17:30 — Cassino. — Portevecchio.
Alessio Vecchio.
Neste exato momento, estou colocando o meu terno.
— Já está indo? Por que não fica mais um pouco? Você sempre vai embora sem se despedir. — A voz de Francisca me fez revirar os olhos.
— Você só serve para ser usada, Francisca. Não te devo nenhuma satisfação da minha vida. — Minha voz saiu como aço, cortante e cruel, a fazendo resmungar.
— Por que você é assim, Ales... — Agarrei seu pescoço com força, vendo o pânico se instalar em seus olhos.
— Não ouse dizer meu nome! Para você, é senhor Vecchio! Só porque te uso como uma qualquer que é, não significa que te dei intimidade para me chamar pelo meu nome. Na próxima vez, arranco sua língua fora. — O medo em seus olhos me deixou ainda mais satisfeito, um prazer sádico percorrendo minhas veias.
A larguei na cama como um lixo descartável, sem um pingo de compaixão. Seu silêncio era a confirmação da minha dominação, um lembrete cruel de que, neste jogo, eu era o único vencedor.
— Na próxima vez que eu te chamar para minha cama, é melhor não ter a ousadia de me chamar pelo meu nome. — Jogo algumas notas de dólares em cima dela, como se estivesse comprando sua dignidade. — Aproveite o seu dinheiro.
Saí do quarto, deixando-a em estado de choque, meu desdém era palpável, uma crueldade deliberada que ecoava por todo o ambiente. Meus seguranças estavam postados em cada lado da porta, testemunhas silenciosas da minha dominação.
— Vamos. — Caminhamos em direção às escadas do cassino, enquanto meu olhar gélido deixava claro que, naquele mundo, eu era o rei implacável, e qualquer desafio seria cruelmente esmagado.
Meu nome é Alessio Vecchio, tenho trinta e oito anos e sou conhecido pelo mundo todo. Muitos pensam que é por causa do meu sobrenome, mas estão completamente enganados. O sobrenome Vecchio é famoso no submundo pelas suas atrocidades, e eu fiz questão de torná-lo ainda mais temido.
Infelizmente, algumas gerações anteriores foram fracas, um bando de incompetentes que foram rapidamente dizimados. Fui eu quem trouxe de volta o reconhecimento desse nome, e agora, quando as pessoas ouvem "Vecchio", tremem de medo. E é exatamente isso que eu quero.
Meu pai foi um bom líder, mas como marido e pai, foi horrível. Eu tinha doze irmãos, mas apenas um sobreviveu, já que ele se recusou a se envolver com os negócios da máfia. Meu pai nos fez lutar entre nós para determinar quem seria o próximo chefe da máfia.
Eu era o segundo filho mais velho e meu pai sabia que todos os meus irmãos eram capazes. Então, nos colocou em uma missão: matar um ao outro. Nossa comunidade era imensa, e eu e meus irmãos conquistamos nossos capangas, cada um com seus próprios seguidores.
Foi uma batalha que durou um ano, desde que éramos crianças fomos obrigados a passar por um campo de treinamento, onde sofremos horrores. Meu corpo está marcado por cicatrizes, incluindo uma no lado esquerdo da minha bochecha, resultado de uma luta com meu irmão mais velho, onde lutamos até a morte. Todos os meus irmãos morreram, exceto o infeliz do Salvatore, que escapou.
Desde aquele dia, não fui o mesmo. Meu pai me parabenizou por ter conquistado o primeiro lugar, e a partir daí, aprimorei ainda mais minha vida, aprendendo todos os tipos de lutas, armamentos, técnicas de hacking e administração. Eu aprendi tudo.
Não sou alguém muito paciente. Quando ordeno algo, exijo total obediência e respeito. Não aceito um "não" como resposta; mato impiedosamente qualquer um que ouse me desafiar, e todos sabem disso. Esta é minha cidade, uma terra onde o medo é meu aliado, monitorada incessantemente, e estou de olho em tudo, em cada movimento. Muitos inimigos achavam que, por este país não ter estados, seria fácil de tomar. Mas o que encontraram foi apenas a morte, pois eu sou o soberano absoluto deste lugar.
