18:00 — Nova Jérsei. — EUA.
Isabella Conti.
Já faz uma semana que estou aqui, em Nova Jérsei. Vim visitar a minha tia, e também o meu namorado. Nós estamos juntos desde quando eu tinha apenas quinze anos, hoje estou com dezoito, faz três anos que estamos juntos, e ele tem sido um homem maravilhoso. Mas tem um problema, eu sinto que está acontecendo alguma coisa com o Thiago. Como faz uma semana que cheguei aqui, ele mal tem tempo para mim, sempre dizendo que está ocupado, que tem trabalhado demais e que precisa descansar.
Sinto que ele não é o mesmo de antigamente, Thiago é dois anos mais velho, trabalha como segurança numa empresa famosa de Nova Jérsei. Estou tentando não desconfiar dele, porque nem avisei que iria passar as minhas férias aqui, queria ter feito uma surpresa para ele. Implorei muito aos meus pais para permitirem que eu viesse aqui, mesmo que eu seja de maior, meus pais são bem protetores e rígidos.
Neste exato momento estou na porta da casa dele, tenho a chave reserva que ele me entregou no nosso primeiro aniversário. Quero conversar sério com ele, desejo compreender o porquê dele está me evitando tanto assim.
Destranco a porta observando a sua sala de estar.
— Thiago? — Chamei, mas o silêncio foi a única resposta.
Já passa das seis e dez. Decido esperá-lo no andar de cima. Subo os degraus lentamente. Quando cheguei perto de seu quarto, ouvi os ruídos. Não... Não podia ser. Gemidos? Meu coração acelerou descontroladamente, uma dor aguda me apertou o peito, sufocando-me. Uma falta de ar começou a se instaurar.
Estendi a mão trêmula até a maçaneta e girei, o que vi me fez duvidar da realidade.
— Ahh! Thiago.. Assim mesmo! — A voz da minha prima ecoava pelo quarto, perfurando minha alma. Os dois estavam em um momento íntimo. A dor era tão intensa que parecia sufocar cada centímetro do meu ser, lágrimas incontroláveis escorriam pelo meu rosto, meu soluço era um grito de agonia.
— Isabella? — Ele se afastou dela rapidamente. — Não é o que você está pensando... Eu...
— Chega!! Não precisa dizer mais nada! Não estou apenas pensando, Thiago! Estou vendo! C-Como... Como você pode fazer isso comigo? — Minhas palavras saíam entrecortadas pelo choro, minha voz embargada pela dor. — Eu tentei ser uma boa pessoa para você... Estudei tanto para tirar boas notas... Para que meus pais sempre permitissem que eu te visse... Me esforcei, dei tudo por você... E você faz isso... Justo com minha prima.
— Isa... — Ele tentou me tocar.
— Não ouse encostar em mim!! — Encarei minha prima, com o coração em frangalhos. — Como você pôde fazer isso comigo? Eu confiava em você... Te considerava como uma irmã. Por quê? Por que fizeram isso comigo?
Sua expressão de culpa e arrependimento não significava nada para mim.
— E-Eu sinto muito, Isa... Eu... Como você nunca quis se entregar para mim... Eu fiquei com desejo, acabei ficando com a sua prima... Me perdoa. — Suas palavras foram como um soco no estômago.
— V-Você... Você fez isso com ela só porque eu não me entreguei para você? É isso mesmo? — Mal podia acreditar no que estava ouvindo.
— Por favor... Me desculpa. — Desferi uma bofetada em sua bochecha, deixando-o em choque.
— Vá para o inferno! Os dois! — Virei as costas e saí do quarto.
— Isabella! — Ignorando seu chamado, continuei caminhando.
Saí da casa dele com o coração em frangalhos, dilacerado pela dor da traição. A chuva, antes despercebida, agora caía incessante, misturando-se às lágrimas que inundavam meu rosto. Meus passos cambaleantes mal conseguiam acompanhar o ritmo dos soluços que escapavam de minha garganta.
Por que ele fez isso comigo? Por que minha própria prima me traiu assim? A sensação de traição me cortava como lâminas afiadas, dilacerando cada pedacinho de confiança que restava em mim. Eu os considerava tanto, confiava neles com todo o meu ser. Por quê? Por quê?
A dor no meu peito era insuportável, uma agonia que parecia nunca ter fim. Eu só queria que essa dor fosse embora, que Deus me concedesse um alívio, um sopro de conforto em meio ao desespero.
Não deveria ter concordado com esse namoro à distância, uma ilusão que agora se desfazia diante dos meus olhos. E no final, a culpa recaía sobre mim, como se eu fosse a culpada por não me entregar completamente a ele. Desgraçado! Escrota!
— O que eu vou fazer? — Sussurrei para mim mesma, as palavras se perdendo no vento e na chuva.
