e pesado, foi estraçalhado por mim.Momentos mais tarde...
Tomo um tempo esfregando cada parte do meu rosto para tirar as manchas de sangue daqueles pecadores. Fecho os meus olhos ao lembrar-me daquele último infeliz que pensou que existisse um “felizes para sempre”, se isso fosse possível, o meu pai e aquela que trouxe um pouco de luz ao coração de um monstro, não teriam sido tirados de mim. Eu amei mesmo me tornando um demônio, mesmo sabendo que as trevas sempre fariam parte da minha vida, eu encontrei naquela garota que vivia uma vida tão sofrida junto com sua mãe, um sentimento devastador, mas sua partida só fez meu coração se tornar uma rocha impenetrável. Em meu mundo não existe espaço para piedade e compaixão, em breve, terei todos rendidos a mim e jamais deixarei que novamente esse sentimento chamado amor, faça parte da minha vida.Um dia da caça, outro do caçador." (provérbio popular) Baran CelikkolFecho a mão e dou um soco na mesa. O golpe é tão forte, que acabo derrubando todos os papéis que havia sobre ela no chão.— Maldição! — grito furioso, pois a minha raiva é tanta que sinto um nó gigantesco se formando em minha garganta, sufocando-me ao ponto do meu rosto, enrijecido, ganhar um tom avermelhado e meus olhos ficarem flamejantes. Naquele momento, a minha vontade era avançar em cima do homem a minha frente e acabar com sua vida.Assim como eu, Massimo foi treinado para ser um mercenário da máfia e sabe que um alvo jamais poderá escapar, no entanto, embora tenha aniquilado Guilherme Colombo e feito uma verdadeira chacina ao matar não somente ele, como sua esposa e todos os seus empregados. A herdeira do maldito escapou levando com ela a informação que ao chegar às mãos dos meus inimigos, pode ser um grande trunfo a ser usado, tanto sobre os interesses da nossa organização, como os meus planos em torna-m
Cuidado com o que você deseja, porque pode se realizar.” Baran CelikkolDepois de ter dado a ligação por encerrada, o carro percorria a estrada velozmente, o silêncio que pairava dentro do ambiente foi interrompido pela voz do homem que estava ao meu lado.— Passe-me às coordenadas que hoje mesmo eu darei um jeito na infeliz.— Não! Desta vez serei eu quem vai à caça e ninguém ouse a tocar nela, até o momento que eu decida.— Sua agenda está abarrotada de compromissos locais durante esses dias, uma viagem pode atrapalhar os seus planos — insiste.Seus olhos buscaram os meus e certamente ele pode ver a fúria contida neles.— De nada vai me adiantar seguir todo esse cronograma, se aquela maldita conseguir fazer o que o seu pai pretendia — digo sentindo meu maxilar travar. — Fico surpreso que ainda não tenha feito, visto que, se as informações tivessem chegado até os russos, já teríamos tido uma amostra, então, desta vez ela não terá escapatória, pois os filhos de um traidor não merece
“A jornada pode ser longa e demorada. Mas uma hora eu vou encontrar você. E aí será o fim...” Lisa Evans— Mel, você deve fazer uma bolinha em volta da letra que vem depois do M — falei calmamente, porém, a resposta veio logo em seguida.— Mamãe, eu sei fazer sozinha — disse a pessoa que se acha adulta, fazendo beicinho com uma pequena carranca.— Se é assim, não vou dizer a você que deve circular a letra P — disse segurando o riso quando ela começou a sacudir a cabeça em negativa.— Vou perguntar para tia Clara, se eu posso levar você comigo para escola.— Por que você vai fazer isso, Melanie? — faço uma cara de quem não sabe o verdadeiro motivo.— A senhora é grande, mas precisa aprender o alfabeto direito. Depois do M vem à letra N — coloca uma das mãozinhas no rosto, como se tivesse pensativa e depois prossegue. — Senta aqui que vou dizer desde o começo para você e a tia Quelzinha. A tia clara sempre diz que sou esperta, eu falei porque sou perita em falar. Pronto, tanto eu, co
“O esperado nos mantém fortes, firmes e em pé. O inesperado nos torna frágeis e propõe recomeços.” (Machado de Assis)Algumas horas atrás... Baran CelikkolDimitri havia me passado as informações exatas de onde a maldita estava. Eu tinha que reconhecer que foi um golpe de mestre se esconder em Wyoming, já que o pessoal liderado por Massimo, acreditando que ela não havia ido tão longe, descartou a possibilidade de procurá-la nos estados que ficam a oeste dos EUA. Quando já estava prestes a deixar o meu escritório, Massimo surgiu em minha frente. — Eu irei com você. — Não! Você vai ficar, assim como não quero nenhum soldado comigo — falei taxativo. — A fera que habita dentro de mim, há muito tempo não participa de uma boa caçada, encurralando sua presa e hoje à noite, o predador vai saciar a sua fome. — Mas e... — insistiu e eu o cortei.— Assunto encerrado. Você deixou aquela infeliz escapar e não vou hesitar em acabar com a sua vida ou de qualquer outro, se cometerem o mesmo erro
