♥ Capítulo 4♥

19:30 — Portevecchio.

Alessio Vecchio.

A raiva ainda está presente em cada fibra do meu ser. Como alguém ousa me trair? Talvez eu devesse aplaudir essa pessoa pela sua coragem, ou talvez pela sua completa estupidez. Essa pessoa deveria agradecer a todos os deuses por eu não tê-la torturado pessoalmente. Mas agora, tudo o que me interessa é recuperar esse dinheiro. Preciso pagar os fornecedores, e as drogas estão acabando. Preciso de mais, sempre mais.

Além disso, estou cansado da polícia tentando invadir meus cassinos. Alguns deles são legalizados, outros não. Mas sempre há esses vermes disfarçados tentando obter alguma informação minha. Se continuarem agindo assim, vou arrancar suas cabeças. Não permito que esses vermes imundos se intrometam nos meus negócios. Já estou puto demais.

— Senhor, chegamos à casa do Marco Falcone. Ele está devendo em torno de dez mil dólares. — A voz de Dante me traz de volta ao momento presente.

— Vamos acabar logo com isso. Minha paciência se esgotou. — Desço do carro, e ele me segue.

Caminho até a porta lentamente. Não há necessidade de pressa. Gosto de me sentir como um predador prestes a atacar sua presa. Bato na porta, ouço um "já estou indo". Mal posso esperar para pegar meu dinheiro de volta, ou algo mais.

— Sim? — A porta é aberta pelo sujeito, que logo arregala os olhos ao nos ver.

Ele tenta fechar a porta rapidamente, mas eu a seguro com toda a minha força, fazendo-o cair no chão, tremendo de medo.

— Ora, não gostou da visita? Estou me sentindo ofendido com sua falta de educação. — Meu sorriso é um reflexo perverso de minha alegria interna ao vê-lo assim.

— P-P-Por favor... Eu tenho família... — Seu tom de súplica é repugnante.

— Por que está suplicando agora? Você pediu dinheiro emprestado, e eu dei sem pensar duas vezes. Achou mesmo que eu não iria cobrar? Que eu iria esquecer? Não. Eu nunca esqueço daqueles que me devem. Onde está o meu dinheiro?

— P-Por favor... E-Eu não tenho. — Ele nega com a cabeça, soltando um suspiro.

— Resposta errada. — A ferocidade em minha voz é palpável enquanto desfero um chute certeiro em suas costelas, fazendo-o tossir desesperadamente por ar. — Irei perguntar novamente: onde está o meu dinheiro?

— E-E-Eu... Não tenho. — Sua voz vacila, sua expressão é marcada pela frustração.

Sem dizer uma palavra, me agacho ao seu lado. Num movimento rápido, agarro seus cabelos e atinjo seu rosto com o chão da sala com força desmedida.

— Acha mesmo que irei acreditar nisso? — Minha voz ruge com intensidade, ecoando pela sala. — Não brinque comigo, porra! Não estou com paciência no momento. Quero meu dinheiro de volta, ou irei pegar sua família como pagamento. Decida.

Sua testa está ensanguentada, alguns dentes quebrados salpicam o chão.

— P-P-Por favor... Piedade... — Ele implora, sua voz um gemido de desespero.

Meus olhos brilham com malícia ao contemplar sua agonia.

— Vejo que está bem difícil. Talvez eu deva pegar sua esposa como pagamento, fazê-la trabalhar nos meus prostíbulos. O que acha? Tenho certeza de que ela vai recuperar o dinheiro que você me deve. Sua esposa é muito bonita.

Seus olhos se arregalam em pânico, e ele se arrasta até mim, encostando sua testa em meu sapato.

— N-Não... Por favor... Piedade. — Sua voz é um lamento desesperado. — P-Por favor... Eu vou recuperar o dinheiro.

Eu me levanto, olhando para ele como se fosse uma formiga, um lixo pronto para ser descartado.

— Você já deveria ter recuperado meu dinheiro. Pedir é fácil, mas na hora de pagar, é difícil. — Faço um gesto para Dante se aproximar, e ele me entrega uma faca. — Já que vai recuperar meu dinheiro, vou te dar um aviso.

