07:30 — Portevecchio.
Isabella Conti.
Saímos do nosso apartamento e fomos caminhando tranquilamente para o elevador, logo as portas foram abertas, entramos e ele apertou o botão da garagem. Eu gosto muito desse prédio, porque é bem calmo, não tem vizinhos brigando, com som alto, é uma maravilha. Aqui todo mundo se respeita, gosto disso, dessa tranquilidade.
— Amor, seus pais falaram alguma coisa? — Perguntou de repente.
— Não, nunca mais vieram me encher de ligações ou mensagens. Agradeço muito por isso.
— Que bom, porque se continuasse, denunciaria eles. — Disse bem séria.
— Eu sei que sim, mas fico feliz que eles não estão mais me incomodando.
Desde que eu vim morar com a Gabi, eles vêm enchendo o meu saco ordenando que eu voltasse para casa deles. Quem precisa de inimigos, tendo esses pais como parentes. Mas quando a Babi os ameaçou dizendo que iria denunciá-los, pararam rapidamente de me ligarem e de mandarem mensagem.
As portas do elevador abriram e descemos indo em direção ao seu carro, ela destravou a porta assim que nos aproximamos, entramos no carro já colocando o cinto.
— Se você quiser chamar os seus amigos do trabalho para ir também, eu aceito. Conhecer novas pessoas sempre é bom. — Falou, assim que deu a partida no carro.
— Será um caos total, meu Deus. Você não pode ir apenas com eles? — Ela bufou com a sua pergunta.
— Claro que não, quero que você também venha. Ficar vinte e quatro horas dentro de casa não é saudável, mesmo que você não curta sair.
— Está bem, irei perguntar a eles se gostariam de ir conosco. — Ela sorriu animada, como se tivesse ganhando mais uma vez.
Observo as ruas da nossa linda cidade Portevecchio. Muitos pensam que essa cidade é calma e pacífica, mas estão completamente errados. De fato, a cidade é deslumbrante, com prédios enormes, parques maravilhosos e shoppings incríveis, repletos de coisas que não se encontram em outros lugares. O clima sempre é quente, mas não insuportavelmente quente, graças a Deus. Aqui não neva, e o mais intrigante é que esse país não possui estados, ao contrário de tantos outros. Mas aqui não. Nossa cidade é simplesmente chamada Portevecchio, e é assim que permanece.
Ela é verdadeiramente atraente, mas o que ninguém imagina é que há muitas coisas erradas aqui. Taxas altas de roubos, mortes e tráfico de drogas são apenas algumas delas. Graças a Deus, nunca ouvi falar de tráfico humano, mas sempre há rumores de que há um mafioso morando aqui, que ele é o líder deste país.
Sinceramente, estou em dúvida, não sei se acredito. Porque nunca houve uma notícia concreta sobre ele; apenas dizem que existe um mafioso aqui, e que todas essas atividades de tráfico de drogas são controladas por ele. Mas se ele realmente existe, por que os policiais ainda não o prenderam? Ele seria tão poderoso assim?
É uma incerteza que me assombra.
— Chegamos. — Saí dos meus pensamentos com sua voz.
— Certo, te vejo mais tarde, Gabi. Bom trabalho. — Beijo sua bochecha.
— Bom trabalho também, amor. Se cuida. — Desço do carro, olho ao redor e atravesso a rua.
Muitos dos meus amigos já pensaram que Gabi era minha namorada por causa desse carinho que temos. Mas Gabi é mais hetero do que eu.
Observo a lanchonete; para uma lanchonete, é bem grande. Sempre estamos tentando mantê-la bem organizada para que os clientes voltem. Senão, nosso chefe nos mata.
— Sua esposa te trouxe novamente? — Meu amigo Tom perguntou, num tom brincalhão.
Esse é o Tom, um homem de trinta anos, alto, moreno, um homem bem musculoso, com cabelos castanhos claros que combinam perfeitamente com seus olhos da mesma cor. No geral, ele é uma pessoa muito amigável. Quando comecei a trabalhar aqui, ele foi o primeiro a me ajudar, fazendo com que eu me sentisse confortável com o trabalho. Até mesmo assumia as mesas quando eu tinha dificuldades para me comunicar. No entanto, o ponto negativo é que ele é um verdadeiro mulherengo. E, para complicar ainda mais, ele está interessado na Gabi.