E assim será para sempre. Não hesito em eliminar qualquer obstáculo em meu caminho. Desejo ser mais do que conhecido e temido; anseio ser uma lenda de terror que ecoará pelos séculos. Matarei indiscriminadamente para realizar esse sonho, até mesmo aqueles que ousam se chamar de meus amigos. Trairei qualquer um, sem remorso, apenas para infundir ainda mais terror no mundo. Não sou uma pessoa boa e não tenho intenção de ser. Para mim, confiança é uma moeda rara, e apenas os mais cruéis e leais conseguem conquistá-la. Durante anos, apenas os mais sádicos e cúmplices têm desfrutado de minha confiança.
Observo meu cassino repleto de pessoas, um sorriso sádico brota em meus lábios, como se estivesse apreciando um espetáculo de horror.
— É tão divertido vê-los desesperados por dinheiro. Gastam tudo o que têm. Incrível a capacidade do ser humano de se tornar um lixo qualquer. Não acham? — Olho friamente para os meus capangas atrás de mim, meu olhar cortante como uma lâmina afiada.
— Sim, senhor. — Respondem em uníssono, cientes de que qualquer deslize seria punido com severidade, o que só alimenta minha satisfação.
Descemos os degraus e o chefe que deixei encarregado deste lugar se aproxima rapidamente de mim, seu rosto transpirando nervosismo.
— Espero que o senhor tenha se divertido, chefe. — Ele falou, se referindo a Francisca, sabendo que a menção dela poderia despertar meu interesse mórbido.
— Ela já perdeu a graça para mim. Mas continua servindo para alguma coisa. — Digo com um sorriso gélido, sem um pingo de compaixão em minha expressão. — Agora, quero ouvir os relatórios. — Ordeno, e o vejo engolir em seco, sua mente já antecipando o que viria a seguir.
— Apenas o normal de sempre, senhor. Alguns jornalistas se infiltrando em busca de uma história, assim como alguns policiais. Mas já nos livramos deles.
— E os lucros? — Pergunto, sabendo que a resposta não seria satisfatória.
Percebo que ele fica bastante nervoso, seus olhos evitando os meus, sua postura tensa revelando seu medo palpável. Para mim, alguém que trabalha nessa área não deve temer nada. Mas eu gosto de inspirar medo.
— Diga logo! — Ordeno brutalmente, o assustando propositalmente, desfrutando do poder que tenho sobre ele.
— Perdemos alguns dinheiros, em torno de um milhão de dólares. — Ele murmura, e eu sinto meu sangue ferver de raiva. Agarro rapidamente seu pescoço, suspendendo-o no ar com uma força brutal.
— Como assim perderam um milhão de dólares!? Está brincando comigo!? É melhor me explicar direito! — Minha voz é como um trovão, ecoando com brutalidade pelo espaço, enquanto sua expressão de pavor só alimenta minha fúria crescente.
— A-A-Alguém roubou esse dinheiro... N-Nós não sabemos quem é ainda... Por favor...
Minha raiva cresce até um ponto insuportável.
— Eu te coloquei como chefe para ficar de olhos nas coisas! Agora perdemos um bom dinheiro que seria para pagar alguns fornecedores de drogas! — Minha raiva é imensa, minha voz ressoa com autoridade e crueldade.
— M-M-Me perdoe... — Ele gagueja, o pânico se refletindo em seus olhos.
— Eu não preciso de um inútil trabalhando para mim! — Minha mão envolta de seu pescoço, sinto a frágil estrutura se quebrar sob minha pressão, um estalo sinistro preenchendo o ar.
Jogo seu corpo já sem vida no chão, sem nenhum traço de remorso em meu olhar impiedoso.
— Encontre esse traidor e o mate da pior maneira possível! — Ordeno ao meu segurança, minha voz carregada de desprezo.
— Sim, senhor. Irei procurar agora mesmo. — Ele se afasta prontamente, conhecendo a seriedade de minhas ordens.
Os outros seguranças no local se aproximam para se livrar rapidamente do corpo, suas expressões tensas, cientes de que a falha é punida com ferocidade em meu império.
— Vamos, enquanto o Saulo investiga isso, temos que ir cobrar alguns desgraçados que me devem. Preciso recuperar esse dinheiro para pagar mais fornecedores de drogas e armas. — Minha voz é dura.
— Sim, chefe. — Meu subordinado responde.
Meu dia será longo, mas cada momento será uma oportunidade para consolidar meu poder e instilar medo naqueles que ousam cruzar o meu caminho.