Decidi então que iria embora, voltar para minha cidade, deixar para trás essa província de traição e desilusão. Ergui-me do chão encharcado, a lama grudando em minhas roupas como um lembrete viscoso da minha própria miséria. Minha mente estava exausta, meu corpo pesado de dor e decepção. Só queria desabar em lágrimas, mas não permitiria que a traição e a dor me consumissem por completo. Não sou uma garota fraca.
Que eles se danem, que me esqueçam para sempre. Jurava a mim mesma que nunca mais colocaria meus pés nesse lugar amaldiçoado, nunca mais.
Aviso de Gatilho:
Este livro é uma obra de ficção. A cidade mencionada foi criada pelo autor e não tem relação com lugares ou eventos da vida real. Este livro contém representações de violência extrema, drogas ilícitas, coerção e outros temas intensos. Trata-se de um romance dark, onde as sombras da alma humana são exploradas de forma profunda e intensa. As cenas descritas podem ser perturbadoras e desencadear respostas emocionais fortes em algumas pessoas. Devido à sua natureza extremamente pesada, recomenda-se discrição ao ler. Esteja ciente de que o conteúdo deste livro pode ser difícil de digerir e pode não ser adequado para todos os leitores. Se você estiver desconfortável com esses temas, por favor, considere sua leitura com cautela ou opte por um material alternativo.
Isabella Conti.Dois anos depois.Hoje está completando dois anos desde que voltei para a minha cidade natal. Estou com vinte anos e, no início, enfrentei uma grande dificuldade ao lidar com a dor da traição. Cheguei até a considerar o suicídio ao descobrir que até mesmo minha própria tia estava ciente do caso entre minha prima e meu ex-namorado. Minha vida estava um caos total, tudo por causa que eu não fiz sexo com ele, mentalidade de merda. Os meus pais apenas vieram me dar sermão, dizendo que eu tinha sido burra por namorar alguém a distância, que a culpa era minha por ter sido traída. Eu não me matei, por causa da minha amiga da escola, que agora é a minha colega de quarto.Ela sempre foi uma mulher independente, vivendo sozinha desde os quinze anos, e devo minha vida a ela. Sou imensamente grata pela sua ajuda; se tivesse permanecido na casa dos meus pais, talvez não estivesse mais aqui. Minha adorável amiga sempre esteve ao meu lado, inclusive me ajudando a encontrar trabalho e
07:30 — Portevecchio.Isabella Conti.Saímos do nosso apartamento e fomos caminhando tranquilamente para o elevador, logo as portas foram abertas, entramos e ele apertou o botão da garagem. Eu gosto muito desse prédio, porque é bem calmo, não tem vizinhos brigando, com som alto, é uma maravilha. Aqui todo mundo se respeita, gosto disso, dessa tranquilidade.— Amor, seus pais falaram alguma coisa? — Perguntou de repente.— Não, nunca mais vieram me encher de ligações ou mensagens. Agradeço muito por isso.— Que bom, porque se continuasse, denunciaria eles. — Disse bem séria.— Eu sei que sim, mas fico feliz que eles não estão mais me incomodando.Desde que eu vim morar com a Gabi, eles vêm enchendo o meu saco ordenando que eu voltasse para casa deles. Quem precisa de inimigos, tendo esses pais como parentes. Mas quando a Babi os ameaçou dizendo que iria denunciá-los, pararam rapidamente de me ligarem e de mandarem mensagem.As portas do elevador abriram e descemos indo em direção ao se
17:30 — Cassino. — Portevecchio.Alessio Vecchio.Neste exato momento, estou colocando o meu terno.— Já está indo? Por que não fica mais um pouco? Você sempre vai embora sem se despedir. — A voz de Francisca me fez revirar os olhos.— Você só serve para ser usada, Francisca. Não te devo nenhuma satisfação da minha vida. — Minha voz saiu como aço, cortante e cruel, a fazendo resmungar.— Por que você é assim, Ales... — Agarrei seu pescoço com força, vendo o pânico se instalar em seus olhos.— Não ouse dizer meu nome! Para você, é senhor Vecchio! Só porque te uso como uma qualquer que é, não significa que te dei intimidade para me chamar pelo meu nome. Na próxima vez, arranco sua língua fora. — O medo em seus olhos me deixou ainda mais satisfeito, um prazer sádico percorrendo minhas veias.A larguei na cama como um lixo descartável, sem um pingo de compaixão. Seu silêncio era a confirmação da minha dominação, um lembrete cruel de que, neste jogo, eu era o único vencedor.— Na próxima v
