CAPÍTULO 08

“Nem tudo o que queremos na nossa vida, vem da maneira que esperamos.”

Lisa Evans

Meu interior agitou-se, fazendo um arrepio desconhecido correr pela minha espinha. Os pelos dos meus braços se arrepiaram e o medo irradiou por todo o meu corpo. O homem que até então era objeto de minha admiração e que poderia trazer conforto diante de tudo o que presenciei em minha casa, ao contrário, trouxe um terror nunca sentido. Abri e fechei a boca, sem que saísse palavra alguma, meu pânico era palpável, pois estava incrédula e me negava a acreditar que o homem íntegro, um protetor, capaz de fazer tudo para salvar vidas, na verdade era um monstro. 

Eu fiquei gélida, sentia como se o sangue do meu rosto tivesse se esvaído ao ver que seus olhos ficaram flamejantes e aterrorizantes. 

Um exímio predador observando sua presa. 

No olhar que me avaliava da cabeça aos pés, fazendo-me sentir calafrios como se ele pudesse entrar em meu corpo e arrancar minha alma, eu podia ver um verdadeiro lobo em pele de cordeiro. 

Encaramo-nos por alguns instantes. O pequeno brilho que tinha em seus olhos, some, escurecendo-os, no lugar há apenas uma sombra. Vejo sua alma e quão sombria ela é. O silêncio entre nós cresce ainda mais e diante da calmaria que tomava conta do lugar, ao vê-lo segurando a mão direita da minha pequena, que estranhamente mantinha-se calada, enquanto mantinha na sua mão esquerda o ursinho de pelúcia, acabei reunindo toda a minha coragem e o enfrentei. 

— Solte-a, seu monstro — senti-me aliviada quando o ele afastou a mãozinha de Mel da sua. 

— Venha aqui minha peque... — parei de falar quando observei que assim que ela ia se mover, ele a impediu e então o homem que eu sempre vi como um bem feitor aproximou-se de mim em passos rápidos e embora recuando, ele me alcançou e parou, ficando a uma distância perigosa. 

— Vai para porta, Mel — digo com a voz trêmula. Depois do que me aconteceu no passado, as aulas de defesa pessoal foi algo que procurei fazer, mesmo sabendo que contra esse brutamontes, eu não teria chance, mas me daria tempo para escapar e no instante que ele deu mais alguns passos e seu corpo tocou o meu, dobrei os joelhos e o atingi entre a virilha. 

Nenhum som saiu de sua boca, porém, ele se afastou um pouco, talvez por não esperar pela minha reação. Eu não podia perder a oportunidade e precisava correr com toda velocidade. Quando alcancei Melanie e abri a porta, nos deparamos com três homens vestidos de pretos, lançando o olhar para fora, vi que próximo a calçada haviam dois carros escuros, que não estavam quando eu cheguei. 

Engoli em seco quando ele me enjaulou com seus braços fortes e musculosos, puxando o meu corpo, fazendo-me largar de forma abrupta, a mãozinha de Mel. Fiquei desorientada ao ouvir o choro da minha princesa. 

— Socorro mamãe — ela estava aos berros quando um dos homens a segurou firme. 

O pânico me dominou quando ouvi a voz poderosa ecoando no ambiente. 

— Levem-na para o lugar combinado. Vocês já sabem o que devem fazer com ela. 

— Não! Não! Nãoooo... — comecei a espernear, em vão.

— Mamãe! Ajude-me! — feria-me de morte ouvir seus pedidos de socorro, sem que eu pudesse fazer alguma coisa.

Continuei a espernear, mas de nada adiantou, pois o demônio segurava o meu corpo com tanta força, como se fosse me partir ao meio. Eles a colocaram dentro de um dos veículos e este logo entrou em movimento, meu rosto estava banhando pelas lágrimas que escorrem pelas minhas bochechas e meus gritos foram contidos. Assim que uma troca de posição foi feita, uma de suas mãos alcançou o meu queixo e segurou ali com força, como se quisesse esmagar os ossos da minha mandíbula, um ruído de dor escapou por entre os meus lábios e em seguida sua mão desceu até o meu pescoço, se fechou e prendeu-me em um aperto mortal.  Meu peito chiou e minha garganta trancou-se, não conseguia respirar, eu tinha a sensação que havia uma corda em meu pescoço, me apertando e sentia como se o oxigênio do local fosse acabar. 