“Carneirinho, carneirinho... Quantos seriam necessários?”Minutos depois...Baran CelikkolQuando os meus olhos fizeram uma varredura pelo chão e se detiveram em uma única direção, uma onda de prazer e satisfação pairou sobre mim. Meus demônios, enfim, resolveram descansar e assim aguardar pela chegada de suas próximas vítimas. Em passos largos, fui em direção ao corredor onde aquela fedelha estava, será ela quem vai dar as informações que preciso.Depois de algumas passadas, parei.— Te achei carneirinho 81. Agora vou procurar o 82...Fiquei observando o pequeno ser que mantinha o bracinho, curvando na testa servindo de suporte, enquanto ele estava junto à parede. Quando ela chegou ao número 100, se virou em minha direção, mas antes que dissesse algo, me antecipei.— Até quanto você sabe contar?— Eu sei até 300 — disse exibindo uma expressão de quem se achava muito inteligente. De certo era, já que falava perfeitamente bem para sua idade e não passou despercebido por mim, que era do
“Nem tudo o que queremos na nossa vida, vem da maneira que esperamos.” Lisa EvansMeu interior agitou-se, fazendo um arrepio desconhecido correr pela minha espinha. Os pelos dos meus braços se arrepiaram e o medo irradiou por todo o meu corpo. O homem que até então era objeto de minha admiração e que poderia trazer conforto diante de tudo o que presenciei em minha casa, ao contrário, trouxe um terror nunca sentido. Abri e fechei a boca, sem que saísse palavra alguma, meu pânico era palpável, pois estava incrédula e me negava a acreditar que o homem íntegro, um protetor, capaz de fazer tudo para salvar vidas, na verdade era um monstro. Eu fiquei gélida, sentia como se o sangue do meu rosto tivesse se esvaído ao ver que seus olhos ficaram flamejantes e aterrorizantes. Um exímio predador observando sua presa. No olhar que me avaliava da cabeça aos pés, fazendo-me sentir calafrios como se ele pudesse entrar em meu corpo e arrancar minha alma, eu podia ver um verdadeiro lobo em pele d
Capítulo 09“Por mais sombria que venha a se tornar a sua estrada, não pare de caminhar. Só assim chegará a luz.” Na manhã seguinte... Lisa EvansOs meus pulsos e tornozelos estão doloridos, sinto uma onda de frio por todo o meu corpo, um zumbido assola meus ouvidos e minha cabeça está doendo como se fosse estourar a qualquer momento. “Que tipo de pesadelo é esse que faz com que sintamos como se fosse real?” — penso tentando me mover, sem sucesso.Forço-me a abrir os olhos e lentamente eles vão se habituando a pouca claridade do lugar. A minha cabeça está pesada, minha mente completamente enevoada, de tal forma que nem eu mesma consigo me encontrar. Aos poucos as lembranças vão se tornando cada vez mais claras. E, com elas o medo que se apodera de todo o meu corpo. Não foi um pesadelo, estremeço dos pés à cabeça.— Mel! — seu nome sai como um sussurro rouco rasgando minha garganta.Desesperada, me levanto, sinto uma leve tontura, mas forço-me a andar, porém, não consigo ch
Nada é em vão. Nenhuma folha cai no chão sem motivo, da mesma forma que ninguém sofre à toa.”Baran CelikkolEstou nitidamente mal-humorado. Quando entrei no COVIL DA MORTE, já tinha visto pelas câmeras de monitoramento que aquela atrevida estava acordada. Passei alguns minutos me deliciando do seu desespero, do medo que a envolvia enquanto sua visão se ajustava à claridade ela foi percebendo alguns detalhes do lugar, porém, toda euforia que eu estava sentindo ao ver suas feições no momento que seus membros começaram a ser esticados, aos poucos foi dando lugar à raiva e esta me dominou. Uma boneca de porcelana, que erroneamente julguei que na primeira tentativa de obter a informação, ela se renderia, contudo, embora sentindo dor, ela mantinha-se inabalável, pois sua força interior era grande e poderosa.Foram minutos de pura agonia e em certo momento, ao olhar no fundo dos seus olhos e ouvir suas palavras, eu tive a constatação que a infeliz desejava era morte, isto eu lhe daria, ma