Piso na mão esquerda dele, fazendo-o gritar. Me agacho novamente e, sem pena ou remorso, corto sua mão, fazendo-o gritar desesperadamente de dor. Seu choro, seu desespero, é música para os meus ouvidos.

— Vou ficar com sua mão como lembrança. — Digo com um sorriso cruel. — E quanto à sua esposa... bem, ela será uma mercadoria valiosa em meus negócios. Ela não duraria um dia em meu prostíbulo, mas será divertido vê-la tentar.

Seus olhos estão cheios de terror, mas não me comovem. Este é o preço da deslealdade em meu mundo.

— Isso é para você aprender que nunca deve mexer comigo. Voltarei para buscar meu dinheiro. Até lá.

Saio de sua casa, deixando-o no chão da sala, sangrando e soluçando de dor. Não me importo se ele morrer. Se morrer, a esposa terá que pagar a dívida de qualquer jeito. Não me importo se ela acabar vendendo o corpo. Quero meu dinheiro de volta, custe o que custar.

— Para onde agora, meu senhor? — Perguntou, assim que entramos no carro.

— Ainda temos muitos lugares para visitar. Mas quero cobrar daqueles que me devem mais dinheiro. Quem é o próximo infeliz? — Cruzo as pernas, esperando a sua resposta.

— A pessoa que lhe deve mais é o cara chamado Nicola Porto. Ele está devendo ao senhor cinquenta mil dólares. — Abri um grande sorriso ao escutar isso.

— Excelente, então vamos atrás desse lixo.

— Mas tem problema, meu senhor. Ele trabalha numa boate no centro que acabou de abrir. — Revirei os olhos.

— Não quero saber, apenas o levamos para o beco. Vamos agora. — Ordeno.

— Sim, meu senhor.

Ele ligou o carro e deu a partida em direção a essa boate.

****

22:00 — Boate — Portevecchio.

Por que diabos tivemos que ficar presos nesse maldito engarrafamento? Estou com uma dor de cabeça dos infernos. Nem comi nada e já são dez horas.

— Desculpe-me, senhor. — Parei de massagear minha testa. — Eu deveria ter escolhido uma rota alternativa.

— Apenas fique calado. Vamos atrás desse filho da puta, quero descansar. — Desci do carro com ele atrás de mim. — Quem é o desgraçado?

— É aquele homem, meu senhor. — Apontou para o segurança parado na porta de entrada.

— Vamos. — Andamos em sua direção.

Percebi que a fila estava bem grande, mas não me importei; minha única preocupação era recuperar meu dinheiro.

— Nicola Porto? — Chamo a sua atenção, assim que me viu, arregalou os olhos em estados de choque e também medo. — Vamos conversar em um lugar distante, não quero ter que assassinar todos aqui. — Sussurro apenas para ele ouvir.

Ele assentiu rapidamente, visivelmente assustado.

— Muito bem. Me siga. — Ele me acompanhou até um beco nos fundos da boate. — Nicola Porto, você tem uma dívida comigo.

— Eu... Eu sei da dívida, senhor. Mas ainda estou tentando juntar o dinheiro para pagar. — Sua voz tremia ligeiramente.

Um sorriso sádico se formou em meus lábios enquanto me aproximava dele, meu olhar transmitindo pura ameaça.

— Tempo é algo que você não tem mais, Nicola. — Minha mão encontrou o seu pescoço, apertando com força o suficiente para deixá-lo sem ar. — Você me deve, e eu não aceito desculpas.

Sua expressão era de puro desespero, e eu podia saborear o medo que emanava dele.

— P-P-Por favor... Senhor... Eu prometo que vou conseguir o dinheiro. — Suas palavras saíam entrecortadas enquanto ele lutava para respirar.

Soltei seu pescoço com um empurrão brusco, fazendo-o cambalear para trás.

— Você teve sua chance, Nicola. Agora é hora de enfrentar as consequências. Dante, coloque-o de joelhos. — Ordenei friamente.

Dante agiu rapidamente, fazendo-o ajoelhar-se diante de mim.

— Sabe, eu acho muito engraçado que todos peçam dinheiro, mas na hora de pagar, não têm. Eu quero o meu dinheiro. — Minha voz saiu gelada, provocando lágrimas em seus olhos.