19:30 — Portevecchio.Alessio Vecchio.A raiva ainda está presente em cada fibra do meu ser. Como alguém ousa me trair? Talvez eu devesse aplaudir essa pessoa pela sua coragem, ou talvez pela sua completa estupidez. Essa pessoa deveria agradecer a todos os deuses por eu não tê-la torturado pessoalmente. Mas agora, tudo o que me interessa é recuperar esse dinheiro. Preciso pagar os fornecedores, e as drogas estão acabando. Preciso de mais, sempre mais.Além disso, estou cansado da polícia tentando invadir meus cassinos. Alguns deles são legalizados, outros não. Mas sempre há esses vermes disfarçados tentando obter alguma informação minha. Se continuarem agindo assim, vou arrancar suas cabeças. Não permito que esses vermes imundos se intrometam nos meus negócios. Já estou puto demais.— Senhor, chegamos à casa do Marco Falcone. Ele está devendo em torno de dez mil dólares. — A voz de Dante me traz de volta ao momento presente.— Vamos acabar logo com isso. Minha paciência se esgotou. —
18:10 — Lanchonete. — Portevecchio.Isabella Conti.— Graças a Deus que todas as sextas o chefe fecha cedo. Já não estava aguentando. — Disse Tom, enquanto organizávamos as coisas.— Você nunca reclamou, está reclamando agora, porque vai encontrar a sua deusa. — Sophia falou num tom provocativo.— Estou ansioso mesmo. — Ele me olhou. — Você acha que ela me dará uma chance?Apenas suspirei, minha energia esgotada após atender tantos clientes hoje.— Não fale comigo, estou exausta. — Voltei a varrer o chão.— Esqueci que você fica assim. Mas apenas acene com a cabeça, ela me dará uma chance? — Perguntou, ansioso.— Não sei, me deixe em paz. Você pergunta quando fomos a essa maldita boate. — Terminei de varrer o chão.Levei as coisas para o armário onde os produtos de limpeza ficam. Como já terminei a minha parte, já posso ir embora. Vou para a sala dos funcionários, abro o meu armário e começo a retirar o meu uniforme e colocar a minha roupa. Estou exausta demais, ainda tenho que compar
21:20 — Boate. — Portevecchio.Isabella Conti.Ela estacionou o carro e logo descemos, observo a fila, vendo que tinha muitas pessoas.— Só iremos entrar de meia noite. — Digo ao observar aquele tanto de pessoas.— Apenas vamos. — Ela pegou o meu pulso e atravessamos a rua.— Isa!! — Tomei um susto ao escutar o meu nome sendo chamado.Observo o Tom no meio da fila acenando para nós.— Que bom que o seu amigo já está na fila, pouparemos tempo. — E mais uma vez pegou o meu pulso e foi me arrastando pela multidões.Ah, eu só queria dormir.Passamos pelas pessoas que reclamavam e nos davam olhares raivosos. Finalmente chegamos perto do Tom e da Sophia, os dois estavam deslumbrantes. Tom usava uma calça jeans escura rasgada nos joelhos, uma blusa branca e uma jaqueta de couro, combinando perfeitamente. Já Sophia usava um vestido preto acima dos joelhos, curto na frente e longo atrás, mostrando bem suas coxas esbeltas. Os dois irradiavam confiança e estilo, e era impossível não notar o olha
Isabella Conti.Três dias depois.Segunda-feira.— Ainda vai continuar escapando de mim, preciosa? — Sua voz, carregada de uma sedução inegável, ecoou ao meu redor, fazendo-me tremer involuntariamente.— F-Fique longe de mim... Você é perigoso. — Meu tom vacilou, enquanto eu tentava manter a compostura diante da sua presença dominadora.— Acha que eu não percebo que está excitada? — Ele me prendeu contra a parede, sua respiração quente e sensual acariciando minha pele, enviando arrepios por todo o meu corpo. — Seu perfume é hipnotizante, preciosa. Tudo em você é tão... perfeito.A noção do perigo deveria me afastar, mas ao invés disso, minha excitação crescia a cada segundo que passava.— N-Não... Ah. — Um gemido involuntário escapou de meus lábios quando seus lábios encontraram os meus.Seu beijo era feroz, selvagem, mas incrivelmente magnético. Ele me levantou sem esforço, minhas pernas instintivamente envolvendo sua cintura, enquanto nos afundávamos naquele abismo de desejo.Apesar