— Sim, minha linda esposa me trouxe. — Entrei na brincadeira, o fazendo rir.
— Que inveja, queria uma esposa daquela. — Revirei os olhos.
— Você? Um mulherengo? Conta outra, Tom. — Ele bufou.
— Por ela, eu me torno um homem decente. — Acabei rindo.
— Se quer mesmo tentar algo. Ela está querendo ir...
— Eu vou!!
— Deixa eu terminar! — Suspirei. — Ela me convenceu a ir a uma festa que terá no centro, hoje à noite. Pediu que eu convidasse os meus amigos do trabalho.
— Minha resposta continua sendo ainda sim. Ver aquela gostosa dançando, minha nossa. — Dei um tapa em seu braço. — Ai!
— Respeita a minha amiga!
— Mas estou falando com respeito. Ela é gostosa mesmo. Farei de tudo para conquistá-la, por ela me torno tudo. Até um padre.
— Padre não pode ter um relacionamento, senhor espertinho.
— Não quero saber, por ela eu me torno tudo.
Apenas o ignorei e fui para a sala dos funcionários me trocar. Ao entrar, vejo a Sophia.
— Bom dia, Isa. — Cumprimentou suavemente, me fazendo retribuir.
— Bom dia, Sophia.
Sophia é uma mulher de vinte e quatro anos, absolutamente deslumbrante. Ela é um pouco mais alta do que eu; enquanto tenho um metro e sessenta e cinco, ela possui um metro e setenta de altura. Seus cabelos são longos, de um rico tom castanho escuro, que emolduram delicadamente seu rosto. Seus olhos azuis parecem hipnotizar quem os observa, contrastando lindamente com sua pele branca imaculada. Com um corpo esguio e elegante, digno de uma modelo, ela é verdadeiramente uma visão irresistível.
Ela me ajudou muito, assim como o Tom. Tem sido uma boa amiga, sempre me socorrendo quando preciso de ajuda. Agradeço imensamente pela paciência dela e do Tom.
— O Tom viu sua amiga? — Perguntou, me fazendo rir; ela sabe que o Tom está caidinho por ela.
— Sim. É capaz da Gabi apenas ter uma noite com ele e dar um pontapé logo em seguida. Ela não quer um relacionamento agora; o que ela mais deseja é aproveitar a sua vida de solteira, enquanto ainda não tem filhos.
— Concordo com ela. Temos que aproveitar nossas vidas de solteiras. Até você. — Suspirei.
— A Gabi me convenceu a ir a uma boate que abriu no centro, ela mandou convidar vocês. Se você quiser. — Ela fechou a porta do seu armário.
— Sim, eu quero ir. Preciso beber e dançar; esses dias foram um inferno. Quero relaxar minha mente.
Começo a me trocar rapidamente; é possível que já tenha clientes, já que esse estabelecimento é bem movimentado.
— Pronta para mais um dia de trabalho? — Perguntou, me fazendo resmungar.
— Não. Mas o bom é que hoje é sexta, não iremos precisar trabalhar sábado e domingo.
— Exato. Por isso mesmo quero beber e dançar. Agora vamos à nossa luta constante.
Que esse dia acabe logo.
