Alessio Vecchio.Dez anos depois. Depois de dez anos, posso dizer que minha vida mudou de maneiras que eu jamais imaginei. Tenho agora quarenta e oito anos, enquanto minha linda rainha tem trinta anos. Orion, nosso filho, cresceu bem e tem agora dez anos. É impressionante como ele desenvolveu uma personalidade tão parecida com a minha. Ele é extremamente ciumento com a mãe e, para ser honesto, fico feliz com isso. Enquanto trabalho, ele fica de olho na sua mãe, e sempre me conta se alguém tentou alguma coisa com ela.Orion é um garoto muito inteligente. Na escola, sempre tem as melhores notas da sala. Há dois anos, ele me surpreendeu ao pedir para treiná-lo, dizendo que, quando eu morresse, ele assumiria o meu lugar e protegeria a mãe. Poderia ter interpretado isso como uma ofensa, mas, na verdade, eu me senti bem ao ouvir isso. Saber que minha rainha seria protegida caso algo acontecesse comigo me traz uma certa paz. No começo, Isabella não gostou da ideia, mas Orion conseguiu sua p
Alessio Vecchio. 20:40 — Restaurante. — Portevecchio. Enquanto brindávamos, o restaurante parece desaparecer, e tudo o que importa está na minha frente: minha rainha e meus dois pequenos príncipes. Estamos imersos em nossa bolha de felicidade e amor, quando, de repente, a harmonia é interrompida. Um homem meio bêbado levanta-se de uma mesa próxima, acompanhado por seus amigos, cambaleando em nossa direção. Antes que eu possa reagir, ele esbarra no braço de Isabella, fazendo com que ela derrame seu suco no vestido vermelho. — Oh, desculpe, moça. — Diz o bêbado, com um sorriso idiota no rosto. A expressão de Isabella fica tensa, mas ela tenta manter a calma. — Está tudo bem, Alessio. Não foi nada. — Diz ela, tentando aliviar a tensão. — Não está tudo bem. — Murmuro, levantando-me rapidamente e segurando o braço do homem para afastá-lo de Isabella. O bêbado tenta se desculpar, com medo visível nos olhos ao ver minha fúria. Enquanto isso, um dos amigos do bêbado olha para Isabella
18:00 — Nova Jérsei. — EUA.Isabella Conti.Já faz uma semana que estou aqui, em Nova Jérsei. Vim visitar a minha tia, e também o meu namorado. Nós estamos juntos desde quando eu tinha apenas quinze anos, hoje estou com dezoito, faz três anos que estamos juntos, e ele tem sido um homem maravilhoso. Mas tem um problema, eu sinto que está acontecendo alguma coisa com o Thiago. Como faz uma semana que cheguei aqui, ele mal tem tempo para mim, sempre dizendo que está ocupado, que tem trabalhado demais e que precisa descansar.Sinto que ele não é o mesmo de antigamente, Thiago é dois anos mais velho, trabalha como segurança numa empresa famosa de Nova Jérsei. Estou tentando não desconfiar dele, porque nem avisei que iria passar as minhas férias aqui, queria ter feito uma surpresa para ele. Implorei muito aos meus pais para permitirem que eu viesse aqui, mesmo que eu seja de maior, meus pais são bem protetores e rígidos.Neste exato momento estou na porta da casa dele, tenho a chave reserva
Isabella Conti.Dois anos depois.Hoje está completando dois anos desde que voltei para a minha cidade natal. Estou com vinte anos e, no início, enfrentei uma grande dificuldade ao lidar com a dor da traição. Cheguei até a considerar o suicídio ao descobrir que até mesmo minha própria tia estava ciente do caso entre minha prima e meu ex-namorado. Minha vida estava um caos total, tudo por causa que eu não fiz sexo com ele, mentalidade de merda. Os meus pais apenas vieram me dar sermão, dizendo que eu tinha sido burra por namorar alguém a distância, que a culpa era minha por ter sido traída. Eu não me matei, por causa da minha amiga da escola, que agora é a minha colega de quarto.Ela sempre foi uma mulher independente, vivendo sozinha desde os quinze anos, e devo minha vida a ela. Sou imensamente grata pela sua ajuda; se tivesse permanecido na casa dos meus pais, talvez não estivesse mais aqui. Minha adorável amiga sempre esteve ao meu lado, inclusive me ajudando a encontrar trabalho e