19:30 — Portevecchio.Alessio Vecchio.A raiva ainda está presente em cada fibra do meu ser. Como alguém ousa me trair? Talvez eu devesse aplaudir essa pessoa pela sua coragem, ou talvez pela sua completa estupidez. Essa pessoa deveria agradecer a todos os deuses por eu não tê-la torturado pessoalmente. Mas agora, tudo o que me interessa é recuperar esse dinheiro. Preciso pagar os fornecedores, e as drogas estão acabando. Preciso de mais, sempre mais.Além disso, estou cansado da polícia tentando invadir meus cassinos. Alguns deles são legalizados, outros não. Mas sempre há esses vermes disfarçados tentando obter alguma informação minha. Se continuarem agindo assim, vou arrancar suas cabeças. Não permito que esses vermes imundos se intrometam nos meus negócios. Já estou puto demais.— Senhor, chegamos à casa do Marco Falcone. Ele está devendo em torno de dez mil dólares. — A voz de Dante me traz de volta ao momento presente.— Vamos acabar logo com isso. Minha paciência se esgotou. —
18:10 — Lanchonete. — Portevecchio.Isabella Conti.— Graças a Deus que todas as sextas o chefe fecha cedo. Já não estava aguentando. — Disse Tom, enquanto organizávamos as coisas.— Você nunca reclamou, está reclamando agora, porque vai encontrar a sua deusa. — Sophia falou num tom provocativo.— Estou ansioso mesmo. — Ele me olhou. — Você acha que ela me dará uma chance?Apenas suspirei, minha energia esgotada após atender tantos clientes hoje.— Não fale comigo, estou exausta. — Voltei a varrer o chão.— Esqueci que você fica assim. Mas apenas acene com a cabeça, ela me dará uma chance? — Perguntou, ansioso.— Não sei, me deixe em paz. Você pergunta quando fomos a essa maldita boate. — Terminei de varrer o chão.Levei as coisas para o armário onde os produtos de limpeza ficam. Como já terminei a minha parte, já posso ir embora. Vou para a sala dos funcionários, abro o meu armário e começo a retirar o meu uniforme e colocar a minha roupa. Estou exausta demais, ainda tenho que compar
21:20 — Boate. — Portevecchio.Isabella Conti.Ela estacionou o carro e logo descemos, observo a fila, vendo que tinha muitas pessoas.— Só iremos entrar de meia noite. — Digo ao observar aquele tanto de pessoas.— Apenas vamos. — Ela pegou o meu pulso e atravessamos a rua.— Isa!! — Tomei um susto ao escutar o meu nome sendo chamado.Observo o Tom no meio da fila acenando para nós.— Que bom que o seu amigo já está na fila, pouparemos tempo. — E mais uma vez pegou o meu pulso e foi me arrastando pela multidões.Ah, eu só queria dormir.Passamos pelas pessoas que reclamavam e nos davam olhares raivosos. Finalmente chegamos perto do Tom e da Sophia, os dois estavam deslumbrantes. Tom usava uma calça jeans escura rasgada nos joelhos, uma blusa branca e uma jaqueta de couro, combinando perfeitamente. Já Sophia usava um vestido preto acima dos joelhos, curto na frente e longo atrás, mostrando bem suas coxas esbeltas. Os dois irradiavam confiança e estilo, e era impossível não notar o olha
Isabella Conti.Três dias depois.Segunda-feira.— Ainda vai continuar escapando de mim, preciosa? — Sua voz, carregada de uma sedução inegável, ecoou ao meu redor, fazendo-me tremer involuntariamente.— F-Fique longe de mim... Você é perigoso. — Meu tom vacilou, enquanto eu tentava manter a compostura diante da sua presença dominadora.— Acha que eu não percebo que está excitada? — Ele me prendeu contra a parede, sua respiração quente e sensual acariciando minha pele, enviando arrepios por todo o meu corpo. — Seu perfume é hipnotizante, preciosa. Tudo em você é tão... perfeito.A noção do perigo deveria me afastar, mas ao invés disso, minha excitação crescia a cada segundo que passava.— N-Não... Ah. — Um gemido involuntário escapou de meus lábios quando seus lábios encontraram os meus.Seu beijo era feroz, selvagem, mas incrivelmente magnético. Ele me levantou sem esforço, minhas pernas instintivamente envolvendo sua cintura, enquanto nos afundávamos naquele abismo de desejo.Apesar
09:30 — Casa do Alessio. — Portevecchio.Alessio Vecchio.Três dias depois.Segunda-feira.Estive tão imerso em minhas atividades nos últimos dias que mal tive tempo de olhar o relatório que Dante fez sobre minha encantadora rainha. Mas hoje, convoquei todos os membros confiáveis da máfia, incluindo Dante, para uma conversa séria. Preciso saber tudo sobre ela: seus gostos, onde mora, seus relacionamentos passados, tudo. A ideia de convidá-la para um jantar me fascina; quero revê-la, mesmo que sua expressão revele certo temor por minha presença. Pretendo demonstrar que meu interesse não é causar-lhe mal, mas sim tê-la como minha companheira.O engraçado disso tudo é que nunca pensei em me casar. Sempre acreditei que poderia garantir herdeiros através de uma barriga de aluguel a qualquer momento. Mas agora, tudo o que quero é tê-la ao meu lado. Ela pertence a mim.— S-Senhor? — A voz trêmula da empregada ecoa através da porta do meu quarto, interrompendo meus pensamentos sombrios.— Sim