— E-E-Eu vou pagar, senhor. Eu prometo... Por favor, me dê alguns meses. — Soltei uma gargalhada cruel, fazendo-o tremer.

— Alguns meses? Que piada maravilhosa. Ah, cansei de ficar perguntando pelo meu dinheiro o tempo todo. — Tirei minha arma do coldre na cintura e a apontei para sua testa, intensificando seu desespero.

De repente, senti um olhar sobre mim. Olhei para uma figura nas sombras; a silhueta parecia feminina. Mas não me importei que estivesse assistindo, porque no final, ela também morreria.

— P-Por favor, senhor. Por favor. — Implorou desesperadamente.

— Já que não consegue me pagar, seus órgãos vão servir para alguma coisa. — Disparei sem piedade, fazendo seu corpo sem vida cair no chão como um saco vazio.

A silhueta fez um ruído; Dante rapidamente a pegou.

— Ora, o que temos aqui? — Dante a jogou aos meus pés.

Ela é uma mulher negra, seus cabelos são cacheados.

— Temos uma bisbilhoteira aqui. — Ela olhou para mim, fiquei preso em seus lindos olhos.

Inferno! Que esplendor é esse? Seus olhos transbordam medo, mas ao invés de me satisfazer, me excitam como nunca! Sinto que o meu desejo está à beira de explodir. Essa mulher é linda demais, suas curvas me enfeitiçam, sua pele é como uma tentação irresistível que tenho vontade de devorar. Porra, o que está acontecendo comigo?

— P-Por favor... N-Não me mate. — Merda!

Até a sua voz é linda. Nunca encontrei uma mulher que me hipnotizasse tanto, e ela parece ser bem mais jovem. Porra, droga. Eu preciso tê-la para mim, não importa o que aconteça. Essa mulher tem que ser minha, mesmo que o mundo inteiro se oponha, até que ela mesma se oponha. Eu a farei minha, custe o que custar.

— Me diga, preciosa. Qual é o seu nome? — Ela tremia de medo.

— I-Isabella Conti. — Respondeu tremendo de medo.

— Isabella Conti. — Repeti seu nome, como uma prece.

— P-Por favor... E-Eu não vou falar nada para ninguém... P-Por favor.

Me ajoelhei diante dela, um gesto que surpreendeu até a mim mesmo e ao Dante, que me olhava em choque por esse ato, já que eu nunca tinha feito isso. Mas nada mais importava além dela. Voltei a prestar atenção nela enquanto absorvia sua doce angústia, como se fosse um néctar que alimentasse minha obsessão cada vez mais intensa.

— Posso confiar em suas palavras? — Ela assentiu rapidamente, seus olhos ainda fixos nos meus, como se buscasse algum sinal de compaixão.

— E-Eu não vou contar para ninguém... Eu prometo. — Meus dedos tocaram sua pele.

Maldição, que maciez é essa.

— Muito bem, Isabella Conti. Mas lembre-se, a pessoa pode enfrentar consequências graves. Pode ir agora. — Me levantei. — Deixe-me ajudá-la. — Ofereci minha mão.

Ela aceitou, sua mão tremendo intensamente.

— O-Obrigada.

— Não tem de que, preciosa. Agora vá. — Ela rapidamente voltou para dentro da boate.

Encarei Dante com fervor, que ainda me observava em choque.

— Quero informações dela imediatamente! Tudo sobre ela. — Ordenei com determinação.

— Sim, meu senhor. — Respondeu imediatamente, sua expressão mudando para uma de prontidão.

— E faça isso em sigilo, ninguém deve saber sobre ela. Entendeu?

— Sim, meu senhor. Manterei tudo em sigilo.

— Vamos voltar.

Sinto muito, preciosa. Mas não será tão fácil escapar de mim. Você teve o azar de cruzar o meu caminho, e agora, querida, você pertence apenas a mim. Você será a minha rainha, a rainha da máfia Portevecchio, onde me dará vários herdeiros. Ninguém poderá tirá-la de mim, porque você é minha e eu farei de tudo para garantir que permaneça ao meu lado para sempre.

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