09:30 — Casa do Alessio. — Portevecchio.Alessio Vecchio.Três dias depois.Segunda-feira.Estive tão imerso em minhas atividades nos últimos dias que mal tive tempo de olhar o relatório que Dante fez sobre minha encantadora rainha. Mas hoje, convoquei todos os membros confiáveis da máfia, incluindo Dante, para uma conversa séria. Preciso saber tudo sobre ela: seus gostos, onde mora, seus relacionamentos passados, tudo. A ideia de convidá-la para um jantar me fascina; quero revê-la, mesmo que sua expressão revele certo temor por minha presença. Pretendo demonstrar que meu interesse não é causar-lhe mal, mas sim tê-la como minha companheira.O engraçado disso tudo é que nunca pensei em me casar. Sempre acreditei que poderia garantir herdeiros através de uma barriga de aluguel a qualquer momento. Mas agora, tudo o que quero é tê-la ao meu lado. Ela pertence a mim.— S-Senhor? — A voz trêmula da empregada ecoa através da porta do meu quarto, interrompendo meus pensamentos sombrios.— Sim
11:50 — Lanchonete. — Portevecchio.Isabella Conti.Já estou exausta, e nem é meio-dia ainda. Desde cedo, minha mente não sai daquele homem. Por que estou me sentindo assim? Deveria apenas esquecê-lo, mas toda vez que paro para descansar, sua imagem vem à minha cabeça. Seus olhos negros pareciam enxergar minha alma, sua mão áspera tocando minha bochecha, seu tom que era ao mesmo tempo sedutor e assustador.Realmente estou parecendo uma pessoa louca. Quem ficaria sentindo atração por um assassino? Que pode ser facilmente um mafioso. Oh, meu Deus, preciso ser benzida urgentemente.— Isa? — Tomo um susto com a voz do Tom bem perto do meu ouvido.— Que susto. — Ponho a mão no meu coração, sentindo-o acelerado. — Por que falou tão perto do meu ouvido? — Me afasto dele.— Você parecia estar tão distante do mundo real. — Suspiro.— Apenas estou cansada. — Ele me olha desconfiado. — Estou falando sério.— Tudo bem. Mas você está realmente bem? Depois do que aconteceu na boate?Eu também conte
Alessio Vecchio.Assim que ela saiu do carro, Dante e Saulo entraram novamente, sem dizer uma palavra. Senti seus olhares curiosos sobre mim, mas mantive minha expressão impassível. O turbilhão de sensações que essa mulher desperta em mim era quase palpável, um incêndio avassalador que queimava em meu peito, consumindo-me por dentro. Cada batida do meu coração era um eco ensurdecedor do desejo que sentia por ela, uma fome insaciável que me devorava.Nunca imaginei que ouvir meu nome vindo da boca de alguém pudesse me excitar tanto, fazer meu sangue ferver em minhas veias, minhas mãos tremerem de ansiedade. Mal consegui conter meus instintos primitivos, apenas a imagino gemendo meu nome enquanto a devoro na cama, cada suspiro, cada gemido ecoando como uma sinfonia dos deuses em meus ouvidos.Ah, essa garota será a minha perdição, minha ruína e minha redenção. Eu já era um homem à beira da loucura, mas ela estava levando meu juízo a novos limites, testando os limites da minha sanidade c
Isabella Conti.Ah, estou surtando. Mal consegui me concentrar no trabalho, minha mente não para de pensar nesse jantar. E o pior de tudo, terei que mentir para a Gabi, minha melhor amiga, minha irmã. Odeio esconder as coisas dela, mas não posso arriscar colocar a vida dos meus amigos em perigo. Estou com medo do que pode acontecer nesse jantar. No carro, ele não parecia querer me machucar. Ainda houve aquele roçar dos lábios nos meus. Confesso que desejei mais. Esse homem está mexendo com minha sanidade de um jeito que eu nem consigo explicar.— Isa? Já saiu do mundo da lua? — Sophia me tirou dos meus devaneios com um aceno de mão.— Ah, desculpa, Sophia. Você falou algo? — Perguntei, enquanto terminava de me organizar.— Perguntei se já tinha alguma ideia de roupa para usar. — Ela fechou o armário, e eu soltei um suspiro.— Ainda não, mas tenho certeza de que a Gabi vai me ajudar com isso. — Só espero que ela não surte quando descobrir.Fechei também o meu armário.— Eu apenas esper