— Você tem algo que me pertence e se deseja salvar pelo menos a vida da sua filha, é melhor que me devolva agora — grunhiu mantendo seu olhar cravado em meu rosto. 

Fiquei desorientada e perdida ao ouvir suas palavras. Tossi buscando por ar quando ele afrouxou um pouco o aperto, limpei a garganta para falar. 

— E... Eu não sei do que você está falando — disse com dificuldade. Minhas palavras só fizeram com que a imagem do próprio demônio surgisse diante de mim.

O pânico me dominou quando ele intensificou o aperto em meu pescoço e o seu rosto começou a se contorcer até se transformar numa máscara rígida e seus olhos tornaram-se escuros, onde o brilho deles deu lugar a faíscas de ódio, pensei que naquele momento seria o meu fim. Porém, seu estrangulamento afrouxou e eu pude sentir na pele o tamanho da sua crueldade e fúria, quando impiedosamente, ele jogou o meu corpo na parede de concreto, me fazendo ver estrelas instantaneamente. Tirando o ar dos meus pulmões com o impacto do seu golpe, minha cabeça girou, minha respiração desacelerou, ainda me lembro que seu olhar mortal estava direcionado para o meu rosto. Comecei ver borrões em minha frente e ainda consegui dizer algumas palavras...  

— Deus, me ajude. 

Mas logo fui envolvida por uma escuridão sem fim. 

Baran Celikkol

Tudo que senti quando olhei aquela garotinha que me causou tanto alvoroço, não se compara às sensações que atravessaram o meu corpo e após tantos anos, pude sentir pela primeira vez, o meu coração desenfreado. A imagem a minha frente era da própria Vênus, a deusa da beleza e desejo sexual, além de um corpo magnífico, o seu rosto era a pura perfeição. Seus lábios eram rosados, bem moldados e estavam ligeiramente entreabertos, seu rosto é de uma boneca de porcelana, exibindo olhos azuis brilhantes e a maneira com que o cabelo seguia o formato do seu rosto, era o encaixe perfeito. Eu me vi observando-a em sua totalidade, e ao contrário do que julguei ao ver aquela foto, não tinha em minha frente uma adolescente de quinze anos, e sim uma mulher de beleza exuberante. Seu magnetismo atraia o meu olhar, era como se a m*****a tivesse jogado um feitiço em minha direção, ao ponto que fiquei fora de mim por vários minutos. Mas, logo fui tirado do estado catatônico que me encontrava, quando ouvi a voz sua temerosa.

Sua aparência era de um anjo, mas se mostrou ser um pequeno demônio. A insolente me acertou com um golpe não tão leve para um corpo aparentemente tão fraco, porém, ao contrário da infeliz que eu tinha dado fim, ela era impelida por uma "força interior intensa", quando ela não disse as únicas palavras que eu esperava ouvir naquele momento saindo de sua boca, os meus demônios internos gritavam para acabar com a vida da m*****a, entretanto, antes que isso viesse a acontecer, eu farei com que conheça o próprio inferno em vida.

Movido pelo ódio que inflamava em minhas veias, lancei o seu corpo indefeso contra a parede rígida e ao vê-la esparramada no chão, desfalecida, meu corpo todo vibrou em êxtase. Dei alguns passos e antes de pegá-la, uma risada sardônica envolveu o ambiente diante do pensamento que se passou rapidamente pela minha cabeça. 

“Darei a essa infeliz, o prazer em passar seus últimos suspiros no meu inferno particular. O lugar onde ela vai estar diante do maior tormento de sua vida.”

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