17:30 — Cassino. — Portevecchio.Alessio Vecchio.Neste exato momento, estou colocando o meu terno.— Já está indo? Por que não fica mais um pouco? Você sempre vai embora sem se despedir. — A voz de Francisca me fez revirar os olhos.— Você só serve para ser usada, Francisca. Não te devo nenhuma satisfação da minha vida. — Minha voz saiu como aço, cortante e cruel, a fazendo resmungar.— Por que você é assim, Ales... — Agarrei seu pescoço com força, vendo o pânico se instalar em seus olhos.— Não ouse dizer meu nome! Para você, é senhor Vecchio! Só porque te uso como uma qualquer que é, não significa que te dei intimidade para me chamar pelo meu nome. Na próxima vez, arranco sua língua fora. — O medo em seus olhos me deixou ainda mais satisfeito, um prazer sádico percorrendo minhas veias.A larguei na cama como um lixo descartável, sem um pingo de compaixão. Seu silêncio era a confirmação da minha dominação, um lembrete cruel de que, neste jogo, eu era o único vencedor.— Na próxima v
19:30 — Portevecchio.Alessio Vecchio.A raiva ainda está presente em cada fibra do meu ser. Como alguém ousa me trair? Talvez eu devesse aplaudir essa pessoa pela sua coragem, ou talvez pela sua completa estupidez. Essa pessoa deveria agradecer a todos os deuses por eu não tê-la torturado pessoalmente. Mas agora, tudo o que me interessa é recuperar esse dinheiro. Preciso pagar os fornecedores, e as drogas estão acabando. Preciso de mais, sempre mais.Além disso, estou cansado da polícia tentando invadir meus cassinos. Alguns deles são legalizados, outros não. Mas sempre há esses vermes disfarçados tentando obter alguma informação minha. Se continuarem agindo assim, vou arrancar suas cabeças. Não permito que esses vermes imundos se intrometam nos meus negócios. Já estou puto demais.— Senhor, chegamos à casa do Marco Falcone. Ele está devendo em torno de dez mil dólares. — A voz de Dante me traz de volta ao momento presente.— Vamos acabar logo com isso. Minha paciência se esgotou. —
18:10 — Lanchonete. — Portevecchio.Isabella Conti.— Graças a Deus que todas as sextas o chefe fecha cedo. Já não estava aguentando. — Disse Tom, enquanto organizávamos as coisas.— Você nunca reclamou, está reclamando agora, porque vai encontrar a sua deusa. — Sophia falou num tom provocativo.— Estou ansioso mesmo. — Ele me olhou. — Você acha que ela me dará uma chance?Apenas suspirei, minha energia esgotada após atender tantos clientes hoje.— Não fale comigo, estou exausta. — Voltei a varrer o chão.— Esqueci que você fica assim. Mas apenas acene com a cabeça, ela me dará uma chance? — Perguntou, ansioso.— Não sei, me deixe em paz. Você pergunta quando fomos a essa maldita boate. — Terminei de varrer o chão.Levei as coisas para o armário onde os produtos de limpeza ficam. Como já terminei a minha parte, já posso ir embora. Vou para a sala dos funcionários, abro o meu armário e começo a retirar o meu uniforme e colocar a minha roupa. Estou exausta demais, ainda tenho que compar
21:20 — Boate. — Portevecchio.Isabella Conti.Ela estacionou o carro e logo descemos, observo a fila, vendo que tinha muitas pessoas.— Só iremos entrar de meia noite. — Digo ao observar aquele tanto de pessoas.— Apenas vamos. — Ela pegou o meu pulso e atravessamos a rua.— Isa!! — Tomei um susto ao escutar o meu nome sendo chamado.Observo o Tom no meio da fila acenando para nós.— Que bom que o seu amigo já está na fila, pouparemos tempo. — E mais uma vez pegou o meu pulso e foi me arrastando pela multidões.Ah, eu só queria dormir.Passamos pelas pessoas que reclamavam e nos davam olhares raivosos. Finalmente chegamos perto do Tom e da Sophia, os dois estavam deslumbrantes. Tom usava uma calça jeans escura rasgada nos joelhos, uma blusa branca e uma jaqueta de couro, combinando perfeitamente. Já Sophia usava um vestido preto acima dos joelhos, curto na frente e longo atrás, mostrando bem suas coxas esbeltas. Os dois irradiavam confiança e estilo, e era impossível não notar o olha