07:30 — Portevecchio.Isabella Conti.Saímos do nosso apartamento e fomos caminhando tranquilamente para o elevador, logo as portas foram abertas, entramos e ele apertou o botão da garagem. Eu gosto muito desse prédio, porque é bem calmo, não tem vizinhos brigando, com som alto, é uma maravilha. Aqui todo mundo se respeita, gosto disso, dessa tranquilidade.— Amor, seus pais falaram alguma coisa? — Perguntou de repente.— Não, nunca mais vieram me encher de ligações ou mensagens. Agradeço muito por isso.— Que bom, porque se continuasse, denunciaria eles. — Disse bem séria.— Eu sei que sim, mas fico feliz que eles não estão mais me incomodando.Desde que eu vim morar com a Gabi, eles vêm enchendo o meu saco ordenando que eu voltasse para casa deles. Quem precisa de inimigos, tendo esses pais como parentes. Mas quando a Babi os ameaçou dizendo que iria denunciá-los, pararam rapidamente de me ligarem e de mandarem mensagem.As portas do elevador abriram e descemos indo em direção ao se
17:30 — Cassino. — Portevecchio.Alessio Vecchio.Neste exato momento, estou colocando o meu terno.— Já está indo? Por que não fica mais um pouco? Você sempre vai embora sem se despedir. — A voz de Francisca me fez revirar os olhos.— Você só serve para ser usada, Francisca. Não te devo nenhuma satisfação da minha vida. — Minha voz saiu como aço, cortante e cruel, a fazendo resmungar.— Por que você é assim, Ales... — Agarrei seu pescoço com força, vendo o pânico se instalar em seus olhos.— Não ouse dizer meu nome! Para você, é senhor Vecchio! Só porque te uso como uma qualquer que é, não significa que te dei intimidade para me chamar pelo meu nome. Na próxima vez, arranco sua língua fora. — O medo em seus olhos me deixou ainda mais satisfeito, um prazer sádico percorrendo minhas veias.A larguei na cama como um lixo descartável, sem um pingo de compaixão. Seu silêncio era a confirmação da minha dominação, um lembrete cruel de que, neste jogo, eu era o único vencedor.— Na próxima v
19:30 — Portevecchio.Alessio Vecchio.A raiva ainda está presente em cada fibra do meu ser. Como alguém ousa me trair? Talvez eu devesse aplaudir essa pessoa pela sua coragem, ou talvez pela sua completa estupidez. Essa pessoa deveria agradecer a todos os deuses por eu não tê-la torturado pessoalmente. Mas agora, tudo o que me interessa é recuperar esse dinheiro. Preciso pagar os fornecedores, e as drogas estão acabando. Preciso de mais, sempre mais.Além disso, estou cansado da polícia tentando invadir meus cassinos. Alguns deles são legalizados, outros não. Mas sempre há esses vermes disfarçados tentando obter alguma informação minha. Se continuarem agindo assim, vou arrancar suas cabeças. Não permito que esses vermes imundos se intrometam nos meus negócios. Já estou puto demais.— Senhor, chegamos à casa do Marco Falcone. Ele está devendo em torno de dez mil dólares. — A voz de Dante me traz de volta ao momento presente.— Vamos acabar logo com isso. Minha paciência se esgotou. —
18:10 — Lanchonete. — Portevecchio.Isabella Conti.— Graças a Deus que todas as sextas o chefe fecha cedo. Já não estava aguentando. — Disse Tom, enquanto organizávamos as coisas.— Você nunca reclamou, está reclamando agora, porque vai encontrar a sua deusa. — Sophia falou num tom provocativo.— Estou ansioso mesmo. — Ele me olhou. — Você acha que ela me dará uma chance?Apenas suspirei, minha energia esgotada após atender tantos clientes hoje.— Não fale comigo, estou exausta. — Voltei a varrer o chão.— Esqueci que você fica assim. Mas apenas acene com a cabeça, ela me dará uma chance? — Perguntou, ansioso.— Não sei, me deixe em paz. Você pergunta quando fomos a essa maldita boate. — Terminei de varrer o chão.Levei as coisas para o armário onde os produtos de limpeza ficam. Como já terminei a minha parte, já posso ir embora. Vou para a sala dos funcionários, abro o meu armário e começo a retirar o meu uniforme e colocar a minha roupa. Estou exausta demais, ainda tenho que compar