Isabella Conti.Três dias depois.Segunda-feira.— Ainda vai continuar escapando de mim, preciosa? — Sua voz, carregada de uma sedução inegável, ecoou ao meu redor, fazendo-me tremer involuntariamente.— F-Fique longe de mim... Você é perigoso. — Meu tom vacilou, enquanto eu tentava manter a compostura diante da sua presença dominadora.— Acha que eu não percebo que está excitada? — Ele me prendeu contra a parede, sua respiração quente e sensual acariciando minha pele, enviando arrepios por todo o meu corpo. — Seu perfume é hipnotizante, preciosa. Tudo em você é tão... perfeito.A noção do perigo deveria me afastar, mas ao invés disso, minha excitação crescia a cada segundo que passava.— N-Não... Ah. — Um gemido involuntário escapou de meus lábios quando seus lábios encontraram os meus.Seu beijo era feroz, selvagem, mas incrivelmente magnético. Ele me levantou sem esforço, minhas pernas instintivamente envolvendo sua cintura, enquanto nos afundávamos naquele abismo de desejo.Apesar
09:30 — Casa do Alessio. — Portevecchio.Alessio Vecchio.Três dias depois.Segunda-feira.Estive tão imerso em minhas atividades nos últimos dias que mal tive tempo de olhar o relatório que Dante fez sobre minha encantadora rainha. Mas hoje, convoquei todos os membros confiáveis da máfia, incluindo Dante, para uma conversa séria. Preciso saber tudo sobre ela: seus gostos, onde mora, seus relacionamentos passados, tudo. A ideia de convidá-la para um jantar me fascina; quero revê-la, mesmo que sua expressão revele certo temor por minha presença. Pretendo demonstrar que meu interesse não é causar-lhe mal, mas sim tê-la como minha companheira.O engraçado disso tudo é que nunca pensei em me casar. Sempre acreditei que poderia garantir herdeiros através de uma barriga de aluguel a qualquer momento. Mas agora, tudo o que quero é tê-la ao meu lado. Ela pertence a mim.— S-Senhor? — A voz trêmula da empregada ecoa através da porta do meu quarto, interrompendo meus pensamentos sombrios.— Sim
11:50 — Lanchonete. — Portevecchio.Isabella Conti.Já estou exausta, e nem é meio-dia ainda. Desde cedo, minha mente não sai daquele homem. Por que estou me sentindo assim? Deveria apenas esquecê-lo, mas toda vez que paro para descansar, sua imagem vem à minha cabeça. Seus olhos negros pareciam enxergar minha alma, sua mão áspera tocando minha bochecha, seu tom que era ao mesmo tempo sedutor e assustador.Realmente estou parecendo uma pessoa louca. Quem ficaria sentindo atração por um assassino? Que pode ser facilmente um mafioso. Oh, meu Deus, preciso ser benzida urgentemente.— Isa? — Tomo um susto com a voz do Tom bem perto do meu ouvido.— Que susto. — Ponho a mão no meu coração, sentindo-o acelerado. — Por que falou tão perto do meu ouvido? — Me afasto dele.— Você parecia estar tão distante do mundo real. — Suspiro.— Apenas estou cansada. — Ele me olha desconfiado. — Estou falando sério.— Tudo bem. Mas você está realmente bem? Depois do que aconteceu na boate?Eu também conte
Alessio Vecchio.Assim que ela saiu do carro, Dante e Saulo entraram novamente, sem dizer uma palavra. Senti seus olhares curiosos sobre mim, mas mantive minha expressão impassível. O turbilhão de sensações que essa mulher desperta em mim era quase palpável, um incêndio avassalador que queimava em meu peito, consumindo-me por dentro. Cada batida do meu coração era um eco ensurdecedor do desejo que sentia por ela, uma fome insaciável que me devorava.Nunca imaginei que ouvir meu nome vindo da boca de alguém pudesse me excitar tanto, fazer meu sangue ferver em minhas veias, minhas mãos tremerem de ansiedade. Mal consegui conter meus instintos primitivos, apenas a imagino gemendo meu nome enquanto a devoro na cama, cada suspiro, cada gemido ecoando como uma sinfonia dos deuses em meus ouvidos.Ah, essa garota será a minha perdição, minha ruína e minha redenção. Eu já era um homem à beira da loucura, mas ela estava levando meu juízo a novos limites, testando os limites da minha sanidade c